Se pudéssemos elaborar um pequeno catecismo (embora resumido) de perguntas e respostas sobre o tema da igualdade, seria assim que o faríamos. O lema da Revolução Francesa falava também da liberdade e da fraternidade, mas, por enquanto, vamos nos ater somente sobre a igualdade.
P: Pergunta
R: Resposta
(Vamos conhecer o personagem -
Seu nome: Karl Marx, nascido na Alemanha, século XIX. Que fez ele? Nada
de especial, apenas escreveu um único livro, chamado “O Capital”. Que diz ele
neste livro? Com base em falsos pressupostos condena o regime de capital
privado em favor do Estado capitalista. Com isso, defende uma sociedade
igualitária, quer dizer, onde todos sejam iguais, no que diz respeito ao dinheiro pelo menos. E
para que produza esta igualdade do dinheiro e social o governo, ou seja, o
Estado, deveria tomar conta de toda a riqueza, de todo o dinheiro, de todo o
comércio, da indústria e das finanças da nação. Fazendo isso o Estado acaba com
toda a divisão ou hierarquia de classes sociais, deixando existir somente o que
ele chama de “proletariado”, ou seja, a classe dos que trabalham, mas dos que
trabalham exercendo apenas esforço físico, porque os intelectuais estavam fora
desta categoria.)
- P: então a igualdade não é um bem?
- R: não, a igualdade não é um bem, muito pelo contrário, é
um grande mal. Tanto que é impossível haver igualdade na sociedade humana.
P : se todos forem iguais não faria com que houvesse paz,
harmonia e bem querer entre os homens?
R: não, a igualdade, se fosse possível, não traria nem a paz, nem a harmonia e nem o
bem querer entre os homens, porque sendo impossível que ela exista o fato de
ser procurada serve apenas para estimular a inveja, o ódio e uma maior divisão
entre os homens.
P: por que é impossível que haja igualdade entre os homens?
R: por que Deus criou todos os seres desiguais por natureza,
especialmente os anjos e os homens, os seres mais perfeitos da criação. Se
todos os seres fossem iguais a Criação seria feia e disforme, com muita
monotonia, feiura e imperfeição, coisa não compatível com as perfeições
divinas.
P : o que significa dizer que somos desiguais por natureza?
R ; diz-se “por natureza” quando alguma coisa está de acordo
com o fim para a qual foi criada, ou então, quando alguma coisa conserva todos
os seus elementos naturais com que foi feita. Assim, o homem, por exemplo, é
intelectual por natureza, material e espiritual por natureza, desigual por
natureza, etc Quando nascemos, todos os
componentes de nosso ser, todos os nossos sentidos ou dons e habilidades são
desiguais entre si e dos outros homens. Assim, uns nascem mais outros menos
inteligentes, outros mais e outros menos habilidosos, etc. E isso é assim “por
natureza”, é Deus que nos faz assim.
P: a desigualdade não é uma coisa que humilha e degrada o
ser humano?
R: não; Deus quer que haja desigualdades harmônicas e
justas, conforme a natureza humana; pode ocorrer que acidentalmente ocorra alguma desigualdade injusta, mas pode ser corrigida porque, neste caso, não seria uma
desigualdade harmônica e natural, mas uma coisa artificial e contrária à
natureza humana.
P: que quer dizer então “desigualdades harmônicas e justas”?
R; são aquelas desigualdades naturais, não impostas por artifícios. Elas são
harmônicas porque de acordo com a natureza de cada pessoa e são justas porque
não foram impostas pela força ou por recursos desonestos para satisfazer o
egoísmo de um ou de alguns.
P: dê exemplo.
R: um homem que nasceu filho de um comerciante e, com os
recursos do pai, estuda e consegue concluir um curso universitário, convive
harmoniosamente com os empregados do pai dele, que nasceram pobres e não são
dotados de dons naturais ou habilidades que lhes possibilitem um padrão de vida
melhor. Isso é bastante justo que ocorra na sociedade, pois cada um ocupa seu lugar
conforme as qualidades com que nasceu, e estando todos satisfeitos com isso
vivem em harmonia, sem discórdia e sem invejas. Assim, há classes que dirigem e
outras que são dirigidas, e isso ocorre porque naturalmente elas se formaram
para viver em harmonia e paz. Uns servem à sociedade pela capacidade de dirigir
e orientar, enquanto outros pela capacidade de prestar serviços modestos.
P: e como seria uma desigualdade injusta e não natural?
R: seria o caso em que dito comerciante , ou toda uma classe
social, estivesse em posição elevada não porque trabalhou honestamente, mas
porque usou de fraude ou de roubos para ascender socialmente.
P: então não seria melhor que todos fossem iguais e não
houvesse condição de alguém ascender socialmente assim de forma injusta e
desonesta?
R; Não porque, primeiramente, esta igualdade ninguém
consegue estabelecer na sociedade, ela é impossível de existir; e em segundo
lugar, diz Santo Tomás que o “abuso não tolhe o uso”, quer dizer, se há algo de
bom na sociedade e alguém abusa dele não deve por isso ser suprimido. Se a
desigualdade é um bem, ela deve ser mantida, mas corretamente vigiada para
corrigir tais abusos. Os casos de abusos, como os do exemplo citado, podem ser
corrigidos pela lei e, geralmente, é a exceção e não a regra geral de uma
sociedade humana.
P: ora, se o Estado, assume tudo, tem a posse dos bens e do
dinheiro, acaba com as classes sociais, sendo assim fica claro que é possível,
sim, se estabelecer uma igualdade social...
R: não, não é possível. Quando o regime dito marxista foi
implantado em alguns países, automaticamente foi instituída uma classe social
para gerir o Estado, a classe do partido comunista, sendo formada uma elite
dirigente opressora muito pior do que a existente anteriormente.
P: por que ocorre isso?
R: porque , em nome de
um grupo, de um partido ou mesmo do Estado, as pessoas facilmente são tentadas
a usufruir das benesses do poder e se enriquecer e predominar sobre os outros. Nos
regimes marxistas foi criada a desigualdade mais gritante e injusta que já
houve na face da terra, onde uma minoria predomina e impõe sua vontade em nome
do Estado.
P: e se alguém conseguir criar uma situação em que isso seja
impossível, isto é, os dirigentes do Estado não consigam impor-se e criar assim
uma elite opressora sobre os demais?
R: isso seria impossível na prática, levando-s em
consideração que os homens facilmente são tentados pela inveja e o desejo de
poder e grandeza, especialmente se
tiverem com o poder na mão. Considerando, no entanto, a viabilidade da tese,
mesmo assim, não seria constituída uma sociedade igualitária, pois o Estado
estaria sufocando as instituições sociais menores do que ele e impondo sua
maneira de dirigir a sociedade.
P: quer dizer que há desigualdade também entre as
instituições sociais?
R: sim, há uma grande desigualdade entre as instituições
sociais. E o Estado dever gerir toda a sociedade respeitando o papel de cada
uma e acatando suas decisões.
P: como seria isso possível?
R: isso seria possível através de um princípio chamado de
“subsidiariedade”, pelo qual o Estado só deve intervir na sociedade após os
indivíduos e suas agremiações ou organizações sociais se verem incapaz de o
fazer.
P: dê um exemplo.
R: o principal responsável pela saúde de cada um não é
Estado como apregoam por aí, é cada pessoa individualmente, cada um de nós deve
tomar as providências para tratamento de saúde e procurar ter vida sadia. Se,
porém, algum de nós adoece gravemente e por si mesmo não é capaz de se curar
deve recorrer à sua família; se esta não tiver condições, recorre a alguma
organização social maior, somente recorrendo ao governo, ao Estado, se nenhuma
destas instâncias inferiores se mostrarem capazes de resolver o problema. O mesmo pode-se dizer do estudo,
do trabalho, do lazer, etc. O princípio de subsidiariedade deve nortear toda
sociedade orgânica mais justa. O contrário disso é a imposição de um Estado
igualitário como propõe o marxismo, querendo fazer com que todos sejam iguais,
quando na realidade isso nunca será possível ocorrer.
P: quer dizer que o Estado não é o senhor soberano de toda a
sociedade?
R: não, ele não deve ser abitrariamente soberano, ele tem
que respeitar as outras organizações sociais abaixo dele, as quais deve
fiscalizar ou orientar pelas leis, mas nunca impor-se como único gestor da
sociedade.
2 comentários:
Caríssimo Sr. JURACI, SALVE Maria!
A igualdade também é necessária para nossa Santificação. Imagine que houvesse abolido os direitos iguais à sermos filho de Deus de trabalhar, de termos uma religião e etc..
Poderia incluir esse tema, mas não faz parte da mesma argumentação: igualdade de tratemto perante a lei não a mesma coisa da suposta igualdade de natureza ou de posição social.
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