Há condição de se preparar para grandes catástrofes? Esta preocupação tem sido um tema constante nos últimos anos. A população de San Francisco, nos Estados Unidos, por exemplo, há muitos anos que vem se preparando para um grande terremoto que dizem pode acontecer a qualquer momento. Será que, realmente, está preparada?
A propósito de
terremotos e tsunamis, a preocupação tem sido muito grande. Mas, não é somente
terremotos e maremotos ou tsunamis que causam catástrofes de grandes
proporções. As pandemias, por exemplo, atingem nível mundial e terrível, sem
que as populações estejam preparadas para enfrentá-las.
Na realidade, o
fator mais importante para que se escape de uma catástrofe desse tipo é nossa
fé, uma confiança inabalável na proteção divina. Foi com este objetivo que foi
revelado uma oração apropriada para tais catástrofes, chamada "Triságio da
Santíssima Trindade".
O Triságio da
Santíssima Trindade
Do grego “tris-agion” (três vezes
Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor “Santo Deus, Santo Forte,
Santo Imortal”, testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia (451).
Nos ritos orientais, sobretudo no bizantino, tem o seu lugar na procissão de
entrada da Missa, como também acontece nos dias mais solenes do rito hispânico.
Noutras liturgias orientais, canta-se antes das leituras bíblicas. Na Liturgia
romana conservou-se só em Sexta-Feira Santa, durante a adoração da Cruz. Outra
circunstância litúrgica em que também se pode falar de triságio é na aclamação
do Sanctus, da Oração Eucarística: “Santo, Santo, Santo".
O triságio encontra
suas raízes no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3:
"Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está
repleta de sua glória."
Na Sexta-Feira
Santa, nos Lamentos do Senhor da Celebração da Paixão do Senhor, encontramos
traços que expressam o triságio: "Deus Santo, Deus forte, Deus imortal,
tende piedade de nós!" Na liturgia oriental, o triságio aparece no rito da
palavra, na pequena entrada, como se pode notar da Divina Liturgia de São João
Crisóstomo. O sacerdote recita a Oração do Hino do Triságio, e é concluída com
o canto: "Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós!
(3 vezes). Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre, pelos
séculos dos séculos. Amém! Santo imortal, tem piedade de nós! Santo Deus, Santo
poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós!"
O triságio, que
deita raízes na liturgia judaica, aparece, documentado, em As Constituições
Apostólicas (compostas no século IV), Livro VIII, Liturgia Eucarística: A
Oração de Oblação, n. 12:27 - Introdução ao Sanctus: "Santo, Santo, Santo,
o Senhor do universo; o céu e a terra estão cheios da sua glória, bendito és Tu
pelos séculos. Amen".
Vejamos agora como
um grande Santo, Antonio Maria Claret, conta tudo sobre esta oração tão
importante para se rezar nos momentos de grandes catástrofes:
TRISÁGIO À SANTÍSSIMA TRINDADE
Origem do triságio
O santíssimo triságio não é invenção do engenho
humano, senão obra do mesmo Deus, que Ele inspirou ao profeta Isaías quando
este ouviu que o cantavam os Serafins, para exaltarem a glória do Criador.
Na escola dos mesmos Serafins e na dos outros coros angélicos foi onde o
aprendeu milagrosamente aquele menino que, como São Paulo, foi arrebatado ao
céu, segundo referem as histórias eclesiásticas. No ano 447, e sendo Teodósio
Júnior imperador do Oriente, sentiu-se um terremoto quase universal,
violentíssimo, e que pela sua duração e espantosos estragos se fez o mais
célebre de todos quantos até então se tinham visto. Foram incalculáveis os
prejuízos que seis meses de abalos quase contínuos causaram nos mais suntuosos
edifícios de Constaninopla e em toda a famosa muralha do Quersoneso. Abriu-se a
terra em muitos pontos e ficaram sepultadas em suas entranhas cidades inteiras;
secaram-se as fontes e apareciam outras novas, e era tal a violência dos abalos
que arrancava árvores corpulentíssimas, apareciam montanhas onde primeiro havia
planuras, e profundos abismos onde havia antes montanhas. O mar lançava às
praias peixes de grandeza enorme; e as praias e navios ficavam sem águas, que
iam inundar grandes ilhas.
Em semelhante conflito, achou-se prudente abandonar os povoados e assim o
fizeram os habitantes de Constantinopla com o imperador Teodósio, sua irmã
Pulquéria, São Proclo, então patriarca daquela Igreja, e todo o clero. Reunidos
num lugar chamado Campo dirigem ao céu grandes clamores e fervorosas súplicas,
pedindo o socorro em necessidade tão apertada. Um dia, entre oito e nove horas
da manhã, foi tão extraordinário o abalo que fez a terra, que pouco faltou para
que não causasse os mesmos estragos que o dilúvio universal. A este espanto
sucedeu admiração do prodígio seguinte: Um menino de poucos anos foi arrebatado
pelos ares à vista de todos os do Campo, que o viram subir até perdê-lo de
vista. Depois de algum tempo desceu à terra, do mesmo modo que subira ao céu, e
logo em presença do Patriarca, do Imperador e da multidão pasmada, contou que
sendo admitido nos coros celestes ouviu os anjos cantarem estas palavras: Santo
Deus, Santo forte, Santo imortal, tende misericórdia de nós; e que ao mesmo
tempo lhe mandaram que comunicasse a todos esta visão. Ditas estas palavras,
aquele inocente menino morreu.
São Proclo e o Imperador, ouvida esta relação, mandaram unanimemente que todos
entoassem em público este sagrado cântico, e imediatamente cessou o terremoto,
e ficou quieta a terra.
Daqui nasceu o uso do Triságio, que o Concílio
geral Calcedonense prescreveu a todos os fiéis, como um formulário para invocar
a Santíssima Trindade nos tempos funestos e nas calamidades; daqui veio merecer
a aprovação de tantos Prelados da Igreja, que apoiaram o uso dele,
enriquecendo-o com o tesouro das indulgências e daqui finalmente veio que se
pusesse método, que se imprimisse e reimprimisse tantas vezes, e sempre com
universal aplauso e aceitação dos fiéis, que o consideram como um escudo
impenetrável contra todos os males que Deus manda à terra em castigo de nossos
pecados. [1]
Oferecimento
Para ganhar as indulgências, os que rezarem o Triságio
Rogamos-te, Senhor, pelo estado da Santa Igreja e
Prelados dela; pela exaltação da fé católica, extirpação das heresias, paz e
concórdia entre os príncipes cristãos, conversão de todos os infiéis, hereges e
pecadores; pelos agonizantes e caminhantes, pelas benditas almas do purgatório
e mais piedosos fins de nossa Santa Madre Igreja. Amém.
V. Bendita seja a santa e indivídua Trindade, agora e sempre por todos os
séculos dos séculos.
R. Amém.
V. Abri, Senhor, meus lábios.
R. E a minha boca anunciará vossos louvores.
V. Meu Deus, em meu favor benigno atende.
R. Senhor, apressai-vos a socorrer-me.
V. Glória seja ao Eterno Pai.
Glória seja ao Eterno Filho.
Glória ao Espírito Santo.
R. Amém. Aleluia.
(no tempo da Quaresma se diz conforme abaixo):
Louvor seja a ti, Senhor, Rei da eterna glória.
Ato de Contrição
Hino
Já se afasta o sol radioso,
Ó luz perene, ó Trindade,
Infunde em nós ardoroso
O fogo da caridade.
Na alvorada te louvamos
E na hora vespertina;
Concede-nos que o façamos
Também na glória divina.
Ao Pai, ao Filho e a Ti,
Espírito consolador,
Sem cessar como até aqui
Se dê eterno louvor. Amém.
Oração ao Pai
Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e nove
vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos, cheios estão os céus e a terra
de vosso glória.
(responde-se, se possível em coro):
Glória ao Pai, glória ao Filho, glória ao Espírito Santo.
Oração ao Filho
Ó Verdade eterna, fora da qual eu não vejo outra coisa senão enganos e mentiras. Oh! E como tudo me aborrece à vista de vossos suaves atrativos! Oh! Como me parecem mentirosos e asquerosos os discursos dos homens, em comparação das palavras da vida, com as quais Vós falais ao coração daqueles que vos escutam. Ah! Quando será a hora em que Vós me tratareis sem enigma e me falareis claramente no no seio de vossa glória? Oh! Que trato! Que beleza! Que luz!
Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.
Oração ao Espírito Santo
Ó Amor, ó Dom do Altíssimo, centro das doçuras e da
felicidade do mesmo Deus; que atrativo para uma alma ver-se no abismo de vossa
bondade e toda cheia de vossas inefáveis consolações! Ah! Prazeres enganadores!
Como haveis de poder comparar-vos com a menor das doçuras que um Deus, quando
quer, sabe derramar sobre uma alma fiel? Oh! Se uma só partícula delas é tão
deliciosa, quanto mais será quando Vós as derramardes como uma torrente sem
medida e sem reserva? Quando será isto, meu Deus, quando será?
Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.
Antífona
A ti, Deus Pai, a ti, Filho Unigênito, a ti, Espírito Santo, Paráclito, santa e indivídua Trindade, de todo coração te confessamos, louvamos e bendizemos. A ti seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
V. Bendigamos ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Louvemo-lo e exaltemo-lo em todos os séculos.
Oração
Senhor Deus uno e trino, dai-me continuamente vossa graça, vossa caridade e a
vossa comunicação para que no tempo e na eternidade vos amemos e glorifiquemos.
Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo numa deidade por todos os séculos dos
séculos. Amém.
Deprecação devota à Santíssima Trindade
(A cada invocação se responde: ”Toda criatura vos ame e glorifique”)
V. Pai eterno, onipotente Deus;
R. Toda criatura, etc.
V. Verbo divino, imenso Deus;
R. Toda criatura, etc.
V. Espírito Santo, infinito Deus;
- Santíssima Trindade e um só Deus verdadeiro;
- Rei dos Céus, imortal e invisível;
- Criador, conservador, governador de todo o criado;
- Vida nossa, em quem, de quem e por quem vivemos;
- Vida divina, e uma em três pessoas;
- Céu divino de excelsitude majestosa;
- Céu supremo do céu, oculto aos homens;
- Sol divino e incriado;
- Círculo perfeitíssimo de capacidade infinita;
- Alimento divino dos anjos;
- Belo íris, arco de clemência;
- Astro primeiro e trino, que iluminais o mundo;
(A cada invocação, responde-se: “Livrai-nos, trino Senhor”)
V. De todo mal de alma e corpo;
R. Livrai-nos, etc.
- De todo pecado e ocasião de culpa;
- De vossa ira e indignação;
- Da morte repentina e improvisa;
- Das insídias e assaltos do demônio;
- Do espírito de desonestidade e das suas sugestões;
- Da concupiscência da carne;
- De toda ira, ódio e má vontade;
- Das pragas da peste, fome, guerra e terremoto;
- Dos inimigos da fé católica;
- De nossos inimigos e de suas maquinações;
- Da morte eterna;
- Por vossa Unidade em Trindade e Trindade em Unidade;
- Pela igualdade essencial de vossas pessoas;
- Pela sublimidade do mistério de vossa Trindade;
- Pelo inefável nome de vossa Trindade;
- Pelo portentoso de vosso nome, uno e trino;
- Pelo muito que vos agradam as almas que são devotas de vossa
Santíssima Trindade;
- Pelo grande amor com que livrais de males aos povos onde há algum
devoto de vossa Trindade amável;
- Pela virtude divina, que nos devotos de vossa Trindade santíssima,
reconhecem os demônios contra si mesmos;
(A cada invocação, responde-se: “Rogamo-Vos, ouvi-nos”)
V. Nós pecadores;
R. Rogamo-Vos, etc.
- Que saibamos resistir ao demônio com as armas da devoção à vossa
Trindade;
- Que embelezeis cada dia mais, com as cores da vossa graça, vossa imagem que
está em nossas almas;
- Que todos os fiéis se esmerem em ser muito devotos de vossa Santíssima
Trindade;
- Que todos alcancemos as muitas felicidades que estão vinculadas para os
devotos dessa vossa Trindade adorável;
- Que ao confessarmos o mistério de vossa Trindade, se desfaçam os erros
dos infiéis;
- Que todas as almas do purgatório gozem muito refrigério em virtude do
mistério de vossa Trindade;
- Que vos digneis ouvir-nos pela vossa piedade;
- Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, livrai-nos, Senhor, de todo mal.[2]
Obséquios ou oferecimentos à Santíssima Trindade
1. Ó beatíssima Trindade, eu vos prometo que com
todo esforço e empenho hei de procurar salvar minha alma, visto como Vós a
criastes à vossa imagem e semelhança e para o céu. E também por amor vosso
procurarei salvar as almas de meu próximo.
2. Para salvar minha alma e dar-vos glória e
louvor, sei que hei de guardar a divina lei; eu empenho minha palavra de a
guardar como a menina de meus olhos e procurar, outrossim, que os outros a
guardem.
3. Aqui na terra hei de exercitar-me em louvar-Vos e espero fazê-lo depois com
maior perfeição no céu; e por isso com freqüência rezarei o triságio e o verso:
“Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. E procurarei, além disso, que os
outros Vos louvem. Amém.
[1] O
Papa Clemente XIV concedeu 100 dias de indulgência para cada dia que se reze:
100 mais três vezes no dia, nos domingos, na festa da Santíssima Trindade e
durante a sua oitava, e Indulgência Plenária a quem o rezar todos os dias
durante um mês, confessando e comungando no dia do mês que se escolher.
[2] Invocação
semelhante Nosso Senhor ensinou à Santa Faustina: “Santo Deus, Santo Forte,
Santo Imortal, tende piedade de mim e de todos os pecadores, etc” , jaculatória
que a Santa rezava entre uma dezena e outra do terço.
("Caminho Reto e Seguro para Chegar ao Céu" - Santo Antonio
Maria Claret - Editora Ave Maria, São Paulo - págs. 155/166)
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