Beato Hermano Contractus. Festa, da 25 de setembro.
Nos últimos tempos as pessoas mais elogiadas foram as que se dedicaram às ciências ditas exatas, como a física, a matemática, ou aquelas simplesmente chamadas de “ciências”. Um que se destacou no século passado por causa de intensa propaganda na mídia foi o astrofísico inglês Stephen William Hawking, considerado a maior inteligência do século (dizem que superior até a de Einstein). Era também ele cosmólogo e matemático, dando aulas na famosa universidade de Cambridge.
Nos últimos tempos as pessoas mais elogiadas foram as que se dedicaram às ciências ditas exatas, como a física, a matemática, ou aquelas simplesmente chamadas de “ciências”. Um que se destacou no século passado por causa de intensa propaganda na mídia foi o astrofísico inglês Stephen William Hawking, considerado a maior inteligência do século (dizem que superior até a de Einstein). Era também ele cosmólogo e matemático, dando aulas na famosa universidade de Cambridge.
A
publicidade em torno de tal cientista é realçada pelo sentimentalismo, haja
vista que Hawking encontrava-se paralítico há dezenas de anos, era alimentado
por outros e se locomovia por meio de cadeira de rodas, por sinal equipada com
o que há de mais moderno em equipamentos eletrônicos. Como não falava de forma
audível, pois havia sido submetido a uma traqueostomia, respondia às perguntas
que lhe faziam digitando o teclado de um computador instalado em sua cadeira.
O gênio
fazia viagens internacionais e era conferencista disputado. No entanto,
assistir a uma exposição dele não era nada fácil, não era uma experiência muito
agradável. O computador, ligado a um sintetizador de voz, era o interlocutor,
enquanto o conferencista ficava completamente passivo na cadeira, movimentando
apenas as mãos. Após algumas horas ouvindo aquela voz desincorporada e meio
metálica, pedia-se aos assistentes que conversassem uns com os outros ou lessem
jornais.
Hawking
publicou o livro, “A Brief Hostory of Time” (Uma Breve História do Tempo), onde
resumiu seus estudos sobre a relatividade e a mecânica quântica. Apesar de sua
enorme divulgação (milhões de exemplares vendidos), poucos realmente
conseguiram entender o pensamento do autor na obra. Um crítico comparou-a com
outra sobre o culto budista, “Zen and
the Art Motorcycle Maintenance” (O Zen e a Arte de Manutenção da Motocicleta),
que Hawking tomou como elogio.
O oposto de
Hawking, também entrevado, foi o Beato Hermano Contractus, que viveu no século
XI, em plena idade Média, constantemente transportado nos braços dos outros,
como se fosse uma criança, mas considerado “A Maravilha do Século”, tal a sua
genialidade. Naquele tempo não havia a
máquina moderna de propaganda para atrair simpatias e aplausos, havia mais
autenticidade neste maravilhamento.
O Beato
Hermano nasceu em 1013, em Baden, na Alemanha, e faleceu em 1054. Era também
chamado de Hermano de Reichenau, OSB, pertencia, portanto, à ordem beneditina.
Chegava a mexer apenas um pouco a língua e as mãos e, apesar disso, foi o maior
sábio de seu tempo. Matemático e astrônomo de gênio, foi também historiador,
compositor talentoso e poeta inspirado. São dele as composições sacras “Ave
Maris Stella” e muitas outras, além de lhe terem atribuído a autoria da “Alma
Redemptoris Mater” e da “Salve Regina”. Esta última teve o acréscimo feito por
São Bernardo dois séculos depois, de uma jaculatória: “Ora pro nobis Sancta Dei
Denitrix”
Inventou
alguns instrumentos, como o astrolábio e uma máquina de calcular. Era tão
admirado que recebeu visitas famosas, como a do Papa São Leão X e do imperador
da Alemanha, Henrique III.
Como o Beato
Hermano era diferente de Hawking! Ateu e pretensioso este, católico e humilde
aquele. Ao contrário do arrogante físico inglês, o Beato Hermano considerava-se
o último dos ignorantes. Escreveu ele numa obra sobre o astrolábio, seu invento:
“Fui eu, Hermano, que fiz este livro, eu, o rebotalho dos pobres de Cristo, que
anda a reboque dos aprendizes filosóficos, mais lento de espírito do que um
jumentinho”.
Comparemos
os dois gênios. Qual deles merece maior admiração? Ambos gênios de seu século,
ambos paralíticos, mas, um temente a Deus e humilde, e o outro ateu e
irreverente; um amante da Bondade e santo, enquanto o outro, espírito
encharcado de orgulho e descrente.
Cada um, a
seu modo, espelha a própria época em que viveram.
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