Referimo-nos aos Papas Pio IX e São Pio X, que considero que foram vítimas expiatórias exorcísticas contra os demônios que controlavam as forças secretas, as quais, infiltradas na Igreja, promoviam o corpo místico do demônio. Foram eles martirizados (embora de forma incruenta) exatamente numa época em que as forças da conjuração anticristã estavam no maior auge da História, detendo imenso poder para destruir a Igreja e erigir, em seu lugar, a igreja naturalista ou satânica.
Deram eles o golpe fulminante contra aquelas forças secretas, sendo
secundados por uma grande quantidade de mártires exorcísticos espalhados pelo
mundo. Na época do Beato Pio IX, tivemos Dom Vital que foi mártir no Brasil e
Garcia Moreno no Equador, e na época um pouco posterior a São Pio X (mas como
reflexo de sua atuação e martírio) tivemos vários mártires no México, os quais
morriam bradando: “Viva Cristo Rei!”. Em toda a história da Igreja universal
não há um único precedente, nem sequer nas perseguições romanas, do sacrifício
sangrento, em pouco mais de um semestre, de doze bispos, quatro mil sacerdotes
e mais de dois mil religiosos. Esta situação perdurou no decorrer do século XX,
tendo sido aliviada apenas ao final deste.
O Beato Pio IX foi
o Papa da Imaculada Conceição, do “Syllabus” (condenando cerca de 80 erros que haviam
inoculado no mundo) e, principalmente, o Papa do Concílio que proclamou a
infalibilidade pontifícia. Havia também proclamado o título de “Cristo Rei”,
sob o qual a Igreja deveria reinar no mundo.
Em 1864, assim
falou aquele santo Papa a alguns prelados:
“O mundo
disputa-me este grão de areia sobre que estou sentado, mas seus esforços serão
baldados. A terra é minha; Jesus Cristo deu-ma, só a Ele a entregarei, e nunca
o mundo conseguirá arrancar-ma.
“Vós, arcebispo de
Terragona, ide levar à Espanha revolucionada, palavra de paz e de verdade, eu
vo-lo ordeno, o mundo pertence-me!
“Vós, bispo do
México, ide também sossegar o país, sustentando os direitos desprezados; eu
vo-lo recomendo em nome de Jesus Cristo!
“Bispo de
Edimburgo, ide acabar de conquistar a Escócia para Jesus Cristo,
“Bispo da Prússia,
ide assombrar esse reino pelo exemplo da coragem moral e de todas as virtudes.
“E vós, meu irmão
e meu filho, porque fui eu que vos sagrei, ide ganhar essa Genebra que ousa
chamar-se a Roma protestante; abençoai esses povos que podem ser ingratos, mas
são meus filhos. Sustentai, consolai a grande família católica, e convertei
aqueles que a heresia retém longe do aprisco de Jesus Cristo” [1]
São Pio X também
condenou os erros de seu tempo, tendo se destacado por um martírio solitário
numa época em que as forças do mal tinham um assombroso poder. Exorcizou ele
todos os demônios que as comandavam naquela época, mas os homens pecaram tanto
de lá pra cá que outros tantos piores vieram assumir novos postos. Torna-se,
pois, necessário outras vítimas expiatórias exorcísticas para completar este
trabalho...
Alguém pode
indagar: mas a atuação dos Papas só beneficiou as nações católicas das
Américas? Evidente que sendo a Igreja de caráter universal, toda a atuação dos
Papas visa todas as nações da terra. No entanto, havendo um predomínio das
forças secretas nas principais nações do mundo, tivemos uma forma de unanimismo
em que todas as outras quiseram copiá-las e adotar os princípios anticristãos
em seus respectivos países. Quebrando o unanimismo por força de uma sadia e
pujante reação católica (mesmo que tenha sido mais forte e mais efetiva apenas
nas Américas), o poder universal das forças secretas ficou por terra. Em breve,
os demônios que as dominavam em outros países foram também exorcizados. De
outro lado, é preciso se frisar que não foi só nas Américas que houve reações
que deram mártires desta natureza: uma prova é o surgimento dos ultramontanos
na Europa e a vigorosa reação dos zuavos pontifícios na Itália, no século XIX,
e no século XX um revigoramento da Fé (principalmente na década de 20) que
surgiu em alguns países.
Na Encíclica
“Evangelii Praecones”, de Pio XII, publicada em 1951, ao falar das Missões
católicas, vê-se um balanço do progresso que a era de São Pio X deixava na
Igreja:
“Em primeiro lugar
compraz-nos recordar brevemente os progressos obtidos. No ano de 1926 as
missões eram 400, atualmente são perto de 600; o número dos habitantes
católicos desses territórios não chegava a 15 milhões, enquanto hoje atinge
perto de 28 milhões. Os sacerdotes, estrangeiros e nativos, eram então cerca de
14.800, hoje ultrapassam 26.800. Naquela data eram estrangeiros todos os bispos
missionários; decorridos 25 anos, 88 missões estão confiadas ao clero nativo e,
com o estabelecimento, em muitas regiões, da hierarquia eclesiástica, e a
nomeação de bispos indígenas, manifesta-se mais claramente que a Igreja de
Jesus Cristo é verdadeiramente católica e não se pode considerar como
estrangeira em nenhuma parte do mundo.
“Para aduzir alguns exemplos: foi constituída, segundo as normas
canônicas, a hierarquia eclesiástica na China e em várias regiões da África;
celebraram-se três concílios plenários de suma importância, o primeiro no
Indochina em 1934, o segundo na Austrália em 1937, o terceiro na Índia, no ano
passado; os seminários menores multiplicaram-se enormemente; os alunos dos
seminários maiores, apenas 1770 vinte e cinco anos atrás, são hoje 4300;
construíram-se muitos seminários regionais; foi fundada em Roma, junto ao
Colégio Urbano da Propagação da Fé, o “Instituto Missionário”; em Roma e em
outras partes, foram inauguradas várias cátedras de missiologia; igualmente em
Roma, foi fundado o Colégio de S. Pedro, no qual sacerdotes indígenas completam
com maior esmero a sua formação nas ciências sagradas, nas virtudes e no
apostolado; foram fundadas nas missões duas universidades; os ginásios ou
colégios superiores, que antes eram cerca de 1.600, hoje passam de 5.000; as
escolas primárias e secundárias quase duplicaram de número; e o mesmo se pode
afirmar dos ambulatórios ou dispensários e hospitais, em que se atende a todo o
Gênero de doentes, até mesmos os leprosos.” (“Evangelii Praecones” – I - itens 5 e 6).
Como se vê, como
conseqüência da ação expiatória exorcística de São Pio X, as forças secretas
recuaram enquanto a Igreja avançou em toda a terra. Vem novamente a pergunta:
se foram exorcizados porque hoje estas forças tão malignas ainda detêm tanto
poder e controlam praticamente tudo no mundo? Por causa dos pecados dos homens,
os quais fazem os demônios “saírem” do inferno e virem para a terra e exercer o
maléfico trabalho da perdição dos homens e o crescimento de seu maldito corpo
místico. Assim, enquanto uns são
exorcizados, outros podem ser “soltos”.
Mas se aqueles primeiros não tivessem sido expulsos de volta para o
inferno, o poder diabólico poderia hoje ser muito maior.
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