quarta-feira, 17 de junho de 2020

PEQUIM HERDOU DE MOSCOU O PAPEL DE “FERA” ?






PEQUIM HERDA DE MOSCOU O PAPEL DE “FERA”

(Pequeno trecho de artigo publicado por Dr. Plínio Corrêa de Oliveira em janeiro de 1960, onde o mesmo analisa profeticamente o papel  que a China desenvolveria futuramente na propagação da Revolução em sua fase mais cruel, que é a difusão do comunismo no mundo. Note-se que tudo o que ele diz nesse artigo começou a ficar mais evidente uma década depois, quando Nixon foi à China e carreou fortunas de dinheiro para sustentar o comunismo naquele país)

Ora, a China é precisamente uma nação que em sua imensa maioria jamais foi cristã. Se bem que de seu glorioso passado imperial lhe advenham muitas tradições formalmente opostas ao comunismo, é preciso lembrar que o processo de ocidentalização a que ela já está sujeita há um século – arredondamos um tanto a cifra –, a proclamação da república, a penetração dos germes terríveis da Revolução que grassa no Ocidente, o espírito igualitário, laicista e sensual que infelizmente impregna quase tudo quanto a China vem importando, o prolongado período de guerras internas que abalaram todos os seus quadros sociais até a queda de Chang-Kai-Chec e o advento do comunismo, tudo enfim vem concorrendo de há muito para debilitar a resistência oposta pelas estruturas e tradições chinesas ao comunismo. Ademais, se é verdade que a Igreja tem prosperado muitas vezes (e nem sempre, note-se de passagem) com as perseguições, também é verdade que estas costuma destroçar tudo quanto não é católico. O protestantismo, por exemplo, sofreu um tremendo retrocesso com o nazismo, a igreja cismática foi quase aniquilada na Rússia bolchevista. Pois o que ali se encontra com esse nome é mais um fantasma suscitado pelos maquiavéis do Kremlin para efeitos de propaganda, do que propriamente uma seita religiosa.
Assim, o marxismo encontra, numa China em que sobre o velho tronco pagão se insere o venenoso enxerto neopagão, verdadeiramente uma terra de eleição.
De onde, engrandecer a China às expensas da Rússia é transferir gradualmente a preponderância para o pior dos elementos do mundo comunista.
Ora, é neste processo que está em curso no presente momento. Constitui ele o verso da medalha da "aproximação" da União Soviética com o Ocidente. A China comunista vai ocupando lentamente a Ásia. Infiltrou-se rumo ao sul, até fazer estremecer Singapura e a Austrália. Deglutiu o Tibet com uma selvageria de canibal. A Índia estremece diante dela. Em palavras mais breves, um continente quase inteiro está ameaçado com o crescer deste polvo. E o Micado, o Xá, o Rei da Jordânia ou o Generalíssimo Chang-Kai-Chec sentem que em breve estarão passando pelas mesmas aperturas de Nehru, senão do Dalai Lama.

(Plínio Corrêa de Oliveira – trecho do artigo “A Revolução em 1960”, publicado em janeiro daquele ano no jornal de cultura católica “Catolicismo”).



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