terça-feira, 25 de julho de 2023

EXPRESSÕES ERUDITAS DO PENSAMENTO PLINIANO

 


 


Ao repassar o pensamento literário de Dr. Plínio Corrêa de Oliveira debruçamo-nos sobre uma infinidade de expressões que demonstram seu vasto conhecimento e grande erudição. Coligimos aqui apenas algumas; se alguém se der ao trabalho de fazê-lo em tudo o que ele publicou vai ter elementos para publicar uma enciclopédia. Algumas expressões mais comuns não estão aqui comentadas, como “bluff”, “labour”, etc

 "A contrario sensu" -

Expressão muito usada no Direito, significando “apelo ao pensamento contrário”, valendo-se do argumento contra para confirmar a própria tese. Dr. Plínio a usava costumeiramente, como no exemplo a seguir:

"Um deles, o mais generalizado, consiste em difundir nos ambientes que eu chamaria de pré-comunistas – demo-cristãos, progressistas, socialistas e congêneres – a convicção de que as multidões contemporâneas, e especialmente os operários e universitários, são arrojadamente e irreversivelmente esquerdistas. Nada lhes pode resistir ao ímpeto vitorioso. E em conseqüência, o mundo de amanhã será totalmente esquerdista.

A contrario sensu, uma campanha anticomunista eficiente tem de destruir o mito da inelutabilidade da esquerdização. Pois assim, se preserva nos anticomunistas a determinação de lutar. E a tarefa não é difícil, pois essa inelutabilidade não passa de uma balela.

Muito maior foi a zoeira derrotista espalhada na Inglaterra pela propaganda trabalhista. O “bluff’ chegou a tal ponto que mesmo na imprensa conservadora transparecia uma profunda apreensão quanto ao resultado das eleições que se aproximavam. As empresas de sondagens de opinião, as mais provectas e antigas, como o Gallup, previam uma folgada vitória do “Labour”. O resultado deixou o mundo inteiro atônito. Venceram, e folgadamente, não os trabalhistas mas os conservadores.

...Os votos dos jovens – supostos todos esquerdistas e contestatários – não trouxeram ao “Labour” a vantagem espalhada.

Tão grande foi a surpresa geral ante o vigor do conservadorismo britânico, que um colunista político do jornal londrino “Evening Standard” chegou a afirmar, depois do pleito, que os institutos de sondagem de opinião estavam desacreditados".

(Artigo "Já Sun dizia..." – Folha de São Paulo - Plinio Corrêa de Oliveira , 28.06.70).

“À outrance” -

De origem francesa (a todo transe) significando que foi até o extremo, com radicalidade ao extremo.

"Fundamentalmente, se reduzem elas a uma análise do movimento pacifista norte-americano à luz do princípio de Clausewitz, que comentei em meu último artigo: o objetivo de uma guerra não é destruir fisicamente o adversário, mas tirar-lhe a vontade de lutar.

Daí concluímos que o pacifismo “à outrance” dos ianques é a principal causa da duração da guerra do Vietnã. E, diante de quadro tão desconcertante, o deputado ianque lança uma pergunta dramática: “Será que ainda temos a vontade de lutar, de que falou Clausewitz?”. E acrescenta, com um brado de alarma que não vale só para seu país, mas para o mundo.

(Artigo "Tirar aos brasileiros a determinação de resistir", de Plinio Corrêa de Oliveira – Folha de São Paulo, 05.07.70).

"Aggiornamento" -

“Aggiornamento”... “encontro com a História”, são expressões com que a todo o momento se esbarra, mas cujo conceito – o mais das vezes – permanece obscuro. Dentro desta obscuridade, entretanto, um resíduo é sempre claro: atualização. A pessoa que se preza de “aggionarta” julga conhecer a realidade dos dias presentes e ter acertado os seus ponteiros segundo ela. O “encontro com a História” é essencialmente um encontro com o presente, e de modo particular com aquilo que o presente tem de diverso e até de contraditório com o passado.

(Plínio Corrêa de Oliveira, in Folha de São Paulo, agosto de 1968).

"Aile marchante" -

Expressão francesa, traduzida por “asa marchante”, que marcha voando, isto é, aquilo que tem pressa e voa para conseguir seu objetivo.

“Assim, parece concluir-se que a “aile marchante” da comunistização do mundo já não está só em Moscou. Ela existe também no que o capitalismo ocidental tem de mais prá frente, de mais evoluído. Em outros termos, seria inútil lutar contra o comunismo, e quase supérfluo lutar em favor dele: ele virá mesmo!”

(Artigo “A manobra Garaudy”, Plinio Corrêa de Oliveira – Folha de São Paulo, 15.03.70).

“Aristoplutocrata” -

Neologismo criado pelo Sr. Dr. Plínio para designar os magnatas do dinheiro, os ricaços, pois plutocrata é uma pessoa influente por causa de seu dinheiro, e aristocrata é a pessoa que faz parte de uma minoria que manda:

“Somos um punhadinho de gente? Entretanto, nossas manifestações públicas surpreendem pelo número.

Somos uns aristoplutocratas? Basta analisar nossa gente quando sai em campanha de rua, para ver que nos recrutamos em todas as classes sociais, especialmente nas mais modestas... onde mais rara é a “saparia”.

...Então afirmar um direito é ipso facto apoiar-lhe os abusos?

(artigo "Extremismo de direita, cebolas e sapos alados" – Folha de São Paulo, 28.12.69);

“Brouhaha” –

Palavra inglesa que significa discussão acalorada, excitação e é muito utilizada para designar a agitada vida moderna:

“Pois esta pergunta simplicíssima, poucos a fizeram... E os que a fizeram, não receberam resposta explícita nem consistente. Suas vozes abafadas no “brouhaha

(Plinio Corrêa de Oliveira, in Folha de São Paulo, 28.08.68).

"Estatolatria"

Neologismo para caracterizar a idéia de verdadeira "adoração" pelo poder estatal, o Estado é como se fosse um deus...

“Se reduzirmos ao devido valor os termos “nazismo” e “ comunismo”, a diferença entre ambos é insignificante. O comunismo é ateu, materialista e partidário da onipotência do Estado. O nazismo não é menos ateu, nem menos materialista, nem menos estatólatra”.

(Plínio Corrêa de Oliveira, in Legionário, 02.10.38).

“Inteligentzia” -

Expressão que procura simbolizar o pensamento intrelectual de um povo ou de um grupo:

"De outro lado, como a atitude dos manifestantes esquerdistas de Washington destoa da dos trabalhadores patrióticos de Nova York. Em Washington, o ambiente era de uma feira de diversões. Em um palanque, se exibiram vedetes literárias, artísticas ou políticas a que ninguém dava atenção. O povo conversava durante os discursos. Grande número dos presentes, enquanto a manifestação se desenrolava, se banhavam nos tanques do logradouro público. Diversas moças com o busto literalmente nu tentavam dar um condimento pornográfico e “pra frente” à manifestação sensaborona. O auge da “desinibição” freudiana estava em dois moços que perambulavam de um lado para outro, inteiramente nus. Curioso e sintomático encontro entre o esquerdismo e a corrupção. Quem constituía esses 75 mil prosélitos da decadência política e da deterioração moral do país? Segundo tudo faz crer, a grande maioria deles era formada por estudantes vagabundos, de elementos “no vento”, da “inteligentzia”, etc. De operários, pouco ou nada.

...Lendo esta enormidade e pensando no padre Comblin, que continua a agir com o placet de tantas autoridades eclesiásticas, penso com tristeza no abaixo-assinado em que 2 milhões de sul-americanos pediram a S.S. Paulo VI medidas contra a infiltração comunista na Igreja. E me ponho a rezar.

(Artigo "E me ponho a rezar... "– Folha de São Paulo - Plinio Corrêa de Oliiveira, 31.05.70).

“Ipso facto"

Expressão latina que significa “pelo próprio facto” ou seja, que um certo efeito é uma consequência direta da ação em causa, em vez de ser provocada por uma ação

“Virá o dia em que o ataque será desfechado brutalmente contra o sucessor de São Pedro. Não sabemos que provação a Providência permitirá que caia então sobre a Igreja... mas uma cousa é incontestável: nesse dia terá soado a última hora dos vencedores diante dos quais misteriosamente se abatem hoje o orgulho, a fortuna, e o poderio das mais importantes nações. “Qui mange du Pape en meurt”. A história mostrará mais uma vez a veracidade desta observação. Quem procurar atacar o Papa, morrerá ipso facto.” (Plinio Corrêa de Oliveira, in "Legionário", 28.7.40).

“Marxistóide”

Neologismo criado para significar aquelas pessoas que têm simpatias e de alguma forma colaboram com o marxismo sem que o sejam declarados:

“O perigo comunista consiste na atuação, não só do Partido Comunista, mas de todas as forças propedêuticas ou auxiliares, de rótulo marxistóide, socialista ou esquerdista...”

(Artigo “Carta a ministros ignotos” – Plínio Corrêa de Oliveira "Folha de São Paulo", 26.10.69).

“Manu-militari”

"Para dar o remate a esse quadro lúgubre, a ocupação da Tchecoslováquia desferiu um golpe terrível no autonomismo tcheco, e provou que o Cremlin não está menos disposto do que outrora, a utilizar a força bruta para manter na obediência os satélites. O que ainda mais se confirmou pela publicação, na imprensa soviética, de um elenco de princípios diretivos de convívio entre as nações do “bloco”, que continha a definição do direito da URSS, de intervir manu-militari nos países que se afastassem da “linha justa” doutrinária do Cremlin.

A experiência provou que o caminho da paz não passa pelo pantanal das concessões sistemáticas e incondicionais”

(Plinio Corrêa de Oliveira, "Folha de São Paulo", 13.11.68).

"Mare magnum" (grande onda, ou grande mar)

Como procuram as forças da esquerda arrastar para seu lado este “mare magnum” de indecisos? É aqui que aparece o papel do democrata-cristão, como aliás do “sapo”, seu irmão siamês, seu sósia, seu aliado.

NOTA: Pedecista era o membro do PDC (Partido Democrata Cristão), "sapo" era como Dr. Plínio cognominava os ricaços burgueses que favoreciam o comunismo.

(Artigo "O que é um pedecista?", Plinio Corrêa de Oliveira – Folha de São Paulo, 19.07.70).

"Modus vivendi", “modus moriendi” e "longa manus" -

"É no contexto destes fatos, que se deve avaliar o verdadeiro alcance da notícia publicada por um órgão da imprensa paulista, na semana passada: o novo diretor do Instituto Magiar de Roma, monsenhor Fabrian Arpad, foi designado pela Santa Sé mediante prévio “agreement” do governo de Budapest – pois daqui por diante os reitores dos colégios de nações comunistas não serão mais nomeados sem o “placet” dos respectivos governos.

Um “modus vivendi” com a Santa Sé poderia regulamentar essa liberdade. Era só a Igreja não incomodar o comunismo... Assim pensam os ingênuos...

À vista disto, pergunto como crer na sinceridade destes propósitos, se até em Roma a “longa manus” do comunismo procura coarctar a liberdade da Igreja... e logo em matéria tão imensamente delicada...

Com estas intenções da parte dos comunistas o que poderá ser um “modus vivendi” com a Igreja? O que é – pergunto – um contrato em que uma das partes, a Igreja, entra disposta a cumprir todas as suas obrigações, e a outra entra com o intuito de pôr chicana e má intenção na execução de cada cláusula?

Um “modus vivendi”, não. Um “modus moriendi”, isto sim.

Digo-o para alertar os perpétuos sonhadores de utópicos acordos com o comunismo..."

(artigo “Modus moriendi”, Plinio Corrêa de Oliiveira – Folha de São Paulo, 18.01.70).

"Plateau de Fromages"

Tipo de queijo francês com vários sabores:

" Se alguém espera tudo de uma política de mútuas concessões, olhe para Ceausescu e para Tito. Em suma, dir-se-ia que, como no clássico “plateau de fromages” francês, em que há muitos queijos para todos os gostos, também o comunismo atual é um imenso “plateau” de comunismos, com variedades de comunismo para todos os sabores.

Sim, para todos, inclusive para o de certas direitas. Pois pode algo agradar mais a estas do que a ditadura ex-comunista que alguns Kuznetsovs vêem emergir da Rússia atual?

(artigo “Plateau de fromages”, Plínio Corrêa de Oliveira - Folha de São Paulo, 27.08.69).

“Summum” -

Palavra latina que significa “sumo” ou “máximo”.

“Tem sido observado que o comunismo tem algo de insondavelmente misterioso. Parece-me normal tal nota enigmática na seita vermelha. Constitui esta um sumum de impiedade e de pecado, emanado das profundezas mais negras do próprio mistério da iniqüidade” (“O incólume” – Folha de São Paulo, 07.12.69).

“Supporters”

Palavra inglesa que significa “defensor” ou “patrocinador”. É muito utilizada nos Estados Unidos para designar as pessoas que servem de sustentação a alguma organização, como os colaboradores ou simpatizantes:

“Os “supporters” mafiosos do boato ajudam-no também em outro ponto básico. É em resistir – pela repetição obstinada – à evidência dos fatos.” (artigo "Extremismo de direita, cebolas e sapos alados", de Plinio Corrêa de Oliveira – Folha de São Paulo, 28.12.69).

Neste artigo o Sr. Dr. Plínio está chamando de “supporters” àqueles que dão sustentação ao que ele chamava de “máfia” da calúnia, a organização clandestina que visava espalhar boatos falsos contra os verdadeiros católicos.

Tonux -

Palavra latina, o mesmo que “tônus” em português. Era habitualmente utilizada pelo Sr. Dr. Plínio quando queria se referir ao “tom”, à maneira de ser, a certa cadência social, etc. Quem dá o “tônus”, ou o “tonux” latino, é a pessoa que marca sua influência no meio social em que vive:

“Há certas carreiras de importância tal, que não basta ao país serem suas fileiras habitualmente preenchidas por homens capazes e probos. É preciso que, nas situações peculiares dessas carreiras, haja bom número de pessoas de valor exponencial, aptas a resolver as situações críticas que a vida pública traz e capazes, ademais, de elevar por seu exemplo o “tonux” da produção dos homens normalmente competentes que as lotam”.

(artigo "Sacerdotes, militares, juizes e mestres" –“Folha de S”ao Paulo”, 21.12.69)

 


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