quarta-feira, 25 de abril de 2018

SANTA CATARINA DE SIENA, DOUTORA MESMO SEM SABER LER




Nascida em Siena a 25 de março de 1347, era a penúltima dos 25 filhos de Jacob e Monna Lapa Benincasa. Catarina, apesar de nunca ter sido instruída (não sabia nem sequer ler e escrever), foi dotada por Deus de tantas ciências infusas que se tornou conselheira de reis e de papas. Para escrever suas obras teve que recorrer a secretários, a quem ditava e os mesmos as escrevia. No entanto, de forma milagrosa, chegou a ler alguns escritos mesmo sem ter estudado em nenhuma escola.
Santa Catarina de Siena teve um alto chamado para a santidade já deste a mais tenra infância. Quando tinha cinco ou seis anos de idade foi tomada por um êxtase em plena praça de Siena, onde ela via Nosso Senhor Jesus Cristo lhe estendendo a mão para abençoá-la. Ficou tão transportada em seu êxtase que um irmão seu, que estava com ela, não conseguiu fazê-la voltar a si.
Sentindo-se chamada para tão alta vocação, logo fez votos de virgindade perpétua.  Isso foi motivo para sofrer rigorosa perseguição de sua família, especialmente da mãe, que deseja vê-la casada.  Toda a família relutava em lhe autorizar o ingresso na vida religiosa, pois a pequena praticava disciplinas muito rigorosas e eles temiam pela sua saúde. Finalmente, seu pai autorizou que ingressasse na Ordem Terceira de Penitência de São Domingos.
Estava próxima de seus vinte anos quando finalmente fez os votos perenes naquela Ordem. Seus votos foram misticamente confirmados pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe colocou um anel. A partir daquela data ela era a esposa mística do Redentor.
O Senhor a guiava pessoalmente pelos caminhos da santidade. Aparecia--lhe com freqüência, rezava com ela o "Breviário" e algumas vezes lhe deu Ele mesmo a Sagrada Eucaristia. Seus êxtases a arrebatamentos eram muito freqüentes. Um deles foi tão violento e prolongando que chamam-no de "a morte mística de Catarina". A santa pôde contemplar neste êxtase a glória deslumbrante dos bem-aventurados no céu e do tormento dos réprobos no inferno. Tal prodígio causou em seu espírito um amor tão intenso pelas almas e um tal desejo de trabalhar incansavelmente pela conversão dos pecadores, que a partir daí sua vida interior vai desabrochar toda uma vida de ação.

Analfabeta, mas conselheira de papas, cardeais,  reis e príncipes
Uma terrível peste assolou a Itália no ano de 1374 e a santa, com generosidade heróica, dedicou-se de corpo e alma a prestar assistência aos flagelados. Cuidou caridosamente dos corpos enfermos, mas tinha mais preocupação com as almas, conseguindo levar muitas para o céu. Curava doentes e convertia pecadores pela força de suas orações e sacrifícios. Expulsava os demônios com uma simples palavra saída de sua boca.
Sua ação pública começa algum tempo depois, quando ela estava em torno de seus 25 anos de idade. Remete diversas cartas às grandes figuras dos governos e da Igreja, além de haver se empenhado muito para incentivar o reinício das Cruzadas. Realizou várias viagens a Florença, Pisa (onde recebeu os estigmas da Paixão), Luca e outras cidades italianas. Viajava constantemente, de uma cidade a outra, exercendo o papel de pacificadora das contendas políticas, muito comuns naquela época. 
Em pouco tempo a santa ficou sendo conhecida como conselheira de príncipes e de reis. Sem recorrer a sua humilde condição de pertencer a Ordem Dominicana, embora terciária, admoestava a todos com ousadia e serenidade, sempre "em nome de Cristo". E muitos de seus conselhos eram seguidos, casos em que as pessoas recebiam muitas graças divinas.
Estava para se iniciar o que se chamou de "Cisma do Ocidente". Para fugir das perseguições, os Papas estavam em sua época morando na cidade de Avignon, na França. Em 1376, Santa Catarina consegue convencer o Papa Gregório XI a voltar para Roma, que era o centro da Cristandade. Toda a corte pontifícia o segue e abandona Avignon no dia 13 de setembro daquele ano. Estando em Gênova, o Papa Gregório XI procurou se aconselhar com Santa Catarina, pois estava sendo muito pressionado a voltar para Avignon. Com os conselhos da santa, o Papa resolve prosseguir viagem e entra em Roma no dia 17 de janeiro do ano seguinte, onde é aclamado pela população.
Pouco tempo durou a paz da Igreja e a tranqüilidade de Santa Catarina. A 27 de março de 1378 morre o Papa Gregório XI, sendo eleito como seu sucessor o que tomou o nome de Urbano VI. Porém alguns cardeais, alegando que não haviam sido livres na eleição por causa de supostas ameaças do povo romano, que exigia um Papa romano ou pelo menos italiano, reuniram-se e resolveram eleger um novo papa, que tomou o nome de Clemente VII. Estava dando início o terrível cisma do Ocidente, que dividiu desastrosamente a Igreja durante quase quarenta anos.
Santa Catarina de Siena foi chamada a Roma por Urbano VI, onde fez ardente campanha em favor do verdadeiro Papa. Falou no consistório aos cardeais, enviou cartas, chamou para conversar as mais relevantes personalidades que poderiam acabar com o inexplicável cisma. Pregou por todas as partes uma verdadeira cruzada de santidade, único remédio para os males da Igreja.
Em 1379 a santa realizou uma infinidade de gestões entre os partidários de um e de outro papa para tentar refazer a unidade perdida da Igreja.  Chegou ela mesma a se oferecer a Deus como holocausto e vítima de propiciação. Estava a Santa atingindo o auge de sua santidade, de sua entrega total a Deus e Sua Igreja. Seu sofrimento aumenta, está exausta, quase sem forças. Durante uma temporada, acode diariamente a São Pedro do Vaticano. A chama de seu espírito apenas pode ser já contida pela fragilidade de um corpo que se desmorona. Ali mesmo dita sua última carta-testamento. Sofre e se oferece a Deus, mas o cisma só foi contido depois de sua morte. Esta crise só foi amainada muitos anos depois, com a passagem de dois antipapas em Avignon e dois em Pisa (concomitantes com 4 Papas em Roma), quando se reuniu o Concílio de Constança em 1417.
Uma de suas principais obras chama-se "O Diálogo", onde a santa estabelece um diálogo com a Primeira Pessoa da Santíssima Trindade. Além de sua doutrina principal, princípios de mística da alma para com Deus, contém também esta obra conteúdo profético. Publicou ainda as obras "Orações"  e "Solilóquios", que completam sua doutrina mística que lhe mereceu o título de Doutora. Faleceu a 29 de  abril de 1380, domingo anterior ao da Ascensão.
Foi canonizada solenemente pelo Papa Pio II na festa de São Pedro e São Paulo do ano 1461. Em 13 de abril de 1866, Pio IX a declarou co-Padroeira de Roma; em 1939, Pio XII a nomeou Padroeira da Itália juntamente com São Francisco de Assis. Em 4 de outubro de 1970, o Papa Paulo VI a proclamou Doutora da Igreja, e São João Paulo II, em outubro de 1999, como co-patrona da Europa, juntamente com São Bento, Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).


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