Assim como Napoleão, o pretenso “imperador” (graças a Deus ainda não chegamos a tanto) das Américas, Hugo Chávez, também quis substituir uma devoção tradicional entre os católicos da Venezuela. A única diferença é que Chávez tentou substituir a devoção a Maria Santíssima por um bandido vulgar, Che Guevara, enquanto que o ditador corso tentou, ele mesmo, ser aceito como “Saint Napoleon”. Da mesma forma que o imperador postiço da França, o venezuelano também não obteve sucesso. Mas como foi a lição dada por Napoleão?
Napoleão havia nascido a 15 de agosto de 1769, portanto no dia da festa de Nossa Senhora da Assunção. Na época, a cidade em que nasceu pertencia à Itália, cujo idioma influenciou seu nome de batismo: “Napolione”. Sabedor de que a festa de Nossa Senhora tinha grande popularidade entre os católicos e toda a nação francesa, além do fato de se celebrar também naquele dia a coroação de Luís XIII (fato que lhe despertava mais inveja). Considerando-se um “fundador” de uma nova dinastia, não suportava que fosse reverenciado um antigo rei de França, além do mais naquele dia tão caro aos católicos. Procurou então criar uma festa religiosa que substituísse a tradicional: “Saint Napoleo” substituiria a Virgem Santíssima e o antigo rei de França.
Mandou procurar, e encontrou, algum santo ou personagem antigo que tivesse um nome igual ou semelhante ao dele: em épocas remotas se comemorou em Roma a festa de um mártir cristão cujo nome era Neopolo. Forjaram, então, uma transformação gramatical, pela qual Neopolo se chamaria na França Napoleo, muito assemelhado com Napoleon ou Napolione. Saiu então o decreto, com data de 19 de fevereiro de 1806, que impunha a substituição em solo francês da celebração da Assunção de Nossa Senhora pela de “São Napoleo” ou “Saint Napoleone”.
Em Roma, o cardeal Michele di Pietro redigiu, por ordem de Pio VII, um vigoroso protesto contra ato inadmissível em que “o poder civil substituía o culto da Assunção da Virgem Santíssima aos Céus com o de um santo desconhecido”. Ingerência intolerável do temporal no terreno religioso. Mas o caráter despótico do “imperador” postiço impediu que tal documento fosse publicado na França.
Não durou muitos anos, porém, a nova “devoção”: oito anos depois, morria ela juntamente com o seu criador.
Chávez, discípulo de Napoleão ou de Fidel?
Diferentemente de Napoleão, no entanto, o ditador venezuelano tentou criar uma religião nova. Um de seus santos principais seria “San Che Guevara”, cujo busto foi colocado no lugar da Padroeira da Venezuela, Nossa Senhora de Coromoto, na entrada do Hospital Coromoto de Maracaíbo. O hospital também mudaria de nome, é claro. Temendo reação da opinião católica, inicialmente fizeram apenas trocar a estátua de Nossa Senhora de Coromoto pelo busto do bandido argentino. A troca de nomes viria depois. Este foi o ponto inicial do enfrentamento que Chávez iniciou contra a Igreja Católica, tendo como um de seus últimos lances a recusa em conceder passaportes aos bispos que viajaram a Roma para visita “Ad Limina” ao Papa. Em busca da socialização compulsória do país e da paganização dos costumes, aprovou recentemente uma reforma do ensino, cujo objetivo final é a apropriação do Estado nas escolas particulares, especialmente as católicas. Diz-se que esta nova lei não será cumprida, estará havendo desobediência coletiva a ela. E a devoção a “Che Guevara”? O fato deu-se em 2007, e decorridos menos de dois anos depois, ninguém fala mais no assunto. Durou menos do que a de “Saint Napoleon” na França.
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