(Nas Bodas de Caná a água foi transformada em vinho)
Nas
Sagradas Escrituras a água é citada desde o Gênesis, na criação do mundo, com
menção em todas as fontes, mares e rios: “...e o espírito de Deus era levado
por cima das águas”...; “Faça-se o firmamento no meio das águas, das que
estavam por baixo do firmamento, das que estavam por cima do firmamento”...;
“As águas que estão debaixo do céu, ajuntem-se no mesmo lugar, e elemento árido
apareça. E assim se fez. E chamou Deus ao elemento árido terra, e ao agregado
das águas mares” (Gen 1, 2-10). Pela narrativa vê-se que o elemento primordial
na Criação, entre nós, foi a água, coisa cientificamente comprovada.
Maldições
pelas águas:
“Moisés
e Aarão fizeram como o Senhor tinha ordenado. E Aarão levantou a sua vara e
feriu as águas do rio na presença do faraó; e dos seus servos; e toda a água do
rio transformou-se em sangue”. (Ex 7, 20)
“Por
isso mesmo que este povo rejeitou as águas de Siloé, que correm em silêncio, e
quis antes acostar-se ao partido de Rasin, e ao do filho de Romélia: por este
motivo eis que o Senhor fará sobre eles vir as águas impetuosas e abundantes,
ao rei dos assírios, e todo o seu poder: e subirá sobre ele todos os seus
ribeiros, e correrá por cima de todas as suas margens. E se espraiará por Judá
inundando-a, e indo assim passando, lhe chegará até o pescoço. E a extensão de
suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel” (Is 8. 6-8). Rasin foi um rei da Síria
(século VIII a.C) que invadiu o reino de Judá (IV Rs 15,16; II Par 28,5) e
cercou Acaz, em Jerusalém. Foi morto pelo rei da Assíria, Teflatfalasar.
“E
se irá extinguindo a água do mar, e o rio minguará, e se secará. E as ribeiras
se esgotarão: as levadas por entre açudes diminuirão e se secarão: as canas e
os juncos murcharão: o álveo dos regatos ficará descoberto desde o seu olheiro,
e toda sementeira de regadio se secará, ir-se-á murchando, e não vingará. E
entristecer-se-ão os pescadores e chorarão todos os que lançam anzol ao rio, e
desmaiarão os que estendem redes sobre a tona d’água. Confundidos serão os que
trabalham em linho, frisando e tecendo
finas teias. E ficarão as suas terras de regadio assim fracas: todos os que
faziam lagoas para apanhar peixes” (Is 19, 5-10).
Há
uma expressão usada na Bíblia, chamada de “água da aflição” ou “água da
angústia” que é usada para caracterizar um castigo semelhante ao que passa fome
e sede: “Metei este homem na cadeia e sustentai-o com o pão de tribulação, e
água de angústia, até que volte a paz”
(III Rs 22, 27 e II Par 18, 26).
A
respeito do adultério, Moisés aprovou o seguinte procedimento legal:
“O
sacerdote pois a oferecerá, e a apresentará diante do Senhor. E tomando da água
santa num vaso de barro, lançará nela um pouco de terra do pavimento do
tabernáculo. E tanto que a mulher se apresentar diante do Senhor, o sacerdote
lhe descobrirá a cabeça, e lhe porá nas mãos o sacrifício de reconciliação, e a
oferta de zelos: e ele mesmo terá as águas amaríssimas, sobre que pronunciou as
maldições com execração: e a esconjurará, e lhe dirá: Se um homem estranho não
dormiu contigo, e tu te não manchaste, largando o leito de teu marido, não te
farão mal estas águas amaríssimas, sobre que eu lancei as maldições. Mas se tu
te apartaste de teu marido, e te manchaste, e te deitaste com outro homem:
cairão sobre ti estas maldições: o Senhor faça te faça um objeto de maldição, e
um exemplo para todo o seu povo: Ele faça que apodreça a tua coxa, e que o teu
ventre inchado arrebente. Estas águas de maldição entrem no teu ventre, e
inchando-te o útero, apodreça a tua coxa.” (Num 5, 16-22). Tal ocorreria apenas
se a mulher fosse culpada, pois se fosse inocente não sentiria a amargura da
água.
As
bênçãos, muitas vezes, são dadas através das águas:
“Tendo Moisés pois estendido a sua mão
sobre o mar, o Senhor lhe dividiu as águas fazendo que toda a noite assoprasse
um vento veemente, abrasador, que lhe secou o fundo. Estando a água assim
dividida, entraram os filhos de Israel pelo meio do mar seco, pela direita e
esquerda a água que lhes servia como um muro”. (Ex 14, 21-22).
“E sentindo grande sede, clamou ao
Senhor, e disse: Tu foste o que salvaste o teu servo e o que lhe deste esta
grande vitória: eis agora morro eu de sede, e cairei nas mãos dos
incircuncidados. Abriu pois o Senhor um dos dentes molares na queixada do
jumento, e saíram dele águas. E bebendo delas Sansão recobrou alento e
recuperou as forças. Por isso foi àquele lugar chamado até o dia de hoje fonte
do que invoca da Queixada” (Jz 15,
18-19).
“Tão saborosa é a água fria à alma que
tem sede como é uma boa nova que vem de um país remoto” (Provérbios 25, 25).
“Assim como na água resplandece o
rosto dos que estão se vendo nela, assim os corações dos homens são descobertos
aos prudentes” (Provérbios 27, 19).
“E
dar-se-á chuva para o teu grão, onde quer que o semeares na terra: e o pão dos
frutos da terra será abundantíssimo e pingue: naquele dia será o cordeiro
apascentado em espaçosa extensão na tua herdade. E os teus touros, e
jumentinhos, que lavram a terra, comerão toda a mistura de grãos como eles
foram padejados na eira. E sobre todo o
monte alto, e sobre todo o outeiro elevado haverá arroios d’águas correntes no
dia da mortandade de muitos, quando caírem as torres. (Is 30, 23-26).
“Porque
eu derramarei águas sobre a terra sequiosa, e rios sobre a seca; derramarei o
meu espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua
descendência” (Is 44, 3).
“E
todo o que der a beber a um daqueles pequeninos um copo d’água fria, só pela
razão de ser meu discípulo, na verdade vos digo, que não perderá a sua
recompensa”(Mt 10, 42).
“Em
verdade, em verdade, te digo, que quem não renascer da água, e do Espírito
Santo, não poderá entrar no reino de Deus”(Jo 3, 5).
A
purificação pela água
São
João Batista não foi o primeiro “Eu vos batizo em água para vos trazer à
penitência” (Mt 3, 11), pois já havia o costume há muitos anos entre o povo
eleito da purificação pela água, o que motivou, por exemplo, esta bênção de
Ezequiel:
“E
derramarei sobre vós uma água pura, e vós sereis purificados de todas as vossas
imundícies, e eu vos purificarei de todos os vossos ídolos”. (Ez 36, 25).
No
Cântico dos Cânticos, referindo-se a Nossa Senhora, chamada ali de “Jardim
Fechado” e “Fonte Selada”, a produção é abundante: “As tuas produções são um
jardim de romãs com frutos de macieiras. Chipres com o nardo, o nardo e o
açafrão, a cana aromática e o cinamomo com todas as árvores do Líbano, a mirra
e o aloés com todos os bálsamos da primeira estimação. A fonte dos jardins: o poço das águas vivas
que com ímpeto correm do Líbano” (Cânt 4, 13-15)
O
pior dos males é a falta de água:
“...
e não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas...” (Ex 15, 23);
“...tu ferirás a pedra, e dela sairá água, para que o povo tenha donde beber”
(Ex 17, 6).
“Disseram
também a Eliseu os habitantes desta cidade: a habitação desta cidade é muito
cômoda, como tu mesmo , senhor, vês: mas as águas são péssimas, e a terra
estéril. E ele respondeu: Trazei-me um vaso novo, e deitai-lhe sal. Como lho
tivessem trazido, saiu ele à fonte das águas, e deitou sal nela, e disse: Eis
aqui o que diz o Senhor: Eu sarei estas águas, e elas não causarão mais nem
morte, nem esterilidade. Tornaram-se pois sadias as águas até ao dia de hoje
conforme a palavra que disse Eliseu” (IV
Rs 2, 19-22)
“Os
magnates enviaram os seus inferiores por água: foram a tirá-la, não acharam
água, voltaram com os seus cântaros vazios: confundiram-se e afligiram-se e
cobriram as suas cabeças. Pela desolação da terra, porque não veio chuva sobre
a terra, se confundiram os lavradores, cobriram as suas cabeças”. (Jer 14,
3-4). “... e a terceira parte das águas se converteu em absinto, e muitos
homens morreram das águas, porque elas se tornaram amargas.”(Apoc 8, 11).
Águas
da contradição:
Nome
dado para lembrar o lugar onde o povo eleito se revoltou e murmurou contra
Deus, após Moisés haver batido com o cajado no rochedo e a água não haver
brotado de imediato: “Esta é a água da contradição, onde os filhos de Israel
murmuraram contra o Senhor, e onde o Senhor foi santificado no meio deles” (Num
20, 13). Por causa disso, tanto Moisés quanto os “anciãos do povo” não entraram
na terra prometida, mas morreram todos antes: “...porque vós prevaricastes
contra mim no meio dos filhos de Israel nas águas da contradição em Cades, do
deserto de Sin: e não me santificastes entre os filhos de Israel. Tu verás
defronte de ti a terra que eu hei de dar aos filhos de Israel, e não entrarás
nela” (Dt 32, 51). Quando Deus diz assim
“tu verás diante de ti a terra que eu hei de dar...”, significa que era fácil
identificar a terra prometida antes de entrar nela, talvez pela exuberância e
riqueza de seu solo, como havia sido dito em várias passagens anteriores da
Sagrada Escritura.
Mulheres
vão em busca de água:
Em
geral eram as mulheres, e não os homens, que buscavam água pra beber nas
fontes. São Marcos dá ênfase ao fato de Jesus haver dito que um homem levaria
água para a Santa Ceia: “... e lá vos sairá ao encontro um homem que levará uma
bilha de água: ide atrás dele...” (Mc 14, 13), pois isso não era comum, mas não
indica que ele tinha ido á fonte pegar aquela água ou se a trazia de sua casa.
O costume era que as mulheres fossem ás fontes buscar água, como narra o
episódio da Samaritana (Jo 4, 7-8): “Veio uma mulher de Samaria a tirar
água...”
Deus
é fonte de água viva:
“Porque
dois males fez o meu povo: Deixaram-me , fonte de água viva, e cavaram para si
cisternas rotas, que não podem reter as águas” (Jer 2, 13).
“Senhor,
tu és a esperança de Israel! Todos os que te deixam, serão confundidos: os que
se apartam de ti, serão escritos sobre a terra: porque deixaram o Senhor, que é
a fonte das águas vivas” (Jer 17, 13).
“Se
tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber: tu
certamente lhe pedirás, e ele te daria a ti da água viva” (Jo 10, 11).
“Todo
aquele que bebe desta água tornará a ter sede; mas o que beber da água que eu
lhe dar, nunca jamais terá sede. Mas a
água que eu lhe der virá a ser nele uma fonte de água, que salte para a vida
eterna” (Jo 4, 13-14).
"Se alguém tem sede, venha a mim
e beba. O que crê em mim, como diz a Escritura, do seu ventre correrão rios de
água viva". (Jo 7, 38). “...porque
o Cordeiro, que está no meio do trono, os guardará, e os levará às fontes das
águas da vida, e enxugará Deus toda a lágrima dos olhos deles” (Apoc 7, 17).
“De
Vós tem sede a minha alma, por Vós desfalece a minha carne; Como a terra árida,
esgotada e sem água”(Sl 62, 2).
“Eis
aqui vêm os dias, diz o Senhor: e enviarei fome sobre a terra: não a fome de
pão, nem a sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor. Eles se comoverão
desde um mar até outro mar, e desde o aquilão até ao oriente, eles andarão por
toda a parte buscando a palavra do Senhor, e não a acharão”(Am 8, 11-12).
Água
batismal
É
a água benta solenemente no Sábado Santo e na vigília de Pentecostes, em todas
as igrejas que tenham pia batismal, consistindo numa série de orações , cantos
e bênçãos, incluindo a imersão do círio
pascal e a mistura da água com os óleos santos abençoados pelos bispos em todas
as catedrais na Quinta-Feira Santa. Há no Ritual uma fórmula abreviada para
essa bênção quando feita fora dos dias assinalados.
Água
Benta
Trata-se
da água benta pelo celebrante durante os ofícios do Sábado Santo, ou quando for
necessário, de preferência antes da missa principal aos domingos. Tem sido
usada na Igreja desde o século IV, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Usa-se
também como sacramental antes da Missa dominical de preceito; ao entrar e sair
da igreja e em quase todas as bênçãos de pessoas, lugares e objetos de uso
pessoal ou coletivo. A Igreja usa também a água benta como exorcismo, em nome
da Santíssima Trindade, subtraindo-a ao poder do demônio e invoca sobre ela o
poder para lançar fora ou dominar, pela presença do Espírito Santo, a
influência dos demônios. Mistura-se também com a água benta o sal exorcizado
para significar a preservação do pecado. O uso piedoso da água benta, como os
demais sacramentais, traz benefícios aos que a usam, quer pela bênção da
Igreja, quer pela fé e piedade que inspira.
Para que serve a água benta?
Há
várias formas de usá-la. A mais comum é persignar-se com ela. Outra é
aspergi-la sobre si mesmo, sobre outras pessoas, lugares ou objetos.
Qualquer leigo ou leiga pode fazer isto. Naturalmente, quando feito por um
sacerdote tem mais peso.Seu efeito mais importante é afastar o demônio. Este
“ronda em torno de nós como o leão que ruge”, procurando fazer- nos toda
espécie de mal, como nos adverte São Pedro (I Ped 5,8). Os espíritos malignos,
cujas misteriosas e sinistras operações afetam às vezes até as atividades
físicas do homem, querem, antes de tudo, induzir-nos ao pecado grave, que
conduz ao inferno. Para isto empregam todos os recursos. Às vezes, por exemplo,
provocam em nós um sem número de incômodos físicos ou psicológicos.
Outras
vezes provocam pequenos incidentes, em nosso dia-a-dia, criam atrapalhações que
parecem ter causas meramente naturais.Por exemplo, na hora de cumprir um dever,
a pessoa sente um inexplicável mal-estar, um inesperado desânimo, uma estranha
dor de cabeça… Em certas oportunidades, sem qualquer motivo, o marido fica repentinamente
irritado contra a esposa, ou vice-versa, daí surge uma discussão e se quebra a
paz do lar. Ou, então, o pai ou a mãe deixa-se levar por um movimento de
impaciência e repreende duramente o filho, em vez de admoestá-lo com doçura. O
filho se revolta, sai de casa. Está criado um problema! Tudo isso pode ser
evitado afugentando o demônio com um simples sinal-da-cruz, feito com água
benta. Quando você sentir uma irritação estranha, faça essa experiência, e
preste atenção no efeito salutar que produz! Logo lhe voltará a serenidade.
Além
do mais, a água benta é um sacramental que nos alcança o perdão dos pecados
veniais, pode livrar-nos de acidentes (trânsito, assaltos, quedas), e ajuda até
a curar doenças. O conhecido livro “Tesouro de Exemplos” conta que uma criança
gravemente enferma ficou imediatamente curada ao receber a bênção de São João
Crisóstomo com água benta.A água benta, como todo sacramental, leva-nos a
invocar, nas diversas circunstâncias do dia, o socorro do Divino Espírito
Santo, para o bem de nossa alma e de nosso corpo.
Outro
benefício muito interessante e pouco conhecido: ela pode ser usada eficazmente
em proveito de pessoas que se acham distantes de nós. E mais, cada vez que a
utilizamos para fazer o sinal-da-cruz, na intenção das almas do purgatório,
elas são aliviadas dos seus sofrimentos.
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