Neste ano tivemos algumas datas
significativas para a Humanidade. Comemorou-se o centenário das aparições de
Fátima, os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, os 500
anos da apostasia e revolta de Lutero e, finalmente, cem anos da implantação do
regime comunista na Rússia, a ser relembrado no próximo dia 7 de novembro, data
em que os bolchevistas derrubaram o governo provisório e declararam a
implantação de um Estado socialista soviético.
A situação do mundo hoje é convulsa e
difícil de ser compreendida. Isto porque as coisas que ocorrem parecem não ter
lógica, o homem moderno perdeu completamente o sentido de direção, de rumo, de
saber para onde vai o que fazer da vida. E isso ocorre também com
governos e até nações inteiras.
Vejamos a situação da ideologia que
dominou quase que completamente o século passado: o marxismo e sua consequência
política mais imediata que é o comunismo, ou, como alguns chamam também o
“capitalismo de Estado”, quando todas as riquezas, fontes de produção e de
serviços, além de todos os cidadãos, passam a pertencer única e exclusivamente
ao Estado. Vai completar um século que ocorreu um golpe para implantar este
regime na Rússia, sendo chamado originalmente de “ditadura do proletariado”.
Aos poucos este regime foi invadindo (pela força, astúcia e rios de
dinheiro) os países vizinhos da Rússia, formando um conglomerado de nações
cativas sob a alcunha de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em
pouco tempo já se implantava no mundo o maior império de que a História já se
ouviu falar, dominando a China, grande parte de países asiáticos e da África.
Nas Américas, houve várias tentativas
de se implantar tal regime, sendo uma das mais violentas a do México, a menos
de dez anos após o golpe na Rússia. Mas, tanto lá como em outros países,
tipo Brasil, Argentina e Chile, além de outros da América do Sul assolados por
guerrilhas cruéis, tais tentativas foram frustradas graças a sadias reações das
populações. Somente em Cuba tal regime se fez implantar nas Américas,
perdurando até hoje com quase sessenta anos de todo tipo de violências e
misérias que lhe são afins.
No entanto, a partir da última década
do século passado a ideologia marxista comuno-socialista começou a perder
fôlego. Vários países se livraram da opressão comunista, como a Hungria, a
Polônia, a Lituânia, no Leste Europeu. A própria Rússia abrandou a ditadura do
proletariado e instituiu um regime de meias liberdades, sendo porém dominado
por partido único (o PC) até hoje. De outro lado, os partidos comunistas e
socialistas mais poderosos do mundo começaram a minguar por falta de
contingentes ou carência de audiências. O PC italiano, por exemplo, era o mais
rico e poderoso do Ocidente, e hoje vive à míngua. Os partidos socialistas mais
poderosos dominavam a política na França, Espanha, Portugal e Grécia, mas
já não se pode dizer o mesmo hoje, embora continue a influenciar na promulgação
de leis de cunho nitidamente socialistas. O que queremos destacar, porém, é que
mediante o fracasso retumbante da doutrina e dos princípios marxistas
implantados em vários países, tudo em torno deles fenece e tende a morrer de
inanição.
Como se justifica, então, que após um
século da primeira experiência comunista na Rússia haver demonstrado seu mais
terrível fracasso através dos anos ainda surjam políticos que queiram
implantá-la em seu país? Como entender que a Venezuela possa trilhar pelo mesmo
caminho já tão sobejamente provado da pobreza, da fome e da miséria, que é a
consequência do regime marxista, seja comunista ou socialista?
Talvez a resposta esteja numa tática
diferente que a Revolução universal quer aplicar no mundo. Não, o rumo mais
avançado da Revolução hoje já não é mais o velho e decrépito comunismo. Muito
mais avançou ela (a Revolução universal) na Europa com a corrupção moral e dos
costumes, com a retumbante licenciosidade e liberdade sexual e da promiscuidade
estonteante nos costumes sociais e morais daquela sociedade. Avançou porque
corrompeu e deixou toda a Europa sujeita, por exemplo, ao avanço do islamismo
sem provocar qualquer comoção ou reação de rechaço. Mole e sensual, nada faz o
europeu para enfrentar a tão absurda “invasão” muçulmana, pior do que se fosse
dominado por regime comunista. Acomodou-se também com leis facínoras como as do
aborto e eutanásia, ou com leis imorais como aprovação de casamentos
homossexuais, gozando placidamente uma vida cheia de deleites sem se incomodar
com o resto do mundo, se há guerras e injustiças em outros povos. Fora isso, lá
não se fala mais em socialismo, comunismo, marxismo ou coisas congêneres. A fim
de manter este clima de vida gozosa e fruitiva, sem qualquer perturbação
aparente, a visão de uma regime comunista deve ser afastada para longe.
Mas, alguma coisa nova surgiu por lá
e ganha corpo no resto do mundo. É a Revolução feita pelas tão decantadas
“redes sociais”. Ela já se fez presente em alguns países. Operou com sucesso na
famosa “primavera árabe”, derrubando governos como o do Egito, e já se fez
presente na Europa com o movimento chamado de “Indignados”. Nos Estados Unidos
teve um similar, com o título de “Ocupem Wall Street”. Esta Revolução, feita
assim de forma mágica através das redes virtuais, nada produziu de positivo até
agora. Por que? Porque ela mesma se define como sem meta, sem rumo, sem
governo, sem partido, enfim, promove caos e anarquia. Sua bandeira é apenas um
rosto fantasmagórico com o nome de “anonymus”, indicando que não tem nome, além
de não ter rumo certo.
De onde vem tudo isso? Tudo indica
que o manual que orienta tais grupos foi elaborado pelo americano Gene Sharp,
que tem o nome de “como fazer uma revolução pacífica” ou coisa que o valha. E
mesmo que alguns não sigam o manual diretamente, de uma forma indireta sofrem
os efeitos do mesmo por aqueles que o aplicam e divulgam suas normas. Por
exemplo, todos estes movimentos se dizem “espontâneos”, como se tivessem
surgido naturalmente e não pertençam a grupos organizados; não podem ter
partidos políticos ou ostentar bandeira disso ou daquilo, tem que ser anônimo,
sem ideologia. E se algum grupo se apresenta desta forma está aplicando a
tática ensinada por Gene Sharp, Tais métodos de ação são divulgados
profusamente via internet.
E que ligação tem o problema da
Venezuela com isso? É que a Revolução precisa mostrar ao público um alvo para
que essa essa nova fase seja detonada. E nada mais visível para ser combatido do que
um regime comunista, implantado exatamente num país outrora senão
rico pelo menos em ascensão e há anos sob domínio de leis e governos
socialistas. Assim fica mais fácil unir muita gente em torno das redes sociais
e combater o inimigo comum. E nisso pode haver muitas vantagens como derrubar
um regime opressivo, ditatorial e difusor de fome e misérias. Mas, há também
muitas desvantagens como, por exemplo, deixar a sociedade no caos, sem rumo,
porque eles não apresentam solução para o que vem depois. O “anonymus” quer
apenas o “direito” de estar na rua fazendo protestos, queimando pneus, atirando
pedras, destruindo tudo como os “Black blocs”, não possui nenhuma proposta
positiva de reconstrução da sociedade em sólida bases morais. Quando Maduro
cair, haverá uma organização mais presente nas redes sociais para fazer o mesmo
com os que virão depois, sejam comunistas ou não.
A história de Nossa Senhora de
Coromoto, a Padroeira da Venezuela, diz um pouco sobre o que espera a
Providência daquele povo. A história conta que a Santíssima Virgem Maria
apareceu a um cacique na aldeia de Coromoto, mas o mesmo jogou-lhe uma pedra.
Naturalmente, a imagem sumiu sem sofrer os efeitos da pedrada, mas ela ficou
para sempre gravada milagrosamente na pedra que o índio jogou, e até hoje pode
ser vista indelevelmente. Perante tal milagre, o índio se converte com todo seu
povo. Assim, a “pedrada” de hoje pode ser a implantação do comunismo, mas
espera-se que a Providência reverta isso de forma milagrosa e produza efeitos
contrários completamente alheios e diferentes daqueles que os “anonymus” querem
disseminar na Venezuela, fazendo com que aquele povo retome o rumo de uma
verdadeira civilização cristã.
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