quarta-feira, 4 de novembro de 2015

SERVA DE DEUS EXORCIZA SEM SER EXORCISTA



Madre Mariana de Jesus Torres exorciza demônios 


No Convento das Concepcionistas de Quito havia uma freira, comumente chamada de “capelã”, que comandava uma diabólica revolta contra as Fundadoras.  Madre Mariana de Jesus Torres aceitou passar cinco anos no inferno (apenas espiritualmente) com o fim de salvar a alma daquela freira.  A alma da referida “capelã” , por si mesma, estava morta espiritualmente. Necessitava de uma vítima humana que, unida à Vítima Divina, conseguisse arranca-la das garras do demônio.
Abafada a revolta daquela “capelã”, as autoridades ordenaram que a mesma fosse colocada num cárcere que havia dentro do Convento. Alguns dias depois de presa a revoltada, as freiras começaram a ouvir estranhos ruídos no cárcere. Certo dia, quando passavam por ali a Superiora e Madre Mariana, ouviram ambas gritos e vozes roucas dentro da prisão.  Madre Mariana logo entendeu do que se tratava: a prisioneira era vítima de possessão diabólica.
A Superiora logo propôs a solução mais simples: tirar a possessa dali e leva-la a um outro lugar. Com o que Madre Mariana não concordou: “Não, Madre. Se ela sair do Convento, esta pobre irmã perderá sua alma. É preciso conquistá-la para Deus”. A Superiora, considerando que Madre Mariana tinha forças para enfrentar a situação, lhe ordena que entre no cárcere para ver o que conseguiria fazer pelo bem daquela alma.
Logo que Madre Mariana entra, a prisioneira começa a gritar: “Estou morrendo, estou morrendo!”  e corre por toda a prisão, batendo a fronte e a cabeça contra as paredes. Em seguida caiu sem sentidos. Madre Mariana aproximou-se dela e viu que deitava espuma e sangue pela boca. Começou a lhe dar massagens tentando reanima-la, quando a Superiora, covardemente, grita da porta: “Madre, se ela voltar a si, eu me abalo para longe”.
Em vez de se abalar, Madre Mariana mandou que trouxessem remédio para reanimar a possessa, que estava ferida. Logo que a Madre Superiora saiu, ficando Madre Mariana sozinha rezando pela possessa, viu repentinamente dois negros demônios colados na parede como quem se escondia dela. Vendo-os, gritou: “Bestiagas [récua de bestas] vis e abomináveis, que fazeis aqui? Ide à vossa cruel morada, que este é lugar santo e casa de oração e penitência. Todos os esforços para levar a alma de minha irmã serão vãos. Jesus Cristo morreu por ela e, apesar de vós, ela se salvará. Ordeno-vos em nome do Mistério da Santíssima Trindade, da Divina Eucaristia, da Maternidade Divina de Maria Santíssima, de Seu glorioso Trânsito e Assunção em Corpo e Alma aos Céus, que imediatamente desocupeis este santo lugar e nunca mais volteis a mortificar com vossa abominável presença a nenhuma de minhas irmãs, que justa ou injustamente aqui estão” [1].
 Note-se que Madre Mariana, ao fazer a oração exorcística, manda que os demônios desocupem imediatamente “este lugar santo”, ela está exorcizando o que denominamos de “demônios mantenedores” , os quais junto com os o que a Igreja chama de “demônios dos ares” atuam na perdição das almas. Não se trata, portanto, de um exorcismo clássico de expulsar o demônio do corpo da pessoa. Talvez este último seja mais difícil porque trata-se de algo ligado à pessoa, ao corpo, mas principalmente à alma de uma pessoa, dependendo muitas vezes dela e de seu livre arbítrio para que o demônio seja expulso.
Tão logo Madre Mariana termina sua oração exorcística deu-se um estrondo, a terra tremeu e ouviu-se uivos horríveis. Neste momento, a Madre Superiora estava chegando com algumas ajudantes e o remédio que Madre Mariana pedira. Uma delas falou assustada que algo de diabólico estava acontecendo no cárcere, mas que lá estando Madre Mariana nada haveria de se temer.   Quando entraram na prisão ainda encontraram o ambiente obscurecido por uma espessa fumaça. Aplicaram os medicamentos na “capelã” que logo se reanimou sem sinais externos de possessão.
Talvez a possessa ainda tivesse alguns demônios que a incomodassem, mas aqueles que Madre Mariana havia visto foram exorcizados.

Expulsão dos demônios que infestam as casas de família
Talvez um campo de ação em que o demônio mais encontra facilidade de ação seja as casas de família. Seriam estes os “arrimadiços” de que fala o Pe. Manuel Bernardes? Em si mesmo sagrado, o lar precisa entretanto que seja santo, que as pessoa que o habitem pratiquem a santidade. Não sendo assim, os demônios podem encontrar lugar onde se acolherem nos lares e daí inspirar ódio, vingança, contendas pessoais, invejas, por fim, todo tipo de vícios e pecados, principalmente de uns contra outros.
Em Quito, na época de Madre Mariana, infelizmente os demônios estavam conseguindo levar duas importantes famílias à contenda, à luta pessoal e ao ódio. Em suas orações, a santa Madre via tudo.   E certo dia, Nosso Senhor pediu a Madre que expulsasse pessoalmente referidos demônios.
Madre Mariana rezou a Nosso Senhor pedindo que tivesse piedade daquela gente e Ele mesmo expulsasse os demônios: “Humilhai-o, Senhor, e abatei-o pela sua louca perfídia e soberba. Tende compaixão e misericórdia destas almas tão caras, remidas pelo vosso Sangue e vossos méritos, e pelos da divina Co-Redentora Maria Santíssima, Mãe vossa e minha dulcíssima”.
Ao ouvir esta oração, em presença de Sua Mãe Santíssima, Nosso Senhor Jesus Cristo, respondeu à Madre Mariana:
Manda tu mesma que desça ao fundo do abismo infernal essas furiosas legiões de demônios que saíram para impedir a conversão dessas almas. Ordena-lhes em nome do Mistério da Santíssima Trindade, de minha Presença Real na Hóstia Consagrada, da Imaculada Conceição de minha bendita Mãe e de Sua Maternidade Divina, sendo Virgem Puríssima antes do parto, no parto e depois do parto.  E verás como fogem espavoridos esses imundíssimos espíritos. E para que o possas fazer, olha-os primeiro” [2] 
Ao ouvir esta admoestação, Madre Mariana viu em seguida incontáveis demônios que infestavam aqueles lares, forcejando para penetrar dentro dos corações daquelas pessoas.  Em seguida, Madre Mariana pediu força para os exorcizar:
“Fortaleza dos débeis, acompanhai-me nesta empresa. Do contrário, nada poderei, porque sou vilíssimo e repelente lodo, esses infernais e astutos espíritos escarnecerão de mim. Mas como Vossas Majestades me deram sempre provas de vosso amor misericordioso rogo-Vos, com a fronte no pó, que Vós, ó dulcíssima vida de minha alma, Vos ponhais como o haveis feito sempre, isto é, como Menino nos braços de Maria Santíssima, minha terna Mãe. Assim acompanhada e defendida por Vossas Majestades, terei feliz sucesso, lançando no abismo profundo esses soberbos e invejosos espíritos”.

Um cerimonial celeste exorcístico
A importância deste exorcismo foi tal que envolveu todo o Céu:
“Concluída  esta súplica, Madre Mariana viu o Céu se abrir, descendo até o Sacrário. Todo o altar-mor resplandecia com luz celestial, a ponto de ela, por um momento, ter pensado que, sem sentir a morte, já se encontrava na eternidade. Os Anjos cantaram, com melodia própria a eles, o “Salve Sancta Parens.
“Imediatamente a Rainha dos Céus adiantou-Se.
“Ao contínuo, os quatro Arcanjos, seguidos de incontáveis espíritos celestes, voaram ao Sacrário. O Príncipe São Miguel, depois de fazer uma profunda reverência, tomou em suas mãos a santa Hóstia, que se converteu imediatamente em um formosíssimo Menino. Ele olhou ternamente para o Príncipe e sua gloriosa comitiva celeste, e disse:
- Ponde-me quanto antes nos braços de minha Mãe, e acompanhai-Nos todos vós, a fim de presenciar a grandeza do poder de Deus, que Se vale de instrumentos aparentemente débeis para realizar grandes maravilhas. – Nova confirmação daquela verdade encantadora: de que Deus oculta Seus segredos aos soberbos e grandes do mundo e os revela aos humildes e simples de coração”.
“Incontinenti o Arcanjo se apresentou diante da Imperatriz Soberana, e fazendo-Lhe reverência, disse:
- “Tomai, Senhora, em vossos braços soberanos o Tesouro divino do qual sois depositária”. E colocando-Lhe no braço esquerdo o Divino Infante, retirou-se, fazendo nova reverência.
“Em seguida aproximou-se o Arcanjo São Gabriel trazendo um belo báculo. Fez uma profunda reverência e colocou-o em sua mão direita, dizendo:
- “Empunhai, Senhora, em vossa soberana destra o báculo que a Onipotência Divina nela colocou, para que, como Imperatriz dos Céus e da terra, governeis o universo e reprimais em todos os tempos a força diabólica do tenaz e soberbo satanás, que cheio de furiosa inveja trabalha com toda sutiliza na perdição das almas, mas que sempre se verá vencido e humilhado por Vós, que sois a Mãe do Verbo Divino.
“Fez novamente profunda reverência e se retirou.
“Logo depois chegou o Arcanjo São Rafael, portando uma pequena cruz muito formosa, do tamanho de um dedo mas que ofuscava a vista com a luz que irradiava. Era toda composta de preciosos rubis, esmeraldas, ametistas, safiras e brilhantes. Pondo-a na mão do Divino Infante, disse:
- “Aqui tendes, Rei dos Céus e da terra, o presente que guardais e concedeis a vossas esposas  fiéis que durante a vida religiosa Vos servem com fidelidade. Com ele triunfarão das maquinações diabólicas, até que fechem seus olhos à luz material para os abrir ao esplendor da luz eterna. Pela cruz serão salvas as almas remidas por Vós”. E com uma profunda reverência, o Arcanjo se retirou.
“A Corte Celeste entoou então um hino de glória, cuja melodia só a alma poderia degustar, os sentidos do corpo nem sequer agüentariam, a não ser adormecidos.
“Tudo isto passou-se diante de Madre Mariana, que estava em presença de Deus e de Sua Mãe Santíssima, com essa humildade própria dos santos. Humildade adquirida ao longo de uma vida cheia de dificuldades e humilhações, de que o leitor pode tomar conhecimento, lendo a vida desta feliz discípula do Divino Redentor.

O Menino Jesus incita Madre Mariana ao exorcismo
O que vimos acima nada mais foi do que o prólogo de uma solene cerimônia exorcística, estando presente toda a Corte Celeste e uma santa Vítima Expiatória e Exorcística, Madre Mariana de Jesus Torres.  Após o cântico cós anjos o Menino Jesus dirige-se à Madre Mariana:
“Minha dileta esposa, tu és a fibra mais delicada de Meu Coração, porque passaste toda tua vida em meu serviço e Me amaste com todo teu coração e toda tua alma. E este teu amor por Mim, que sou teu Deus e Senhor, tem sido muito dedicado e ativo, conquistando-Me almas.  Para convertê-las, arrancá-las do vício e ecaminhá-las na via segura que conduz ao Céu, tiveste que arrostar grandes padecimentos físicos e morais com generosidade e valor, sem que o maldito respeito humano, frustrador de grandes graças em favor das almas, conseguisse fazer-te desistir de empresa tão grandiosa.
“Oh! Se todas minhas esposas tivessem essa diligência e cuidado em relação a todas as pessoas com que tratam. Quantas almas Me dariam em segredo!
“Saibas que pus nas palavras de Minhas esposas espadas de dois gumes para penetrarem nos corações mais endurecidos. Mesmo que na aparência nada se note, essas palavras repercutem no interior das almas noite e dia e acabam germinando e dando cedo ou tarde frutos de penitência. E, quando são acompanhadas de súplica incessante em favor desses pecadores queridos, então melhor ainda:  Eu não posso resistir aos pedidos de minhas esposas, em se tratando de salvar as almas.
“Oh! Dileta minha! Dize a tuas filhas que sejam meus apóstolos a partir do silêncio do claustro. Asseguro-lhes que, se assim o fizerem, terão uma glória muito especial no Céu. Afirmo que uma só palavra proferida pelas pessoas religiosas  é de muito peso no coração dos que vivem no mundo, os quais, por mais pecadores que sejam, vêem nelas seres separados do mundo, consagrados e entregues ao exclusivo serviço de Deus, e portanto dignos de respeito e atenção.
“Agora, ouve a tua Mãe e minha. E vamos sepultar no abismo as malditas legiões que saíram do inferno para perder estas duas pobres famílias,  tentando roubar-Me almas tão queridas do meu Coração. Recebe esta bela cruz como presente das núpcias eternas que proximamente te esperam”.

Nossa Senhora dá a palavra final antes do exorcismo

Após o Menino Jesus, Nossa Senhora se dirige à Madre Mariana:
“Minha filha muito querida, minha fiel imitadora, já teus dias mortais estão no fim. Os poucos dias que te restam quero que sejam ainda mais perfeitos no amor de Deus e do próximo. Esforça-te em orar, trabalhar e sofrer para ganhar almas a Deus.
“Oh! Se as religiosas soubessem o mérito que entesouram para a eternidade nesse apostolado oculto, não omitiriam meio algum para pô-lo em prática. Grande caridade é trabalhar, orar e sofrer por esses pobres irmãos transviados. Como outros filhos pródigos, eles abandonaram a casa de seu bom Pai e se afastaram, pelo pecado, para regiões muito distantes de Deus, dissipando a preciosa herança das graças divinas, até ficar reduzido à extrema miséria espiritual. Passam a mendigar no mundo, que e um amo duro e cruel, as bolotas das falsas honras e prazeres, os sobejos dos porcos, que são os vícios e as paixões desenfreadas, os quais sepultam no inferno um considerável número de almas, tornando infrutíferos o Sangue e os méritos de meu Filho Redentor.
“Este bom e amoroso Pai, contudo, sai diariamente do Sacrário para penetrar nos corações purificados e limpos, donde Ele estende sua amorosa vista ao longe, na expectativa de ver chega Seus filhos pródigos, a fim de recebê-los de braços abertos e, uma vez reconciliados e lavados no santo Tribunal da Penitência, faze-los voltar à Sua amizade, com a posse da vida da graça e dos inúmeros bens reservados para o Reino dos Céus.
“Em vista precisamente da reconquista desses filhos pródigos estabeleceu Nosso Senhor a vida contemplativa em sua Igreja, para que Suas almas prediletas, escondidas de todo olhar humano, desconhecidas, esquecidas  e muitas vezes desprezadas, fossem mediante a oração incessante e a penitência, em toda forma e circunstância da vida monacal, apóstolos ativos e fervorosos.
“Ai das almas religiosas que incautas e ociosas não querem cumprir, por vãs covardias, sua sublime missão! Não terão escusas no Tribunal divino. Ali se lhes recompensarão almas salvas e se castigarão pelas que, por omissão sua naquela vinha do Senhor, se perderam.
“Ponhamos agora em vergonhosa fuga as legiões infernais que se atreveram arrebatar aquelas almas a Deus”

Esplendoroso cortejo celeste vai às casas de família para exorcizá-las
Quando Nossa Senhora terminou de falar, todo o cortejo celeste ali formado, juntamente com Madre Mariana, dirigiu-se às casas de família a fim de exorcizar os demônios que as infestavam. Vejamos como tudo sucedeu, conforme o relato de Frei Manuel Sousa Pereira:
“A santa religiosa, com a luz que alumiava em seu coração a pequena cruz presenteada pelo Divino Infante, viu minuciosamente as consciências daquelas almas. Discerniu a sutileza com que os demônios trabalhavam para impedir a mútua reconciliação, semeando no entendimento dos pais e mães mil temores infundados, renovando ressentimentos e fazendo-lhes crer que o próprio ato de reconciliação era como uma montanha de impossibilidade, difícil de ser galgada. O amor próprio fazia-os resistirem, para não terem de se humilhar, apegados à nobreza e riqueza de suas casas. Tudo era dúvida, perplexidade, aborrecimento e desgosto, até entre os próprios membros da mesma família.  Em suma, nunca se sentiram tão incomodados e estiveram tão molestos como naquela tarde e noite.
“Nesse contexto fulgurou a luz celeste do Rei do Céu, que repousava nos braços de sua Mãe, Maria Santíssima Rainha, acompanhados da celestial comitiva e da predileta de Seus Corações.
Os demônios ficaram estupefatos e aterrorizados quiseram fugir, mas não puderam, porque o Príncipe São Miguel os atalhou:
“Malditas, desventuradas e invejosas legiões, mando em nome do Verbo Divino e de sua Virgem Mãe, nossa Rainha, que permaneçais aqui, até que uma humilde serva do Senhor vos precipite no abismo profundo.  Pois vossa luciferina soberba deve ser humilhada pela natureza humana, que, amando a nosso Deus, rivaliza com a angélica natureza. Enquanto os Espíritos Angélicos, que humildes adoraram o Verbo feito carne, comprazem-se em favorecer e servir a esses servos do Senhor, prodigalizando-lhes cuidados em sua vida terrena, até conduzi-los ao Céu, onde gozam a Deus em sua companhia, louvando as misericórdias que o Senhor neles realizou”.
“Ao ouvirem a imperiosa voz do Chefe e Príncipe da Milícia Angélica, tremeram as hostes infernais e soltaram um alarido tão terrível que parecia retumbar no universo inteiro. E virando-se os demônios para a luz que os eclipsava, viram-se em presença de Jesus Cristo, de sua Virgem Mãe e da humilde monja concepcionista, elevada a tanta honra em virtude de uma vida inteira de sacrifício incessante e de vitórias alcançadas sobre eles. E isto os enfurecia sobremaneira, sendo o motivo desse ódio que lhe tinham, não tendo eles poupado nenhum esforço no afã de derrubá-la ao solo pelo pecado, o que, porém, jamais conseguiram. Ao vê-la, quiseram lançar-se sobre ela, pois não conseguindo causar-lhe dano à alma, queriam pelo menos tirar-lhe a vida.

O exorcismo de Madre Mariana

O furor dos demônios contra Madre Mariana era porque ela levava vida de santidade e não pecava.  O pecado (caso ela o cometesse) poderia não só fortalecer aqueles demônios como também trazer mais anjos malditos do inferno para lhes auxiliar na tarefa de perder as almas. Como aqueles demônios ansiavam isto, e Madre Mariana (com a graça de Deus) não pecava, crescia-lhes mais ainda o ódio contra ela.
Neste momento, o Menino Jesus ordenou a Madre Mariana:
“Minha dileta esposa, a força divina te sustenta. Levanta-te sobre ti mesma e ordena a estas asquerosas e impotentes legiões que deixem livres estas almas e desçam ao abismo profundo, reconhecendo-se débeis ante as criaturas humanas que fiéis servem a seu Deus e Senhor”.
“Com estas palavras o coração de Madre Mariana encheu-se de uma fortaleza indizível e, fixando os demônios com severidade e desprezo, disse:
“Espíritos malignos e repugnantes, que por vossa soberba luciferina caístes do Céu, onde o Senhor vos criou belíssimos, para o abismo profundo, transformados pela Justiça de Deus em feíssimos demônios, condenados a sofrer por toda a eternidade o fogo aceso pela Ira de Deus!
“Eu, pobre e débil criatura, que me glorio de servir a meu Deus e Senhor, obedecendo-Lhe com agrado em tudo quanto Ele me manda e amando-O com todo meu ser tão pequeno, aborreço-vos com o aborrecimento com que meu Deus vos aborrece, por causa de vossa insubordinação.
“E lamentando por haverdes arrebatado tantas almas a Deus, que é o único Senhor, eu ordeno: - Em nome do Augusto Mistério da Santíssima Trindade; da Presença Real de Jesus Cristo na Hóstia Consagrada; do Mistério da Conceição Imaculada de Maria Santíssima, de Quem tenho a ventura de ser filha; e em nome também de sua Puríssima e Integérrima Virgindade e Maternidade Divina, sendo Virgem Puríssima antes do parte, no parto e depois do parto, ordeno-vos que deixeis livres a estas duas famílias, para que dêem glória a Sua Divina Majestade, no cumprimento da santíssima vontade de Deus.   E descei vós ao averno profundo, vossa morada sempiterna, fugindo derrotados para vossa maior ignomínia. Que vos sirva de tormento a Cruz Redentora, que com gosto ostento em meu coração, tendo eu vivido alegre nela encravada”  E fez o sinal da cruz.
“No mesmo instante, dando horríveis bramidos e mordendo-se uns aos outros, precipitaram-se os entes malditos no centro da terra. Produziu isto um tal terremoto que os habitantes da cidade, alarmados, puseram-se a clamar por misericórdia, julgando que o vulcão Pichincha ia soterrá-los. O Senhor Bispo mandou que se rezasse em todas as igrejas da cidade.
“As duas famílias, porém, que andavam tão molestadas nas respectivas casas, acalmaram-se em seguida. Cada qual reuniu-se  com toda a criadagem para rezar o santo Rosário, advindo uma inalterável paz e tranqüilidade. E os criados comentavam: “Como foi  bom este tremor de terra, para que nossos amos se acalmassem! Eles já se iam tornando insuportáveis!” [3]   
Cumprindo, pois, sua vocação não só de Vítima Expiatória, mas de Vítima Expiatória Exorcística, Madre Mariana exorcizou poderosamente aqueles demônios, os quais haviam conquistado importante lugar nas casas daquelas famílias. Em seguida, os Anjos da Guarda daquelas casas voltaram a assumir seus antigos lugar, inspirando às famílias a reza do Rosário e trazendo a paz espiritual entre elas.







[1] “Vida Admirável de Madre Mariana de Jesus Torres...” – Tomo I – Fr. Manuel Sousa Pereira, OFM, págs. 103/104
[2] op. cit. tomo. II, pág. 167
[3]op. cit. Tomo II págs. 166/171.

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