("Amei a justiça e odiei a iniquidade, por isso morro no exílio" (Salmo 44,8)
A respeito da festa
de São Gregório VII, existe um documento que lhe é atribuído e que reflete o
seu pensamento, intitulado “Dictatus Papae”. Trata-se de um documento
atacado pelos teólogos progressistas, e que é uma lista verdadeiramente sublime
das teses que São Gregório VII queria sustentar.
Lembremos que o Imperador
da época, Henrique IV, intervinha nos assuntos da Igreja e tentava de
controlá-La através da nomeação de bispos. E o Papa santo combateu esta
política e conseguiu eliminar esta pretensão do governo imperial e deu uma
lição ao Imperador. E apresentam-no então como um grande “quebra-dentes” do
Sacro Império Romano-Alemão. Isto é falso. Ele não foi um
"quebra-dentes", mas sim um “quebra-garras”. Quando o Imperador
tentou deitar garras no poder eclesiástico, São Gregório o “quebrou”.
O “Dictatus Papae”
é a afirmação da monarquia pontifícia e universal em matéria espiritual,
de uma monarquia universal suprema sem prejuízo das monarquias subordinadas que
se deveria estender por toda a Cristandade. O Papa não pretendia governar o
Império, mas reivindicava o direito de exercitar uma influência decisiva. Esse
documento vê no Sacro Império a “espada” do Sumo Pontífice, pronta para
proteger a Santa Igreja Católica, defender a Fé e combater Seus inimigos. De
um lado, o poder temporal deve governar de modo independente conforme o direito
natural. De outro, o Papado deve vigiar que isto se dê efetivamente. Neste
sentido, os dois poderes são diversos e independentes.
Mas o “Dictatus Papae”
afirma também que se se nos perguntasse qual é o poder mais elevado e
eminente na Terra, a resposta é clara e é representada igualmente na arte da
época: bem no alto o Papa; à sua direita e em um plano abaixo, o imperador;
abaixo deste, todos os reis e potentados da terra. Abaixo do Papa, significando
a ordem espiritual, todo o clero católico. E tudo dependendo de um só monarca
supremo que era o Pontífice. Era essa a concepção de São Gregório VII.
Na data de sua
festa, podemos pedir a ele que alcance para o mundo novamente o conhecimento e
o amor pela noção de diferenciação e ao mesmo tempo de união da ordem
espiritual e da ordem temporal. No dia em que essa concepção se generalizar,
terá chegado a aurora do Reino de Maria. Mas a contrario sensu,
no dia em que chegar a aurora do Reino de Maria, essa concepção ressurgirá.
Vamos pedir a São
Gregório VII que alcance de Nossa Senhora, que por sua vez nos obtenha de Deus,
este fervor no amor dessa idéia sublime quanto aos poderes espiritual e
temporal. Mesmo porque fora desta concepção não há concepção política, nem
social, nem econômica que resolva nada, que adiante de nada. Vamos então
rezar neste intenção.
(Plínio Corrêa de Oliveira – Santo do Dia –
25 de maio de 1964)
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