(Extraídos do livro ―”Tesouro de Exemplos”, do padre Francisco Alves, C.SS.R., - Editora Vozes, 1958)
1. A
estatuazinha de São José
Dois carroceiros estavam carregando suas
carroças com os escombros de um casarão que fora demolido. Eram bons e
honrados, mas, em matéria de religião, completamente indiferentes e ignorantes.
De repente um eles tirou com sua pá do montão de entulho uma estatuazinha de
São José.
- Toma – disse ao seu companheiro – um
deusinho...
- Não o quebres: isto te traria má sorte.
- Tu crês em contos de avozinhas?
- É melhor que mo dês, pois, embora não sendo
muito de igreja, prefiro levar um santinho para minha casa a atirá-lo no carro.
Isso me sairia mal depois.
- Tens razão, replicou o outro, lembrando-se
talvez do tempo de sua primeira comunhão: é melhor levá-lo...
Passaram-se anos. O carroceiro era já um
velho inválido, estendido num leito de madeira carcomida. No quarto, duas
cadeiras desconjuntadas, uma mesinha cambaleante e uns pedaços de cobertores.
Acabava seus dias na miséria. A seu lado uma netinha de treze anos...
- Vovô, o Sr. quer, eu vou chamar o padre que
nos dá catecismo; ele é muito bom.
- Não, filha, ainda não estou tão mal...
É sempre assim. Os pobrezinhos nunca julgam
estar muito mal. Mas S. José cuidou dele.
- Mariazinha, traga a estátua de S. José que
está ali... ela quer me falar... eu a ouço...
- Pobre vovô, a febre devora-o...
Põe-lhe nas mãos a imagem de São José e
põe-se a chorar. Parece-lhe chegado o momento de insistir:
- Vovozinho, o Sr. quer falar com o vigário?
Ele é tão bom, o Sr. o conhece...
- Falar? Falar é coisa muito vaga; diga-lhe
que quero confessar-me, ouviu?
- Obrigada, meu S. José. Salvais a quem vos
respeitou; obrigada, obrigada, dizia a menina, correndo em busca do padre.
Reconciliado com Deus, e beijando a estatuazinha, dizia às pessoas presentes:
- Não vos esqueçais de Deus, dos deveres
religiosos, da missa aos domingos. Eu não fazia nada disso e estou arrependido.
S. José me salvou. Alguns dias depois o velho carroceiro morria santamente
abraçado á estatuazinha do seu grande benfeitor S. José. (Págs. 73/74)
2. A
pomba mensageira de São José
Há acontecimentos que parecem novelas: que os
nossos leitores tomem-nos a seu gosto. A família do Sr. B... sua esposa e uma
filha, Josefina, de 20 anos, havia gozado em N. uma bela fortuna; mas, a
enfermidade do pai e alguns maus negócios a havia obrigado a viver só do
trabalho da filha. A moça era inteligente, enérgica, alegre e, o que é mais,
piedosa. Um dia, porém, voltou para casa com uma notícia triste: não quiseram
pagar-lhe as costuras, e comunicaram-lhe que, por algumas semanas, não haveria
trabalho. Que fazer? Que comer? Mas ela não desanima; confia, não nos homens,
mas no paternal auxílio de seu poderoso patrono S. José, cuja festa será
celebrada no dia seguinte. Senta-se, escreve num papelzinho a sua situação
penosa e abrindo uma gaiola onde tem uma pombinha mansa, ata-lhe debaixo da asa
a sua missiva e, beijando-a, solta-a dizendo:
- Vai querida, aonde te guia S. José a fim de
que encontres pão para nós e para ti. Passada meia hora, se muito, eis que se
apresenta à entrada da casa um moço que pede para falar com Josefina;
acompanhava-o um criado com pesado embrulho. Diante da família admirada conta
que, sendo devoto de S. José, lhe prometera atender o primeiro pedido de
auxílio que se apresentasse. Ora, apenas fizera a sua promessa, entrou pela sua
janela uma pombinha em cuja asa viu um papelzinho e a petição a S. José.
- Estou, disse, montando uma oficina de
costura e já que Josefina procura trabalho, aqui lhe trago algum e, por ser a
primeira vez, pago-lhe adiantado. No volume achava-se discretamente envolvida
uma nota de Cr$ 100,00. Os três infelizes não puderam deixar de exclamar cheios
de admiração:
- Como S. José é bom! Obrigado, Santo
bendito! Era a abundância, após a miséria mais atroz. Mas não parou aí a
liberalidade de S. José. Como Josefina teve de ir com freqüência à oficina,
logo chamaram a atenção seus finos modos, sua habilidade no trabalho e a fina
educação que recebera. Entrou em relações com a família de seu chefe, que logo
encontrou boa colocação para o pai de Josefina, melhorando assim a situação do
lar. Não sabemos se Josefina se dirigiu a S. José, como fazem muitas moças,
para arranjar um bom esposo; o certo é que o encontrou na pessoa de seu chefe e
protetor. Na sala de sua casa vê-se em lugar de honra uma estátua de S. José e
debaixo dela uma pombinha de ouro com o letreiro: ―A mensagem de São José. (Págs.
74/75).
3. São
José chama o padre para uma doente
Certo dia, apresentou-se na casa paroquial um
ancião desconhecido, pedindo ao padre que fosse socorrer uma agonizante. Ele
mesmo o acompanharia até á casa. Como a rua era de má fama e a noite se
aproximava, o padre desconfiou de alguma cilada, mas o ancião insistiu:
- É preciso que o senhor vá logo, porque se
trata de administrar os sacramentos a uma velha que está nas últimas. Partiu o
padre levando o Santíssimo e os Santos Óleos. A noite era glacial, mas o velho
parecia não senti-lo; ia adiante até chegar a uma casa de péssima reputação;
teve o padre um momento de vacilação e temor, mas o ancião animou-o dizendo:
- Eu o esperarei aqui. Bateu o padre à porta
repetidas vezes e, como não abrissem, o ancião deu umas pancadas esquisitas e a
porta abriu-se imediatamente.
- O Sr. entre, suba a escada, abra a porta do
fundo do corredor e encontrará a agonizante. Disse essas palavras com tal força
e autoridade que o padre não vacilou mais. Encontrou estendida numa cama
miserável uma mulher abandonada que repetia a gritos:
- Um padre! Um padre! Deixar-me-eis morrer
sem padre?...
- Filha, aqui estou, sou o padre que a Sra.
Chama. Um ancião foi buscar-me... Ela não queria acreditar.
- Não, nesta casa não há ninguém que queira
ir em busca de padre e não conheço tal ancião.
Afinal, convencida, acusou os pecados de sua
longa vida de pecadora e com tanta dor e arrependimento o fez que o padre se
admirou de encontrar tais sentimentos numa pessoa há tanto anos afastada de Deus.
Arrumou o padre a mesinha e acendeu as velas para o viático e a extrema-unção.
Nesse ínterim várias pessoas entraram e saíram, parecendo não notar a presença
do padre. Depois de administrar-lhe todos os sacramentos, perguntou-lhe o padre
se havia conservado alguma prática religiosa que lhe mereceu tal benefício em
tão grande necessidade.
- Nenhuma, disse, a não ser uma oraçãozinha
que rezava todos os dias a S. José para que me concedesse uma boa morte.
Consolado, o padre assistiu ao último suspiro
da convertida. Nem à porta nem no caminho encontrou o ancião, e ficou
convencido de que não era outro senão o misericordioso patrono da boa morte, o
glorioso S. José. (págs. 75/76)
4. São
José e as crianças
a) Nas horas em que não havia ninguém na
igreja, notou o irmão sacristão que um menino de cinco anos vinha passar longo
tempo do altar de S. José. Ora encostado à grade, ora de joelhos e ora
assentado, ali permanecia horas olhando para o Santo. O bom Irmão sentiu-se
impelido a fazer esta breve invocação:
- Ó bom S. José, ouvi a oração desse
pequenino, não lhe recuseis a graça que vos pede com tanta piedade e inocência!
O pobrezinho rezava pela conversão do pai...
- Amiguinho, disse-lhe o sacristão, se você
quer dirigir a S. José uma bela oração, diga: ―S. José, rogai por nós
Tomou-o ao pé da letra o menino e, trocando
de oração, começou a ir e vir diante do Santo e, ajoelhando-se, dizia:
―S. José, rogai por nós; S. José, rogai por
nós!
Nisso se ocupava quando chegou sua mãe para
buscá-lo. Teve que sair. Duas horas depois, o papai, que havia doze anos não se
confessava, entrou na igreja para reconciliar-se com Deus
b) Um menino da Diocese de Montpellier
contava assim um favor que alcançara de São José:
―Quando brincava na esquina de uma rua, fui
atropelado por um carro que me esmagou contra uma parede; meu corpo tornou-se
uma massa informe. O médico não dava nenhuma esperança. Meus pais apressaram-se
a chamar um padre para me dar a extrema-unção. Uma religiosa amiga, muito
devota de S. José, enviou-me um cordão bento do Santo. Pedia-me que me
encomendasse a Ele com fé e confiança. Assim o fiz. Dormi logo depois e tive um
sonho muito esquisito. Parecia-me estar vendo S. José, que garantia a minha
cura. Anunciou-me, além disso, que eu seria padre. Despertei alegre e contei a
visão à minha mãe. O sonho realizou-se. Até esta data estou bom e são... e não
penso senão em ser sacerdote...(págs. 76/77).
5.
Padroeiro da boa morte
―São José teve a felicidade de morrer nos
braços de Jesus e de Maria, e não pode deixar de vir com eles, visível ou
invisivelmente, para receber seus devotos. Num paróquia de Lyon (França) vivia
um piedoso ancião, muito devoto de S. José, que não cessou durante cinqüenta
anos de pedir-lhe a graça de uma boa morte. Para isso rezava, pela manhã e à
noite, fervorosas orações, jejuava e fazia alguma esmola todas as
quartas-feiras. Para ele, o dia da festa de S. José (19 de março) era o mais
belo do ano. A 15 de março de 1859, na idade de 86 anos, caiu doente. Pediu
imediatamente os santos sacramentos e recebeu-os com uma fé que comoveu a todos
os assistentes. A 19 de março mandou celebrar uma santa missa e pediu que lhe
rezassem as orações dos agonizantes. O sacerdote estava a terminar a
consagração, quando o doente, erguendo os olhos ao céu, cruzando os braços,
pronunciou distintamente os santíssimos nome de Jesus, Maria e José, e exalou
suavemente o último suspiro. Sua alma voou para o céu precisamente no momento
em que o sacerdote, no Memento, ia pedir a Deus que recebesse as almas dos fiéis
no lugar do refrigério, da luz e da paz eterna‖. (págs.. 77/78)
6.
Recuperou a vista
―Em Vinovo, aldeia pouco distante de Turim,
na Itália, uma moça chamada Maria Satardero teve a desgraça de perder
totalmente a vista. Desejando recuperá-la, fez uma visita a S. João Bosco, que
então construía, com as esmolas do povo de Turim, a magnífica igreja de Maria
Auxiliadora. A moça, depois de ter rezado diante da imagem de Nossa Senhora,
falou com S. João Bosco, que lhe perguntou:
- Faz muito tempo que perdeu a vista?
- Sim, muito; faz um ano que não vejo nada.
- Tens consultado os médicos?
- Ah, padre, já não sabem o que receitar-me.
- Distingues os objetos grandes ou pequenos?
- Não; como disse, não vejo nem pouco nem
muito.
- Mas não vês a luz desta janela?
- Não, senhor; nada.
- Queres recuperar a vista?
- Sr. padre, sou pobre e preciso dela para
ganhar a vida.
- Servir-te-ás da vista para proveito de tua
alma e não para ofender a Deus?
- Prometo-o sinceramente.
- Confia, pois, em Nossa Senhora e S. José.
E, em tom solene, D. Bosco acrescentou:
- Para a glória de Deus, da SS Virgem Maria e
de S. José, dize: o que tenho na mão? A moça abre os olhos, que antes não viam
nada, e diz:
- Uma medalha, de Nossa Senhora.
- E isto, o que é?
- Um ancião com a vara florida; é S. José.
Estava operado o milagre. Pode-se imaginar a
alegria da moça e de seus pobres pais!... (págs. 78/79)
7. Um
lobo que se torna cordeiro
Estava no hospital uma infeliz mulher que, há
vinte e dois anos, abandonara sua família para se entregar aos vícios mais
vergonhosos. Fora, enfim, internada naquela casa pela polícia. A vida que
levara, de tal modo a embrutecera que parecia louca; e o médico, não
descobrindo nela nenhuma doença, queria despedi-la do hospital para que não
perturbasse os verdadeiros enfermos. Pediram-lhe as religiosas que a deixasse
alguns dias ainda, enquanto recorriam a S. José. Bem inspiradas, vestiram-na
com o hábito e com o cordão de S. José e puseram-se a pedir com fervor que ele
tivesse compaixão daquela pobre alma.
O auxílio de S. José não se fez esperar.
Poucos dias depois a mulher recobrou a paz, confessou-se com muita dor e
arrependimento. Era um verdadeiro lobo e tornou-se tão manso cordeiro que pediu
a seu protetor lhe alcançasse antes a morte que voltar à vida de pecado.
Atendeu o Santo a tão pios desejos, vindo a convertida a falecer com os mais
sinceros sentimentos de dor. Antes da morte pediu humildemente perdão a todos
os que escandalizara com seus vícios‖ (pág. 79).
8.
Padroeiro dos impossíveis
Jazia em seu leito de agonia um infeliz
apodrecido de vícios, sem o menor remorso, zombando de Deus e desprezando todos
os auxílios da religião para a hora suprema. Vendo-o zombar, com riso satânico,
de seus esforços para salvar-lhe a alma, resolveram seus parentes recorrer a
São José. Este grande Santo havia de fazer com que o misericordioso Coração de
Jesus se compadecesse daquele infeliz. Era o mês de março. O sacerdote, os
parentes e amigos dirigiram ao Padroeiro da boa morte fervorosas súplicas.
Maravilhoso o poder da oração! Naquela manhã
de 19 de março, festa de São José, o próprio doente pediu a confissão e fez
questão que chamassem o padre de quem mais zombara até então. Confessou-se com
o mais sincero arrependimento e, pouco depois, faleceu... (págs. 79/80)
9. O
viajante e São José
Foi a 18 de março de 1888. Viajava um
sacerdote no trem de Mogúncia a Colônia, quando, ao passar por Bonn, notou que
seu vizinho se persignou, juntou as mãos e se pôs a rezar.
- Amanhã é festa de São José!... talvez que
seja seu patrono, disse o padre.
- Não, Sr., mas minha esposa chama-se
Josefina... e gostaria de estar amanhã em sua companhia. Tenho, porém, outro
motivo de dar graças; e, se interessar ao senhor, contar-lhe-ei a minha
história, pois um sacerdote a entenderá.
- Certamente.
- Quando menino, recebi de minha boa mãe uma
educação piedosa. Infelizmente, bem cedo morreu minha mãe; meu pai não se
ocupou de minha educação religiosa e logo abandonei todas as práticas de
piedade. Encontrei, mais tarde, uma jovem excelente e, desejando fazê-la minha
esposa, fingi sentimentos religiosos que não possuía. Uma vez casados, quase
morreu de pesar, quando lhe abri meu coração e me pus a zombar de suas
devoções. Há cinco anos, na sua festa onomástica, fiz-lhe um rico presente, mas
ela, quase receosa, me disse:
- Há outro presente que me faria mais feliz.
- Qual?
- A tua alma, querido, respondeu entre
soluços.
- Pede-me o que quiseres: eu o farei.
- Vem comigo amanhã, dia de São José, à
Igreja de N. N. Haverá sermão e bênção.
- Se for só isso, podes enxugar tuas
lágrimas, que te acompanharei. A igreja estava repleta; o pregador, muito moço,
deixou-me frio e indiferente; contudo disse uma coisa que me impressionou:
―Jamais invocou alguém a proteção de São José
sem que sentisse o seu auxílio. Tende firme confiança de que correrá em socorro
de todo aquele que o invocar na hora do perigo, ainda que seja pecador ou mesmo
incrédulo
Ao sairmos da igreja, disse-me minha esposa:
- Meu amigo, muitas vezes estarás em perigo
em tuas viagens; prometes-me que, chegando o caso, dirás esta breve oração:
―São José, rogai a vosso divino Filho por mim
- Assim o farei; não é nada difícil.
Pouco depois, viajava por este mesmo lugar em
que nos encontramos; éramos sete no compartimento. De repente, um apito de
alarma e já um formidável choque nos atirava pelos ares. Não tive tempo de
dizer mais que: ―São José, socorro! Tudo foi coisa de um instante. Ao voltar a
mim, vi meus companheiros horrivelmente despedaçados e mortos. Eu sofrera
apenas leves contusões. Desde aquele dia retomei as práticas religiosas e
repito, sempre com grande confiança: ―São José, socorrei-me! (págs. 80/81)
10. São
José e o primeiro asilado
Em 1863 chegava a Barcelona um grupo de
Irmãzinhas dos Pobres para fazer a sua primeira fundação na Espanha. Foram
muito bem recebidas pelos catalães, que precisavam não pouco de um asilo para
tantos infelizes velhos abandonados que costuma haver nas grandes capitais. O
Asilo foi, como de costume, colocado sob a proteção de São José, a quem chamam
as Irmãs de Procurador da Casa. No começo, por falta de local, admitiam somente
mulheres velhas. Mas, eis que São José, um belo dia, lhes traz o primeiro
velho. Era um homem de 80 anos que se apresentou, dizendo à Irmã:
- Venho aqui para internar-me.
- É impossível, replicou a Superiora; ainda
não podemos receber nenhum homem.
- Seja, mas não há remédio; ficarei assim
mesmo.
- Como se chama o Sr.?
- Chamo-me José.
- Este nome chamou a atenção das Irmãs; além
disso era dia consagrado a São José.
Não há remédio, recebê-lo-emos em nome de São
José. O velho não possuía mais que farrapos e estava coberto de insetos. Roupa
de homem não havia. A Superiora, chamando duas Irmãs, disse-lhes:
- Saiam as senhoras a procura de roupa,
enquanto vamos lavá-lo e penteá-lo. Durante este breve colóquio ouviu-se a
campainha da portaria: era uma senhora desconhecida que, entregando um
embrulho, se retirou sem nada dizer. Abriram e viram, com grande surpresa, que
era um traje completo para homem. O pobre velho chegou ao cúmulo da alegria;
não menos, porém, as Irmãs que compreenderam que São José as convidava a
ampliar seus planos de caridade. O Asilo cresceu tranqüila e constantemente e
dentro de poucos anos abrigava mais de duzentos velhos sem que lhes faltasse o
pão de cada dia, nem as carinhosas atenções das boas Irmãs. (pág. 82).
11.
Lenda sobre o poder de São José
Havia um homem, devoto de São José, que não
se preparou para a morte e, mesmo assim, quis entrar no céu. Mas São Pedro,
vendo-o chegar manchado, fechou-lhe a porta e deixou[1]o sentado no corno da
lua. Entretanto, não faltou quem fosse contar o caso a São José, o qual se
apresentou diante do trono de Deus para pedir graça para seu devoto. O Senhor
negou-lhe a graça. São José disse que era um devoto seu.
―Devoto que acende uma vela a ti e duas ao
demônio?...
São José, porém, decidido a vencer, disse:
- Se meu devoto não entrar no céu, eu me vou
embora.
- Pois, vai-te! – disse o Senhor.
São José, que não esperava essa resposta, de
chapéu na mão dirigia-se para a porta; mas, no meio do caminho, virou-se e
disse:
- Se eu for, não irei só; deve ir comigo
minha esposa.
- Pois que vá!
- Mas levando minha esposa, devo levar tudo
que lhe pertence...
- Pois leva tudo! – disse o Senhor.
- Tenho uma lista completa. – E São José, em
pé no meio do paraíso, começou a ler:
―Rainha dos Anjos!– E já todos os Anjos voam
para a porta. Rainha dos Patriarcas! e eles vão se enfileirando perto da porta;
Rainha dos Mártires! Vão também eles para a porta. E quando São José ia cantar:
Rainha de todos os Santos! Disse o senhor:
- Olha, José; corre, vai dar um banho no teu
devoto e, depois, fá-lo entrar no céu; porque, se me empenho em não deixá-lo
entrar, por justiça fico sozinho no céu! (págs. 259/260).
São
José não falha
Estrangeiro, quer me responder? Os
missionários do Verbo Divino, Pe. Goetz e o Irmão Gervásio tiveram uma
ocorrência na China, que escapa à compreensão humana. Irmão Gervásio tinha sido
acompanhante do cientista Dr. Filchner através do Tibete para a Índia. Certo
dia acompanhou o padre de Kaotai para atender uma doente nas montanhas do sul,
chamadas Montanhas do Tribunal. Foram três dias a cavalo. Percorridos mais de
200 km, estavam finalmente no lugar. A doente já havia morrido. Aborrecidos e
deprimidos, os missionários trataram de voltar. Haviam descido metade da região
montanhosa, quando, à beira da estrada, um moço os esperava e pediu para verem
a mãe dele. O jovem conduziu-os uns 10 a 15 km fora da estrada principal, a um
lugarejo. Numa casa de pau a pique, achava-se uma velhinha doente. Esta logo os
foi abordando com perguntas fora de série.
―Estrangeiro, quer me responder de verdade às
minhas perguntas?
―Sem dúvida, mãezinha! Que perguntas tem?
―Existe um Deus em três figuras? Existe na
outra vida um lugar de alegria para os bons, e um lugar de horror para os maus?
É certo que Deus veio a esta terra, para morrer pelos homens e lhes abrir o
lugar da felicidade? Estrangeiro, isso tudo é verdade? O padre confirmou tudo
cheio de admiração, perguntando a si próprio, donde a doente tinha estes
conhecimentos?
―Bem, o senhor traz água consigo? -
prosseguiu a anciã. Lava-me para que eu possa entrar no lugar da felicidade! Donde
sabia que o padre trazia água batismal? A forma decidida da doente tinha
qualquer coisa de infantil, ao mesmo tempo de muito bem pensado. Pe. Goetz
deu-lhe mais umas instruções e a batizou .Foi aí que a doente cheia de alegria,
exclamou ainda:
―O Senhor traz consigo também o pão. Não o
pão comum, mas é o próprio Deus. Dê-me do pão! O missionário efetivamente trazia
o Santíssimo sobre seu peito. A doente sabia isso também. Deu-lhe a santa
comunhão e a ungiu com o óleo dos enfermos, após tudo isso, disse-lhe:
―Até aqui a senhora me fez perguntas, agora
eu vou perguntar. Onde aprendeu as verdades da fé? Conviveu tempos atrás com
cristãos católicos ou evangélicos?
―Não, estrangeiro‖
―Leu então em livros cristãos?
―Nem sei ler estrangeiro, nem eu sabia que
podem existir livros assim.
―E
donde tem esses conhecimentos da fé?
―Eu só pensei que assim devia ser, e há uns
10 anos vivi sempre de acordo com isso. Também ensinei os meus filhos todos,
nessa convicção, assim pode lavá-los (batizá-los) a todos.
―E sabia que hoje nós iríamos passar por
aqui?
―Sim, com plena certeza. Tive um sonho e vi
um senhor mais velho. Ele me disse para mandar meu filho para a estrada e para
chamar os dois estrangeiros. Eles iriam me levar para um bom lugar para depois
da morte. Os missionários estavam perplexos e emocionados. A disposição cheia
de candura da velha doente em face da morte era tão simples que não deixava
margem nenhuma de dúvida. Para despedida, deram-lhe um santinho de São José, o
padroeiro dos agonizantes. Foi aí que a anciã irradiou de alegria deslumbrante:
―Este eu conheço. Ele me visitou. Esteve
várias vezes aqui. Foi ele que me mandou chamá-los na estrada. O que a velha
chinesa teve, fora sonho ou visão? Ela mesma não sabia fazer a distinção, e
para ela isso não tinha a mínima importância. O importante lhe era o quanto
dele aprendera. Os missionários tiveram muita, muita coisa para pensar com este
caso. Mais tarde ficaram sabendo que a dita mulher falecera na noite após o
batismo. ( Autor: A. M. Weigl - Edições Rosário - 1992 – Curitiba-PR
(Ludwig Lenzen) Pag. 202 a 204).
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