PROFECIAS SOBRE SITUAÇAO DA IGREJA NOS TEMPOS MODERNOS
Revelações do Bem-Aventurado Bartolomeu Holzhauser
O padre Bartolomeu
Holzhauser faleceu em 1658, aos 45 anos de idade. Era natural da cidade de
Augsbourg e foi pároco de Titmoningen, na Alemanha, onde adquiriu fama de
reformador do clero e por seus comentários sobre o Apocalipse.
Seus comentários
(que o mesmo afirmou ter sido inspirados por um Anjo que guiava sua mão ao
escrevê-los), divide a História da Igreja em sete períodos, representados pelas
sete cartas dos capítulos II e III do Apocalipse que São João dirige para sete
cidades ou igrejas orientais: Éfeso, Smirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia e Laudicéia. Em 1640, o Papa Inocêncio XI dá a palavra da Igreja e
aprova tais comentários.
O primeiro período
da Igreja, representado por Éfeso, foi o período Apostólico, que vai de Nosso
Senhor Jesus Cristo e os Apóstolos até o império de Nero (68 d.C.); o segundo
período, representado por Smirna, vai de Nero até Diocleciano (ano 305); o
terceiro período, representado por Pérgamo, é o período dos Padre da Igreja e
Doutores, que começa com o Papa São Silvestre
e o Imperador Constantino e dura
até Carlos Magno e São Leão II (ano de 814); o quarto período, representado por
Tiatira, é o período medieval, que vai de Carlos Magnos e São Leão II até
Carlos V e o Papa Leão X (por volta de 1520); o quinto período da Igreja,
representado por Sardes, é o período em que vivemos: começou com Carlos V e o
Papa Leão X e vai terminar com a vinda do Pontífice Santo e o Poderoso Monarca.
Assim o descreve o Venerável Holzhauser:
Quinto período da Igreja, predomina a Revolução
"Este é o
período de aflição, de desolação, de humilhação e de pobreza para a
Igreja e pode ser chamado com razão um período purgativo. Pois é neste período
que Jesus Cristo terá depurado e depurará seu trigo por meio de guerras cruéis,
por rendições, pela fome e pela peste, e por outras calamidades horríveis,
afligindo e empobrecendo a Igreja latina por meio de muitas heresias e também
pelos maus cristãos, que lhe arrancarão uma grande número de bispos e
mosteiros. A Igreja se verá oprimida e empobrecida pelas imposições e vexações
dos príncipes católicos, de tal sorte que é com razão que podemos gemer então e
dizer com o Profeta Jeremias em suas lamentações: "A Rainha das cidades é
tributária (Lam. 1,1)".
"Enfim, este quinto período da Igreja é um
período de aflição e de exterminação, um período de defecção repleto de
calamidades. Pois restarão poucos cristãos sobre a Terra que terão sido
poupados pelo ferro, a fome ou a peste. Reinos combaterão e as monarquias serão
agitadas violentamente, e haverá um empobrecimento quase geral e uma grande
desolação no mundo. Estes males já cumprem, em grande parte, e se cumprirão ainda.
“Deus lhes permitirá por um muito julgamento por
causa da imensidade e auge dos nossos pecados, que nós e nossos pais cometeram
nos tempos de sua liberdade.
"A Igreja de Sardes é o símbolo deste quinto
período, pois a palavra Sarde significa "principe de beauté" (começo
de beleza), quer dizer, princípio da perfeição que virá no sexto período.
"Com efeito, as tribulações, a pobreza e as
outras adversidades são o começo e a causa da conversão dos homens, como o
temor do Senhor é o começo da Sabedoria. Então, nós temeremos a Deus e
abriremos os olhos, enquanto as águas e as ondas de tribulações nos assaltam.
Ao contrário, durante o tempo em que estamos na felicidade, cada um sob sua
figueira, em sua vinha, à sombra das honras, na riqueza e no repouso, nós nos
esquecemos de Deus Nosso Criador e pecamos com toda segurança!
"...A este período se reporta também o quinto
espírito do Senhor, que é o Espírito do Conselho. Pois Ele se serve deste Espírito para debelar
as calamidades ou para impedir enormes males. Ele se serve também do Espírito
do Conselho para conservar o bem e para procurar um bem ainda maior.
"Ora, a Divina Sabedoria comunica o Espírito
do Conselho à Sua Igreja principalmente neste quinto período:
l.
Afligindo-A para que Ela não se corrompa inteiramente pelas riquezas.
2. Interpondo o Concílio de Trento como uma luz em
meio às trevas, a fim de que os católicos que vejam sustentem o que devem crer
em meio à confusão de tantas seitas que o heresiarca Lutero espalhou pelo
mundo.
3. Opondo-se diametralmente a esse heresiarca e à
massa dos ímpios deste período, Santo Inácio e sua Companhia que, por seu zelo,
sua santidade e sua doutrina, impedem que a Fé católica se apague inteiramente
na Europa.
4. Por seu sábio conselho, Deus fez então com que a
Fé católica e a Igreja, que tinham sido banidas da maior parte da Europa, fosse
transportada para as Índias, China, Japão e outros países longínquos.
"...Enfim, a este quinto período se reporta
também o quinto dia da Criação, quando Deus disse que as águas produzissem toda
espécie de peixes e répteis, e que Ele cria os pássaros do céu.
"Ora, estas duas espécies de animais
simbolizam a maior liberdade, pois o que há de mais livre que o peixe na água e
o pássaro no ar? Assim temos metaforicamente, neste quinto período, a terra e a
água plenos de répteis e de pássaros. Pois são abundantes os homens carnais que
vão abusar da liberdade de consciência e não se contentarão com as concessões
que lhe forem feitas recentemente no tratado de paz, "rampent a
volent" (arrastam-se e roubam) depois os objetos de suas volúpias e de
suas concupiscências. É a eles que se referem as palavras do Apóstolo São Judas
em sua Epístola
quando diz:
"Estes blasfemam de todas as coisas que
ignoram e pervertem-se como animais sem razão em todas aquelas coisas que
conhecem naturalmente. A desordem reina nos seus festins, banqueteiam-se sem
respeito, apascentando-se a si mesmos; verdadeiras nuvens sem água que o vento
transporta de cá para lá, árvores do outono, sem frutos, duas vezes mortas,
desarraigadas, ondas furiosas do mar que arrojam as espumas das suas torpezas;
estrelas errantes para os quais está reservada uma tempestade de trevas por
toda eternidade... Murmuradores
inquietos que andam segundo as suas paixões e a sua boca profere o orgulho, os
quais mostram admiração pelas pessoas segundo convém ao seu próprio
interesse... Impostores cheios de
impiedade, que provocam divisões; homens sensuais que não têm o espírito de
Deus" (J. 1,10).
"Ora, é assim que neste miserável período da
Igreja, se relaxa sobre os preceitos divinos e humanos, e que a disciplina é
enervada, os santos cânones são tidos por nada e as leis da Igreja não são
melhor observadas pelo clero do que as leis civis permitem ao povo. Daí serem
como répteis sobre a terra e no mar, e como pássaros no ar: cada um é arrastado
a crer e a fazer o que lhe apraz, segundo o instinto da carne.
"Eu conheço tuas obras: tens a reputação de
estar viva, mas tu és morta!" A humildade é quase desconhecida neste
período, e ela há de dar lugar ao fausto e a vanglória, sob pretexto de
conveniência e de posição social. Torna-se ridícula a simplicidade cristã, que
se trata de loucura e asneira, enquanto se vê como sabedoria o saber elevado, e
o talento de obscurecer por questões insensatas e pelos argumentos complicados,
todos os axiomas do direito, os preceitos da moral, os santos cânones e os
dogmas da religião, de tal sorte que não há mais nenhum princípio por mais
santo, por mais autêntico, por mais antigo e por mais certo que possa crer, que
seja isento de censuras, de críticas, de interpretações, de modificações, de
delimitações e de questionamentos da parte dos homens.
"Freqüenta-se,
na verdade, as igrejas, mas não se mostra respeito à presença de Deus
Todo Poderoso, ri-se, fala-se, olha-se de cá para lá, brinca-se, provoca-se
pelos olhares, etc.
"A palavra de Deus é negligenciada,
menosprezada, posta em
ridículo. Não há mais amor pela Sagrada Escritura: é
Maquiavel, Dodin e todos seus semelhantes, somente, que se estima e se aprecia.
"Sê vigilante e confirma os restos que estão
prestes a morrer, porque não acho as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.
Lembra-te, pois, do ensinamento que recebeste e ouviste, guarda-o e faz
penitência. Porque se não vigiares, virei a ti como a um ladrão, e não saberás
que hora virei a ti" (Apoc 3,2-3)
"Aqui, novamente, Jesus Cristo nos intima e
faz ressoar a nossos ouvidos, pela voz do profeta, a necessidade de vigiar,
porque nós nos encontramos em tempos maus, e num período de perigos e
calamidades.
"A heresia se espalha por toda parte, por cima
de tudo, e levanta a cabeça; suas hostes se fortificam mais do que nunca, e
seus adeptos detêm o poder quase que por toda parte. Eis o que faz com que
muitos católicos se tornem tíbios, que os tíbios se reflexionem e que um grande
número conceba o escândalo em seus corações.
"A guerra é também uma das causas da
ignorância, mesmo das coisas essenciais da Fé. A corrupção dos costumes vai
crescendo nos campos (de batalha) e entre os soldados, que são raramente
concedidos bons pastores, bons pregadores e bons catequistas. Daí a geração se
tornar rude, grosseira e inflexível; ignorando tudo ou quase tudo, não se
preocupando com Deus, nem do céu, nem daquilo que é honesto. Não conhecem senão
a rapina, o roubo, a blasfêmia e a mentira, não se estuda senão como enganar o
próximo.
"Dentro da Fé católica, a maior parte são
tíbios, ignorantes, enganados por hereges, que se gabam de sua felicidade, se
rejubilam, e ridicularizam os verdadeiros fiéis, que se verão atormentados,
empobrecidos e desolados.
"Pois
eu não acho perfeitas tuas obras diante de meu Deus”. Aqui Nosso Senhor Jesus Cristo fala como
homem e como Chefe invisível da Igreja. A divindade, no abismo infinito de sua
pré-ciência eterna, Lhe revela os defeitos e os pecados dos pastores e dos
outros membros futuros da Igreja, e lhes confere, ao mesmo tempo, a missão de
os corrigir. Jesus Cristo fundamenta então sua censura sobre a ausência de
solicitude pastoral que Deus exige, entretanto, dos bispos e dos prelados da
Igreja.
"Lembra-te pois do que recebeste e ouviste,
observa-o e faz penitência”. Entre os
católicos encontram-se poucos que reconhecem seus defeitos e pecados. Todos os
bispos, os prelados e os pastores de almas dizem que cumpre sempre seus
deveres, que velam e vivem como convém a seu estado.
"O mesmo acontece com os imperadores, os reis,
os príncipes, os conselheiros e os juízes, se gloriam de terem agido bem e de
continuarem a bem agir. Todas as ordens sagradas pretendem ser inocentes.
Enfim, o povo mesmo, do primeiro ao último tem o costume de dizer: "Que
tenho feito eu de mal e que mal tenho feito?" É desta maneira que todos se
escusam.
"Assim, pois, para que a Divina Sabedoria e
Bondade pudesse reconduzir à penitência esta geração perversa e corrompida no
mais alto grau, ela lhe envia quase que continuamente a guerra, a peste, a fome
e outras calamidades. Mas tornamo-nos ainda piores e não quisemos crer que
fomos lançados nestes males por causa dos nossos pecados, enquanto a Sagrada
Escritura diz, entretanto: "Não há mal em Israel que o Senhor não tenha enviado".
De onde é de temer que o Senhor se exaspere ainda mais em sua cólera, e nos
ameace por essas palavras que seguem: "Por que se tu não vigias eu virei a
ti como um ladrão e tu não saberás a que hora virei".
"Depois desta prescrição do remédio segue uma
ameaça terrível contra a Igreja de Deus:
"Eu virei a ti suscitando males".
"A Escritura nos adverte da mesma maneira no
livro da Habacuc: "Esperai-O, Ele virá e Ele não tardará." Ele compara aqui sua visita e o envio de seus
males à chegada de um ladrão. Pois o ladrão tem o costume de chegar de repente,
de improviso. Ele vem durante o sono. Ele faz a devastação em sua casa, enfim
ele pilha e rouba tudo. Ora, tal será o caráter do mal que Deus suscitará
contra Sua Igreja. Este mal são os hereges e os tiranos que virão de repente,
de improviso, durante o sono dos bispos, dos prelados, dos pastores, que
tomarão de cima e revirarão os bispos e pilharão os prelados e os bens
eclesiásticos, como nós vemos com nossos próprios olhos o que eles fizeram na
Alemanha e no resto da Europa.
"Eu virei a ti como um ladrão, suscitando
contra ti as nações bárbaras e os tiranos que virão repentinamente, enquanto
que vós dormireis acostumados a vossas volúpias, impurezas e abominações. Eles
o atacarão, penetrarão até em suas fortalezas, em suas guarnições. Eles
entrarão na Itália, devastarão Roma, queimarão os templos e minarão tudo, se
vós não fizerdes penitência e não vos despertardes, enfim, do sono e torpor de
vossos pecados. "E tu não saberás a que horas virei".
"Jesus Cristo faz aqui assinalar, como de
passagem, a cegueira da qual Deus costuma fulminar os príncipes do povo, a fim
de que não possam nem prever nem prevenir os males que os ameaça. Porque Ele
esconde a seus olhos entorpecidos pelo sono das volúpias os males que devem
assaltá-los. É por isso que Ele diz: "E tu não saberás a que horas eu
virei". Quer dizer que o tempo de sua visita será escondido a seus olhos e
tu não poderás mais prevenir o mal nem te prepararás mais para o combate,
porque o inimigo virá rapidamente e inundará tudo como águas de uma torrente
impetuosa, como uma flecha lançada no ar, como a funda, como um cão rápido.
"Tu tens um pequeno número de homens em Sardes
que de nenhum modo sujaram suas
vestimentas.
"Segue agora o elogio de um pequeno número de
homens, relativamente pequeno, sobre uma tão grande quantidade de estados
diversos. Não há senão um pequeno número que faz exceção e que crêem ainda de
todo o seu coração no Senhor Deus que está nos céus. E são poucos que esperam
na Providência, que servem a Jesus Cristo segundo seu estado e vocação e que
amam a Deus e ao próximo".
(Traduzido de :
“Bénédictions et malédictions – Prophéties de la révelation privée”, de Jean
Vaquié, Paris, 3a. Edição revista e ampliada, págs. 47 a 76).
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