Vidente alemã nascida em
8 de setembro de 1774 e falecida a 09 de fevereiro de 1824. Catharina Emmerich
era de origem humilde, filha de camponeses da Westfália, que viviam na aldeia
de Flamske, onde ela nasceu. Foi batizada no dia do nascimento o que lhe
mereceu dos céus muitíssimas graças e dons celestiais. Ainda criança, via com
freqüência seu Anjo da Guarda e brincava com o Menino Jesus. Falava de suas
visões às outras crianças com toda a naturalidade, mas logo teve que
precaver-se e calar tudo pensando que não estava sendo modesta.
Apesar de várias
tentativas, somente conseguiu abraçar a vida religiosa quando contava com 28
anos de idade. Foi admitida no Convento das Agostinianas de Duelmen em setembro
de 1802. No início de sua vida conventual teve algumas dificuldades com as
outras freiras por causa de suas visões. Mas ela comenta tais dificuldades com
a maior naturalidade: “Eu vivia em paz,
com Deus e com todas as criaturas. Quando trabalhava no jardim, vinham as
avezinhas pousar sobre minha cabeça e meus ombros e cantávamos juntas os
louvores de Deus. Via sempre o meu Anjo da Guarda ao meu lado e, ainda que o
mau espírito me assustasse e me agredisse, não me podia fazer mal. O meu desejo
do Santíssimo Sacramento era tão irresistível, que muitas vezes deixava de
noite a minha cela para ir rezar na igreja, quando estava aberta; se não,
ficava ajoelhada diante da porta ou perto do muro, mesmo no inverno ou
prostrada no chão, com os braços estendidos e em êxtase. Assim me encontrava
o capelão do convento, Abbé Lambert (sacerdote francês, exilado da pátria por
não prestar juramento exigido pela
constituição atéia), que tinha a caridade de vir mais cedo para dar-me a Sagrada
Comunhão. Mas, logo que se aproximava para abrir a igreja, eu voltava a mim,
indo depressa á mesa da Comunhão, onde achava o meu Deus e Senhor”
A situação ficou difícil
para ela e suas confrades religiosas por volta de 1811 quando o convento teve
que ser fechado por causa da guerra. Ficou
hospedada numa casa humilde até se restabelecer a ordem. No ano
seguinte, Nosso Senhor lhe aparece e imprime em seu corpo os estigmas da
Paixão. O capelão Abbé Lambert e o seu confessor, Pe. Limberg, viram-na sangrar
dois dias depois, mas compreendendo tudo ficaram calados para proteger a
privacidade da vidente. Ela também procurou, no início, esconder os sinais das
chagas a fim de evitar ser mal compreendida pelas pessoas. A partir de então
não pôde mais tomar alimento, a não ser água misturada com vinho, e raras vezes
um pouquinho de suco de cereja ou ameixa. Seu único alimento era a sagrada
Comunhão, e assim viveu até o final de seus dias.
No entanto, seu estado de
completa abstinência e os estigmas da Paixão logo se tornaram notícia na cidade. Em março de 1813 o vigário de Duelmen, Pe.
Rensing, encarregou dois médicos para, juntamente com o confessor da vidente,
fazerem um exame das chagas. Depois, o prefeito de Munster, sede do bispado, foi
visitá-la acompanhado de um delegado de polícia. Após a visita determinou que
oito médicos e cirurgiões do exército empregassem todos os meios disponíveis
para fazer cicatrizar as feridas da extática. Sem resultado, é claro. No mesmo
mês foi iniciado também um inquérito eclesiástico sobre o seu estado místico.
Durante 10 dias, Catharina Emmerich foi vigiada por 20 pessoas para comprovar
que o sangue dos estigmas vinham de causas naturais. Em parte, era a
incredulidade dos homens, nesta época de ateísmo e irreligiosidade, duvidando
dos milagres da Providência Divina, mas servindo aos desígnios de Deus. Os
autos foram enviados às autoridades eclesiásticas, onde se constatava o caráter
sobrenatural dos estigmas nas mãos, nos pés, no coração e na cabeça, e se
reconhecia o estado virtuoso e santo da religiosa.
Seis anos depois, era a
vez da investida maçônica contra a religiosa, proveniente de uma ordem das
autoridades civis para “desmascarar o embuste”. Foi criada uma comissão de
médicos naturalistas, os quais tentaram levar a vidente para a casa do
conselheiro do Tribunal de Contas, Mersmann. Como ela se recusou a ir, e também
a dar autorização para ser submetida a certos tipos de testes ou exames, foi
levada à força.
Vítima expiatória para fulminar a conjuração anticristã
Tendo vivido no período
que se seguiu à Revolução Francesa, Catharina Emmerich passou a conviver com os
passos seguintes dados pela grande conjuração anticristã que se espalhava por
toda a Europa. Monsenhor Henri Delassus assim comenta em sua obra “La Conjuration
Antichrétienne ”, publicada em 1910, no pontificado de São Pio
X :
“A Igreja estava então, como ainda está hoje, numa das horas
mais críticas da sua história. 1820, como vimos, foi o ano em que a Grande Loja
entrou em plena atividade, e sabemos qual missão lhe foi dada. “Ora, diz um dos
historiadores de nossa heroína, o que Anna Catharina fazia, no estado de
contemplação, contra essa conjuração infernal, era uma obra tão real,
acompanhada de resultados tão positivos quanto tudo o que se faz na esfera da
via habitual. O martírio ao qual se submetia não era somente uma paixão, mas
também uma ação, como em Nosso Senhor Jesus
Cristo o sacrifício do Calvário foi uma obra, a obra da Redenção. Um dia ela
pensou sucumbir ao peso das dores que a crucificavam; seu anjo exortou-a à
resignação dizendo-lhe: “Cristo ainda não desceu da cruz. É preciso perseverar
com Ele até o fim”.
“É através da participação nos sofrimentos da divina Paixão
que, no momento em que o inferno faz mais esforços para retomar a posse do
mundo, as pessoas escolhidas por Deus triunfam sobre ele e obtêm a vitória para
a Igreja, depois a paz num crescendo de glória”.
Quer dizer, Anna
Catharina Emmerich sofria com Nosso Senhor Jesus Cristo, e sofrendo com Ele
sofria também com Seu Corpo Místico, a Santa Igreja Católica. Sofria como
vítima expiatória por causa dos abomináveis pecados de Revolução que dominavam
o seu tempo, os quais terminavam por favorecer a causa de satanás e a
conjuração universal contra a Igreja.
Vítima expiatória que visava também exorcizar todos os demônios que
infestavam sua época e dominavam as organizações das forças secretas e
anticristãs.
Sobre a efetiva
participação das forças secretas na demolição da Igreja, Catharina Emmerich
teve a seguinte visão:
“Tive a visão de uma grande igreja. Junto dela vi muitas
pessoas distintas, entre as quais vários estranhos, com aventais e colheres de
pedreiro. Pareciam enviados para demolir essa igreja. Já começaram a destruí-la
por intermédio das escolas que entregam à incredulidade. Toda espécie de
pessoas juntam-se a eles. Até padres estavam lá, e mesmo religiosos. Isso me
causou tal aflição que chamei meu divino Esposo em socorro. Supliquei-Lhe
que não deixasse o inimigo triunfar desta vez”.
Eis um exemplo de
intercessão expiatória de Catharina Emmerich em prol da Igreja, conforme narra
Monsenhor Delassus:
“...Os príncipes da Alemanha haviam convocado uma assembléia,
na qual vários padres católicos se mostraram animados dos mesmos sentimentos
dos leigos que a compunham. O mais perigoso, no dizer de Catharina, era o vigário-geral
Wessenberg, de Constance. Essa assembléia redigiu dois projetos de organização
interna e externa da Igreja. Catharina viu na sala das deliberações o demônio
sob a forma de um cão que lhe disse: Esses homens aí fazem verdadeiramente a
minha obra. Catharina ofereceu-se como vítima de expiação e Deus lhe impôs uma
obra de reparação que durou quinze dias”;
Sobre a ação deletéria
dos educadores que corrompia a juventude, influenciados por filósofos
racionalistas e anticristãos, como Kant, Schilling e Hegel, Catharina Emmeric
declarou em 1823:
“Tive uma visão sobre a situação deplorável dos jovens
estudantes de hoje. Vi-os em Munster, assim como em Bonn, correndo pelas ruas.
Tinham nas mãos pacotes de serpentes, cujas cabeças sugavam, e ouvi estas
palavras: “São serpentes filosóficas”. Vi que muitos pastores deixavam-se tomar
por idéias perigosas. Oprimida de tristeza, desviei os olhos dessa visão que me
enchia de angústia e rezei pelos bispos”.
No entanto, a vidente e
extática não se restringia a rezar e expiar, ela também agia. Onde se fizesse
necessário ela se fazia presente para defender a Santa Igreja, embora sob uma
forma espiritual. Seu Anjo da Guarda a transportava em espírito para o lugar
onde as potestades do mal estavam a agir. Declarou haver feito várias “viagens”
a diversos países onde as forças da conjuração anticristã atuavam com denodo.
Sobre a situação de
Paris, declarou:
“Pareceu-me que minavam debaixo dessa grande cidade, na qual
o mal está no ponto máximo. Havia vários demônios ocupados nesse trabalho. Eles
já estavam bem adiantados e eu acreditava que com tantos e tão pesados
edifícios ela logo iria desabar”.
“Em seguida entrei na Espanha. Vi por todo o país uma longa
cadeia de sociedades secretas. E meu anjo me disse: “Hoje Babel está aqui”.
“Desse desditoso país fui conduzida para uma ilha onde nasceu
São Patrício (Irlanda).
Aí os católicos estavam muito oprimidos.
Mantinham relações com o Papa, mas em segredo.
“Da ilha de São Patrício fui conduzida a uma outra grande
ilha (Inglaterra). Vi aí a opulência, os vícios, muitas
misérias e numerosos navios”.
Chegando em Roma, falou
da situação do Papa:
“Cheguei a São Pedro e São Paulo. Vi um mundo tenebroso,
cheio de desgraça, mas como que atravessado por raios de luz, pelas inumeráveis
graças emanadas dos milhares de santos que aí repousam. Vi São Pedro numa
grande tribulação e numa grande angústia. Eu o vi rodeado de traições. Vi que em casos extremos de desgraça ele tem
visões e aparições. Vi muitos e piedosos bispos, mas eram fracos e o mau
partido tomava a dianteira. Vi a igreja dos apóstatas ter muito crescimento. Vi
as trevas que saíam dela espalharem-se pelos arredores, e vi muita gente
desertar da Igreja legítima e se dirigir para a outra dizendo: “Aqui tudo é
mais natural”.
Em outra visão, dias
depois, voltava a falar do Papa:
“A aflição do Santo Padre (Pio VII) e da
Igreja é tão grande que devemos implorar a Deus noite e dia. O Santo Padre,
mergulhado em aflição, trancou-se, para subtrair a exigências perigosas. Ele está muito fraco e completamente esgotado
pela tristeza, pelas preocupações e pela oração. A principal razão para se
manter fechado é que não pode mais se fiar senão em poucas pessoas. Mas há perto dele um velho padre muito simples
e muito piedoso que é um amigo e, por causa da sua simplicidade, considera-se
não valer a pena ser afastado. Ele vê e observa muitas coisas que comunica
fielmente ao Santo Padre. Informei-o enquanto ele rezava a propósito dos
traidores e das pessoas mal intencionadas existentes entre os altos
funcionários que vivem na intimidade do Santo Padre, a fim de que lhe seja dado
conhecimento disso”.
Segundo Monsenhor
Delassus, Catharina Emmerich visitava espiritualmente com freqüência os Papas
de seu tempo:
“Catharina viu o Papa (Pio VII) numa grande
tribulação e numa grande angústia. Com efeito, nesse momento ele estava
submetido a provas mais penosas do que tinha sido sua prisão pelos satélites de
Napoleão e aquilo que se seguiu. Ela diz que em momentos de grande aflição ele
foi favorecido com visões. Vemos na sua história que ela mesma foi
freqüentemente conduzida por seu anjo junto a ele, como também junto ao seu
sucessor, Leão XII[1].
Ela ia para perto deles, não corporalmente, mas à maneira dos espíritos. Ela
lhes transmitia os conselhos e mesmo às vezes as admoestações que seu guia
celeste lhe sugeria. Essas comunicações eram produzidas através das iluminações
de espírito a espírito, como nos mostra São Tomás relativamente aos anjos que
se entretêm entre si, ou através de palavras faladas e ouvidas? Não o sabemos,
mas esse desconhecimento não deve fazer-nos rejeitar a possibilidade dessas
mensagens. Posto que Deus aceitava as orações e os sofrimentos de sua serva
para o bem da Igreja, podemos admitir que Ele a enviasse junto ao Pastor
supremo para esclarecê-lo, encorajá-lo e fazer com que evitasse os perigos que
seus inimigos e os traidores a seu serviço lhe armavam, sem que, no entanto,
ela deixasse seu leito de dores. Ela própria, ao mencionar uma mensagem da qual
foi incumbida junto a um eclesiástico, nos dá uma idéia do modo como essas
comunicações são recebidas”.
Dizia Catharina Emmerich:
“Precisei ir até Munster, junto ao
vigário-geral. Tive de dizer-lhe que ele estragava muitas coisas por causa do
seu rigor, que ele devia dispensar mais cuidados ao seu rebanho e permanecer
mais em casa para aqueles que tinham necessidade de vê-lo. Foi como se ele
tivesse encontrado no seu livro uma mensagem que lhe sugerisse esses
pensamentos. Ficou desgostoso consigo mesmo”.
Estes avisos e
admoestações feitos ao Santo Padre, o Papa, faz parte da promessa que Nosso
Senhor fez da assistência que o Divino Espírito Santo sempre deu à Santa Igreja
Católica. E na maioria dos casos essa
assistência é dada utilizando-se dos próprios fiéis, pois Deus sempre age por
causas segundas. Monsenhor Delassus lembra da assistência que receberam os
Papas Gregório XVI e Pio IX por intermédio da mística Maria Moerl. Leão XIII
foi lembrado por uma religiosa, Condessa Drotz zu Vischering, sobre o desejo de
Nosso Senhor de ver o gênero humano consagrado ao Seu Sagrado Coração.
Além destes avisos de pessoas,
ou mesmo de admoestações caridosos e sutis de videntes e místicos, os Papas
também são guiados por visões ou sonhos. Foi assim que Leão XII teve uma
pavorosa visão enquanto celebrava a Santa Missa: A terra apareceu-lhe toda
envolta em trevas; e de um abismo entreaberto ele viu sair uma legião de
demônios que se espalhavam pelo mundo para destruir as obras católicas e atacar
a própria Igreja, que ele viu extremamente reduzida. Então São Miguel apareceu
e repeliu os espíritos malignos para o abismo. Após esta visão, Leão XIII
instituiu as orações do exorcismo que eram rezadas nas Santas Missas até o
advento do Concílio Vaticano II. Viu
também que a ação de São Miguel seria completa apenas quando os efeitos de tais
exorcismos fossem completos.
A Beata Anna Catharina
Emmerich, anos antes, teve visão semelhante. Viu ela que um terço dos demônios
que estavam no inferno seriam soltos em torno de cinqüenta ou sessenta anos
antes do ano 2000, aos quais Deus daria certo tempo para agir na terra, mas
findo este tempo seriam novamente sepultados no inferno. Quer dizer, seriam
exorcizados de uma forma que não permaneceriam nos “ares”, fazendo algum mal
aos homens, mas seriam projetados de volta para o inferno.
A “igreja naturalista” faz parte
dos planos do reino do demônio
A “Bondade natural” é um
logro que conduz fatalmente os homens para uma falsa religião. Seu sucedâneo no
plano mundial seria a “Igreja naturalista”. Aquilo que para Monsenhor Delassus,
o Cardeal Merry del Val e o Papa São Pio X (posteriores a Catharina
Emmerich) já era um corpo vivo, digamos,
o corpo místico do demônio, em franca ascensão e progresso, ao tempo dela era
patente apenas em suas visões.
Monsenhor Delassus
comenta:
“Várias vezes Anna Catharina fala da igreja dos apóstatas,
que também chama de igreja das trevas e cujos progressos ela mostra. Ela também
assinala nessa igreja a presença e a influência de certos cúmplices dos
principais chefes da franco-maçonaria. Que igreja é essa? Ela não o precisa,
senão pela frase que lemos acima: “Aqui tudo é mais natural”, e que parece
indicar que com isso ela compreendia os propósitos daqueles que desertam da
ordem sobrenatural para se porem mais à vontade no naturalismo”.
Mas a construção deste
maldito templo satânico, que era o corpo místico do demônio e sua falsa igreja,
só seria possível com a destruição da Igreja de Cristo. Daí a atuação constante
dos demolidores:
“Fileiras de trabalhadores ocupados no trabalho de destruição
estendiam-se através do mundo inteiro, e fiquei espantada com a coordenação com
que tudo era feito. Os demolidores destacavam grandes pedaços do edifício.
Esses sectários são numerosos e entre eles há apóstatas. Realizando o trabalho
de destruição eles precisam seguir certas prescrições e certas regras. Usavam
aventais brancos, debruados com uma faixa azul e guarnecido de bolsos. Tinham
colheres de pedreiro fixadas na cintura. Ademais, têm vestimentas de toda
espécie. Entre eles existem personagens distintos dos outros, grandes e
corpulentos, com uniformes e cruzes, os quais, contudo, não trabalhavam
diretamente, mas marcavam nas paredes das igrejas, com a colher de pedreiro, o
que era preciso demolir. Vi com horror que havia entre eles padres católicos. Freqüentemente,
quando os demolidores não sabiam bem como agir, eles se aproximavam, para se
instruírem a respeito, de um dos seus, que tinha um grande livro no qual estava
traçado todo o plano a seguir para as destruições, e este marcava exatamente,
com a colher de pedreiro, o ponto que devia ser atacado; e logo um pedaço caía
sob as marteladas. A operação prosseguia tranqüilamente seu ritmo e caminhava
infalivelmente, mas sem despertar atenção e sem ruído, tendo os demolidores os
olhos à espreita”.
Objetivos gerais dos demolidores
Anna Caharina Emmerich
viu como os demolidores trabalhavam em visões. Monsenhor
Delassus viu-os na realidade de seus dias:
“Vemos hoje que um plano de destruição foi traçado com
antecedência com uma sabedoria diabólica. Vemos que os operários encarregados
da execução encontram-se divididos por todos os países do mundo, que os papéis
foram distribuídos e que cada qual recebeu o significado da tarefa que lhe
incumbe. Eles cavam no lugar que lhes foi assinalado; param quando as circunstâncias
o exigem, para retomar em seguida o trabalho com um novo ardor. Em todos os países
católicos o assalto é conduzido simultaneamente ou sucessivamente contra a
situação que o clero secular ocupava no Estado e nas diversas administrações;
contra os bens que lhe permitiam viver, render a Deus o culto que Lhe é devido,
ensinar a juventude a aliviar a miséria; contra as ordens religiosas e as
congregações. Relativamente à França, o
plano geral da guerra que devia ser desfechada contra os católicos foi apresentado
na Câmara dos Deputados no dia 31 de maio de 1883, por Paul Bert. Na execução
desse plano, Ferry, Waldeck, Combes, Loubet, Briand, Clemenceau não exerceram
nenhuma política pessoal. Eles executaram aquilo cujas linhas o chefe
misterioso traçara, indo consultar seus subalternos, os depositários do
pensamento, quando ficavam hesitantes ou embaraçados. Após os doze primeiros anos desse trabalho, o
episcopado da França pôde dizer: “O governo da República tem sido a
personificação de um programa de oposição absoluta à fé católica”. Desde então,
a cada ano tem abatido uma nova parte do edifício erguido por nossos pais, a
Igreja da França. Catharina Emmerich via os franco-maçons e seus ajudantes
distribuídos em diversas equipes, cada qual com uma tarefa determinada. Foi o
que vimos. Gambetta foi encarregado da declaração de guerra. Paul Bert levou a
picareta ao ensino. Naquet à constituição da família, Jules Ferry ao culto,
Thévenet, Constans, Floquet, etc., expulsaram o clero de todas as suas
posições; Waldeck-Rousseau atacou as congregações religiosas; Combes,
Clemenceau, Briand, conceberam e buscaram a separação entre a Igreja e o
Estado”.
“Para os trabalhos de demolição no interior da Igreja há
também engenheiros que podemos facilmente nomear: um ataca a Sagrada Escritura,
outro a Teologia, um terceiro a filosofia, este a História, aquele o culto. Sobretudo,
há associações internacionais encarregadas , como vimos, de disseminar no
pública, e particularmente na juventude, o espírito refratário ao dogma”.
“Anna Catharina, que assim via os franco-maçons e seus
cúmplices ou seus “inocentes úteis” se
assanharem em demolir a Igreja, de dentro e de fora, também via o clero e os
bons fiéis se esforçarem para entravar o trabalho deles e mesmo reerguer as
ruínas já feitas, mas, diz ela, “com pouco zelo”. Os defensores pareciam-lhe
não ter nem confiança, nem ardor, nem método. Eles trabalhavam como se
ignorassem absolutamente do que se tratava e quanto era grave a situação. Era
deplorável”.
Em suas visões, a Bem-Aventurada
via que o objetivo principal dos demolidores era Roima, era o Papado:
“Vi, um dia, o Papa em oração. Ele estava rodeado de falsos amigos. Vi
sobretudo um homem-negro trabalhar para a ruína da Igreja com grande atividade.
Ele diligenciava em cativar os cardeais através de adulações hipócritas”.
Monsenhor Delassus narra
que, numa carta reservada, um maçom que tinha o codinome de “Nubius”,
comentava:
“Algumas vezes passo uma hora da manhã na casa do velho
cardeal Somaglia, o Secretário de Estado;
cavalgo, seja com o duque de Laval, seja com o príncipe Cariati, ocasião
em que freqüentemente encontro cardeal Bernetti. Daí corro para a casa do cardeal Palotta;
depois visito em suas células o Procurador-Geral da Inquisição, o dominicano
Jabalot, o teatino Ventura ou o franciscano Orioli. À noite, começo nas casas
de outros essa vida tão bem ocupada aos olhos do mundo”.
Em outras visões, a
Bem-Aventurada fala detalhadamente deste personagem:
“Vi muitas pessoas piedosas aflitas com as intrigas do
homem-negro. Ele tinha o aspecto de um judeu.
“O pequeno homem-negro, que vejo tão freqüentemente, tem
muitas pessoas que faz trabalhar para ele sem que elas conheçam o objetivo. Há
também cúmplice seus na nova igreja das trevas”.
“Eu o vi realizar muitas subtrações e falsificações”.
“De um lugar central e tenebroso, vejo partirem mensageiros
que levam comunicações a diversos lugares. Vejo essas comunicações saírem da
boca dos emissários como um vapor negro que cai no peito dos ouvintes e acende
neles o ócio e a raiva”.
Após uma de suas visões,
declara Catharina Emmerich:
“Precisei ir a Roma. Vi o Papa fazer demasiadas concessões em
importantes negócios tratados com os heterodoxos. Existe em Roma um homem-negro
que sabe obter muitas coisas mediante adulações e promessas. Ele se esconde
atrás dos cardeais; e o Papa, no desejo de obter uma certa coisa, consentiu
numa outra coisa que será explorada de uma maneira nociva. Vi isto sob a forma
de conferências e troca de escritos. Vi
em seguida o homem-negro vangloriar-se cheio de jactância diante do seu
partido. “Eu o venci, disse ele, nós logo veremos o que acontecerá à Pedra
sobre a qual está construída a Igreja”.
Mas ele se vangloriou cedo demais.
Precisei encontrar-me com o Papa.
Ele estava de joelhos e rezava. Eu lhe disse aquilo que eu estava
encarregada de lhe fazer chegar ao conhecimento. E o vi subitamente levantar-se
e tocar a campainha. Mandou chamar um cardeal que encarregou de retirar a
concessão que fizera. O cardeal, ouvindo
isso, ficou completamente perturbado e perguntou ao Papa de onde lhe vinha
aquele pensamento. O Papa respondeu que nada tinha a explicar sobre isso.
“Basta, disse ele, deve ser assim”. O
outro saiu inteiramente estupefato”.
Entendendo o motivo pelo
qual Nosso Senhor lhe mostrava tudo isto, disse ela: “Espero ajudar os que resistem a essas seduções tomando sobre mim as
dores da Paixão de Cristo”. Após
estas palavras seu corpo enrijeceu-se e tomou a posição de uma pessoa estendida
sobre a cruz. Um suor frio correu na sua fronte. Era a vítima expiatória
sofrendo a Paixão do Corpo Místico de Cristo, a Sua Santa Igreja.
Depois, falando sobre o
caráter exorcístico de sua vocação dizia: “Vejo como no fim Maria estende seu manto
sobre a Igreja e como os inimigos de Deus são expulsos”.
Visões proféticas sobre a Igreja e a “bagarre”
As visões da
Bem-Aventurada Catharina Emmerich abarcam toda a História do Universo e a Obra
divina. Desde a criação do mundo até a vinda do Anticristo. Sobre os dias que viriam após sua época, viu
de uma forma simbólica o crescimento do corpo místico de satanás da seguinte
forma:
“Eu vejo as trevas se adensarem. Ameaça uma grande
tempestade, o céu está coberto de um modo apavorante. Há poucas pessoas que
rezam e a aflição dos bons é grande. Vejo por toda a parte as comunidades
católicas oprimidas, humilhadas, arruinadas e privadas de liberdade. Vejo
muitas igrejas fechadas. Vejo grandes misérias se produzirem em todos os
lugares. Vejo guerras e sangue derramado.
“Tive a visão de uma imensa batalha. Toda a planície estava
coberta por uma espessa fumaça. Vinhas
estavam cheias de soldados, de onde atiravam continuamente. Era um lugar baixo;
viam-se grandes cidades ao longe. Vi São
Miguel descer com numerosa tropa de anjos e separar os combatentes. Mas isso só
acontecerá quando tudo estiver perdido.
Um chefe invocará São Miguel e então a vitória descerá”.
“Vi São Miguel pairando sobre a igreja de São Pedro,
brilhante de luz, usando uma vestimenta vermelho-sangue e segurando na mão um
grande estandarte de guerra. Verdes e azuis combatiam contra os brancos, que
pareciam sofrer a derrota. Todos ignoravam porque combatiam. Entretanto, o anjo
desceu, foi aos brancos e eu o vi várias vezes à frente de todas as suas
coortes. Então eles ficaram animados de uma coragem maravilhosa, sem que
soubessem de onde isso lhes vinha. O
anjo multiplicava seus golpes entre os inimigos, as tropas inimigas passavam
para o lado dos brancos, outros fugiam para todos os lados”.
Sobre a demolição da
Igreja a Bem-Aventurada teve diversas visões, chegando ao ponto de vê-La a tal
ponto destruída que só restava de pé o Santíssimo Sacramento. Nisto ela viu um homem que defendia a Igreja:
“Eu estava acabrunhada de tristeza e me
perguntava onde estava aquele homem que eu tinha visto outrora permanecer sobre
a Igreja para defendê-la, usando uma vestimenta vermelha e segurando uma
bandeira branca”. Se ela não via
neste momento o homem que “outrora” defendia a Igreja é porque este já havia
entrado na glória, pois em seguida é Nossa Senhora em pessoa que luta pela
igreja: “Então vi uma mulher cheia de
majestade avançar pela grande praça que fica diante da igreja. Ela tinha seu
amplo manto erguido sobre os dois braços, e ela se levantou suavemente no ar.
Ela se postou sobre a cúpula e estendeu sobre a Igreja, em toda a sua extensão,
o manto que parecia faiscar de ouro”. Com esta intervenção, vários demônios
“mantenedores” de que falamos neste trabalho foram exorcizados: “Os demônios acabavam de tomar um instante de
repouso; mas quando quiseram voltar ao trabalho foi-lhes absolutamente
impossível aproximar-se do espaço coberto pelo manto virginal”. Os anjos bons agora ocupavam tais espaços,
preparando o ambiente para a vinda do Reino de Maria.
É chegado a hora em que,
após o Varão da Destra de Nossa Senhora ter subido aos céus, com o seu
holocausto como que “comprou” de Deus um
mais poderoso auxílio angélico para os bons que combatiam: “Entretanto, os bons puseram-se a trabalhar com uma atividade
incrível.”. Inicialmente meio moles,
por causa de certos “provectos”, mas depois aguerridos por causa da presença de
“muitos jovens fortes e vigorosos”. Na descrição a seguir há uma referência a
um movimento dentro da Igreja para a restauração de tudo: “Vieram homens muito velhos, impotentes, esquecidos, depois muitos
jovens fortes e vigorosos, mulheres e crianças, eclesiásticos e seculares; e o
edifício foi logo inteiramente restaurado”.
Depois de tudo isto, o
Reino de Maria: “Vi tudo se renovar e uma
igreja que se erguia até o céu”. Em outra visão: “Vi uma imagem desse tempo distante que não posso descrever. Mas vi
sobre a terra a noite se retirar e a luz e o amor retomarem uma nova vida. Tive
nessa ocasião visões de toda espécie sobre o renascimento das Ordens
religiosas. O tempo do Anticristo não está tão próximo como alguns crêem.
Haverá ainda precursores, e vi em duas cidades doutores de escola dos quais
poderiam sair esses precursores”.
No Reino de Maria os
conspiradores anticristãos continuarão atuando: “Os homens de avental branco continuaram a trabalhar, mas sem ruído e
com grande circunspecção. Eles estão temerosos e têm sempre o olho à espreita”.
Não há como negar que a
Bem-Aventurada Anna Catharina Emmerich foi vítima expiatória, isto foi
proclamado por ocasião de sua beatificação. E, como tal, vítima expiatória
exorcística, pois pelo seu holocausto (junto aos méritos de Nosso Senhor Jesus
Cristo) diversos demônios encarregados da conjuração anticristã entre os homens
foram exorcizados. Não se sabe se, ao voltarem
todos para o inferno lá ainda permanecem, pois tais são os pecados dos homens
que muitos deles podem ter voltado ou ainda ter permanecido em algum lugar na
terra.
[1]
Foi eleito sucessor de Pio VII em 28 de julho de 1823. Na sua política externa procedeu às negociações de
diversas concordatas, vantajosas para o papado.. Condenou as sociadades
bíblicas (de tendências protestantes) e reorganizou o sistema educacional. Era
fortemente opositor da Carbonária e da Maçonaria..
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