O desejo ou a busca
da felicidade é uma espécie de instinto colocado na alma do homem ao ser
criado, a fim de que, através dele, aspire a felicidade eterna, a beatitude
celeste, segundo declarou Santa Catarina de Gênova em seu tratado sobre o
purgatório: “Quando
Deus cria uma alma, da parte de Deus ela sai pura, simples, isenta de toda
mancha de pecado e dotada de um instinto que a impele para Deus, como seu
centro e beatitude. Mas o pecado
original debilita muito este instinto, e ainda mais o pecado atual”. Esse instinto é dependente do da
sociabilidade, pois ninguém pode ser feliz sozinho.
Filosofias sobre a
felicidade
Todo espírito pagão (ou o chamado “espírito
do mundo”) está mais ou menos alicerçado em alguns princípios filosóficos, os
quais podem ser resumidos nas escolas de pensamento da Grécia antiga ou da era
moderna. O tema central de tais filosofias é sempre a felicidade terrena do
homem. Eis os principais:
Estoicismo
- Escola filosófica criada por Zenão de Cítio
(320 a 240 a.C.). Ensinava em Atenas no pórtico Pecila (“stoá poldle”, ou
pórtico pintado, em grego), de onde originou o nome “estoicismo”. Por esta
filosofia o homem deve buscar a felicidade terrena suprema (chamada “ataraxia”)
no viver em harmonia com a natureza. O universo está impregnado de Deus e forma
com ele um único ser (panteísmo). A
“virtude” leva o homem a participar da
vida divina, que segue uma inexorável evolução. Conforme esta marcha e o acontecer
necessário das coisas, o homem deve aceitar, sem resistência, tudo o que vier a
lhe ocorrer na vida. O lema é “seguir a natureza”. O verdadeiro “sábio” da
filosofia estóica deve atingir a impassibilidade absoluta, suportando,
impávido, toda adversidade. A paz, a completa beatitude, está na indiferença
absoluta por todos os prazeres e por todas as dores. A moral estóica é o
sistema ético principal do paganismo. Uma de suas doutrinas é a fraternidade
universal. Atualmente, o budismo e a ioga seguem tais doutrinas de vida.
Epicurismo
– Epicuro
foi outro filósofo grego que viveu em Atenas por volta do ano 270 a. C. O
epicurismo recusa qualquer crença ou preocupação no sobrenatural, elegendo como
bem supremo o prazer, mas não como usufruto das sensações e sim na quietude
(apatia) da mente. Santo Agostinho assim exprobra esta filosofia: “Epicuro
teria recebido a palma se eu não acreditasse que, depois da morte, a alma vive
e leva os méritos consigo, o que Epicuro negava. E me indagava: se fôssemos
imortais e vivêssemos num perpétuo prazer do corpo, sem temor de perdê-lo, por
que não seríamos felizes? Que coisa mais seria preciso procurar? Eu não estava
percebendo que nisso consistia a minha miséria.
Imerso no vício e cego como estava, não conseguia pensar no esplendor da
luz e da beleza, desejáveis por si mesmas, invisíveis aos olhos do corpo e só
percebidas no íntimo da alma” [1]
Hedonismo – Do grego “hedoné”,
prazer, tem o prazer como móvel fundamental das ações humanas. O mais antigo e
extremado hedonismo vem da escola Cirenaica, cujo chefe Aristipo ensinava ser o
prazer sensível imediato a única norma de conduta para o homem. Há um hedonismo moderno, defendido por David
Hulme e John Stuart Mil, pelo qual está em primeiro lugar o prazer coletivo. O
chamado “utilitarismo” é um ramo do hedonismo moderno, porque contempla uma
ética coletiva e não individual, cujo lema é “mais felicidade para um maior
número de pessoas”. David Hulme foi um
filósofo do século XVIII e sua principal obra foi um livro do qual quase
ninguém tomou conhecimento em sua época, a não ser seus adeptos, “A Treatise of
human nature” (Tratado da natureza
humana). Em 1861 escreveu “Utilitarism”, em que defende o princípio de que um
ato é bom ou mau na medida em que favorece ou impede a felicidade.
Tribalismo
indígena – Não
é um sistema filosófico estruturado como escola, mas um modo de viver que
envolve os costumes, hábitos e convivência comunitária própria dos índios. Tal paganismo foi praticado por outros povos,
mas em graus diversos. Trata-se da vivência do mais completo estoicismo, com
mistos de epicurismo e hedonismo. Seus conceitos são definidos pela observação
dos cronistas e antropólogos sobre a vida indígena dentro da tribo, embora os
seus membros não necessariamente os conheçam como tais. Manifesta-se através de
um pronunciado atavismo, apatia mental, desfrute dos mais baixos gozos
sensitivos, encontrando muitas vezes como forma requintada de prazer a explosão
de orgulho e o espírito de vingança.
O tribalismo moderno foi acrescido também do
hedonismo ou utilitarismo, tal qual já descrevemos, na forma de espírito
comunitário, onde todos devem desfrutar da felicidade coletiva e não
individual. É esta a mentalidade própria também dos neo-missionários adeptos de
tal tribalismo, a corrente estruturalista infiltrada na Igreja.
Vemos aí a união de dois paganismos: o da
vida moderna, praticado pelo homem atual, principalmente nas grandes cidades, e
o das tribos indígenas ainda remanescentes. Que diferença há entre a vida
comunitária da tribo nômade e selvática e a da tribo urbana moderna? Ambos
procuram os mais baixos gozos sensitivos, a “felicidade” coletiva.
A diferença é que na vida urbana esta “felicidade” é buscada pelos
instrumentos de satisfação oferecidos pelo progresso tecnológico, enquanto que
na tribo selvática os instrumentos de tal satisfação são os que se acham
esparsos na natureza rude e inculta.
Não é à toa que já começam a se denominar de
“tribos” certos grupos de jovens que tumultuam a vida de certas cidades ou
bairros mais populosos. Alguns até acrescentam ao de tribo o nome “urbano”, são
as já famosas “tribos urbanas”. Possuem algumas características tribais, como
enfeites, tatuagens, rituais estranhos, esoterismos, nudismo, etc.
O epicurismo indígena
Os humanistas da Renascença ressuscitaram dos
escombros da História os pensamentos de vários filósofos da Grécia antiga, que
a Idade Média já tinha suplantado pelas escolas católicas, principalmente pela
Escolástica e o Tomismo. Voltou-se a falar de Platão, Sócrates, Diógenes,
Aristóteles, Ovídio, etc. Até mesmo o obscuro Epicuro foi retirado das cinzas e
da poeira do século III a.C. para atingir a culminância de certo
intelectualismo ávido por “renascer” a filosofia pagã. Por que? É que tais filósofos eram úteis para
despertar as paixões humanas, principalmente o orgulho e a sensualidade, molas
propulsoras do processo revolucionário. O epicurismo era uma dessas filosofias.
A vida do índio começou a ser vista, no
Século dos Descobrimentos, como o modelo ideal do gozo de prazeres na terra.
Enquanto que a vida do homem civilizado era apresentada como cheia de estorvos,
ser índio era tido como exemplo de felicidade, tranquilidade, despreocupação,
uma verdadeira vida idílica e pacífica. De outro lado, ser civilizado era
tormentoso, havia a Igreja com seus princípios morais, seus dogmas, suas leis;
alguns Estados ainda faziam cumprir certas leis que coibiam os desvios morais,
e isto fazia com que a vida do homem civilizado se tornasse inquieta e cheia de
ansiedades. Desta forma, o melhor era procurar copiar, ou pelo menos invejar o
Índio em sua vida paradisíaca.
O epicurismo indígena não é igual ao do homem
civilizado, pois enquanto este procura gozar os prazeres utilizando-se do
progresso, aquele desfruta dos mesmos prazeres em sua forma mais rude e
selvagem. Na barbárie exige-se apenas
que o gozo seja desfrutado “ao natural”: ouve-se música e nele se deleita por
“enlevos” ou “êxtases” causados com auxílio de drogas alucinógenas e batidas
cadenciadas de paus e instrumentos rudimentares; alimenta-se apenas para
empanturrar a barriga, sem a mínima preocupação com condimentos, sabores,
qualidade dos alimentos, etc.
A felicidade através
dos prazeres
O homem foi criado por Deus com alguns
instintos muito fortes, dentre os quais destacam-se: o da preservação (luta
pela sobrevivência), o da sociabilidade (de onde vem o desejo de constituir
família e viver em sociedade), o desejo de felicidade (que o leva a procura de
prazeres, mas principalmente a busca da beatitude, a felicidade eterna) e, em
último lugar, o da propagação da espécie, que é o instinto sexual. Muitos
psicólogos, filósofos, e pensadores do mundo moderno afirmam (baseados nas
falsas elucubrações freudianas) que o instinto mais forte do homem é o sexual,
e que o mesmo o leva à procura da felicidade. Pelo contrário, a felicidade não
depende do instinto sexual, mas sim da sociabilidade e do cumprimento do fim último
do homem. Os moralistas católicos, pelo contrário, afirmam que aqueles que
procuram a felicidade na satisfação do instinto sexual se frustram e não são
felizes. Após o gozo ficam frustrados,
infelizes. Já aqueles que procuram, antes de tudo, a felicidade social, com
base na ética, na moral, na lei, principalmente na Lei de Deus, sofrem, de
início, para consegui-lo, mas sentem-se
recompensados e felizes com os resultados auferidos. De outro modo, a felicidade não é completa
neste mundo.
Onde está a verdadeira felicidade?
O tema da felicidade nos dias de hoje parece preocupar não tanto
os homens de filosofia, mas certos institutos ou escolas de estudos sociais ou
de psicologia. Nesta perspectiva moderna, que povo seria o mais feliz da terra?
Segundo uma pesquisa (e como se fazem pesquisas hoje em dia!) feita pelo
Instituto de Investigação Social da Universidade de Michigan, EUA, a Dinamarca
seria o país mais feliz da terra, enquanto o mais infeliz seria o Zimbabue.
Será que se esqueceram de investigar o nosso querido Brasil na pesquisa? De um
total de 98 países estudados, chegaram a uma conclusão de que pelo menos 44
(quase a metade), registraram aumento da felicidade no período de 1981 a 2007.
E o que teria causado um aumento tão substancial da felicidade no mundo? Ora,
não poderia ser outra coisa: a democracia, a igualdade social e a paz (quer
dizer, a paz dos pampas...). Como é que aquele instituto chegou a uma conclusão
tão exata sobre a felicidade dos povos, algo difícil de se constatar até mesmo
a nível individual? Através de uma simples pergunta, feita desta forma: "Considerando
tudo em geral, você diria que é muito feliz, bastante feliz, não muito feliz ou
nada feliz em absoluto?". Esta mesma pergunta poderia obter a
mesma resposta num determinado indivíduo de um país e sob regime democrático e
outro de um país de regime ditatorial; onde houvesse igualdade social ou não a
existisse; ou houvesse certa paz ou onde houvesse guerras constantes. Por que?
Porque sendo algo subjetivo, o fato de ser feliz não dependeria nem do regime
político, nem da condição social ou de certa tranquilidade da ordem social.
Dependeria da filosofia de vida da pessoa que respondeu ao questionário (de uma
única pergunta, por sinal). Assim, os dinamarqueses foram mais espertos em
responder a pergunta do que os zimbabuanos. Ou então, sendo eles mais cultos e
ricos, a felicidade para eles consistiria em gozar os prazeres da vida,
caindo-lhes bem a propósito a pergunta. Se para os zimbabuanos a felicidade
consiste também em gozar os prazeres da vida, eles realmente não são os mais
infelizes do mundo...
A
Civilização Cristã trouxe certa felicidade aos povos?
Segundo um grande doutor em Teologia, Mons.
Henri Delassus, os frutos da boa regência, na Civilização Cristã, se fizeram
sentir, inclusive, trazendo uma certa felicidade terrena aos povos:
“Do
século I ao século XIII, os povos tornaram-se cada vez mais atentos a essa
pregação, e o número dos que dela fizeram luz e regra de vida foi cada vez
maior. Sem dúvida, havia fraquezas, fraquezas das nações e fraquezas das almas.
“Mas a
nova concepção de vida permanecia lei para todos, lei que os desvios não faziam
perder de vista e à qual todos sabiam, todos sentiam que era preciso retornar
uma vez que se tivessem afastado. Nosso Senhor Jesus Cristo, com Seu Novo
Testamento, era o doutor escutado, o guia seguido, o rei obedecido.[2] Sua
realeza era a tal ponto reconhecida pelos príncipes e pelos povos, que eles a
proclamavam em suas moedas. Em todas estava gravada a cruz, o signo augusto da
ideia que o cristianismo tinha introduzido no mundo, que era o princípio da
nova civilização, da civilização cristã, que devia regê-lo, o espírito de
sacrifício oposto à ideia pagã, ao espírito de gozo que tinha construído a
civilização antiga, a civilização pagã.
“À
medida que o espírito cristão penetrava as almas e os povos, almas e povos
cresciam na luz e no bem, se elevavam pelo só fato de verem a felicidade no
alto e de a carregarem consigo. Os corações tornavam-se mais puros, os
espíritos mais inteligentes. Os inteligentes e os puros introduziam na
sociedade uma ordem mais harmoniosa, aquela que Bossuet nos descreveu no sermão
sobre a eminente dignidade dos pobres. A ordem mais perfeita tornava a paz mais
geral e mais profunda; a paz e a ordem engendravam a prosperidade, e todas
essas coisas davam ensejo às artes e às ciências, esses reflexos da luz e da
beleza dos céus. De sorte que, como escreveu Montesquieu, “A religião cristã,
que parece não ter outro objetivo além da felicidade da outra vida, ainda
constrói nossa felicidade nesta”.[3] É,
ademais, o que São Paulo tinha anunciado, quando disse: “Pietas ad
omniautilis est, promissiones habens
vitae quae nunc est et futurae” (A piedade é útil para tudo, possuindo as
promessas da vida presente e aquelas da vida futura)(I Tim 4, 8), Não havia o
próprio Nosso Senhor Jesus Cristo dito: “Procurai primeiro o reino de Deus e
sua justiça, que o resto vos será dado por acréscimo?” (Mt 6, 33) Não há aí uma
promessa de ordem sobrenatural, mas o anúncio das consequências que deviam sair
logicamente da nova orientação dada ao gênero humano”[4]
A felicidade social
segundo Santo Agostinho
Em sua famosa obra
“Cidade de Deus”, Santo Agostinho comenta bastante sobre a “felicidade social”,
um tema muito debatido entre os romanos da época. O argumento principal da “Cidade
de Deus” é que a civilização cristão poderá trazer a verdadeira felicidade
entre os povos, pois somente assim serão cumpridos socialmente os mandamentos
divinos.[5]
No relato de Santo
Agostinho há muita semelhança do que se gozava no império romano com os dias
atuais. Vejamos algumas semelhanças: “que não se lhes mande dureza, nem se lhes proíba
coisa torpe; que os reis não atentem a se são bons e virtuosos seus vassalos,
mas se obedecem suas ordens”;
Não há um só país do
mundo de hoje em que os governantes se preocupem que seus cidadãos sejam bons
ou ruins, mas apenas que cumpram suas ordens, suas leis. Por isso, ninguém
suporta que o governo crie leis que lhes exijam sacrifícios, como às vezes
ocorre com os protestos contra as duras leis de contenção de despesas dos
governos em crise: “que o
povo aplauda , não aos que o persuadam o que lhe importa, mas aos que lhe
proporcionam gostos e deleites”;
A tendência de todo
governante do mundo moderno é alcançar os melhores níveis possíveis de
popularidade e, para tanto, existem diversos institutos de pesquisas que medem
constantemente o grau de aceitação de seu governo entre o povo. Mas, para
conseguir esta sonhada popularidade nenhum deles se arrisca a editar leis que
causem sofrimento á população, mesmo que possa ser benéfica ao bem comum. Como
diz-se por aí: pão e circo alegra o povo. Basta dizer que é próprio das
constituições de quase todos os países atuais falar quase somente dos
“direitos” de seus concidadãos, mas nem sempre dão ênfase aos “deveres”, que
deveriam ser correlatos e até mais importantes do que os direitos: “que também haja abundância de
mulheres públicas, para todos os que quiserem participar delas, ou
particularmente para os que não possam tê-las em sua casa”;
Nem é necessário se
deter muito para se constatar a avassaladora onda de promiscuidade sexual que
toma conta do mundo moderno: tudo é permitido nessa matéria, sendo a perversão
sexual o crime mais aviltante e cometido com a conivência da lei, do Estado e
de toda a sociedade. Santo Agostinho falou de um mal de seu tempo, a
prostituição pública, mas, hoje, há pior, que é a prostituição de crianças: “que se edifiquem grandes,
magníficas e suntuosas casas onde se façam saraus e festejos, e onde, segundo o
parecer de cada um, de dia e de noite, jogue, beba, se divirta, gaste e
triunfe; que
continuem sem interrupção os bailes, fervam o teatro com os aplausos e vozes de
alegria; que se comovam com a apresentação de atos desonestos e todo gênero de
deleites tão abomináveis e torpes, e que seja tido por inimigo público o que
não gostar desta felicidade”;
Parece que o texto
acima foi feito por autoridade religiosa de nosso tempo, censurando, por
exemplo, as milhares de casas de espetáculos espalhadas pelo mundo com o único
fim de gozos e festas. E, em grande parte, compostas de espetáculos torpes,
onde campeia a promiscuidade sexual e moral. Sem falar dos estádios e de outros
lugares públicos dedicados exclusivamente às diversões, cujos gastos não são
vistos por ninguém como supérfluos; ao contrário de alguns templos religiosos,
a maioria em ruínas e ao abandono: “que qualquer um que tentar alterá-la ou tirá-la
possam todos, livremente, expulsá-lo para onde não o ouçam, o desterrem para
onde não seja visto e o tirem do meio dos viventes; que sejam tidos por
verdadeiros deuses aqueles que promoveram esta felicidade e, alcançada,
souberam criar meios para conservá-la; que os reverenciem e honrem do modo que
lhes seja mais agradável; que peçam os jogos e festas que sejam de sua vontade
e possam alcançar de seus adoradores, contanto que procurem com todo seu
esforço, que esta felicidade momentânea esteja segura das invasões do inimigo,
dos funestos efeitos do contágio e de qualquer outra calamidade”;
É assim o mundo
moderno: as personalidades mais honradas e festejadas são aquelas que trouxeram
algo de proveito para o gozo da vida, para os deleites e sensações agradáveis.
Todo e qualquer técnico, mesmo sem qualificação moral nenhuma, mas que produziu
algum invento que tornou a vida mais gozosa, mais prazerosa e fácil, torna-se
um cara endeusado e badalado pela poderosa mídia. Em geral são mostrados como
modelos de perfeição, como exemplos de homens inteligentes, espertos e audazes,
embora seus inventos nada tenham feito senão tornar a vida gostosa e mais
fácil.
Sardanápalo,
modelo da “felicidade” pagã deste mundo
No final, Santo
Agostinho coloca como exemplo disso tudo a vida de um personagem da
Antiguidade, Sardanápalo, o qual suicidou-se com toda sua família e pediu que
junto de seus corpos fossem enterrados todos os objetos com que gozavam os
prazeres da vida, não permitindo que outros também os desfrutassem..
O
relato do fim de vida deste triste imperador da antiguidade pagã (ocorrida
cerca de 612-609 a.C.) não é muito diferente de outros reis e patriarcas que
viviam segundo os princípios idolátricos e filosóficos daqueles tempos. Vejam
como a Wikipédia narra tal vida: “Sardanápalo
ultrapassou todos os seu antecessores em ociosidade e luxúria, sendo essa toda
a sua vida. Vestia roupa feminina e usava maquilagem. Tinha muitas concubinas,
não só mulheres mas também homens. Escreveu o próprio epitáfio,
onde dizia que o prazer físico é o único propósito na vida. Uma aliança
de medos,
persas e babilônios desafiou
os assírios. Sardanápalo envolveu-se pessoalmente nos combates e repeliu várias
vezes os rebeldes, mas não conseguiu derrotá-los. Pensando que o tinha
conseguido voltou ao seu estilo de vida decadente, ordenando sacrifícios e
celebrações. Entretanto os rebeldes receberam reforços e suas tropas foram
surpreendidas quando festejavam e foram derrotadas. Voltou ele, então, para Nínive,
ao mesmo tempo que colocou no comando do seu exército o seu cunhado,
rapidamente derrotado e morto. Após ter posto a sua família em segurança,
preparou-se para resistir em Nínive. Conseguiu aguentar um longo cerco, mas
chuvas intensas provocaram cheias no Tigre,
que levaram à queda de uma das muralhas de defesa. Para evitar cair nas mãos
dos seus inimigos, Sardanápalo mandou erigir uma enorme pira funerária para si
próprio, onde empilhou "todo
o seu ouro, prata e trajes reais", após o que encerrou todos os
seus eunucos e concubinas dentro da pira, à qual lançou fogo e onde morreu com
eles.”
Mas, pensando bem, será que a sociedade moderna desfruta realmente desta felicidade que alardeiam aos quatro ventos? Ou será que revivem em suas vidas a de novos Sardanápalos, prontos a suicidar-se a qualquer momento como ocorre com muitos? Lembremo-nos de que o demônio nunca dá o que promete e que os gozos desta vida servem apenas para levar as almas para o inferno, onde não há alegrias nem prazeres mas somente sofrimentos..
[1]
“Confissões”, Ed. Paulinas, pág.
155.
[2]
Era, pois, o Regente de toda a sociedade.
[3]Apud “Esprit des Lois”, livro XXIV, cap.
III
[4]“La Conjuration Antichretienne”, Mons.
Henri Delassus, Desclée De Brouwer et Cie, Tomo I, págs.
14/16
[5]
Cidade de Deus –
Capítulo XX do livro Primeiro.
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