Notem que São João
Vianney não tem “apenas” o título de santo ou intercessor. O Papa Pio XI,
quando o canonizou, instituiu-o como modelo de todos os párocos do mundo.
Portanto, o que São João Vianney diz é modelo para os outros dizerem coisas
análogas. E o que fez é modelo para outros fazerem. Vamos ler suas palavras que
são modelo para as pregações sacerdotais.
Trechos do
Catecismo sobre a Impureza, escrito por São João Batista Vianney:
“Há almas que são
tão mortas, tão apodrecidas que marasmam na sua infecção sem o perceber, e não
podem mais se desvencilhar dela; tudo as leva ao mal, tudo lhes lembra o mal;
mesmo as coisas mais santas. Elas têm sempre essas abominações diante dos
olhos, semelhantes ao animal imundo que se habitua à porcaria e se agrada nela,
que se rola nela, que nela dorme, que ronca sujice. Essas pessoas são objeto de
horror aos olhos de Deus e dos santos Anjos”.
“Ó, meus filhos! Se
não houvesse algumas almas puras para indenizar Deus e desarmar sua justiça,
haveríeis de ver como seríamos punidos. Só em ver uma pessoa, reconhece-se se
ela é pura. Há nos olhos um ar de candura e de modéstia que leva a Deus. Vê-se
em outras, ao contrário, que têm um ar todo inflamado. Satanás põe-se-lhes nos
olhos para fazer cair os outros e arrastá-los ao mal”.
Os senhores estão
vendo que é uma exposição soberba do que é a impureza, dos seus efeitos na
alma, de como Deus a vê e acaba com essa frase magnífica a respeito do papel de
Satanás. Satanás está posto nos olhos do impuro, para olhar os outros e levá-los
para o mal. O olhar do impuro contamina com sua impureza.
Qual impuro? Não é
qualquer impuro, mas esse impuro que está no marasmo, que afundou, que não sai
mais, que não muda mais, que está completamente liquidado pela impureza. Esse
impuro se torna então um habitáculo de Satanás.
Os senhores vêem
nesse trecho a força dessa pregação. Imaginem que, se de todos os púlpitos da
Cristandade, se ouvissem afirmações dessas... eu lhes pergunto se a impureza
não recuaria enormemente. O que aconteceria com as modas imorais se se falassem
coisas dessas? Porque uma pessoa do sexo feminino que tem o hábito de usar
mini-saia, está inteiramente nesse caso. Pode comungar quinze vezes por dia,
que não escapa.
Se todos os
pregadores dissessem isso, como o mundo estaria diferente. Então, por que o
mundo não é como deveria ser? Antes de tudo, porque os pregadores não pregam o
que deveriam pregar. E por que não pregam o que deveriam pregar? Porque não são
o que deveriam ser. Temos que nos colocar francamente nessa posição.
Por que eu estou
repetindo isso, que nós sabemos tão bem? É para mostrar – sempre insisto nesse
ponto e nunca será suficiente insistir – que não se trata de um conflito entre
uma opinião nossa e a opinião de pregadores. Trata-se de um conflito entre
vinte séculos de ensinamento da Igreja, vinte séculos de pregação da moral
verdadeira e da prática da moral verdadeira pelos santos, de canonizações
contínuas de modelos exímios de santidade, que protestam contra o que hoje se
passa.
Então, na nossa
tomada de posição, não há uma opinião individual que se levanta contra a
opinião de uma instituição, mas há a fidelidade a esses vinte séculos que se
prolongam pela noite dos dias de hoje. Há a fidelidade ao legado dos santos, ao
legado dos mártires, dos Papas, ao legado dos pastores; ao legado, enfim, de
tudo quanto é a Esposa Mística de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Igreja
Católica. E é em nome disso e por fidelidade a isso, que protestamos. A nossa
luta não é de indivíduos contra indivíduos, mas é uma luta da fidelidade contra
a infidelidade.
Essas palavras do
Santo Cura d’Ars exprimem bem isso e é por tal motivo que estou repetindo. Eu
quero que os senhores apalpem com a mão, que os senhores tomem – para usar uma
palavra de hoje – a vivência de que isso não é apenas uma opinião de A, de B ou
de C, ou minha, mas que é muito mais do que isso: é a fidelidade a vinte
séculos de história da Igreja Católica. Isso é o que me parece fundamental para
dizer aqui.
(Santo do Dia, 08 de agosto de 1966)
Nenhum comentário:
Postar um comentário