Desde que surgiu o primeiro regime dito comunista, na Rússia, em 1917, ficou arraigado na opinião pública de que o mesmo se constitui no completo domínio do Estado sobre toda a sociedade. As denominações podem variar, como, por exemplo, socialismo de estado, capitalismo de estado, república sindicalista, etc. Mas, no fundo, trata-se do mesmo sistema em que o Estado se arroga o direito de controlar completamente a vida dos cidadãos. Deste modo, não há muita diferença entre socialismo, comunismo, nazismo e fascismo, pois todos estes regimes têm a mesma característica de impor o poder estatal sobre toda a sociedade.
É nesse sentido que diz-se hoje que estamos vivendo num regime de “comunismo difuso”, isto é, não é um regime de partido político que domina o poder estatal, mas onde as leis nos conduzem a tal preponderância. E não é só no Brasil, isso ocorre em todo o mundo. Todos os Estados modernos existem com legislações controladoras do Estado sobre a sociedade. Foi nesse sentido que Nossa Senhora disse em Fátima: “A Rússia espalhará seus erros pelo mundo”. Em 1917 a Rússia não representava nada perante o mundo, mas Nossa Senhora já previra o que ocorreria futuramente quando as nações copiassem suas leis nesse principio do poder estatal. Não quer dizer que o Estado não deva ter certo controle, mas a forma que se faz hoje em dia, dando a ele poderes absolutos sobre todo o corpo social, esmagando e sufocando todas as outras organizações da sociedade, torna-o ditatorial e ilegítimo.
E qual é a forma correta do Estado gerir a sociedade? Trata-se de usar um princípio defendido pela Igreja, através de vários documentos dos Papas, que chama-se “princípio de subsidiariedade”. Isso quer dizer o quê? Quer dizer que o Estado dirige, orienta, legisla, mas respeitando toda a gama de sociedades que existem abaixo dele, sem sufocar seus poderes. E este sistema dirigista estatal já consta em toda constituição moderna. Por exemplo, lá se diz que “compete ao Estado dar saúde e educação a todos os cidadãos”. Esta afirmação, como muitas outras, dá a impressão de que mais ninguém tem essa obrigação. Ora, a saúde é de responsabilidade em primeiro lugar do próprio indivíduo em particular, que deve se cuidar e procurar o médico quando adoecer; não conseguindo fazê-lo sozinho buscar o amparo de seus familiares; também aí não encontrando solução para seu problema, deve procurar uma organização maior, que é sua comunidade, seus amigos, seus vizinhos ou a autoridade municipal que lhe está mais próximo. Somente em ultimo caso é que o sujeito deve procurar os poderes públicos para solucionar seu problema de saúde. O mesmo diga-se com a educação e outros direitos fundamentais.
E hoje os Estados modernos agem assim? Não. As constituições modernas concedem ao poder estatal poderes extraordinários para gerir todo o corpo social, intervindo arbitrariamente em tudo sob o argumento do bem comum. E essa mentalidade intervencionista não é própria apenas dos governos federais que regem as nações, ela domina completamente os governadores de estados e províncias e os prefeitos, tanto das capitais quanto de qualquer cidadezinha do interior, seja do Brasil seja de qualquer país do mundo. Digo mais: essa mentalidade contaminou todo o corpo social e a maioria já se acostumou a esperar do governo favores, vantagens ou o cumprimento de alguns direitos, sem fazer ele mesmo esforços para consegui-lo. Competiria ao Estado, segundo essa mentalidade, dar tudo, resolver tudo, controlar tudo.
Vejamos o exemplo de como agiram no combate à pandemia do covid que grassou no mundo. Não há um só país do mundo em que as medidas tomadas por autoridades, seja locais ou nacionais, não tenham sido baseadas no poder absoluto do Estado sobre os indivíduos e sob alegação do bem comum. O bem comum, no caso, é proteger as populações contra a propagação da doença. Mas, a própria população não foi orientada a se defender? Se foi como se explicar ações restritivas e punitivas? Trata-se da exorbitância do poder estatal sobre os indivíduos, sobre as famílias e sobre as comunidades que ficam abaixo do poder estatal. Trata-se apenas da afirmação de um princípio de poder civil, pelo qual o Estado é superior a tudo e pode até suprimir direitos elementares, caso julgue necessário, para cumprir o que ele mesmo julga ser a defesa do bem comum.
Nesse sentido, os erros da Rússia dominam toda a terra. E talvez tenha sido com base nessa forma de governar que Nossa Senhora tenha dito em Pesqueira (PE), ao aparecer a uma pobre lavradora, no ano de 1936, que o comunismo dominaria o Brasil, mas por pouco tempo. Não, não é o PC que toma conta do poder, mas uma idéia que vem dele que é essa supremacia do poder estatal esmagando e se impondo sobre toda a sociedade.
Analisando os últimos acontecimentos ocorridos no Brasil, desde a pequena cidade do mais pobre interior até a capital mais rica que é São Paulo, não é essa mentalidade que predomina entre os que dirigem o nosso país, não é isso que consta em nossas leis ou medidas tomadas pelos legisladores no calar da noite?
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