quarta-feira, 28 de novembro de 2018

OS CORPOS MÍSTICOS E A "BAGARRE"






Antes de tudo, algumas definições: o Corpo Místico de Cristo corresponde à Santa Igreja Católica Apostólica, Romana, em toda a sua extensão, terrena e divina (quer dizer, militante e gloriosa ou reinante). O corpo místico de Satanás seria o inverso, ou seja, um grupo formado por homens e anjos maus que combatem o Corpo Místico de Cristo e formariam uma espécie de “igreja satânica”. Quanto ao termo “bagarre”, significa confusão ou caos em francês, e foi utilizado pelo Dr. Plínio Corrêa de Oliveira para caracterizar a situação caótica e confusa do mundo de hoje, com seu auge chegando a um tal clímax que somente a palavra “bagarre” para o caracterizar.
De algum modo fica até fácil que se entenda o Corpo Místico de Cristo, pois a Igreja é uma instituição divina palpável e presente entre os homens. No entanto, o corpo místico de Satanás, ou a “igreja do demônio”, como age nas trevas (apesar de também estar presente é quase invisível), nos cria dificuldades ao se querer defini-la em um sentido metafísico ou filosófico mais preciso. Mas, apesar disso, ele existe e atua...
Como é que um ser humano participa de um corpo místico? Pertence ao Corpo Místico de Cristo todo homem batizado na Santa Igreja Católica e nela perseverante na freqüência de seus Sacramentos e na adesão ao primado de Pedro. Poder-se-ia dizer que pertence ao corpo místico de Satanás todo homem que peca, que se revolta contra Deus, mas este pecado (ou estado de revolta) teria uma característica especial que o faz cumpridor dos planos de Satanás na destruição da verdadeira Igreja. Assim, um católico mesmo estando em pecado mortal continua a ser membro do Corpo Místico de Cristo (embora seja temporariamente um membro morto pela falta da graça divina). A fim de que ele passe a pertencer inteiramente ao corpo místico de Satanás terá que cometer tais pecados ou chegar a um tal estado de revolta que o faça inteiramente a serviço do inimigo da Criação e das almas.
É esta última condição que quero analisar.  Ora, os pecados podem ser individuais e coletivos, isto é, o homem peca sozinho ou com os demais; ou peca apenas com uma pessoa ou com um grupo de pessoas. Assim, os pecados coletivos podem levar os homens a constituir um corpo místico de Satanás. O pecador quando peca sozinho expulsa Deus do interior de sua alma, mas é ainda considerado (sendo católico) membro do Corpo Místico de Cristo (um membro morto mas a espera da ressurreição ou volta para o mesmo Corpo)  e sujeito à remissão pela graça da Confissão. No entanto, ele pode pecar com outra pessoa e, naquele instante, cria um vínculo pecaminoso com outro na revolta contra Deus. Indo mais adiante, pode haver um grupo de pessoas ou uma sociedade inteira que cometa determinados pecados, e aí no caso teríamos uma “sociedade mística de Satanás” atuando contra Deus.
Exemplos: o pecado do liberalismo, do laicismo, do estado totalitário, no campo social, e os pecados de divórcio, amor-livre, sodomia e taras sexuais no âmbito moral. Há também um pecado coletivo, muito comum entre pagãos, que é o espírito de vingança, que pode levar à guerra e ao mata-mata do banditismo. E este pecado de espírito de vingança tornou-se muito comum no Brasil. Basta verificar que, ao ocorrer determinado crime, as pessoas gritam logo “por justiça”, isto é, querem de qualquer forma ver o criminoso punido. Mas essa punição é desejada mais como vingança do que como justiça. Todos estes pecados levam às sociedades a participarem do corpo místico de Satanás através dos pecados individuais ou coletivos de seus membros.
Imagina-se que a sociedade dita satânica, ou o seu corpo místico, só seria composta de bruxos, magos ou satanistas. Mas, não; estes poderiam até ser os elementos de proa, o seu “corpo docente”, mas todo o restante do corpo místico de Satanás é composto por todos aqueles que cometem pecados coletivos e levam toda a sociedade a descaracterizar ou destruir a Igreja de Cristo entre os homens.

O caminho da desesperança e os “serial killer”
O pecado coletivo que está detonando a “bagarre” seria o da falta de Confiança, ou o da Desesperança, corolário de um conjunto de outros pecados coletivos. E este tem crescido assustadoramente nos últimos dias. Trata-se de um pecado contra o Espírito Santo, pois levando ao desespero, leva também à perdição eterna. E há muitos anos que se repetem os crimes chamados de “serial killer”, matança indiscriminada de pessoas, especialmente nos Estados Unidos da América, com destaque para o estado da Flórida.
Vamos começar analisando um caso no Brasil (país, onde não ocorrem tais eventos como lá na América do Norte): a 7 de abril de 2011 no Rio de Janeiro, um jovem entra atirando numa escola, mata vários garotos e depois se suicida. Trata-se apenas da repetição de uma cena já vista em outros países. É a consumação máxima do desespero, o qual pretende se espalhar despoticamente sobre o resto da população.
O atirador deveria estar possesso. E pertencendo ao corpo místico de Satanás por causa de um pecado coletivo: o da desesperança. Este pecado, ou situação espiritual, é estimulado (embora não seja o principal fator) pelo mundo virtual, hoje profuso. O homem vive num mundo irreal, ilusório e virtual e, de repente, transforma este mundo em realidade. Ele “acorda” de seu mundo interior, todo feito de revoltas contra a Ordem do Universo, querendo destruir o mundo real que há em volta dele.
O demônio quer que haja este tipo de ataques, de matanças em massa, a fim de aumentar a desesperança entre as pessoas. E tudo indica que o atirador agiu por impulsos diabólicos, demonstrando rara perícia no manejo das armas e na frieza das execuções das crianças. Um homem em seu estado normal não teria tanta frieza. Deveria estar possesso...

O massacre da Noruega (julho de 2011)
Os acontecimentos mundiais há muito tempo que não são mais analisados segundo certa lógica sociológica ou, por assim dizer, política e social. Aliás, tal é o caos que nada mais parece ter lógica para quem analisa certos fatos que ocorrem atualmente. 
Um deles foi o atentado perpetrado pelo “serial killer” norueguês. Os meios de comunicação o descrevem, geralmente, com dois aspectos: um de certa simpatia e outro de completa aversão. A simpatia vem por conta de seu porte físico, seu cabelo louro, seus olhos azuis, enfim, sua cultura e sua ascendência um tanto simpática. A aversão vem, unicamente, por causa de sua “ideologia”, na qual ele era descrito como “fundamentalista cristão de direita” e mostrado sempre numa foto em que posou ao lado de uma cruz suástica nazista.
Para se analisar tal episódio temos que ter alguns pressupostos. Primeiro: a Revolução é dirigida por forças secretas, onde o próprio Satanás dá algumas ordens e tenta cumprir certo plano. Segundo: cada lance ou cada passo importante dado pela Revolução é executado por um ou mais homens, geralmente possuídos por alguns demônios e sob “ordens” ou meras insinuações dos mesmos ou de seus chefes. O demônio, por si mesmo, não teria poder para agir com tanta desenvoltura. Tem que haver o concurso dos homens, além da permissão de Deus, é claro.
Nesse aspecto, alguns lances ocorridos nos últimos anos têm sido feitos segundo uma técnica chamada de “acupuntura social”. Trata-se de uma técnica de manobrar a opinião pública, usando artifícios, a modo de agulhas de acupuntura (que toca em algumas partes do corpo para surtir efeito em outras), fazendo com que as pessoas passem a agir de forma diferente, e até contrárias, a seus princípios por causa de algum fator emocional passageiro.
Um exemplo: o atentado a bombas em Madri no ano 2004, quando o efeito produzido na opinião pública foi a derrota do candidato direitista (que nas pesquisas iria ganhar com folga) e a vitória do desprestigiado partido socialista. Foi tal a rejeição emocional para o governo que causou sua derrota política. Quer dizer: um atentado cometido por muçulmanos, contra as guerras do oriente, teve como objetivo a derrota de seus inimigos na eleição espanhola.
Difícil dizer ou falar sobre alcance político do atentado contra as torres gêmeas em 2001, mas houve uma mudança da opinião pública ao considerar a fragilidade do colosso americano, ferido gravemente em seu íntimo por um indivíduo só (Bin Laden), o qual figurava na mente das pessoas como uma figura magra, esquálida, triste e melancólica, até mesmo meio idiota, mas atrevidamente enfrentando a maior potência do mundo.
Parece que o atentado na Noruega tem também uma finalidade de “acupuntura social”. Vejamos. O terrorista afirma que seu principal objetivo era criticar o governo por causa de sua tentativa de flexibilizar a entrada de imigrantes no país. Esta é uma questão que se discute muito na Europa, com alguns países tentando amenizar as leis para permitir que levas de imigrantes penetrem naquele continente. Discute-se entre os políticos, mas a opinião pública não é muito simpática à idéia. Agora, parece ter mudado o pensamento das pessoas por causa de um lance emocional de um  bárbaro atentado. A agulhada de acupuntura consistiu num atentado que chocou a opinião de tal forma que a fez apoiar a entrada de imigrantes, coisa antes impossível.
Unamos os pressupostos acima com o atentado em si. Surgiu entre as notícias a informação de que o “serial killer” era maçom, e de grau elevado. Culto, inteligente, maçom de grau elevado, resolve espalhar na internet sua ideologia denominada “cristã de direita” e contrária ao projeto governista de relaxar as leis de imigração. Como é que pode ser considerado inteligente um indivíduo que pensa que um atentado de tal monta faria as pessoas apoiar sua causa? É claro que o objetivo foi o contrário, isto é, não visava conseguir apoio mas rejeição de suas idéias, embora não demonstrasse ser esse seu objtivo. E quem o fez agir assim? Seus compromissos com as seitas secretas e com o “chefe” supremo delas, Satanás. O qual, para cumprir seu desígnio, o possuiu antecipadamente talvez em suas sessões secretas...
O que pode ter ocorrido nos dias que se seguiram ao atentado? Vários governos europeus (especialmente da França e Alemanha) manifestaram o propósito de modificar suas legislações a fim de flexibilizar as imigrações, especialmente provenientes dos países em guerra na África, como Síria, Líbia e tantos outros . Estaria sendo preparada assim a “grande invasão” muçulmana de que fala as profecias do passado? É o que está ocorrendo no momento.
Repentinamente a opinião pública mundial se volta para o mesmo problema nos Estados Unidos da América, quando uma onda de imigrantes ameaça suas fronteiras, todos vindos dos países da América Central, região assolada por governos esquerdistas e com graves problemas sociais e políticos que os americanos, bem pertinho deles, não conseguiram resolver ou ajudar a solucioná-los. Muitas vidas estão em perigo nesse arriscado jogo político, onde empurram massas humanas em direção de algo em que não se vislumbra nenhuma esperança de sucesso. Para tanto, umas tantas vidas humanas nada representam para os corifeus da Revolução universal.

A comoção social
E sempre foi assim: cada passo dado na sociedade pecaminosa, cada susto dado com casos como esse, abre um precedente e cria nas almas das pessoas propensão para achar aquilo normal, embora de início cause comoção. Muitos dos crimes hediondos que hoje se pratica, com a conseqüente difusão em massa pela mídia, vai aos poucos acostumando as pessoas com o império do mal. No caso concreto, o império da desesperança.
De início, causava impacto as ações de bandidos à mão armada assaltando e matando, mas, com o tempo tais ações foram ficando tão comuns que até a população que se diz ordeira chega a praticá-las como coisa natural.
E há também os falsos heróis, apresentados como “modelos” de revolta contra a ordem. Monsenhor Delassus conta um caso sintomático. Dois elementos das forças secretas foram executados em certa cidade italiana em meados do século XIX. A constância e orgulho demonstrado por ambos foi motivo de alegria pelos seus prosélitos (embora fossem insignificantes na seita) pois aquilo representava um choque na opinião pública. Poderiam ser tidos como “mártires” e mudar o sentido de martírio. Foram eles “pioneiros” em criar esta nova concepção de martírio na opinião pública. Vários “mártires” foram apresentados pela Revolução à opinião pública como herói, mas, na maioria das vezes, não passaram de elementos fracos, pusilânimes ou até mesmo covardes. Um exemplo é o facínora argentino “Che” Guevara, na realidade um fracassado sinistro, sem nenhum valor heróico sequer para a seita dele, mas apresentado como tal para ser “venerado” pelo público. Quem o “venera”, de algum modo, incentiva a atuação do corpo místico de Satanás.
Nos dias atuais a coisa tem destaque diferente. Ao longo dos anos o crime foi tendo sempre uma nota de novidade, causando um primeiro impacto na opinião pública e depois se banalizando. A série de assassinatos em massa que se iniciou nos Estados Unidos teve obviamente a mão satânica, nesta perspectiva, de se criar um estado de torpor na opinião pública, mas criando ao longo dos anos como que uma nova “escola” de violência. De revolta principalmente contra a Ordem.
E de desespero. A nota comum deste desespero é o suicídio do assassino logo após os massacres. De tal forma isto virou “novidade” que, logo depois do primeiro caso, já ocorreram diversos assassinatos de cônjuges, namorados ou amantes em que o criminoso se suicida em seguida. Será que já houve tantos casos assim em épocas passadas? Não sei, acho que não.

O mundo virtual pode levar à desesprança
O certo é que Satanás nunca age sozinho quando se trata desta guerra contra Deus e Sua Obra. Sozinho ele apenas deu aquele brado famoso “non servian”, mas precisou da anuência de Adão e Eva para se praticar o primeiro pecado, do apoio dos homens para a revolta de Babel e de todas as revoltas já havidas contra Deus, inclusive o deicídio, que Satanás não teria perpetrado sem o concurso dos homens. As profanações dos Santíssimos que ocorrem não se fariam sem o concurso dos homens. Ele precisa de um corpo místico aqui na terra para continuar sua guerra contra Deus... E é através dos membros deste corpo místico que é cometido os crimes mais infames e, conseqüentemente, o crescimento deste mesmo corpo místico.
Sobre o massacre do Rio, muitos depoimentos foram dados por psicólogos e especialistas, mas nenhum deles atentou para as verdadeiras causas deste mal. Em geral falam de problemas de psicoses, de frustrações familiares, enfim, de algum problema humano comum nos dias de hoje, mas não chegam sequer a sugerir o problema preternatural. Quantos e quantos detentores da mesma mentalidade não existem no mundo de hoje, apenas a espera de uma “ordem” preternatural para executar seus desígnios! E de tal forma que possa dar rumos à história.
Um outro exemplo. Após assistir o filme “Código Da Vinci”, na Itália, um jovem vê um sacerdote na rua e, sem pestanejar, o mata. Na polícia, o assassino diz que viu naquele padre o “inimigo” que ele tanto odiava, que era apenas um personagem do filme. Este criminoso é um dos milhares que andam por aí, sendo preparados diante das telas de cinemas, da TV ou de computadores para agir de forma real. Quer dizer, o virtual transformou-se em realidade na hora em que ele deveria manifestar todo o ódio nutrido interiormente pela película. É nesse mesmo mundo virtual que é gerado e nutrido um crescente número de tarados sexuais, viciados em vídeos e propagandas pornográficas, a agir em qualquer hora contra a sociedade, especialmente contra os inocentes.
Assistimos hoje a uma enxurrada de insinuações virtuais, tanto pela internet quanto pela TV e pelo cinema. Várias mentes estão sendo possuídas para agir em certos momentos, naqueles momentos em que o demônio queira que tome novos rumos o caminho para a desesperança...
Surgiu assim uma nova “onda”, que pretende ser sucessora dos hippies ou dos punks: trata-se dos “freaks” (em inglês), mas já denominados de “frikis” no Japão e na Espanha. Estes últimos são produto acabado do jovem introvertido que vive num mundo virtual, chamados por um psicólogo espanhol de “autistas consentidos”. Formando comunidades “freaks” vão criar um mundo “real” diferente daquele em que vivem e inteiramente afinados com seus ídolos de jogos e de cinemas. E para tanto já elegeram uma palavra-talismã de forte efeito: empatia. Alguns chegaram a ter tanta empatia por um ídolo, um cantor de uma banda que se matou, que resolveram seguir o ídolo e se matar também. Um deles, um gaúcho de apenas 16 anos (por sinal filho de família muito rica), cometeu o suicídio de acordo com orientações captadas pela internet, deixando tudo registrado, vídeos, etc: o objetivo seria causar impacto entre seus familiares, uma espécie de “vingança”, uma revolta inusitada...
Até onde chegaremos? É claro que a Providência suscita alguns que mantém viva a Fé e a Confiança. Especialmente a Esperança. Uma das principais diferenças práticas entre estas virtudes é que a Confiança, de modo geral, se refere ao dia a dia, aos problemas cotidianos, às necessidades mais imediatas da pessoa humana, enquanto que a Esperança se refere a algo mais distante, ao porvir. Confia-se na assistência divina às nossas necessidades materiais, como alimentação e vestimenta, mas espera-se sempre por dias melhores, por um futuro mais feliz ou pela salvação eterna. Nós confiamos firmemente na Providência para socorrer as necessidades do Apostolado, mas esperamos algo mais além, que é a vitória de Nossa Senhora e a implantação de Seu Reino, como coisa futura, embora com a mesma certeza de atendimento.
Quanto ao pecado da desesperança, caminha-se para ele através da desconfiança: desconfia-se hoje de tudo e de todos; desconfia-se não só das pessoas, mas das instituições sociais, como do governo; desconfia-se dos comerciantes e dos empresários de modo geral. E pela desconfiança perde-se a esperança na solução dos problemas. Crê-se que tudo está perdido, não há mais saída para nada. É a desesperança, caldo de cultura da “bagarre”. Neste sentido, a morte é o ponto alto dessa desesperança, e a morte será a “moeda corrente” da “bagarre”, causando desesperança nuns, embora haja confiança noutros por causa da Fé vivida no cotidiano.
Quem viver, verá! Muitos outros massacres estão por vir, o mata-mata está muito próximo, pois as forças da mídia virtual estão preparando muitos elementos para cumprir tão nefastos desígnios. E, cúmulo da desesperança, seguidos de suicídios.
Que a Santíssima Virgem tenha piedade de nós e nos dê paz de alma para saber vencer este pandemônio que se aproxima.




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