terça-feira, 11 de janeiro de 2022

A REGÊNCIA ATRAVÉS DO CONVÍVIO SOCIAL

 



          Uma das coisas primordiais para o aperfeiçoamento humano é o convívio social. E será pelo convívio que as pessoas poderão mais facilmente aprender como ser regidos, co-reger ou mesmo reger a sociedade em que vive. Conviver é o mesmo que “viver com”, ter uma vida participativa com as pessoas de seu relacionamento mais próximo, e, às vezes, até mais afastado. O homem nasceu para viver em sociedade, mas não somente na sociedade terrena, pois faz parte do nosso convívio todos aqueles que vivem na eternidade.

O primeiro relacionamento social, o princípio básico de se relacionar com outro ser é o que diz respeito ao próprio Deus.  Então, quando estamos próximos de Deus em nossos pensamentos, em nossas orações e nos atos, cumprindo seus mandamentos e O adorando como Ele merece, O amando como Ele é amável, estamos iniciando um convívio que não é meramente terreno, mas celeste. Sempre que meditamos coisas divinas, nosso coração sente o palpitar da centelha divina, que nos alimenta com coisas boas e nos dá segurança nos nossos juízos interiores e em nossas decisões. É Deus agindo em nosso interior, em nosso íntimo, no  âmago de nossa alma, relacionando-Se conosco.  É assim que convivemos com Deus em nosso interior. 

Mas, o convívio com Deus pede que seja feito não somente com o Pai, mas também com o Filho e o Espírito Santo, pois são estas três Pessoas Divinas que compõem a divindade. Assim, precisamos se deixar levar pelas inspirações do Espírito Santo e, ouvindo conselhos sábios de irmãos mais santos, participando de atividades apostólicas benfazejas para o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, poderemos dessa forma ter uma convivência com o Espírito Santo. Depois disso, obedecendo às mesmas inspirações d’Ele, fazemos nossa confissão a um Sacerdote, uma convivência interior e íntima entre nós e o representante de Deus com poderes de perdoar nossos pecados, e ficaremos prontos para conviver com o Filho, indo à igreja e recebendo-O na Hóstia Consagrada. Até aqui podemos dizer que temos a convivência interior com a Santíssima Trindade. Para completar essa abençoada convivência, nada melhor do que a devoção à Nossa Senhora e a São José, que do Céu nos dirigem, nos protegem e até nos ensinam a viver a convivência perfeita com Deus.

De outro lado, a convivência humana não pára aí.  Pois Deus quer que convivamos com todos os seres por Ele criados, os Anjos e os homens. Estes últimos estão facilmente ao nosso alcance, pois alguns ainda vivem ao nosso lado nessa vida terrena. Quanto aos Santos Anjos, a convivência terrena com eles é meramente espiritual, vez por outra alentada por uma ação em nossa vida que nos faz senti-los mais de perto. Rezando a eles pedindo suas proteções, orientações, conselhos, governo, etc., estaremos estabelecendo uma profícua convivência angélica.  Embora seja mais sentida interiormente, ela se refletirá em toda a nossa vida e atuação terrena.

Depois, temos a convivência com os homens, mas não aqueles com os quais vivemos neste mundo, mas com aqueles que partiram para eternidade. Mais uma convivência meramente interior e espiritual. São as almas de nossos entes queridos e todos aqueles já falecidos, pelos quais temos obrigação de rezar ou pedir auxílio em nossas necessidades. Nessa última categoria estão não somente aqueles que sabemos ter morrido em odor de santidade, mas os santos canonizados pela Igreja, que estão no Céu a nos proteger e nos preparar para a glória eterna.

Finalmente, por último, convivemos com as pessoas que ainda vivem. Estão ao nosso lado, pelo menos de uma forma material. Precisamos conviver uns com outros a fim de nos reger e ser regidos, aprender a viver santamente, e nos preparar para a eternidade. Ninguém consegue viver isolado dos demais, Deus nos fez com disposições próprias a viver em sociedade. Por isso ser tão salutar ter bom convívio social. Há pessoas que moram ao lado de outras, mas vivem isolados, por desejo próprio ou por causa dos demais, trazendo grande mal ao seu desenvolvimento social e humano. A solidão é um grande mal, que a sociedade moderna não consegue vencer porque o homem de hoje não entende essa relação de convívio social numa hierarquia que começa em Deus para terminar naquele que está ao seu lado nessa vida. Como é que devemos ter uma boa convivência social? Suportando os defeitos do próximo? Tendo que tolerar até mesmo os importunos ou pessoas ruins que nos atormentam? Tudo isso é possível, dependendo de onde e com quem se convive. Mas, o essencial é que só conseguiremos equilíbrio de ação social nesse convívio se antes dele tivermos uma boa convivência com Deus, Nossa Senhora, São José, os Santos Anjos e os Bem-aventurados. Tudo dará certo se obedecermos essa seqüência hierárquica. Com as pessoas com as quais vivemos aprendemos a prática das virtudes, mas também seus vícios; através delas recebemos inspirações divinas, mas também diabólicas; é pelo convívio social que a boa e a má regência podem influir em nosso desenvolvimento espiritual. Se tivermos boa convivência espiritual com os seres celestes, teremos luzes para perceber onde está o erro e recusá-lo, e onde está o bem e praticá-lo.

Somente assim, conseguiremos ter uma boa regência nessa vida.

A sociedade perfeita deve estimular a sociabilidade da alma humana nestes três aspectos: a) – Participação na vida divina em todo o corpo social adotando a Religião verdadeira em toda a sociedade e reprimindo as falsas religiões;     b) – Convivência com os Santos Anjos, estimulando a prática de todas as virtudes cristãs na sociedade, em todos os escalões sociais; c) – Convivência social entre todos os homens, construindo uma Civilização perfeita, toda ela católica e sacral, onde os sentidos sejam sábia e virtuosamente usados. Em decorrência será sacralizada a pintura, a música, a arquitetura, a culinária, e todas as artes sociais (principalmente as chamadas “humanísticas”, como a antropologia, o direito, etc.), a fim de que o convívio social seja o mais perfeito possível e aproxime todos os homens de Deus.

A recente pandemia do “coronavirus”, ao obrigar toda a sociedade a um confinamento, evitando as aglomerações comuns da péssima convivência social moderna, tornou-se um castigo divino bom para a alma do homem, pois, sendo assim houve menos pecados e fez ele voltar-se mais para seu interior. Individualmente ou em seu círculo familiar, as pessoas tiveram necessidade de voltar-se para Deus, muitas lembraram-se de rezar nesta situação, fazendo com que o convívio se voltasse então mais para as coisas espirituais. Evitando a contaminação da doença, evita-se também a permissividade maior da vida de pecados. E um novo convívio social poderá surgir daí, desde que se inicie com uma boa convivência com Deus no  interior da alma de cada um.

 

 

 


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