terça-feira, 10 de janeiro de 2017

MANIFESTAÇÃO DE ÓDIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA, A FESTA DA DEUSA RAZÃO PROFANA NOTRE-DAME DE PARIS



Plinio Corrêa de Oliveira

Hoje não há Santo em nosso calendário. Vamos estudar, portanto, uma das fichas de ódio revolucionário. É uma ficha tirada do livro “História Universal”, de João Batista Weiss[1]
“Para aumentar na população a sede de sangue” - é durante a Revolução Francesa isso - “e o ódio contra o Cristianismo, anunciou-se para o dia 10 de novembro de 1793, em que Chaumette ( Pierre Gaspard Chaumette ) começou a profanação dos templos em Paris, uma festa em honra de Charrier, o deus salvador, como uma festa da Razão.
Charrier fazia o papel de salvador, portanto, do gênero humano. Eu mesmo não sei quem é esse Charrier.
(Era um revolucionário que cometeu grandes atrocidades em Lyon. Era quase comunista. Até não se tornou comunista claramente, porque morreu, foi assassinado. Foi organizada uma festa em homenagem a ele depois da sua morte. Ele foi considerado como uma espécie de redentor, de messias).
Os senhores estão vendo, portanto: é um verdugo, um homem que cometeu atrocidades etc., e foi considerado um deus. E a festa dele, - isso é bem a coisa do demônio, - foi um dia de festa da Razão. Mas isso é bem assim: o demônio promete: “vou dar a você a independência de sua razão”. Tenha a certeza que ele vai tirar.
Então, a festa da Razão é pegar um criminoso e aclamar como Deus! Isso é a Razão! As coisas se passam assim.
“E na madrugada troaram os canhões em honra do novo deus. Às oito horas começaram os roubos de todos os vasos sagrados de ouro e prata, a destruição de todas as imagens e estátuas das igrejas, a aniquilação de todas as coisas que podiam suscitar um sentimento de devoção. As hóstias consagradas foram jogadas ao chão e calcadas aos pés.
Logo começou a grande procissão em honra de Charrier. Ia adiante a música militar, depois, quatro jacobinos”
Jacobinos os senhores sabem que é uma espécie de comunista do tempo.
“... levavam num formoso palanque um busto de Charrier e, de outro lado, uma urna onde iam suas cinzas”.
Ele, portanto, tinha morrido.
“E, de outro lado, uma pomba com que se dizia ele tinha brincado no cárcere e tinha tido com ela suas últimas alegrias. Uma banda de clubistas,
É do clube dos jacobinos
“... e de mulheres - de lo último, não quero qualificar, - iam gritando continuamente: Abaixo os aristocratas! Viva a república! Viva a guilhotina!”
Os senhores estão vendo como os revolucionários entendem bem o nexo entre as coisas. Fazem uma festa em que, ao mesmo tempo em que profanam as hóstias e quebram as imagens, gritam “abaixo a aristocracia” e “viva a guilhotina”. Isso para adorar o novo deus.
Agora, certos católicos a quem falamos de aristocracia respondem: “Ah, não sei o que tem isso a ver com a religião”. Os revolucionários sabem. O demônio sabe. O bandido sabe. Os católicos, muitas vezes, não sabem. Essa é a miséria das coisas.
“Depois vinham os profanadores das igrejas, que com a insígnia das bacantes e a barbárie dos demônios iam bebendo, se embriagando, usando os vasos sagrados, os cálices sagrados. Além disso, traziam um asno com uma mitra de bispo na cabeça, uma capa pluvial nas costas, um crucifixo e um Antigo e Novo Testamento pendurados no pescoço. O asno levava também uma estola. Atrás do asno vinham três comissários da Convenção, quer dizer, três representantes da Comissão: Fouché, Collot d’Herbois e Laporte, com ares devotos” - para estimular a risada - “debaixo de um pálio, como se usa na procissão do Santíssimo Sacramento. Uma escolta militar encerrava a procissão, [que] se moveu por muitas ruas até a praça [do] Terror.
Ali se tinha erigido, sobre uma elevação, um novo altar, sobre o qual se colocou com veneração, para ser adorado, o busto do novo deus Charrier. Formou-se um círculo em torno do altar, do qual saíam, um depois do outro, cada um dos comissários da Comissão. [Um por um] dobrou os joelhos e disse uma oração no sentido da nova religião do assassinado.
E a oração é essa: - essa é a oração de Collot d’Herbois, que é um dos principais bandidos de Revolução Francesa
“deus e salvador, olha a nação prostrada a teus pés, pedindo-te perdão pelo ímpio crime que pôs fim à vida do mais virtuoso dos homens. Tu hás de ser vingado! Nós te juramos pela república!” Fouché suspirou primeiro e depois pronunciou essas palavras:
Fouché era padre apóstata.
“Mártir da liberdade! Os canalhas te sacrificaram, o sangue dos criminosos é a única água lustral que pode expiar a tua alma, com razão irritada. Charrier, Charrier, nós juramos, diante de tua santa imagem, tomar vingança de tua execução. Sim, o sangue dos aristocratas te perfumará como um incenso”. E o inábil Laporte beijou, cheio de veneração, a fronte da imagem e só disse: “morte aos aristocratas!” Logo se pôs fogo a um turíbulo e se incensou a imagem daquele monstro. Todos jogaram ao fogo então crucifixos, Antigo e Novo Testamento e se deu a beber ao burro com um cálice. Jogaram no chão hóstias sagradas e as calcaram aos pés. Eu consegui tirar do meio dos objetos profanados um objeto sagrado que eu guardei para evitar que a multidão o profanasse”.
Acho que para os senhores não é muita surpresa, talvez, que a Revolução Francesa tenha cometido esses horrores. Os senhores precisam pensar é no que se passa em nossos dias. Quer dizer, esse espírito não mudou. A Revolução Francesa não pode ser vista como uma explosão de loucura que acabou, e depois dela passaram cento e cinqüenta anos de paz. Mas, pelo contrário, o espírito da Revolução Francesa foi se tornando cada vez mais radical, cada vez mais intenso. As suas crueldades foram [se] repetindo nas revoluções engendradas pela Revolução Francesa. Para não exemplificar outra, pela Revolução Comunista russa de 1917, e tantas outras revoluções comunistas que tem havido.

(Conferência "Santo do Dia", 5 de setembro de 1969)




[1]  WEISS, J. B., Historia Universal, Barcelona, Tip. de la Educación, 1929

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