De modo geral, a regência das almas pela
Igreja é feita através das consciências e é exclusiva do Espírito Santo. A
Igreja aconselha, sugere, orienta, procura sempre desempenhar um papel de Mãe e
de Mestra, e agindo assim consegue reger as populações de toda a terra.
Ensinando o cumprimento dos Dez Mandamentos faz com que as populações procurem
pautar sua vida individual, familiar e social de acordo com os mesmos. Mas,
nunca, nunca mesmo, procura usar de sanções materiais, como o faz o Estado com
suas leis contra os crimes, punindo rigorosamente os infratores. As penas da
Igreja não apenas de sentido moral, são canônicas e espirituais. Até mesmo a
pena máxima, que é a excomunhão, não é seguida de coação física como prisão ou
outra qualquer: trata-se tão somente da exclusão do Corpo Místico de Cristo e,
como conseqüência, o impedimento do condenado em usufruir de seus benefícios
espirituais, como a Comunhão dos Santos e o acesso aos Sacramentos.
Ao fazer uma censura a Igreja educa e produz
efeitos mais salutares do que promover uma guerra. Essa censura pode ser, por
exemplo, a um governante, que, de imediato, pode não produzir os efeitos de
fazê-lo mudar de atitude, mas, a longo prazo, passa a constituir um ensinamento
moral para toda a população. Com o passar dos anos aquele ensinamento produzirá
seus efeitos. A Igreja condenou, por exemplo, o Comunismo e o Socialismo. Disso
não resultou que fosse feita uma guerra contra os governos que tinham adotado
tais sistemas, nem tampouco os mesmos resolveram abolir tais regimes. Com o
passar dos anos, porém, tanto o Socialismo quanto o Comunismo ruíram
fragorosamente e hoje não passam daquilo que o Cardeal Ratzinger denominou como
a “Vergonha do Século”. É bem verdade que o chamado “comunismo difuso”
permanece, com os Estados adotando leis cada vez mais marxistas e as populações
vivendo o materialismo e o ateísmo práticos. Mas esse “comunismo difuso” não é
um regime claro a todos, explícito, mas obscuro e escondido e sofre oscilações
e reveses de acordo com a aceitação ou não da população dos princípios
cristãos. No entanto, o poder político
que tais regimes tinham sobre as nações está em declínio. É que o ensinamento
da Igreja sobre eles ecoou favoravelmente nas populações da terra e terminou
por deixá-los sem credibilidade. Perderam, assim, a regência psicológica que
tinham sobre aquelas populações. Quanto à Igreja, continua mantendo sua
regência, de natureza espiritual e eterna.
Em sentido oposto, o corpo místico de satanás
procura reger os que estão sob seu poder através de coação, da mentira, de
intimidação, enfim, por meio de violências de todo tipo. A fim de que alguém
creia em seu poder propagam diversas mentiras à população, e quando os
indivíduos se entregam ao seu domínio, ou sua regência, são obrigados por
diversos artifícios a praticar atos contrários à sua própria consciência, em
geral até secretamente a fim de que não sejam mal vistos pelos outros. Diz-se
que há uma seita secreta que procura dominar o mundo trazendo para si alguns
governantes ou personalidades que exerçam papel importante na sociedade. Alguns
são políticos, outros são banqueiros, outros são empresários de grande poder
econômico e financeiro. Detendo tal poder, esta seita (que seria a matriz do
corpo místico de satanás) poderá reger tais homens, mas nunca conseguirá reger
toda a humanidade. Isso porque seus objetivos, seus fins, sua doutrina, sua
própria existência, não podem ser dados a conhecer aos povos da terra: terá que
ser sempre secreta em tudo.
Já a Igreja Católica tem que ser bem visível,
sua doutrina tem que ser claramente exposta a todos, sem subterfúgios nem
engodos, pois somente assim conseguirá reger eficazmente todos os povos,
conforme o declarou formalmente o Papa João XXIII na Encíclica “Mater et
Magistra”, conclamando os fiéis a agir como Corpo Místico que são:
“Membros vivos do Corpo Místico de Cristo
256. Mas não podemos concluir a nossa
encíclica sem recordar outra verdade, que é, ao mesmo tempo, uma realidade sublime:
somos membros vivos do corpo místico de Cristo, que é a sua Igreja: "Com
efeito, o corpo é um e, não obstante tem muitos membros, mas todos os membros
do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo: assim também acontece com
Cristo" (l Cor 12,12).
257. Convidamos, com paternal insistência,
todos os nossos filhos, do clero e do laicato, a que tomem profunda consciência
de tão grande dignidade e grandeza, pois estão enxertados em Cristo, como os
sarmentos na videira: "Eu sou a videira e vós os ramos" (Jo 15,5) e,
por esse motivo, são chamados a viver a sua mesma vida. Todo o trabalho e todas
as atividades, mesmo as de caráter temporal, que se exercem em união com Jesus,
divino Redentor, se tornam um prolongamento do trabalho de Jesus e dele recebem
virtude redentora: "Aquele que permanece em mim e eu nele, produz muito
fruto" (Jo 15,5). É um trabalho, através do qual não só realizamos a nossa
própria perfeição sobrenatural, mas contribuímos também para estender e
difundir aos outros os frutos da Redenção, levedando assim, com o fermento
evangélico, a civilização em que vivemos e trabalhamos”.
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