segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Papa lembra a grande fome que matou milhões na URSS
Neste domingo ao meio-dia, depois da recitação do Angelus, dirigindo-se a um grupo de peregrinos ucranianos, na respectiva língua, Bento XVI evocou os 75 anos da "grande carestia" que causou milhões de mortos na Ucrânia e noutras regiões da União Soviética, durante o regime comunista. Assegurando a sua oração por todas as vítimas inocentes daquela terrível tragédia, o Papa exprimiu fervorosos votos de que "nunca mais nenhum ordenamento político venha a negar os direitos da pessoa humana e a sua liberdade e dignidade". Finalmente, invocou a Mãe de Deus "para que ajude as Nações a avançar na via da reconciliação e a construir o presente e o futuro no respeito recíproco e na busca sincera da paz". Na alocução antes do Angelus, recordando que se celebra neste último domingo do ano litúrgico a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do universo, Bento XVI fez notar que Jesus recusou o título de Rei quando este era entendido em sentido político, mas “durante a sua paixão reivindicou, diante de Pilatos, uma singular realeza, depois de – pouco antes – ter declarado que o seu reino não era deste mundo: “De fato, a realeza de Cristo é revelação e atuação da realeza de Deus Pai, que tudo governa com amor e justiça. O Pai confiou ao Filho a missão de dar aos homens a vida eterna amando-os até ao supremo sacrifício, e ao mesmo tempo conferiu-lhe o poder de os julgar, pois se fez Filho do homem, em tudo semelhante a nós”. Referindo depois o Evangelho do dia – a parábola do juízo final, Bento XVI observou que “as imagens são simples, a linguagem é popular, mas a mensagem é extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre o critério com o qual seremos avaliados. “Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era estrangeiro e acolhestes-me, e assim por diante”. Uma página universalmente conhecida…“Esta página faz parte da nossa civilização. Marcou a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia dos valores, as instituições, as múltiplas obras sociais e de assistência. De fato, o reino de Cristo não é deste mundo, mas conduz ao seu cumprimento todo o bem que, graças a Deus, existe no homem e na história. Se pomos em prática o amor pelo nosso próximo, segundo a mensagem evangélica, então damos espaço à senhoria de Deus, e o seu reino realiza-se no meio de nós. Se, pelo contrário, cada um pensa só nos próprios interesses, o mundo vai inevitavelmente em ruína”.“O reino de Deus não é uma questão de honras e de aparências, mas sim, como escreve São Paulo, “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” – sublinhou o Papa. “O que o Senhor tem a peito é o nosso bem: que cada um tenha a vida, e que especialmente os seus filhos mais pequenos possam ter acesso ao banquete por ele preparado para todos”: “No seu Reino eterno Deus acolhe todos os que se esforçam, dia após dia, por pôr em prática a sua palavra. Depois da recitação do Angelus, Bento XVI recordou ainda que nesta segunda-feira, em Nagasaki, no Japão, terá lugar a beatificação de 188 mártires, todos japoneses, homens e mulheres, mortos na primeira metade do século XVII. "Nesta circunstância tão significativa para a comunidade católica e para todo o país do Sol Levante", o Papa assegurou a sua "proximidade espiritual". Bento XVI referiu também outra beatificação, no próximo sábado, em Cuba: a do Irmão José Olallo Valdés, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus. E confiou à sua celeste protecção "o povo cubano, especialmente os doentes e os trabalhadores do mundo da saúde".
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