Presenciamos uma grande peça teatral patrocinada por
nossos políticos. A meu ver, esta peça passa pelos seguintes passos:
ATO N. 1 – Em preparação a justiça é dotada de super-poderes,
prendendo empresários e autoridades comprometidos com a corrupção nacional. As
claras evidências de participação de elementos chaves do governo nestes atos de
corrupção não chegam, entretanto, a ser comprovadas.
ATO N. 2 – No auge de uma movimentação nacional pela
destituição da atual presidente o novo presidente da Câmara se declara em
oposição ao governo federal, dando início a uma trama previamente combinada.
Escolhido como bode expiatório, ou como “boi de piranha”, Eduardo Cunha chama a
atenção sobre si e faz seu papel deixando Dilma em segundo plano.
ATO N. 3 – De repente, o “boi de piranha” começa a por em
uso sua estratégia de chantagem e acata o pedido de “impeachment” da
presidente, como se isso bastasse para o mesmo ser cumprido e não dependesse de
barganhas e conciliábulos entre os políticos de plantão.
ATO N. 4 – Tem início uma polêmica nacional, na qual
estão envolvidos diversos setores, até religioso como a CNBB, uns em defesa e
outros contra o partido que está no poder. De repente, todos são chamados a
emitir sua opinião, a nação é chamada a optar em ser contra ou a favor do “impeachement”.
E a discussão passou a ser em quem é contra Dilma ou quem é contra Eduardo
Cunha. O ponto principal foi desviado. Na Câmara, todos os quinhentos e tantos
deputados querem fazer seus discursos, e a depender deles, esta fase só terminaria
daqui a um ano com o pronunciamento de todos. Os do governo vão continuar
repetindo, à exaustão, que o “impeachment” é golpe, e os contrários dirão que
estão apenas defendendo os interesses da nação. Como ninguém acredita nem num
lado nem no outro, não sei de que adianta esta discussão.
ATO N. 5 – A partir de agora a gente tem que fazer um
exercício de adivinhação e assim prever o que vai ocorrer doravante. Se o
governo ganhar a batalha contra o “impeachement” vai ter mais alguns dias de
sossego; se perder, quem vai ter desassossego é o povo com as conseqüentes manifestações
de arruaças e greves favoráveis ao PT.
Os exércitos da CUT e MST não costumam agir com moderação, eles
constituem a base dos “Black blocs” e não pouparão esforços na luta para manter
o “status quo”. Isso não quer dizer que
os procuradores não continuem a prender autoridades e empresários. É provável
que permanecendo no poder o PT consiga apenas aumentar seus presidiários. E
termine por cair de qualquer jeito. Porque, se não cair de seus cargos
públicos, vai continuar caindo da preferência popular.
FECHA-SE O PANO – Não se sabe como este teatro vai um dia
acabar. Porque, se hoje ele nada mais é do que uma encenação, no entanto vai
aos poucos se tornando realidade, deixando a população na completa falta de
confiança em seus políticos e sujeita aos influxos e manifestações
oportunistas. Talvez ocorram cenas sangrentas nesta fase, mas aí o teatro já
terá baixado o pano. A guerra será apenas na platéia.
É assim nossa democracia. Se o povo foi chamado a eleger
seus governantes, porque o mesmo povo não é chamado a optar se o destitui ou
não? Em vez dos deputados, porque não se convoca o povo para fazer uma “deseleição”?
Não seria mais lógico? Seria menos teatral e menos hipócrita.
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