sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O SENADO E SUAS REMOTAS ORIGENS





A expressão “senado” tornou-se mais conhecida quando da criação de tal elite de notáveis pelos romanos, em torno do século VI a.C. O termo vem do latim “senatus”, que significa “conselho de anciãos”. Era a mais remota assembléia política da antiga Roma, copiada talvez do que ocorria nos povos antigos que tinham tais conselhos em seus reinos. Essa prática era comum nos povos do Mediterrâneo, que procuravam às vezes imitar uns aos outros em costumes, leis e regimes políticos, embora de formas precárias.
O senado tenha surgido pela primeira vez na História com Moisés (século XV a.C.) ao criar o conselho de “anciãos do povo”, composto de 70 notáveis figuras escolhidas pelo próprio Moisés e sob inspiração divina:

“O Senhor disse a Moisés: junta-me setenta homens entre os anciãos de Israel, que tu souberes serem anciãos do povo e mestres; e os conduzirás à porta do tabernáculo da aliança, e ali os fará esperar contigo, para que eu desça e te fale, e tome do teu Espírito e lho darei a eles para que sustentem contigo o peso do povo, e não sejas tu só o agravado. (Num 11, 16-17). 
Mas, Moisés não foi pioneiro mundial somente na criação do Senado, mas também na descentralização do poder, delegando a assessores vários encargos que vinha assumindo.  Antes disso, e após ser recebido com alegria por Moisés, seu sogro Jetro lhe deu os seguintes conselhos:

Sê mediador do povo naquelas coisas que dizem respeito a Deus, para lhes expores os pedidos que lhe são dirigidos, e para ensinares ao povo as cerimônias e o modo de honrar a Deus, o caminho por onde devem andar e as obras que devem fazer. Mas escolhe entre todo o povo homens capazes e tementes a Deus, nos quais haja verdade e que aborreçam a avareza; faze deles tribunos, centuriões e chefes de cinqüenta, e de dez homens, os quais julguem o povo em todo o tempo, e te dêem conta das coisas mais graves”.(Ex 18, 19-23)

Quer dizer, Moisés deveria dividir sua regência em duas partes: numa delas ocuparia o cargo de co-regente de Deus, aplicando suas ordens e suas leis; “Sê mediador do povo naquelas coisas que dizem respeito a Deus”. E na outra transmitiria a auxiliares vários encargos de regência, como a seguir passa a enumerar Jetro. Estava sendo posto em prática o sistema de regência participativa, através dos co-regentes. Alguns historiadores creditam aos romanos o pioneirismo na técnica de criar grupos de homens chamados decúrias (dez), centúrias (cem) ou milícias (mil), para mais facilmente serem conduzidos em suas guerras, mas na realidade o pioneiro foi Moisés sob orientação de Jetro. A novidade dos romanos foi a legião, composta de seis milícias. E concluía Jetro: “Desta sorte o peso que te oprime será mais leve, sendo repartido com outros
Prontamente Moisés seguiu os conselhos de seu sogro. Voltando-se para o povo disse-lhes:

Eu só não posso reger-vos, porque o Senhor vosso Deus vos multiplicou, e sois hoje tão numerosos como as estrelas do céu... Eu só não posso atender aos vossos negócios, trabalhos e questões. Dai-me dentre vós homens sábios e experimentados, e de vida provada nas vossas tribos, para que eu os constitua vossos chefes...E eu tomei das vossas tribos homens sábios e nobres, e constituí príncipes, tribunos e chefes de cem, de cinqüenta e de dez que vos instruíssem em todas as coisas...”(Deut. 1, 10-15).

Era estabelecida uma forma inédita de reger os homens, a qual era desconhecida pelos egípcios, onde Moisés tinha crescido e aprendido todas as ciências da época. Esta forma de reger só foi posta em prática após Moisés receber de Deus os 10 Mandamentos, pois o conhecimento da Lei era necessário para que os homens se tornassem co-regentes da vontade divina. Portanto, tratava-se de algo inspirado por Deus.













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