Plinio Corrêa de Oliveira
Hoje não há Santo em nosso
calendário. Vamos estudar, portanto, uma das fichas de ódio revolucionário. É
uma ficha tirada do livro “História Universal”, de João Batista Weiss[1]
“Para aumentar na
população a sede de sangue” - é durante a Revolução Francesa isso - “e o ódio contra o
Cristianismo, anunciou-se para o dia 10 de novembro de 1793, em que Chaumette (
Pierre Gaspard Chaumette ) começou a profanação dos templos em Paris,
uma festa em honra de Charrier, o deus salvador, como uma festa da Razão.
Charrier fazia o papel de
salvador, portanto, do gênero humano. Eu mesmo não sei quem é esse Charrier.
(Era um revolucionário que
cometeu grandes atrocidades em Lyon. Era quase comunista. Até não se tornou
comunista claramente, porque morreu, foi assassinado. Foi organizada uma festa
em homenagem a ele depois da sua morte. Ele foi considerado como uma espécie de
redentor, de messias).
Os senhores estão vendo,
portanto: é um verdugo, um homem que cometeu atrocidades etc., e foi
considerado um deus. E a festa dele, - isso é bem a coisa do demônio, - foi um
dia de festa da Razão. Mas isso é bem assim: o demônio promete: “vou dar a você
a independência de sua razão”. Tenha a certeza que ele vai tirar.
Então, a festa da Razão é
pegar um criminoso e aclamar como Deus! Isso é a Razão! As coisas se passam
assim.
“E na madrugada troaram os
canhões em honra do novo deus. Às oito horas começaram os roubos de todos os
vasos sagrados de ouro e prata, a destruição de todas as imagens e estátuas das
igrejas, a aniquilação de todas as coisas que podiam suscitar um sentimento de
devoção. As hóstias consagradas foram jogadas ao chão e calcadas aos pés.
Logo começou a grande
procissão em honra de Charrier. Ia adiante a música militar, depois, quatro
jacobinos”
Jacobinos os senhores
sabem que é uma espécie de comunista do tempo.
“... levavam num formoso
palanque um busto de Charrier e, de outro lado, uma urna onde iam suas cinzas”.
Ele, portanto, tinha
morrido.
“E, de outro lado, uma
pomba com que se dizia ele tinha brincado no cárcere e tinha tido com ela suas
últimas alegrias. Uma banda de clubistas,
É do clube dos jacobinos
“... e de mulheres - de lo último, não quero
qualificar, - iam gritando continuamente: Abaixo os aristocratas! Viva a
república! Viva a guilhotina!”
Os senhores estão vendo
como os revolucionários entendem bem o nexo entre as coisas. Fazem uma festa em
que, ao mesmo tempo em que profanam as hóstias e quebram as imagens, gritam
“abaixo a aristocracia” e “viva a guilhotina”. Isso para adorar o novo deus.
Agora, certos católicos a
quem falamos de aristocracia respondem: “Ah, não sei o que tem isso a ver com a
religião”. Os revolucionários sabem. O demônio sabe. O bandido sabe. Os
católicos, muitas vezes, não sabem. Essa é a miséria das coisas.
“Depois vinham os
profanadores das igrejas, que com a insígnia das bacantes e a barbárie dos
demônios iam bebendo, se embriagando, usando os vasos sagrados, os cálices
sagrados. Além disso, traziam um asno com uma mitra de bispo na cabeça, uma
capa pluvial nas costas, um crucifixo e um Antigo e Novo Testamento pendurados
no pescoço. O asno levava também uma estola. Atrás do asno vinham três
comissários da Convenção, quer dizer, três representantes da Comissão: Fouché,
Collot d’Herbois e Laporte, com ares devotos” - para estimular a risada
- “debaixo de um pálio, como se usa na procissão do Santíssimo Sacramento.
Uma escolta militar encerrava a procissão, [que] se moveu por muitas ruas até a
praça [do] Terror.
Ali se tinha erigido,
sobre uma elevação, um novo altar, sobre o qual se colocou com veneração, para
ser adorado, o busto do novo deus Charrier. Formou-se um círculo em torno do
altar, do qual saíam, um depois do outro, cada um dos comissários da Comissão.
[Um por um] dobrou os joelhos e disse uma oração no sentido da nova religião do
assassinado.
E a oração é essa: - essa é a oração de Collot
d’Herbois, que é um dos principais bandidos de Revolução Francesa
“deus e salvador, olha a
nação prostrada a teus pés, pedindo-te perdão pelo ímpio crime que pôs fim à
vida do mais virtuoso dos homens. Tu hás de ser vingado! Nós te juramos pela
república!” Fouché suspirou primeiro e depois pronunciou essas palavras:
Fouché era padre apóstata.
“Mártir da liberdade! Os
canalhas te sacrificaram, o sangue dos criminosos é a única água lustral que
pode expiar a tua alma, com razão irritada. Charrier, Charrier, nós juramos,
diante de tua santa imagem, tomar vingança de tua execução. Sim, o sangue dos
aristocratas te perfumará como um incenso”. E o inábil Laporte beijou, cheio de
veneração, a fronte da imagem e só disse: “morte aos aristocratas!” Logo se pôs
fogo a um turíbulo e se incensou a imagem daquele monstro. Todos jogaram ao
fogo então crucifixos, Antigo e Novo Testamento e se deu a beber ao burro com
um cálice. Jogaram no chão hóstias sagradas e as calcaram aos pés. Eu consegui
tirar do meio dos objetos profanados um objeto sagrado que eu guardei para
evitar que a multidão o profanasse”.
Acho que para os senhores
não é muita surpresa, talvez, que a Revolução Francesa tenha cometido esses
horrores. Os senhores precisam pensar é no que se passa em nossos dias. Quer
dizer, esse espírito não mudou. A Revolução Francesa não pode ser vista como
uma explosão de loucura que acabou, e depois dela passaram cento e cinqüenta
anos de paz. Mas, pelo contrário, o espírito da Revolução Francesa foi se
tornando cada vez mais radical, cada vez mais intenso. As suas crueldades foram
[se] repetindo nas revoluções engendradas pela Revolução Francesa. Para não
exemplificar outra, pela Revolução Comunista russa de 1917, e tantas outras
revoluções comunistas que tem havido.
(Conferência "Santo do Dia",
5 de setembro de 1969)
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