Nossa Senhora de Montserrat - 27
de abril
(Catalunha, Espanha - 27 de
abril)
Invocação mariana das mais
antigas e veneráveis, Nossa Senhora de Montserrat, em Barcelona, é comemorada a
27 de abril; diante dela mantém-se sempre acesa lâmpada de ouro.
Deus, na Sua justiça, não
permitiu que como descendentes de Adão, morássemos no Paraíso terrestre. Mas,
na Sua misericórdia, franqueou-nos eterna morada no Paraíso celeste. Não
podemos colher os frutos naturais das árvores do Éden. Em compensação, podemos
saborear os frutos sobrenaturais de incontáveis árvores que
Deus fez crescer um pouco por toda a parte nesta terra de exílio. Entre
essas árvores, das mais frutíferas são os santuários de Nossa
Senhora. E já que pelos frutos se conhece a árvore, degustemos os de
Montserrat, para depois observar a semente e as raízes milagrosas.
O lugar onde se encontra essa
árvore é grandioso. Trata-se de conjunto de escarpados rochedos que atingem
1.235 metros de altura, formando uma cordilheira de dez quilômetros de extensão
por cinco quilômetros de largura. E para contorná-lo, faz-se necessário um giro
de mais de 25 quilômetros.
Esplendor do culto em
Montserrat antes da Revolução Francesa
Os seguintes são apenas alguns
dos numerosos itens do louvor que se tributava a Nossa Senhora de Montserrat.
O altar-mor, onde ficava a
sagrada imagem, foi obra do célebre escultor Estevão Jordán, por encomenda do
rei Felipe 11. Esse escultor trabalhou em Valladolid durante nove anos nessa
obra estupenda. Dessa longínqua cidade, situada na província de Castela, o
altar foi transportado em 65 carretas até Montserrat, onde recebeu uma
cocobertura de ouro. E Felipe III, na companhia de Grandes de Espanha e de
outros altos dignitários da corte, assistiu à solene entronização da imagem
no magnífico altar-
O sacrário que posteriormente
foi instalado pesava 210 quilos de prata. Para o celebrante poder acercar-se
do altar-mor para celebrar a Santa Missa devia subir 5 degraus, todos também
de prata maciça. A milagrosa imagem estava sobre um belo trono todo de .
prata, oferta do duque de Cardona, que incluía dois anjos sustentando dois
lampadários do mesmo metal precioso. Ardiam dia e noite 4 círios de cera e
741âmpadas de prata. Os reis Felipe II e Felipe IV acrescentaram cada um
outro lampadário colossal. O maior de todos, no entanto, proveio do
grão-duque de Toscana,com 120 quilos de prata. Das quatro coroas com jóias de
Nossa Senhora, uma demorou 27 anos para ser montada por um monge beneditino
do próprio Santuário. Reunia 1.124 brilhantes, 1.800 pérolas, 38 esmeraldas,
26 rubis de grandes tamanho e um número não especificado de muitas outras
pedras.
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De cima, pode-se contemplar
o Mediterrâneo, os Pirineus, as ilhas Baleares e toda a Catalunha. A silhueta
singularmente abrupta dos penedos valeu-Ihes o nome de Montserrat: um
monte cujas rochas parecerem ter sido recortadas por uma serra. Em locais
escolhidos da montanha, erguem-se a Basílica da . Virgem, um mosteiro
beneditino, várias ermidas e capelas, uma Via Sacra e um Rosário, com os quinze
mistérios representados por grandes esculturas.
Certos frutos da Virgem de
Montserrat fortaleceram insignes guerreiros da Fé na luta contra o paganismo e
a heresia. Em 1571, Dom João d' Áustria, voltando da decisiva batalha naval de
Lepanto, deixou aos pés de Nossa Senhora algumas bandeiras arrebatadas aos
muçulmanos e a grande lanterna da nau capitânia de Ali Pashá.
Santo Inácio de Loyola, . antes
de fundar a Companhia de Jesus, fez, em Montserrat, uma noite de vigília de
armas e uma confissão geral. Jaime I, o Conquistador, que libertou muitas
terras do jugo mouro, favoreceu o santuário com múltiplos benefícios. Os três
monarcas espanhóis da época da evangelização da América, Fernando, o Católico,
Carlos V e Felipe II, rezaram diante da Imagem escurecida da Virgem.
Incontáveis são os tesouros com
que os devotos foram, ao longo dos séculos, agradecendo os benefícios a Nossa
Senhora de Montserrat Exemplo eloqüente são as quatro coroas da imagem.
Sacrilegamente, entretanto,
grande parte desse tesouro foi pilhado, danificado ou destruído pela
"Revolução Francesa de botas" , isto é, pela invasão
napoleônica.(vide quadro)
A semente de tanta história e
graças está envolta na legenda. A imagem data de tempos imemoriais e seu
escultor é desconhecido. Se não há dados históricos precisos, sabe-se que por
ocasião da invasão muçulmana, no início do século VIII, a imagem foi escondida
entre os rochedos de Montserrat. Ali passou mais de um século e um tanto
esquecida em meio à conturbada História da época.
Em 880, três pastores, às margens
do rio Llobregat, que passa ao pé da montanha, apascentavam seus rebanhos. Ao
anoitecer, durante cinco sábados consecutivos, foram surpreendidos por uma
maravilhosa harmonia e um forte resplendor, que provinham da montanha. Aos
poucos, havendo falado do portento, somaram-se-lhes outras testemunhas,
inclusive o Vigário de Olesa.
A resistência antinapoleônica em Montserrat
A "Revolução Francesa de
botas", isto é, a soldadesca napoleônica, invadiu a Espanha em 1808. O
centro da resistência na Catalunha foi Montserrat, por causa de sua
configuração geográfica e posição estratégica. Durante três anos, e obtendo
algumas vitórias ali funcionou a base de operações em 1811, um numeroso e bem
armado contingente de soldados franceses, sob comando de Suchet, vencendo
árdua oposição dos catalães, acabou dominando a importante posição de
resistência. O mosteiro já havia sido evacuado, mas numa das ermidas
dispersas pelos rochedos haviam ficado dois monges idosos, que foram
impiedosa e sacrilegamente assassinados.
Outros nefandos atentados, sob
pretexto militar foram perpetrados. A basílica de Nossa Senhora foi pilhada e
por fim incendiada. A imagem, previdentemente. já tinha sido oculta entre os
numerosos despenhadeiros de Montserrat. Depois de três meses. os invasores
foram escorraçados da montanha. Porém. voltaram com reforços e derrotaram
mais uma vez a guarnição local. Nessa segunda agressão, colocaram barris de
barris de pólvora para arrasar o santuário. As detonações foram ouvidas até a
30 km de distância. Com isso, não restou nada da igreja antiga; grande parte
da nova, do tempo de Felipe II foi também reduzida a escombros, e o mosteiro
inteiramente incendiado.
Napoleão foi definitivamente
expulso da Espanha em 1814. A glorificação de Nossa Senhora de Montserrat foi
parcialmente restaurada. Mas os devotos de Virgem Negra ainda hoje labutam
para que a restauração seja não apenas total, mas aumentada em relação ao que
existia apos tantos séculos de devoção.
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No sexto sábado, compareceu o
próprio Bispo de Vic, o piedoso Gundemaro. Juntamente com parte do clero e
multidão de fiéis de Olesa, o Prelado pôde atestar que ao anoitecer ocorriam as
referidas maravilhas em Montserrat.
O Bispo humildemente adorou a
Deus naquele portento. No dia seguinte, domingo, ordenou uma solene procissão
desde Olesa até o lugar do fulgor. Por entre penhascos e precipícios, árdua foi
a escalada. Num ponto bem alto, afinal, em uma gruta acharam a imagem da Virgem
com seu Divino Filho.
Depois de jubilosa veneração, o
Bispo decidiu levá-la para ser cultuada na cidade. Mas, em certo trecho da
montanha, uma força prodigiosa impediu-lhes de prosseguir. Depois, a imagem
tornou-se inamovível. Singularmente, o local era bastante plano, o que veio a
favorecer a construção do Mosteiro e do Santuário de
Montserrat. Aliás o hino
"Virolai", de autoria do Pe. Jacinto Verdaguer alude a essa inusitada
plataforma: "com serra de ouro, os anjos do Céu serraram as montanhas para
fazer um trono à Mãe de Deus".
FONTES DE
REFERÊNCIA:
Conde
Fabrequer, lmágenes de ia Virgen en Espana, Madrid, 1861, t.I, pp.
65-112
Enciclopedia
Universal Ilustrada Europeo-Americana, Hijos Espasa Editores; Barcelona, 1.
XXXVI, pp. 777-805
NOTA:
A partir de 1580, e até
1640, o Brasil passou a pertencer à Espanha, trazendo para cá a devoção à Nossa
Senhora de Montserrat, tendo sido erigido uma capela em sua honra na cidade de
Salvador. Segundo é narrado no livro “Santuário Mariano”, do século XVIII, onde
se relata diversos milagres ocorridos com algumas imagens de Nossa Senhora na
Bahia, ocorreu o seguinte caso: Estando São José de Anchieta num navio em
direção ao Espírito Santo, de repente desabou tremenda tempestade no mar.
Dirigiu-se então o santo às pessoas que com ele viajavam, e disse: “aqui tem um
excomungado; por favor se apresente para fazer uma confissão de seus pecados e
assim aplacar a ira divina”. Logo em seguida apresentou-se um homem,
confessou-se com ele e a tempestade amainou. Este homem tinha roubado um livro
onde se narrava os milagres ocorridos na capela de Nossa Senhora de Montserrat,
em Salvador, e o bispo local tinha excomungado o autor daquele roubo. Não se sabe se tal livro foi devolvido ou
havia sido destruído por aquele homem.
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