Crítica – Palavra de origem
grega, “chritike”. Os filósofos antigos, especialmente os da Escolástica
medieval, quando discutiam um tema qualquer escolhiam um ou vários do mesmo
grupo a fim de fazerem críticas ao principal tema com as idéias contrárias,
fazendo assim com que fossem discutidos os aspectos prós e contra. A crítica
surgiu, assim, ,da necessidade de enriquecer o estudo com a oposição de idéias
contrárias. A dialética, já desde o tempo dos gregos antes de Cristo, era uma
forma de exercer tal crítica. Hoje, a definição de crítica ficou completamente modificada
de sua finalidade, transformou-se numa arte de julgar, tanto obras literárias
quanto de outras culturas, apreciação escrita ou verbal destas obras. Sendo a
arte de julgar, tornou-se com o tempo numa censura, até mesmo numa condenação
da obra ou personagem. Fazer crítica, hoje, é censurar e condenar autor literário
ou manifestação de qualquer arte, até mesmo com maledicência. Não era este o
objeto principal da crítica, mas apenas opor idéias contrárias ao tema abordado a fim de enriquecer o
trabalho numa discussão livre. São Tomás de Aquino foi um dos mestres no uso da
crítica, pois todas as suas obras são recheadas de contraposição de idéias
contrárias ao tema principal, havendo, no final uma conclusão dele, o chamado “conclusio”
da Escolástica.
Quem
desviou o verdadeiro sentido da crítica foi Immanuel Kent, dando a ela um
sentido distorcido de sua original finalidade.
A partir deste filósofo é que a crítica passou a ser um julgamento e não
a simples exposição de idéias contrárias. Vejam como os filósofos modernos vêem
a crítica:
“No sentido antigo, é a
parte da lógica que trata do julgamento. Hoje, exame de um fato, de uma obra de
arte, de um comportamento com o intento de fazer um julgamento de
apreciação, que pode ser lógico, estético, moral etc. Num sentido mais
restrito, o termo implica um julgamento desfavorável. O adjetivo apresenta
o mesmo sentido duplo: se é aconselhável exercer o seu espírito crítico (mesmo
que seja apenas para filosofar...) a fim de nada admitir sem exame, não é
aconselhável desenvolvê-lo no sentido de uma sensibilidade exclusiva aos
defeitos. Mas qualifica também o que constitui uma crise ou se refere a ela estar
num estado crítico. Análise e avaliação
desencadeadas por defeitos de alguma espécie. A crítica é uma parte normal da
pesquisa em todos os campos. Mas seu papel não deveria ser exagerado, pois não
é criativa: ela pode apenas melhorar ou eliminar. De fato, antes que um item seja
submetido a uma análise crítica é preciso que tenha sido trazido à existência.
E, se julgado defeituoso, deve ser reparado ou substituído em vez de ser
protegido por inverificáveis. (DUROZOI,
G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina
Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993. - BUNGE, M. Dicionário de
Filosofia.
Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)”
De
forma semelhante aos críticos há também
os comentadores da Sagrada
Escritura, que, no caso, apenas explicitam comentando as partes mais difíceis
de serem entendidas pelo leitor comum.
Trata-se de mestres que explanam ou comentam passagens da Bíblia. Destacam-se
entre eles, Orígenes, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, Santo Agostinho,
etc. Lutero não foi comentador, mas crítico no mal sentido, pois achou-se
possuidor do poder de julgar e não de esclarecer dúvidas.
Tais
comentadores também são chamados de exegetas, isto é, aqueles que fazem a Exegese (do grego ξήγησις
de ἐξηγεῖσθαι "levar para fora") é uma interpretação ou explicação crítica de um texto,
particularmente de um texto religioso. O
termo foi tradicionalmente usado para a exegese da Sagrada Escritura, mas,
no uso moderno, "exegese bíblica" é usado para dar mais
especificidade, a fim de distingui-lo de qualquer outra explicação crítica mais
ampla de qualquer tipo de texto. O termo é também utilizado naqueles que fazem
comentários de textos filosóficos ou de direito.
A exegese inclui uma ampla gama de disciplinas críticas: crítica textual é a investigação da
história e das origens de um texto, podendo incluir o estudo dos antecedentes
históricos e culturais do autor, do texto ou de seu público original. Outras
análises incluem a classificação do tipo de gênero literário presente nos textos,
podendo até mesmo ser uma espécie de análise de características gramaticais e sintáticas no
texto propriamente dito.
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