Qual é a origem do Escapulário do Sagrado Coração?
Como acima dissemos, foi Nosso Senhor que pediu esta homenagem à B. Margarida Maria.
O piedoso costume de trazer a imagem do Sagrado Coração como escapulário não foi conhecido ao principio senão nas casas da Visitação. Foi a digna êmula da serva de Deus, a Venerável Anna Magdalena Rémuzat, da Visitação de Marselha , que a tornou conhecida fora do claustro. Em 1720 conheceu ela, por uma revelação, que uma grande peste estava prestes a cair em Marselha, e que os feridos achariam socorro maravilhoso na devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A santa religiosa com auxílio de suas irmãs fez milhares de escapulários do Sagrado Coração, nos quais se liam estas palavras de uma confiança admirável: Alto! o Coração de Jesus está comigo! A história diz que muitas vezes o flagelo parou como por milagre diante desta imagem protetora. Desde então começou a espalhar-se o uso deste escapulário por muitos países. Em 1748 o Papa Bento XIV enviou alguns destes escapulários á piedosa rainha de França, Maria Leczinska . No tempo da Revolução Francesa grande numero de fieis se colocaram debaixo da proteção do Coração de Jesus, trazendo a sua imagem ao peito.
Teve esta santa imagem os seus mártires e não poucos. Dezesseis religiosas carmelitas de Compiégne, João Bénard, sacerdote de Rennes, o P. Lenfant, S. J. ,a Irmã Maria Colin, da Visitação de Besançon, a Irmã Catharina Joussement, o senhor de La Biliais, sua esposa e duas filhas, de Nantes, Victoria de S . Lucas, de Quimper, e muitos outros foram condenados a subir ao cadafalso em 1793 , por trazerem consigo, ou propagarem o que os seus acusadores chamavam a libré do fanatismo.
Entre os documentos de acusação apresentados nos tribunais para se
conseguir a condenação de Maria Antonieta , da princesa Isabel, da princesa de
Lamballe, da condessa de Saisseval, da condessa de Carcado e de outras pessoas
detidas na prisão dos carmelitas, apareceram os escapulários do Sagrado
Coração. Devemos mencionar ainda as numerosas vítimas imoladas em Nantes, em
Nossa Senhora des Lucs, na Vandéia.
O exercito Vandeano chegou até a ·escolher esta imagem como
divisa; generais e soldados traziam-na ostensivamente ao peito.
Para animar este piedoso costume, Pio IX concedeu a 28 de março de
1873 cem dias de indulgência a todos os que, revestidos desta insígnia, rezarem
um P. Nosso, Ave e Gloria (*) .
Tratava-se porem de uma simples imagem trazida ao peito e não do
escapulário propriamente dito.
(*) Tratado das indulgencias, Béringer, S. J., vol. t , p. 414
onde estava bordada a imagem do Sagrado Coração, e disse: “Gosto
desta devoção! Nada me será tão agradável como ver esta divisa nos meus
filhos”.
Tal é a origem do escapulário do Sagrado Coração e da Mãe de
misericórdia, como se propagou entre os fieis.
A Sagrada Congregação dos Ritos aprovou-o em 4 de abril de 1900,
com duas leves modificações e Leão XIII enriqueceu-o de indulgências.
Coração de Jesus (somente o Coração, sem inscrição alguma); o
outro, a imagem da SS. Virgem com a inscrição : Mãe de Misericórdia: Mater Misericodiae,
e nenhuma outra se pode pôr na imagem.
É a de um memorial.
Recorda-nos o amor de Nosso Senhor para conosco, e a misericordiosa bondade de
Maria para com os pecadores.
É a de um manancial de graças. Nosso Senhor prometeu “derramar com abundância no coração de todos os que honrarem a imagem do seu Sagrado Coração os dons de que está cheio”. E Maria disse : “grandes favores serão concedias àqueles que trouxerem este escapulário, e se esforçarem em o propagar“.
(*) Esta autorização pode pedir-se: ao Superior geral dos Oblatos
de Maria, (26, rua de St. Pétersbour, Paris, VIIIj; ao Superior dos
capelães de Montmartre (311 Rua de la Barre, Paris, XVIII) ; ao capelão da
visitação de Paray-le-Monial, e ao diretor da arqui-confraria romana do Sagrado
Coração.
II - Indulgências parciais.
a) Sete anos e sete quarentenas, em todas as festas secundárias de Nosso Senhor e de Nossa Senhora ; (visitando uma igreja e orando pelas intenções mencionadas).
As festas secundarias são : A festa do Sagrado Coração, do SS . Nome de Jesus, da Invenção da Santa Cruz, do Preciosíssimo Sangue, do Rosário, da Exaltação da Santa Cruz, das Dores de Nossa Senhora (as duas festas), do Carmo, do SS. Nome de Maria, de N. Senhora das Mercês e da Apresentação.
b) 200 dias, uma vez por dia, rezando o Padre Nosso, Ave e Gloria,
ou a invocação a “Maria, Mater gratiae,
Mater Misericórdiae, tu nos ab hoste protege, et mortis hora suscipe”. “Maria,
Mãe de Graça, Mãe de Misericórdia, defendei-nos do inimigo, recebei-nos na hora
da morte”.
c) 60 dias, por cada ato de piedade ou caridade.
Evangelista, Santos Inocentes, Circuncisão, Epifania, Septuagésima, Sexagésima, Quinquagésima, Sexta e Sábado da Semana Santa, todos os dias da oitava da Páscoa, incluindo o domingo de quasímodo, S. Marcos Evangelista, os três dias das Rogações, festa do Pentecostes e todos os dias da oitava até ao Sábado inclusivamente.
c) Vinte e cinco anos e vinte e cinco quarentenas: no domingo de
Ramos.
d) Quinze anos e quinze quarentenas: 3º domingo do Advento,
Vigília do Natal, Natal, (na primeira missa e á missa de alva) quarta-feira de
cinzas e 4º domingo da quaresma.
e) Dez anos e dez quarentenas: 1º, 2º e 4º domingos do Advento;
todos os dias da quaresma não mencionados; a Vigília de Pentecostes; quartas,
sextas e sábados das têmporas, exceto as de Pentecostes.
Todas as indulgncias são aplicáveis aos defuntos, exceto a
indulgência em artigo de morte.
Estelle Faguette foi a
vidente portadora da mensagem de Nossa Senhora. Na época ela contava com 32
anos de idade, quando descobre ter uma doença incurável. Sem esperança de cura pelos
médicos, decidiu escrever uma carta diretamente a Nossa Senhora pedindo-lhe sua
intercessão junto ao Filho Divino para ser curada e permanecer ao lado de seus
pais, pobres e doentes. Com muita fé e simplicidade escreveu ela:
“Ouça minhas súplicas,
minha boa Mãe, e conte-as a seu Filho divino. Dê minha saúde de volta, se assim
quiser: mas seja feita sua vontade, e não a minha”.
Nossa Senhora, então, apareceu
à jovem, seis meses depois dessa carta, entre os dias 14 e 15 de fevereiro de 1876.
Estava tentando dormir, quando, de repente, do lado
direito de sua cama ela viu uma forma humana horrível, ameaçadora, que agarrou
seu leito e o sacudiu violentamente. Estelle não duvidou tratar-se do próprio
demônio. Foi tomada de pânico, enquanto a besta humana rugia.
Porém,
nesse instante de confusão e terror, Maria Santíssima apareceu, com beleza
indescritível, toda de branco, com um longo véu caindo até os pés. Seu olhar se
dirigiu à enferma com bondade indizível. Em seguida, fixou o demônio e disse: O
que fazes aqui? Não vês que ela está vestida com o hábito que Eu e meu Filho
divino lhe demos? Mencionando o hábito, Nossa Senhora se referia à sua
medalha, que Estelle sempre usava. O demônio fugiu, não suportando o olhar da Virgem
Maria.
Nossa
Senhora disse então à sua filha: Não tenhas medo! Sabes que és minha filha.
Ânimo e paciência. Meu Filho vai se deixar tocar. Sofrerás ainda cinco dias em
honra das cinco chagas de meu Filho. Sábado próximo morrerás ou serás curada. Para
a cura, Nossa Senhora estabeleceu uma condição: Se meu Filho te conceder a
vida, anunciarás minha glória.
Perguntando-se
o que poderia significar o anúncio da glória de Maria, Estelle viu junto
a Nossa Senhora uma placa de mármore branco, na qual estava gravado o Imaculado
Coração de Maria. Vindo-lhe ao espírito a pergunta se deveria colocar essa
placa na igreja de Notre Dame des Victoires ou em Pellevoisin, a Virgem lhe
disse:
Evidentemente,
ela narrou tudo a seu pároco no dia seguinte. Este ouviu pacientemente, mas
dado o estado agônico de sua penitente, julgou tratar-se de alucinação.
A cura aconteceu
depois da quinta aparição, na noite entre 18 e 19 de fevereiro. Depois de uma
forte dor, Estelle se sentiu curada. Esta cura foi reconhecida como milagrosa
pela Igreja em 1983. Após a cura, Estelle recebeu outras 10 visitas por parte
de Nossa Senhora (de 1° de julho a 8 de dezembro de 1876) no decorrer das quais
a Virgem Santíssima pediu aos fiéis que vestissem o escapulário do Sagrado
Coração.
"Se queres
servir-me, sejas simples", disse a Santíssima Virgem Maria a Estelle. E
Estelle viveu em Pellevoisin uma vida totalmente simples e consagrada à Glória
de Maria. No final de janeiro de 1900, vai a Roma onde o Papa Leão XIII a
recebe calorosamente e ordena por decreto de 4 de abril de
Difusão do escapulário
A festa da
Imaculada Conceição foi escolhida por Nossa Senhora para sua 15ª e última
aparição. Foi a mais importante de todas, tendo-se dado perante 15 pessoas.
Pouco depois de meio-dia Estelle foi a seu quarto, agora transformado em
oratório, com permissão do bispo. Nossa Senhora lhe apareceu mais bela do que
anteriormente, cercada de rosas: Minha filha, lembra-te de minhas palavras. De
todas as palavras de Nossa Senhora, as que mais marcaram Estelle naquele
momento eram: “Sabes que és minha filha. Eu sou toda misericórdia e senhora de meu
Filho. O que mais me aflige é a falta de respeito por meu Filho na Santa
Comunhão e a atitude de distração com outras coisas, que se tem na oração. Seu
Coração tem tanto amor pelo meu, que nada lhe recusa. Por meu intermédio Ele
tocará os corações mais empedernidos. Vim especialmente para a conversão dos
pecadores. Há muito tempo os tesouros de meu Filho estão abertos. Que rezem.
Tenho predileção por esta devoção. Aqui serei honrada. Não é apenas para ti que
peço a calma, mas para toda a Igreja e a França. Eu te escolhi. Escolho os
pequenos e fracos para minha glória. E recomendou: Repete-as sempre. Que elas [as
palavras] te fortifiquem e te
reconfortem na hora da provação. Não me reverás mais.”
A vidente
mostrou-se perturbada por estas últimas palavras. Nossa Senhora acrescentou
então de modo profundamente materno: Estarei invisivelmente a teu lado.
Estelle viu então ao longe, à esquerda da visão, pessoas com gestos
ameaçadores. Mas também, em outro plano, pessoas que pareciam boas. Maria Santíssima,
referindo-se ao grupo da esquerda, disse: Não os temas. Eu te escolhi para
dar-me glória e propagar esta devoção. Estelle, vendo que Nossa Senhora
segurava o escapulário, pediu-o como presente, e a Virgem ordenou: Levanta-te
e oscula-o. Tendo feito o que a Virgem lhe disse, exclamou: Osculei
verdadeiramente um coração de carne, senti o calor e as pulsações.
Nossa
Senhora lhe disse então para apresentar ao bispo aquele modelo de escapulário,
e exprimiu o desejo de que todos o portem, a fim de reparar os ultrajes
sofridos pelo Santíssimo Sacramento. Em sinal das graças dadas aos que o
portam, Nossa Senhora fez cair de suas mãos uma chuva abundante: Essas
graças são de meu Filho. Colho-as
Estelle
perguntou o que conviria representar do outro lado do escapulário, e ouviu esta
resposta singular: Quero que tu decidas. Submeterás tua idéia, e a Igreja
decidirá. E afastando-se, acrescentou: Coragem. Se ele não conceder o
que pedes (Nossa Senhora se referia ao bispo) e puser dificuldades, irás
além. Nada temas, eu te ajudarei.
Com estas
palavras, Nossa Senhora encerrou as aparições.
Ainda em
1876, com licença eclesiástica, o quarto das aparições foi transformado em
oratório, e pouco depois em capela. No ano seguinte foi erigida a Confraria
da Mãe de Todas as Misericórdias, elevada à dignidade de Arqui-confraria em
1894, por Leão XIII. O mesmo Papa ofereceu um círio a essa capela, concedendo
indulgências aos peregrinos. Em 1904, o Cardeal Merry del Val ofereceu a São
Pio X um livro recentemente publicado sobre as aparições. O Pontífice enviou
sua bênção em testemunho de sua acolhida favorável, e também recebeu
Estelle em março de 1912. Em 1922, Pio XI concedeu aos párocos de Pellevoisin o
poder de impor o escapulário do Sagrado Coração de Jesus (nona aparição), bem
como o de conceder indulgências. Em 1979, o Cardeal Ciappi OP, mestre do Palácio
Apostólico, entregou a João Paulo II o livro sobre o centenário das aparições.
Em
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