6 de janeiro
E por isto, assim como a devoção e a fé dos
gentios são isentas de erros por inspiração do Espírito Santo, também se deve
acreditar que os Magos, inspirados pelo Espírito Santo, sabiamente prestaram
reverência a Cristo.
Como diz Santo Agostinho, a estrela que guiou
os Reis Magos ao lugar onde o Deus Menino estava com a Virgem Mãe, poderia conduzi-los
à mesma cidade de Belém onde Cristo nasceu; mas removido de sua vista até que
os judeus também testemunharam sobre a cidade em que Cristo nasceria; para que,
confirmados por duplo testemunho, procurassem com uma fé mais ardente que
manifestou a clareza da estrela e a autoridade do profecia. Assim, eles
próprios anunciam aos judeus o nascimento de Cristo e eles perguntam o lugar.
Por disposição divina aconteceu que, desaparecer a estrela, os oReis Magos foram
a Jerusalém guiados por luzes humanas, procurando na cidade real pelo rei
nascido, a fim de que o nascimento de Cristo fosse anunciado publicamente pela
primeira vez em Jerusalém, de acordo com Isaías (2,3): De Sião, a lei, e a
palavra do Senhor de Jerusalém, e também para que com a notícia dos sábios que
vieram de longe, a preguiça dos judeus foi condenada, eles estavam perto.
Maravilhosa foi a fé dos Magos. Porque se
eles, procurando um rei da terra, o teriam encontrado, caso em que teriam
ficado confusos, por ter empreendido uma jornada tão dolorosa sem causa; então
eles não o teriam adorado, nem oferecido presentes. Mas no presente caso, como
eles procuraram um rei celestial, embora sem excelência veriam nele, no
entanto, contente com o testemunho da estrela única, adoraram. Eles vêm ao Homem
e reconhecem a Deus e oferecem-lhe presentes apropriados à dignidade de Cristo:
Ouro como a um grande rei; incenso, que é usado no sacrifício de Deus, como
Deus, e mirra, que serve para embalsamar corpos, a fim de demonstrar que deve
morrer pela salvação de todos. (3 °, q. XXXVI, a. 8)
E prostrando-se, eles o adoraram (Mt 2:11). A
este respeito, diz Santo Agostinho: "Oh infância, à qual as estrelas se
submetem! Quem é esta grandeza e glória suprema, diante de cujas fraldas os
Anjos assistem, reis tremem e sábios ajoelham-se? Quem é este, então e tão
grande? Fico espantado quando vejo as fraldas e olho para o céu; Eu fico
agitado quando olho para o mendigo e o mais ilustre na manjedoura do que as
estrelas; salvar nossa fé, pois a razão humana falha. " (De Humanitate
Christi)
O sono das outras crianças lhes é útil para a conservação da vida, mas não para
as operações da alma, as quais são detidas pelo entorpecimento dos sentidos.
Não foi assim o sono de Jesus. Eu durmo, mas o meu coração vigia. Seu
corpo repousava, mas sua alma vigiava; pois em Jesus, a natureza humana estava
unida à pessoa do Verbo, que não podia dormir nem sofrer o efeito dos sentidos.
O santo Infante dormia pois; mas dormindo pensava em todas as penas que devia
sofrer por nosso amor durante a sua vida e a sua morte. Pensava no que devia
suportar no Egito e em Nazaré, onde viveria uma extrema pobreza e obscuridade;
pensava sobretudo nos açoites, nos espinhos e nos opróbrios, nas agonias, em todos os tormentos da paixão e na
morte desolada que teria de sofrer na cruz; e dormindo, tudo oferecia a seu Pai
eterno, para nos obter o perdão dos pecados e a salvação. Assim, até dormindo,
nosso Salvador merecia por nós, aplacava a seu Pai e nos proporcionava graças.
Peçamos-lhe que, pelo mérito de
seu bem-aventurado sono, nos livre do sono mortal dos pecadores, que dormem
miseravelmente na morte do pecado, no esquecimento de Deus e de seu amor; e que
nos dê, ao contrário, o sono feliz da Esposa sagrada, da qual Ele dizia: Não
perturbeis o repouso da minha dileta, deixai-a dormir quanto ela queira. O
doce sono que Deus dá às suas almas amadas não é outra coisa, segundo São Basílio,
que um profundo esquecimento das criaturas. A alma o goza quando se esquece inteiramente
de todos os objetos terrestres para só pensar em Deus e no que interessa a sua
glória.
Afetos e Súplicas.
Ó Maria, assisti-me durante a
vida, assisti-me na hora da morte a fim de que Jesus repouse sempre em mim e
que eu repouse sempre em Jesus.
Amável Menino, embora vos veja na
gruta deitado sobre palha, tão pobre e desprezado, a fé me ensina que sois o
meu Deus, descido do céu para minha salvação. Reconheço-vos pois por meu
supremo Senhor e Salvador; mas nada tenho para vos oferecer. Não tenho o ouro
do amor, pois só tenho amado os meus caprichos, e não tenho amado a vós, o Bem
infinitamente amável. Não tenho o incenso da oração; tenho vivido miseravelmente
sem pensar em vós. Não tenho a mirra da mortificação, pois para me não privar
dos miseráveis prazeres, tantas vezes desgostei vossa bondade infinita. Que vos
oferecerei então? Ofereço-vos o meu coração, manchado e pobre com o é;
aceitai-o e transformai-o, pois que viestes a este mundo para lavar os nossos
corações no vosso sangue, purificá-los dos pecados e assim converter-nos de
pecadores em santos. Dai-me pois o ouro,
o incenso e a mirra, que me faltam: dai-me o ouro do vosso santo amor; dai-me o
espírito de oração; dai-me o desejo e a força de mortificar-me em tudo o que vos
desagrada. Estou resolvido a obedecer-vos e a amar-vos; mas conheceis minha
fraqueza, concedei-me a graça de vos ser fiel. Virgem santa, que acolhestes os
piedosos Magos com tanto afeto e os consolastes, dignai-vos também acolher-me e
consolar-me, que a seu exemplo vos venho visitar e oferecer me a vosso divino
Filho. Maria, minha Mãe, tenho grande confiança em vossa intercessão.
Recomendai-me a Jesus. Entrego-vos a minha alma, a minha vontade; prendei-a
para sempre
ao amor de Jesus.
(SANTO
AFONSO MARIA DE LIGÓRIO - “Encarnação, Nascimento e Infância do Menino Jesus” –
Edição Pdf Aparecida – 2004 – Fl. Castro – págs.
205/206)
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