quarta-feira, 25 de maio de 2022

SÃO GREGÓRIO VII E O PODER DO PAPA

 


                             ("Amei a justiça e odiei a iniquidade, por isso morro no exílio"  (Salmo 44,8)

A respeito da festa de São Gregório VII, existe um documento que lhe é atribuído e que reflete o seu pensamento, intitulado “Dictatus Papae”. Trata-se de um documento atacado pelos teólogos progressistas, e que é uma lista verdadeiramente sublime das teses que São Gregório VII queria sustentar.

Lembremos que o Imperador da época, Henrique IV, intervinha nos assuntos da Igreja e tentava de controlá-La através da nomeação de bispos. E o Papa santo combateu esta política e conseguiu eliminar esta pretensão do governo imperial e deu uma lição ao Imperador. E apresentam-no então como um grande “quebra-dentes” do Sacro Império Romano-Alemão. Isto é falso. Ele não foi um "quebra-dentes", mas sim um “quebra-garras”. Quando o Imperador tentou deitar garras no poder eclesiástico, São Gregório o “quebrou”.

O “Dictatus Papae” é a afirmação da monarquia pontifícia e universal em matéria espiritual, de uma monarquia universal suprema sem prejuízo das monarquias subordinadas que se deveria estender por toda a Cristandade. O Papa não pretendia governar o Império, mas reivindicava o direito de exercitar uma influência decisiva. Esse documento vê no Sacro Império a “espada” do Sumo Pontífice, pronta para proteger a Santa Igreja Católica, defender a Fé e combater Seus inimigos. De um lado, o poder temporal deve governar de modo independente conforme o direito natural. De outro, o Papado deve vigiar que isto se dê efetivamente. Neste sentido, os dois poderes são diversos e independentes.

Mas o “Dictatus Papae” afirma também que se se nos perguntasse qual é o poder mais elevado e eminente na Terra, a resposta é clara e é representada igualmente na arte da época: bem no alto o Papa; à sua direita e em um plano abaixo, o imperador; abaixo deste, todos os reis e potentados da terra. Abaixo do Papa, significando a ordem espiritual, todo o clero católico. E tudo dependendo de um só monarca supremo que era o Pontífice. Era essa a concepção de São Gregório VII.

Na data de sua festa, podemos pedir a ele que alcance para o mundo novamente o conhecimento e o amor pela noção de diferenciação e ao mesmo tempo de união da ordem espiritual e da ordem temporal. No dia em que essa concepção se generalizar, terá chegado a aurora do Reino de Maria. Mas a contrario sensu, no dia em que chegar a aurora do Reino de Maria, essa concepção ressurgirá.

Vamos pedir a São Gregório VII que alcance de Nossa Senhora, que por sua vez nos obtenha de Deus, este fervor no amor dessa idéia sublime quanto aos poderes espiritual e temporal. Mesmo porque fora desta concepção não há concepção política, nem social, nem econômica que resolva nada, que adiante de nada. Vamos então rezar neste intenção.

 

(Plínio Corrêa de Oliveira – Santo do Dia – 25 de maio de 1964)


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