(Parte da conferência de Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, em 1984, sobre como deve ser a verdadeira fidelidade dos católicos ao Papado)
"Bem, então, agora o que é o Papa dentro da Igreja? O Papa é o Vigário de Cristo, o representante de Cristo na Igreja, o máximo representante de Cristo na Igreja é o Papa. E a ele cabe em grau eminente, aquilo que os outros podem ter de algum certo modo.
Por
exemplo, o ensino. O Papa é o mestre dos mestres. Isto quer dizer que só o papa
ensina na Igreja? Não quer dizer isso, mas quer dizer uma outra coisa: a
infalibilidade da Igreja pertence – a Igreja é uma organização muito delicada e
muito matizada. A infalibilidade da Igreja pertence ao Papa, pertence aos
Concílios, e de algum modo pertence ao povo. Quer dizer, o que sempre, em todos
os lugares, todo o povo fiel acreditou como verdadeiro, não pode ser errado. A
misericórdia divina não permitiria que todos os católicos caíssem em
erro.
De maneira
que quando se demonstra que em determinada época da vida da Igreja, todos os
católicos acreditaram numa determinada coisa, isto equivale a uma afirmação
infalível de que esta coisa é verdadeira.
A Igreja
não é só infalível assim, mas Ela é infalível também quando se reúnem todos os
seus bispos para um Concílio. É infalível. O que é um concílio? É a reunião de
todos os bispos para ensinar, para governar e para tratar de assuntos da santificação.
Mas, o concílio só é concílio quando ele é convocado pelo Papa. Um concílio não
convocado pelo Papa não é concílio. Não tem infalibilidade, não tem nada. Se o
Papa se retira do concílio, o concílio deixa de ser concílio.
...
... ..
E o
sustentáculo do concílio é o Papa. De tal maneira que um Papa pode, por
exemplo, convocar um concílio para decidir um determinado ponto de Fé. Ele vê
que o concílio está muito atrapalhado, ele diz: “Está bem, eu vou decidir sem
vós, é assim!”
Mas, se o
concílio disser ao Papa: “Nós vamos decidir sem Vós”, o Papa tem o direito de
responder: “Quem sois Vós?” Se eles disserem: “Nós somos o Concílio”, a
resposta do Papa é: “Sem mim, não há concílio! Vós não sois nada! Ide!”
O que o
concílio só pode com ele, ele pode inteiramente sem o concílio. E assim, por
isso, ele pode abrir o concílio, pode encerrar o concílio, pode suspender o
concílio, ele pode fazer o que entender, porque ele paira acima de todos na
Igreja Católica.
Este poder
de ensinar, o Papa o exerce, portanto, no mais alto grau. O poder de governar
ele também o exerce no mais alto grau. O poder de governar toca aos párocos,
toca também aos bispos, mas é na medida em que estão sob a autoridade do Papa.
Se um bispo rompe com o Papa, ele perde o seu poder. Um Bispo de qualquer
diocese – diocese “x” – rompe com o Papa – eu conheci este caso infeliz. Um
bispo de Botucatu, em São Paulo, chamava-se Dom Carlos Duarte da Costa.
Ele começou
a ensinar umas heresias, há uns 30 ou 40 anos atrás, ele começou a ensinar umas
heresias, a Santa Sé muito clementemente mandou avisar a ele, e o tirou da
diocese, mas não excomungou. Ele insistiu nas heresias, a Santa Sé disse a ele:
“Se continuar, excomungo”. Ele continuou, excomungou!
Qual é o
poder dele sobre os homens depois disso? Nada! Está pulverizado! Não é nada!
Ele nem ensina, nem governa. Os senhores dirão: “Bom, mas ele santifica, porque
ele celebra a Missa”. Não. Não se pode ir à missa dele para receber essa
santificação. É pecado. Ele peca celebrando, e os que estiverem lá sabendo que
ele é um bispo cismático, pecam assistindo. Acabou. Rompeu com o Papa, rompeu
com tudo.
Então, nós
vimos que a direção suprema é do Papa, e que as direções subordinadas só têm um
sentido na medida em que elas estão ligadas ao Papa, estão sob dependência do
Papa. A santificação nós acabamos de ver. Os próprios sacramentos..., a I.O.[1] tem os sacramentos.
Por
exemplo, quando nós passamos em frente à uma Igreja da IO Nem olho! É a I. O.
Por que
isto? Está rompida com o Papa. É uma coisa bonita na avenida Tiradentes, há uma
igreja, o Convento da Luz que os senhores conhecem; pouco abaixo há uma igreja
de São Gregório Iluminador, do rito armênio. Nós passamos em frente,
inclinamo-nos; eu que estou de chapéu, tiro o chapéu. Outro dia a igreja estava
aberta, entrei para visitar, rezei diante do Santíssimo Sacramento. Por quê?
Porque está unida ao Papa.
Mais ou
menos em frente há uma outra igreja IO. O sr. Gugelmin tem a recomendação de
passar depressa em frente! Única e exclusiva razão: não está unida ao
Papa!
Ele é o
tronco por onde vem toda a seiva! Ele está no centro da salvação. Ele é aquele
unido ao qual os homens se salvam. Aquele, rompendo com o qual, os homens se
perdem. Não há, portanto, quem esteja mais alto na terra do que um Papa. E não
há coisa mais bela, do que amar o Papa, venerar o Papa, servir o Papa.
Nesse
sentido, houve no século passado uma coisa muito bonita, a respeito da qual os
historiadores – não os historiadores do Papado, mas os historiadores que falam
da História geral, quase não falam – houve uma espécie de Cruzada no século
passado para defender o Papa. E o que os historiadores dizem menos ainda, é que
desta cruzada fizeram parte vários sul-americanos, e entre esses sul-americanos
alguns brasileiros!
Como foi
isto? O Papa era rei da cidade de Roma e de territórios circunvizinhos. E o rei
Vitório Emanuel, e um general de opereta, chamado Garibaldi que o servia,
resolveram conquistar Roma e arrancá-la ao Papa. Vieram católicos do mundo
inteiro defender o Papa! Eram os chamados “zuavos pontifícios” que lutaram
heroicamente. Eles eram poucos numerosos, mas sobretudo na famosa batalha de
Castelfidardo, eles infligiram aos maçons e ateus do rei Vitório Emanuel e
Garibaldi, uma derrota esmagadora.
Depois as
circunstâncias evoluíram, e o Papa acabou perdendo o reino de Roma.[2] Mas é uma das belas
manifestações de amor ao Papado.
Agora, há
uma manifestação mais bela de amor ao Papado? Essa manifestação, a TFP foi
chamada a fazer! Os senhores a encontram num documento chamado a “Declaração de
Resistência”[3]
de que eu vejo que os senhores já têm conhecimento. E nesse documento está dito
que nós resistimos à “ostpolitik” vaticana porque consideramos que nessa
“ostpolitik” o papado, que nesta matéria não é infalível, na matéria
diplomática não é infalível, que o papado está adotando uma linha diplomática
que deixa trucidar as hostes católicas pelo comunismo.
E tem uma
expressão que é mais ou menos assim: “Santo Padre, nossa pessoa é vossa, nossas
almas são vossas. Mandai tudo o que quiserdes que nós faremos. Só não nos
mandeis uma coisa: é que cruzemos os braços diante do lobo que investe.”
Os senhores
entendam, portanto, bem, o que é que significa a nossa posição de fidelidade ao
Papado, e nossa posição de lamentar coisas que se passam com o Papado, mas
lamentar com amor, por amor ao Papado. Nunca é como quem não o ama e objeta
contra ele. Mas é quem objeta a ele, por que nós o amamos tanto, que queremos
para ele mais do que aquilo que ele obtém para si próprio. Este é o sentido da
nossa Resistência: é a dedicação levada até o último ponto. E que não só
resiste contra o adversário, mas resiste contra o próprio pai, quando o pai
declara: não reajam contra os que estão tocando fogo na casa!
Aqui os senhores têm, meus caros,
um elenco dos esplendores e das maravilhas do Papado. Se não houvesse um
supremo hierarca na Igreja, toda a Igreja se desfaria, toda Ela seria um caos,
a salvação seria impossível. Tudo isso se evita, porque há um Papa; tudo isso
se consegue de bom porque há um papa. O Papa é o ponto central de toda a vida
dos homens. E para ele deve ir todo o nosso entusiasmo e todo o nosso amor".
(Plínio Corrêa de Oliveira - “Santo do Dia”, 13 de novembro de 1984)
[1]
Iniciais de “Igreja Ortodoxa”.
[2] O Arcanjo São Miguel falou de tais
fatos ao Beato Palau desta forma: “Eu vou abandonar Roma. Tirarei dela o
trono pontifício e a cidade será entregue ao poder dos demônios e da Revolução.
Roma não será mais o centro da religião de Jesus; degolará a seus sacerdotes e
religiosos e outra vez se constituirá inimiga de Cristo e de sua Igreja. O
trono do Sumo pontificado não voltará mais para ela, porque será trasladado
para outro lugar”. (Carta ao Pe. Pascual de Jesus Maria, Procurador Geral em Roma da Ordem
do Carmo – “Francisco Palau – Escritos” – Cartas – págs. 1227/1231)
[3] “Folha
de São Paulo”, 10 de abril de 1974.
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