segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O DESCANSO DIVINO

Descanso – No Gênesis está escrito que Deus ao concluir o Universo, descansou (Gên 2, 3). Quer dizer, foi dormir? Não, vendo que sua obra era boa passou a desfrutá-la, gozar dela. Na linguagem corriqueira descansar é livrar-se do cansaço, da fadiga do trabalho, etc, ou então, deixar de ter preocupações, esquecer-se dos problemas e repousar a mente e o pensamento, obter tranqüilidade. Também quando a pessoa morre diz que “descansou no Senhor” ou obteve o “descanso eterno”. Há, contudo, um sentido mais profundo, o qual explica o que diz o Gênesis ao falar do “descanso” divino. São Paulo condena acerbamente os hebreus porque não ouviram as palavras divinas e, por isso, perderam o direito do “descanso”: Para penetrar no Significado de “descanso”, precisamos fazer as seguintes indagações: o que é o verdadeiro descanso? Em que lugar se descansa? O lugar melhor para o descanso são as moradas, ou as interiores ou as celestes; e o verdadeiro descanso é a paz de espírito. Disse o Apóstolo: “Temamos, pois que, desprezando a promessa (de Deus) de entrar no seu descanso, haja algum dentre vós que dele seja excluído. Da mesma forma que eles (israelitas), também nós recebemos a boa nova; porém a palavra que eles ouviram, não lhes aproveitou, por não ser acompanhada da fé por parte daqueles que a tinham ouvido. Porém, nós, que cremos, entraremos no descanso (do céu), segundo disse: “Como jurei na minha ira, não entrarão no meu descanso”; e com certeza, concluídas as suas obras depois da criação do mundo. Com efeito, em certo lugar falou assim do sétimo dia: “E Deus descansou no sétimo dia de todas as suas obras”. E outra vez: “Não entrarão no meu descanso”. Como, pois, resta que alguns entrem nele, e que aqueles, a quem primeiro foi anunciada a boa nova, não entraram por causa de sua incredulidade, fixa de novo certo dia falando de hoje, dizendo por meio de Davi, tanto tempo depois, como acima foi dito: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não queirais endurecer os vossos corações”. De fato, se Josué lhes tivesse dado o descanso, (Deus) não falaria, depois disso, de outro dia. Resta portanto um sabatismo para o povo de Deus. Realmente aquele que entrou no seu descanso, também descansou das suas obras, como Deus das suas” (Heb 4, 1-10). São Paulo refere-se ao Salmo 94-8 e 11, quando disse “Hoje, dizendo por meio de Davi”, que reza assim: “Se hoje ouvirdes a sua voz, não queirais endurecer os vossos corações”; e “Não conheceram os meus caminhos; pelo que jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso”. Continua São Paulo: “Apressemo-nos, pois, a entrar naquele descanso, para que ninguém caia em tal exemplo de incredulidade. Porque a palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que toda a espada de dois gumes; chega até à separação da alma e do espírito, das junturas e das medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Não há nenhuma criatura invisível na sua presença mas todas as coisas estão a nu e a descoberto, aos olhos daquele de quem falamos” (Heb 4, 11-13). Entrar no descanso de Deus, enquanto estamos vivos, Significa simplesmente penetrar nas moradas interiores. Para tanto, basta ouvir a Palavra de Deus, que, no caso, pode ser manifestada de várias formas, sendo a mais importante aquela que ressoa no interior de nossos corações. É tão forte esta palavra que São Paulo diz que é mais cortante do que uma espada de dois gumes, chegando até àquele lugar da “separação da alma e do espírito”, quer dizer, a região interior do homem que une corpo e alma, onde encontram-se alguns atributos como a “luz primordial”, a “luz do entendimento” , o “sacrário da alma”, o “templo de Deus”, etc.

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