sexta-feira, 28 de junho de 2019

SINAL DA PROVIDÊNCIA PARA PROMOVER A DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS? - O INCÊNDIO DO SANTUÁRIO DE BOM JESUS DA LAPA






No dia 1º de maio de 1903 um incêndio destruiu quase que completamente tudo o que havia dentro da gruta original de Bom Jesus da Lapa. Coincidentemente havia chegado na cidade um grupo de protestantes americanos, que foram logo tidos como suspeitos pela população porque andaram pregando heresias contra o culto das imagens, etc. Evadiram-se da cidade com medo da população ou, quem sabe, da própria justiça.
Em Salvador, o fato foi visto como sinal da Providência para animar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, ainda sem muito fervor, segundo alguns, e também por que uma Imagem do mesmo saiu ilesa do incêndio.
Sobre o incêndio ocorrido na gruta de Bom Jesus da Lapa em 1º de maio de 1903, escreveu o padre espanhol Turíbio Villaronga Segura, autor de um livro histórico sobre o Santuário, escrito em 1937, “Bom Jesus da Lapa – Resenha Histórica” (Editora Ave Maria, São Paulo):
“O pavoroso incêndio que, segundo as informações recolhidas, originou-se no depósito de cera, mais provavelmente por alguma negligência, serviu para engrandecer e aumentar o Santuário. Antes do incêndio, a Gruta era escura: depois ficou clara. O teto ou abóbada era baixa; depois alteou-se. O altar-mor estava onde agora começa o presbitério: depois alongou-se mais cinco metros. “A atmosfera era corrompida, úmida e quente”, como escreveu o Engenheiro Helfeld na as visita em 1853: depois ficou ventilada e higienizada. Existiam aos lados duas vulgares e encaliçadas paredes de tijolos que tomavam espaço diminuindo a magnificência e beleza do maravilhoso recinto e que faziam o mesmo efeito ao gosto artístico dos visitantes que duas pistolas nas mãos de um santo: depois da remodelação, foi suprimido tão antiestético aditamento. A divina Providência sabe escrever direito com linhas tortas e tirar bens do que nós julgamos males!  (págs. 178/179)
Um fato que o Autor comenta no livro e não o refere nesse texto (o Arcebispo faz referência a ele, de passagem), foi que o desmoronamento de uma grande pedra (ocorrido no dia seguinte ao incêndio) fez aparecer uma outra gruta do interior da montanha, sendo esta muito maior do que a antiga. Hoje, ao visitar o Santuário, penetra-se nela pela antiga gruta, mas logo a seguir o romeiro entra na segunda, bem grande, espaçosa e alta, onde se celebram Missas com mais conforto e onde estão expostos mais elementos devocionários.


CARTA PASTORAL DE D. JERÔNYMO THOMÉ DA SILVA
Arcebispo Metropolitano de S. Salvador da Bahia e Primaz do Brasil
Sobre o incêndio da Gruta do Senhor Bom Jesus da Lapa na noite de 1° de maio de 1903
D. Jerônymo Thomé da Silva, por Mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Arcebispo Metropolitano de S. Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, etc.
Ao venerando Cabido, aos Reverendo Párocos, Sacerdotes e todos os fiéis desta nossa Arquidiocese, Saúde, Paz e Bênção em Jesus Cristo, nosso Mestre e Redentor.

Irmãos e Filhos muito amados:
Surpreendido na manhã do dia 6 de maio próximo findo, pelo conteúdo de um telegrama comunicando-nos que voraz e casual incêndio reduzira a cinzas a Gruta do Senhor Bom Jesus da Lapa, Santuário venerado há mais de dois séculos pelos fiéis desta e outras dioceses do Brasil, tínhamos o imperioso dever de transmitir-vos logo tão triste notícia.
Era mister, porém, que o fizéssemos circunstanciadamente; e, como para isto necessitamos de informações mais detalhadas, somente agora é que podemos cumprir o doloroso encargo.
O telegrama a que aludimos, Irmãos e Filhos muito amados, era concebido nos seguintes termos:
“Lapa, 2 de Maio – Exmo. Sr. Arcebispo. – Bahia.
Fatalidade! Voraz incêndio casual, ontem para hoje, reduziu cinzas Gruta Bom Jesus, salvando-se apenas imagem Coração de Jesus. Entulho pedras desabadas todo teto impede sabermos sorte Imagem Padroeiro. Providencio minuciosamente. Aguardo urgentes ordens”.
Estava o telegrama assinado pelo Revmo. P. Agostinho Garrido, Capelão do Santuário, e fora-nos enviado pela Estação de Caetité, por intermédio do Revmo. Cônego Tobias Pereira Coutinho, Vigário Forâneo da região do Alto S. Francisco.
Tristemente impressionado, respondemos sem perda de tempo, ordenando ao Vigário Forâneo que se dirigisse, quanto antes, à vila da Lapa para dar as providências necessárias.
A fatal notícia, da qual se ocupou a imprensa desta capital com a rapidez do raio ecoou logo por toda a parte, produzindo a consternação e a dor no ânimo dos fieis.
O incêndio ocorrido no Santuário do Bom Jesus da Lapa, na noite de 1° de Maio próximo findo, continua a ser até hoje um mistério.
Tinha sido a gruta recentemente pintada e preparada às solenidades do culto. Na manhã do dia 1º de Maio, primeira sexta-feira do mês, os fiéis se haviam reunido diante do altar do Sagrado Coração de Jesus para lhe tributarem as homenagens de seu amor. Onde quer que viceje a mimosa planta do Apostolado do Oratório, que tanto embeleza e alegra o jardim da Igreja, sempre a primeira sexta-feira de cada mês é um dia privilegiado, em que as almas amantes de Jesus lhe oferecem perfumadas fibras de virtudes.
À tarde do referido dia, não houve cerimônia de espécie alguma na Gruta; nenhuma luz ardia, nem mesmo a lâmpada do Santíssimo Sacramento, que, havia cinco meses, deixou de ser ali conservada.
Acresce que, quando, à hora do costume, fechou-se a Gruta, não se notou coisa alguma que pudesse fazer recear qualquer sinistro, e todas as precauções possíveis estavam tomadas para evitar desastre de qualquer natureza.
Reinava, irmãos e filhos muito amados, a maior paz e tranquilidade no ânimo de todos os habitantes da vila da Lapa, quando, pelas quatro e meia da madrugada do dia 2 de Maio, é o Capelão sobressaltado com a notícia do incêndio da Gruta. Sem demora, e à toda pressa, encaminha-se para o Santuário; abre a porta; e fica atônito vendo que a maior parte do que havia de madeira estava entregue às chamas!
Horroroso espetáculo! Do teto desprendiam-se enormes pedras, produzindo medonho estampido.
A Gruta parecia estremecer. Tal comoção sentiu o Zelador, que de súbito emudeceu, recobrando a fala quatro dias depois; mas não ficou louco, como alguém erradamente escreveu.
Duas vezes o Capelão tentou entrar, e duas vezes foi obrigado a retroceder  quase asfixiado pelo denso fumo e calor insuportável. Dado o sinal de incêndio, a população acudiu toda tomada de espanto e terror.
Todos queriam invadir o Santuário para prestar os seus serviços; mas o perigo era imenso.
Depois que saíra bastante fumo e diminuíra a intensidade do calor, puderam algumas pessoas juntamente com o Capelão, transpor o limiar da Gruta. Deram-se por esta ocasião fatos admiráveis.
Desde o momento em que se pude penetrar no interior da Gruta, tratou-se de retirar logo a Imagem do Sagrado Coração de Jesus, que felizmente salvara-se das chamas. O povo, Irmãos e Filhos muito amados, o povo, cheio de fé e de uma coragem inaudita, afrontava o perigo, levando bacias com água para extinguir o fogo. Por todas as partes era uma verdadeira chuva de pedras, e algumas bem pesadas, esmagavam as bacias que os fiéis tinham em suas mãos, sem, entretanto, produzirem a menor lesão nas mesmas pessoas. Muitas das pedras que desabaram do teto eram cortantes como navalhas, e, pela ação do fogo, se haviam tornado incandescentes.
Pois bem, Irmãos e Filhos muito amados, coisa realmente admirável! Os fiéis caminhavam descalços por cima daquelas pedras sem se cortarem, nem se queimarem, sendo para notar que, decorridas vinte e quatro horas depois de apagado o fogo, já ninguém podia pôr as mãos ou os pés em cima das mesmas pedras, pelo calor que ainda conservavam.
“Meu Bom Jesus!” “Meu Bom Jesus!” era o grito lancinante do povo procurando, no meio do entulho, a veneranda Imagem do Senhor. Infelizmente se havia queimado, e apenas encontraram-se os raios, o resplendor e alguns fragmentos da mesma imagem carbonizados.
Imaginai, Irmãos e Filhos muito amados, a dor que dilacerava o coração daquela pobre gente! Choravam todos como crianças, não vendo a Imagem do Bom Jesus. Será castigo, meu Deus, perguntavam alguns, que será isto? Mistério, respondemos nós.
Em dois dias limpou-se a Gruta, tirando-se par mais de duzentas carradas de pedra. No Domingo seguinte depois da catástrofe, pôde o Capelão celebrar na Gruta o Santo Sacrifício da Missa, e dirigiu uma alocução ao povo sobre o infausto acontecimento, animando a todos, à vista das ocorrências havidas, a não esfriarem nos sentimentos de sua fé. Ao ato religioso assistiram mais de oitocentas pessoas, e durante e cerimônia, não houve o menor incidente.
Pela tarde, porém, do mesmo dia, por volta de duas horas, quando a Gruta estava fechada, sentiu-se de longe de caíra uma grande pedra, a qual parecia estar segura no teto.
Fatos desta ordem, Irmãos e Filhos muito amados, não podem deixar de impressionar a todos, até mesmo aos incrédulos, menos, porém, aos protestantes americanos, que são “dura cérvice et incircumcisis cordibus”  (Act Ap. VII, 51).
Quando toda a população mostra-se consternada, e o eco da dor repercute em todos os pontos onde chega a desoladora notícia, os protestantes, que já de certo tempo a esta parte haviam assentado suas tendas na vila da Lapa, exuberaram de prazer e lá estão explorando o lamentável fato, insinuando no ânimo do povo que a Gruta não era mais do que uma cavidade de pedras, e a Imagem e a Cruz do Bom Jesus, simples pedaço de madeira.
Como se insulta assim a crença de um povo! Quanta audácia e quanta impiedade!
Não; a Gruta do Santuário do Senhor Bom Jesus da Lapa é mais do que uma cavidade de pedras.
Há grutas na terra que decantam as grandezas do Céu. A Gruta do Belém é o berço do Redentor da humanidade: ali nasceu Jesus Cristo, saudado pelos Anjos do Céu, adorado pelos homens da terra. A Gruta de Lourdes é o poético santuário de Maria, a terra bendita que a gloriosa Virgem escolheu para aparecer à humilde pastorinha Bernadette Soubirous, confirmando o dogma de sua Imaculada Conceição.
Ambas estas grutas são lugares sagrados, são objetos da maior veneração da cristandade.
A Gruta da Lapa é mais do que uma cavidade de pedras: é um Santuário construído pela mão da natureza, escolhido por um monge (o Padre Francisco Mendonça Marques) há mais de dois séculos, para ser o lugar de suas rigorosas penitências e expiações. A Gruta da Lapa é o santuário tradicional, onde a misericórdia de Deus se há manifestado, produzindo inúmeros prodígios em favor da triste e padecente humanidade; é um templo santificado pelas orações do povo cristão; pela celebração do Augusto Sacrifício da Missa e mais cerimônias da Igreja; é um santuário, enfim, onde os fiéis deste e outros Estados do Brasil, atraídos por fatos extraordinários, vão com religioso respeito cumprir suas promessas e implorar novas graças e bênçãos.

.Quem dirá, Irmãos e Filhos muito amados, que o retrato de um pai, ou de uma Mãe, seja simples pedaço de papel ou de tela, e a bandeira de uma nação, mero pedaço de pano? Dilacerai aquele retrato, queimai-o. Não será uma afronta a uma nação inteira, e que pode trazer graves consequências diplomáticas? E por que? A razão é óbvia. Aquele retrato recorda-nos um ente querido: um pai extremoso, uma mãe carinhosa. Aquela bandeira representa um país, uma nação, com seus costumes, com suas tradições e glórias.
Do mesmo modo, a imagem do Bom Jesus representa a Cristo, Filho de Deus vivo, e Rei imortal dos séculos, o Redentor da humanidade, nosso Pai, nosso Mestre e o melhor amigo.
A Cruz é a bandeira do Cristianismo, é o lábaro de uma crença que venceu no mundo. A Cruz regenerou o homem. As sociedades se elevam quando a invocam; se perdem quando a esquecem. A Cruz, e somente a Cruz, é que forma a nobreza do caráter, a grandeza do espírito e a energia do patriotismo.
Inspirado nestes sentimentos foi que o monarca da Alemanha, em junho do ano passado, assim encerrou um seu discurso em Aguisgran: “Cada vez me vanglorio mais de ter colocado o império, o povo, o exército, a minha própria pessoa e a dinastia sob a proteção da Cruz, sob os auspícios d’Aquele que disse: - “O céu e a terra passarão; a minha palavra, porém, não passará”. Ninguém de bom senso dirá que o Imperador Guilherme tivesse colocado aquela grande, culta e poderosa nação sob a proteção de um pedaço de madeira. Seria ridículo.
O desastre da Gruta, Irmãos e Filhos muito amados, não terá as consequências que alguns supõem, e que os inimigos da Religião desejam. Antes de tudo, convém tornar público e notório que a Gruta do Bom Jesus da Lapa, a qual se acha na fralda de um majestoso e elevado morro, e que tem um quarto de légua em circunferência, não desapareceu com o incêndio, como talvez alguém tenha acreditado, por causa de telegramas passados em momentos de confusão; pelo contrário, ela agora é mais ampla e espaçosa e comporta maior número de pessoas que outrora.
As obras de reconstrução no interior do Santuário prosseguem em grande atividade, para que, na próxima festa, a 6 de agosto, esteja a gruta toda asseada e adornada. Outros trabalhos de maior monta far-se-ão depois da festa.
Esperamos que o povo brasileiro, especialmente os queridos filhos da Bahia, amantes de suas tradições e da fé que lhes legaram seus antepassados, contribuirão generosamente com suas esmolas para as despesas necessárias ao reparo das ditas obras. O Santuário, Irmãos e Filhos muito amados, não dispõe de meios para fazer face a essa despesa. Suas rendas têm sido escrupulosamente aplicadas na construção de um Colégio que ali deliberamos fazer em benefício da infância.
Rogamos, portanto (e encarecidamente o fazemos), aos Revmos. Párocos, Capelães de Casas Pias, Diretores do Apostolado da Oração, da Guarda e de Honra do Sagrado Coração de Jesus e aos demais Sacerdotes que se inflamam de zelo pela glória de Deus e de nossa Religião, promovam, para o mencionado fim, uma subscrição entre os fiéis e pessoas de sua amizade. Não haverá uma só família católica que deixe de atender as nossas rogativas. Cada um dê o que puder; o rico, como rico; o pobre, como pobre. Óbolo, qualquer que ele seja, grande ou pequeno, será sempre um público e solene testemunho de nossa fé e amor ao Bom Jesus. Estão autorizados a receber as ofertas os Revmos. Srs. Cônego Secretário do Arcebispado, Capelão do Santuário da Lapa e os Vigários Forâneos do Alto São Francisco e de Sergipe. O culto do Bom Jesus da Lapa há de continuar com o mesmo fervor, e a festa ano se fará com mais pompa e solenidade. Outra imagem igual em tudo à primeira (da qual temos a fotografia), por ordem nossa, já se está preparando nesta cidade, e terá os mesmos raios e o resplendor encontrados nas ruínas do incêndio.[1]
A nova Imagem deverá seguir no dia 1º do próximo mês de julho para ser colocada na Gruta. Estamos certos de que a fé Cristã não abandonará aquele lugar sagrado; e muito desejamos que este ano a romaria dos fiéis seja mais numerosa. Ali está, Irmãos e Filhos muito amados, a Imagem do Sagrado Coração de Jesus salva do incêndio, chamando a todos; Venite ad me omnes, e prometendo-nos conforto e alento para os nossos males e misérias. Sim, naquele Santuário os aflitos continuarão a encontrar a consolação; os pecados a justificação; os fracos, a força; os tíbios, o fervor; e os justos, a perfeição.
Senhor Bom Jesus da Lapa, se foi mão perversa que ateou o incêndio em vosso Santuário, perdoai ao celerado inimigo. Vosso Coração é um oceano de misericórdia, cujas águas apagam os maiores crimes da humanidade. Tende compaixão, Senhor, daqueles que, dominados pelo erro, principalmente do protestantismo, vos perseguem e vos insultam. Conduzi os inimigos de vosso nome ao porto da verdade e à unidade da fé, para que haja um só rebanho e um só pastor. Volvei, ó Bom Jesus da Lapa, um olhar propício sobre o Brasil, sobre as famílias católicas e todo o povo desta amada Diocese da Bahia. Somos vossos filhos; queremos sempre Vos pertencer. Na medida de nossas forças trabalharemos para que continue o vosso culto na prodigiosa Gruta da Lapa. Permitistes,  ó Bom Jesus, que a Sagrada Imagem de vosso amantíssimo Coração escapasse ao furor das chamas, para que tivéssemos um lenitivo à nossa imensa dor. Deixai, ó Bom Jesus da Lapa, que de vosso amabilíssimo Coração desça agora uma bênção sobre nós:
“Benedicto Dei Omnipotentis Patris et Filii et Spiritus Sancti descendat super vos et maneat semper”.
A todas as pessoas que rezarem devotamente a oração supra, concedemos quarenta dias de Indulgência; e oitenta dias a todos os que visitarem o Santuário do Senhor Bom Jesus da Lapa no dia da sua festa e na oitava seguinte.
Esta Carta Pastoral será lida nas Igrejas de todos os Conventos, Recolhimentos e Asilos deste Arcebispado, e por ocasião da Missa Conventual, em todas as Matrizes e Curatos, devendo depois ser arquivada na forma do estilo.
Dado nesta cidade de S. Salvador da Bahia, em o Paço Arquiepiscopal, sob o nosso sinal e selo de nossas Armas, aos 19 de junho de 1903, Festa do Sagrado Coração de Jesus.
Jerônimo, Arcebispo da Bahia.
Cônego Francisco de Assis Casto, secretário!.









[1] Estes raios  e esplendor são de ouro, como alguém disse.

Nenhum comentário: