São Tiago, ou
Santiago de Compostela, cuja festa se celebra a 25 de julho, foi o evangelizador da península
ibérica, Segundo consta em alguns anais antigos, relatado pelo famoso padre
Vieira, São Pedro de Rates, o primeiro bispo da península, sediado em Braga, Portugal,
teria sido ressuscitado por São Tiago e, posteriormente, elevado ao bispado da
cidade. São Pedro de Rates é o padroeiro de Braga e de toda a Ibéria.
Vejamos como o padre Vieira
narra tão portentoso milagre:
“Entrou em Braga o Apóstolo [São Tiago], e para entrar
com estrondo de trovão (cujo filho o chama Cristo, Nosso Senhor) se foi a uma
sepultura célebre, onde jazia enterrado de seiscentos anos um santo profeta,
judeu de nação, e que ali viera dar com outros cativos mandados de Babilônia
por Nabucodonosor, chamado Malaquias, o Velho, ou Samuel, o Moço; e em presença
de infinito povo, chamando por ele o ressuscitou em nome de Jesus Cristo, a
quem vinha pregar e publicar por verdadeiro Deus; batizou-o pouco depois, e
dando-lhe o nome de Pedro, o escolheu e tomou por primeiro e principal de todos
seus discípulos” O padre Vieira informa que este fato foi
extraído da obra “História Eclesiástica dos Arcebispos de Braga”, escrita por D.
Rodrigo da Cunha.
A respeito do grande
milagre feito por São Tiago, continua o padre Vieira: “Até aqui esta maravilhosa história, tirada de autores e memórias mui
antigas, e particularmente de uma carta de Hugo, bispo do Porto, e dos
fragmentos de Santo Atanásio, bispo de Saragoça, o qual conheceu o mesmo Pedro
ressuscitado e escreveu o caso quase pelas mesmas palavras, que por isso não a
traduzimos, e são as seguintes: ‘Ego novi sanctum Petrum, Bracharensem
Episcopum, quem antiquum prophetam suscitavit Sanctus Jacobus Zebedaei filius,
magister meus. Hic venerat cum duodecim tributus missis a Nabuchodonosere in
Hispaniam Hierosolymis duce Nabuchoi-Cerdan, vel Pyrrho, Hispaniarum
praefecto’
cf. “História do
Futuro”, de Antonio Vieira, 2a. Edição, Imprensa Nacional de Lisboa, pág. 227
São
Pedro de Rates teria morrido na tentativa de conversão de crentes da religião
romana à fé cristã. Conta-se também que terá salvo de doença mortal uma jovem
princesa pagã e esta ter-se-ia convertido ao cristianismo, fazendo votos de
castidade. O pai, furioso, mandou matar o bispo, que se refugiou em Rates, onde foi
assassinado. Nas duas versões, o santo foi decapitado.
Séculos mais
tarde, São Félix (o eremita), pescador da Vila de Mendo,
na freguesia da Estela, também na Póvoa de Varzim, ter-se-á retirado para
o maior monte da Serra de Rates. Teria observado
uma luz na escuridão todas as noites a partir do monte. Um dia, curioso, tentou
saber os motivos e descobriu o corpo de São Pedro de Rates.
O corpo teria dado origem
à Igreja de São Pedro de Rates e esteve
lá sepultado até 1552;
nesse ano o corpo foi transferido para a Sé de Braga.
Nas freguesias de Balazar e Rates existem duas
fontes que são vistas como milagrosas devido a este santo.
No início do século XVIII,
o Padre Carvalho da Costa na Corografia Portuguesa, fala de uma fonte num lugar
da freguesia de Balazar: Na aldeia do Casal está a
fonte em que São Pedro de Rates estava de joelhos, bebendo, quando os tiranos
vinham atrás dele, de Braga, para o matarem, e foi Deus servido de que o não
vissem, estando patente à vista. Dizem que duas covinhas que tem são de seus
santos joelhos. Vêm a esta fonte muitos enfermos de maleitas e, bebendo dela,
voltam livres do achaque.
Na fonte de Rates existia
uma pedra furada que, segundo crença popular, tem efeitos curativos em casos de
esterilidade, sendo vingativo para com as fêmeas, mulheres e animais quando
grávidas. Por este motivo no dia 26 de Abril,
dedicado ao santo, em algumas aldeias as mulheres grávidas e os animais não
trabalham.
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