Durante a Missa para os seminaristas, na manhã deste sábado, 20, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Madri, na Espanha, o Papa Bento XVI anunciou que vai declarar São João d'Ávila como novo Doutor da Igreja.
“Com grande alegria, no marco da santa igreja Catedral de Santa Maria a Real da Almudena, quero anunciar agora ao povo de Deus que, acolhendo os pedidos do Senhor Presidente da Conferência Episcopal Espanhola, o Eminentíssimo Cardeal Antônio Maria Rouco Varela, Arcebispo de Madri, dos outros Irmãos no Episcopado da Espanha, bem como de um grande número de Arcebispos e Bispos de outras partes do mundo, e de muitos fiéis, declararei, proximamente, São João d'Ávila, presbítero, Doutor da Igreja”, disse o Papa.
Ao divulgar esta notícia, o Pontífice expressou seu desejo de colocar as palavras e a vida desde santo como exemplo para os seminaristas ali presentes.
“Convido todos a dirigirem o olhar para ele, e confio à sua intercessão os Bispos da Espanha e de todo o mundo, bem como os presbíteros e seminaristas para que, perseverando na mesma fé que ele ensinou, possam modelar seu coração conforme os sentimentos de Jesus Cristo, o Bom Pastor, a quem seja dada toda glória e honra por todos os séculos dos séculos”, destacou Bento XVI.
São João de Ávila
João de Ávila, nasceu em Almodóvar del Campo, em Castilla Nueva. Estudou filosofia e teologia na Universidade de Alcalá.
É considerado como um dos mais influentes Santos da Espanha do século XVI. Foi amigo de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, e conselheiro espiritual da Santa Teresa d'Ávila.
Ordenado sacerdote mostrou tal eloquência, que o Arcebispo de Sevilha pediu que se dedicasse à evangelização em seu país. Trabalhou durante 9 anos nas missões de Andaluzia.
Os mais famosos de seu escritos são suas cartas e o tratado “Audi Filia”, considerado um verdadeiro compêndio de ascética, que o rei Felipe II tinha em tanta estima que pediu que não faltasse nunca em El Escorial. Sua enorme influência como pregador provocou inveja e alguns clérigos o denunciaram perante a Inquisição sevilhana em 1531. Desde esse ano até 1533, João de Ávila esteve encarcerado e foi processado pela Inquisição.
Foi beatificado em 1894 e canonizado pelo Papa Paulo VI em 31 de maio de 1970. Sua festa se celebra no dia 10 de maio.
O Apóstolo de Andaluzia, como costumava ser chamado, estava convicto da necessidade de uma reforma na Igreja, e para levá-la adiante começa pela reforma do clero, pelo que seus escritos tiveram grande influência no Concílio de Trento. São João d'Ávila e Santo Inácio de Loiola mantiveram um importante intercâmbio de cartas. Igualmente manteve contatos com Santa Teresa de Ávila e fundou seminários e universidades.
Doutores da Igreja
Dentro da Igreja os Doutores foram surgindo ao longo dos anos e naturalmente se destacando por suas obras e doutrinas. O primeiro deles foi Santo Hilário, do século IV, contemporâneo de uma grande safra de doutores, como Santo Atanásio, Santo Efrém, São Basílio, São Cirilo de Jerusalém, São Gregório Nazianzeno e os excepcionais vultos da Cristandade, como Santo Ambrósio, São João Crisóstomo, São Jerônimo e Santo Agostinho. Ao longo dos séculos, vários outros doutores foram se destacando, culminando com o mais culto, São Tomás de Aquino no final da Idade Média, e um dos últimos deles que foi Santo Afonso de Ligório, no século XVIII. Chegamos, pois, ao século XXI, com um total de 30 homens e 3 mulheres (Santa Teresa d'Ávila, Santa Catarina de Siena e Santa Teresinha do MeninoJesus), todos santos, com a Igreja reconhecendo-lhes o título de Doutor da Igreja.
Muitos destes Doutores eram também o que se denominou de "Padres". Padres da Igreja somente eram assim considerados os que reuniam quatro condições necessárias: ortodoxia de doutrina, santidade de vida, aprovação eclesiástica e antiguidade. Todos os demais escritores são conhecidos com o nome de "ecclesiae scriptores" ou "scriptores ecclesiastici", escritores da igreja ou escritores eclesiásticos. O título de Doutores da Igreja, como é óbvio, é diferente do de Padres: a alguns dos doutores da Igreja lhes falta a nota de antiguidade, porém, em troca, têm, além das três notas características de "doctrina orthodoxa, sanctitas vitae et approbatio ecclesiae", os dois requisitos de "eminens eruditio et expressa Ecclesiae declaratio". É assim que Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Gregório Magno são considerados como "egregii doctores ecclesiae", egrégios doutores da Igreja. Estes quatro Padres são também considerados como "os quatro grande Padres da Igreja". A Igreja grega venera somente a três "grandes mestres ecumênicos": Basílio o Grande, Gregório de Nazianzeno e Crisóstomo, enquanto que a Igreja romana acrescenta a estes três Santo Atanásio, contando desta maneira quatro grande Padres do Oriente e quatro do Ocidente.
A Igreja reserva o título de Doutor àquele que defende e ensina uma doutrina, seja através da oratória ou de publicações, de conteúdo moral ou religioso, onde se explicitam questões transcendentais para a Religião e a Cristandade. Foram chamados especialmente de doutores aqueles sábios do tempo da Escolástica, como São Tomás de Aquino e São Boaventura, que se revelaram verdadeiros mestres em suas obras. O título de Doutor é dado pela Igreja pela tradição ou de forma oficial aos teólogos notáveis, como o dado a São Roberto Belarmino por Pio XII em 1931. Tais títulos nunca foram concedidos em vida, assim como também Ela o faz ao realizar a canonização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário