Ó fogo que sempre ardes, abrasa-me. Ó Verbo Encarnado,
fizeste-vos homem para acender em nós o fogo do amor divino; como pudestes pois
encontrar tanta ingratidão nos corações dos homens? Nada poupastes para vos
fazer amar por eles; sacrificastes o vosso sangue e a vossa vida. Como pois
resistem eles a tanta bondade? Ignoram o que fizestes por eles? Ah! Eles sabem
e creem que por amor deles descestes do Céu para vos revestir da carne humana,
vos sobrecarregar de suas misérias, viver entre dores e padecer uma morte
ignominiosa. Como pois passam sua vida sem sequer pensar em Vós? Amam os
parentes, amam os amigos, amam até os animais. Se deles recebem qualquer sinal
de afeto, procuram remunerá-los; só a Vós não testemunham nem amor nem
reconhecimento. Mas, ai de mim, gemendo sobre a ingratidão dos homens, acuso-me
a mim mesmo de haver sido mais do que os outros culpado para convosco. Mas, a
vossa bondade me encoraja. Com tanta paciência me tendes suportado, a fim de me
perdoar e abrasar no vosso amor, contanto que me arrependa e Vos ame. Sim, meu
Deus, quero arrepender-me e me arrependo de toda a minha alma de Vos ter
ofendido; quero amar-Vos de todo o meu coração. Confesso, meu Redentor, que meu
coração já não merece ser aceito por Vós, porque Vos abandonou para se apegar
às criaturas; mas vejo que o quereis ainda apesar de sua indignidade; eu vo-lo consagro
e vo-lo dou com toda a minha vontade. Inflamai-o pois todo inteiro de vosso
santo amor e fazei que doravante não ame outra coisa fora de Vós, bondade
infinita, digna dum infinito amor. Amo-Vos, meu Jesus, amo-Vos soberano Bem,
amo-Vos, único amor de minha alma. Ó Maria, minha Mãe, que sois a Mãe do Belo
Amor, obtende-me a graça de amar o meu Deus; é de Vós que o espero. Amém.
(SANTO AFOSO MARIA DE LIGÓRIO - “Encarnação,
Nascimento e Infância do Menino Jesus” – de Santo Afonso Maria de Ligório –
Coleção Clássicos da Espiritualidade Católica, págs. 17/18)
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