Vamos dividir este poder
entre a mídia mundial e a nacional. A mundial predomina nos Estados Unidos e na
Europa, onde o poder econômico é hoje o maior do mundo. Lá eles foram pioneiros
e ainda hoje mandam, tanto na parte de controle da opinião pública quanto na
parte financeira. No entanto, no que se refere ao controle sobre a opinião
pública observa-se que vem decaindo ao longo dos anos. Até o final do século
passado o que publicava um jornal era motivo de alta credibilidade, e as
notícias corriam de boca a boca porque eram críveis. Hoje, isso já não ocorre
da mesma forma. Eles perderam grande parte desta credibilidade e o público já os vê com certa desconfiança.
Um exemplo. Durante o
pontificado de Bento XVI houve várias tentativas de abalar a credibilidade do
Papa e da Igreja, dando destaque a notícias de escândalos dentro da Igreja,
mesmo que os fatos tenham ocorrido há décadas. No entanto, a Igreja e o Papado
são as instituições de maior credibilidade no mundo. O Papa é consultado por
autoridades, é visitado por personalidades do mundo todo, até mesmo do mundo
islâmico, dando a certeza de que nada foi abalado de seu prestígio de
credibilidade. Toda a farta cobertura dada aos “profetas” do ateísmo, em
confronto com expoentes da fé cristã, não surtiu os efeitos e o Cristianismo
continua a crença mais popular da atualidade. Sem nenhuma cobertura da mídia.
A mídia brasileira praticamente
perdeu seu rumo; a fim de obter sucesso de vendas ou de audiências a única
opção tem sido escândalos, violências e baixarias de todo tipo. Mesmo assim,
audiências e vendagens vêm caindo. O medo da opinião pública é patente:
praticamente só há um órgão de imprensa que possui a personalidade do
Ombudsman, que é o jornal ”Folha de São Paulo”, que entretanto não é, de longe,
um eco fiel do pensamento de seus leitores. Rádios e TVs nem sequer cogitam de
um canal de críticas ou reclamações. São os donos da verdade e pronto...
A partir de certa época
começaram a enfrentar a concorrência da internet. Trata-se de uma verdadeira “terra de
ninguém”, onde pode ocorrer de tudo, mas a credibilidade do público é quase
nula. Nos EEUU, onde seu uso é mais intenso, tem mais influência, mais numa
pequena elite do que na massa da população. É tida mais como um recurso de
entretenimento do que informação ou formação de opinião. Seu uso mais intenso é
entre estudiosos, especialmente nos círculos intelectuais e universitários,
mostrando a preferência de uma elite por este meio de comunicação. Na grande
massa da população, especialmente entre a juventude, a internet é vista também
mais como meio de entretenimento do que de informação ou de formação de
opiniões. Há, inclusive, uma grande crítica pelos males psicológicos que vem
causando entre jovens ou pessoas viciadas em redes sociais.
É preciso notar,
entretanto, que as chamadas “redes sociais” têm crescido muito pela internet,
tornando-se paulatinamente ao longo dos anos mais próximas de superar as mídias
oficiais, como rádio, imprensa escrita e TV.
A experiência que mais
demonstra o crescimento do poder de influência das “redes sociais” na opinião
pública brasileira foi a campanha pelas eleições gerais ocorridas em outubro de
2018, quando um candidato, usando quase que exclusivamente as redes sociais,
teve mais aceitação do que os demais que se utilizaram das mídias oficiais.
A liberdade de expressão ou de pensamento
Indiscutivelmente a mídia moderna detém um
poder incalculável. Tanto o financeiro
quanto o de influência na opinião pública. Em qualquer parte do planeta, este
poder hoje é patente. Todo órgão de imprensa (jornal, rádio ou TV) é
administrado por duas diretorias paralelas: uma financeira e outra editorial. O
pessoal da área comercial diz que não manda na outra, quer dizer, não dar as
diretrizes do pensamento, do que se deve escrever ou falar.
No entanto, conforme publicamente foi
declarado pelo ex-diretor do Times, de Nova York, os redatores de jornais são
pagos para escrever, ou melhor, pensar, aquilo que pedem que eles escrevem ou
pensem. Embora todos neguem, sabe-se que o grupo de redatores sempre segue uma
linha de pensamento pré-estabelecida por um grupo econômico, filosófico ou
ideológico. O resto é conversa fiada, é pura hipocrisia. O jornalista, em
geral, é formado numa escola toda eivada de princípios socialistas, marxistas e
até anarquistas, mas quando assume um cargo em qualquer órgão de publicidade
recebe orientação de “pensar” de acordo com certa corrente de opinião dos
leitores, até mesmo se for contrária à sua formação ideológica. Há órgãos de
imprensa onde seus principais redatores são marxistas confessos, mas emitem
idéias diferentes publicamente a fim de não ir de encontro a seus leitores
Não é verdade que tais jornalistas sigam
sempre a orientação dada por seus patrões. Mas há uma dependência recíproca,
pois os elementos da área comercial necessitam daqueles que escrevem, ou que
pensam, pois são eles os articuladores da opinião pública, são os técnicos na
arte de dominar as mentes populares. Utilizam-se de velhas e surradas (mas
eficientes) técnicas ideológicas, como a de dizer que estão usando apenas da
“liberdade de expressão” ou sendo veículos e promotores da “democracia”. Estes, por sua vez, dependem da área
comercial, pois sem dinheiro seus órgãos de divulgação fenecerão e morrerão.
Pode ocorrer que atendam ao pedido do dono de sua empresa para evitar tal
notícia, ou para “blindar” um ou outro, isso pode até ocorrer com grupos
inteiros de gente comprometida com órgãos da mídia em geral, mas no final eles
vão sempre deixar exposto um interesse ideológico, astutamente veiculado, pelo
qual aqueles elementos sejam expostos à opinião pública em futuro. Em geral,
eles sabem blindar com eficácia os próprios donos de suas empresas: hoje quase
não se fala em escândalos em que tais homens estejam envolvidos, não porque
sejam inexistentes, mas porque são omitidos pelos órgãos de imprensa.
Há também uma forma moderna de comunicação,
muito usada, que consiste em dar destaque à notícia enquanto tal, mostrando
mais fatos que causem desestabilidade nas instituições sociais ou até mesmo
coisas banais. É comum buscarem erros da
polícia, dos políticos, etc., mostrando falhas de suas instituições (muitas
vezes até clamorosas) para lhes causar descrença ainda maior entre a população.
A mídia está funcionando, hoje, como se fosse a palmatória dos erros sociais: a
tudo quer criticar, desmoralizar, desacreditar. Quanto ao lado bom da
sociedade, as instituições sadias e que funcionam a contento, causando
credibilidade e confiança na população, é em geral deixado de lado ou
menosprezado. E quando fazem alguma citação deste lado é coisa passageira e de
pouca repercussão. Dedicam, por exemplo, grandes espaços ao futebol (e aos
esportes de modo geral) e espaços maiores ainda para certas correntes
artísticas (que só uma pequena elite gosta e segue) em detrimento de grandes
classes sociais ou outros setores, como o militar e religioso.
Existe imprensa independente? Veja abaixo as
declarações de John Swinton, ex-redator chefe do New York Times, por ocasião de
um banquete oferecido em sua despedida do jornalismo a seus colegas,
respondendo a um “toast” (um brinde, oferecido por ocasião sua aposentadoria,
após 40 anos de trabalho) à imprensa independente:
“Que loucura oferecer um “toast” à imprensa
independente! Cada um, aqui presente esta noite, sabe que a imprensa
independente não existe. Vós sabeis o que eu sei. Não há nenhum entre vós que
ousaria publicar suas verdadeiras opiniões, e, se o fizesse, vós sabeis de
antemão que elas jamais seriam impressas. Eu recebo 250 dólares por semana para
manter minhas verdadeiras opiniões fora do jornal para o qual trabalho. Outros
entre vós recebem a mesma quantia por um serviço semelhante. Se eu autorizasse
a publicação de uma boa opinião em um único número do meu jornal, eu perderia o
meu emprego em menos de 24 horas, como Othelo. Este homem suficientemente louco
para publicar a boa opinião se encontraria logo na rua, à procura de um novo
emprego.
A função de um jornalista (de Nova York) é
destruir a Verdade, de mentir radicalmente, de perverter, de aviltar, de subir
até os pés de Mamon e de se vender a si próprio, vender seu país e sua raça, em
troca do pão cotidiano, ou o que é o mesmo: seu
ordenado.
Vós sabeis isto que eu o sei; que loucura,
pois, de fazer um “toast” à imprensa independente. Nós somos os instrumentos e
os vassalos de homens ricos que comandam por trás do cenário. Nós somos as
marionetes; eles puxam os fios e nós dançamos. Nosso tempo, nossos talentos,
nossas possibilidades e nossas vidas são a propriedade desses homens. Nós somos
prostituídos intelectuais”. [1]
[1]
Citação do pe. Denis Fahey, em sua obra “The Mystical Body of Christ in the
Modern World”, pág. 14
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