Sob
o título de “Toda a Verdade - Televisões Extremistas, Difundindo o Medo”, a BBC
de Londres divulgou reportagem onde é mostrada a influência dos canais de TV
entre os países árabes de religião muçulmana. O principal foco é mostrar a
disseminação do ódio entre xiitas e sunitas. É evidente que este é apenas um aspecto a ser
analisado, pois há outras reportagens que mostram o ódio ostensivo que os
canais de TV muçulmanos vomitam contra os judeus e contra o Ocidente cristão. O
teor da reportagem foi legendado em português e publicado no Youtube, mas,
posteriormente, foi retirado talvez por motivos inerentes às complicações com o
poder muçulmano na mídia.
Eis
abaixo um relato do que se diz ali.
Uma
das primeiras indagações é até que ponto os canais de TV muçulmanos são
influentes na propagação do sectarismo e do ódio pregando apenas mensagens de
caráter religioso. O que ocorre é que o conteúdo religioso do islamismo, por si
mesmo, prega o ódio contra todas as outras religiões e, por isso, qualquer
pregação tende para ódio sectário. A reportagem pesquisou três países onde tais
canais de TV são mais atuantes: Iraque, Egito e Kuwait. Faltou falar da
Al-Jazira, do Catar, uma TV de maior penetração inclusive no Ocidente por se
apresentar com um tipo de jornalismo mais liberal e ocidentalizado, mas umas
das emissoras que mais contribuiu para disseminar o ódio contra os americanos
entre os muçulmanos.
Londres,
além de abrigar algumas comunidades muçulmanas, é uma das cidades europeias de
onde procedem programações e emissões de sinais para o mundo islâmico, dentro
ou fora da Europa. Um dos homens mais ricos e influentes do setor é o xeque Abu
Al Muntaser, que reside na capital britânica.
Após
a revolução chamada de “primavera árabe” (a partir de 2011), dezenas de
estações de TV começaram a atuar naqueles países (Iraque, Egito e Kuwait,
principalmente) aproveitando-se de uma nova mentalidade que surgiu, fruto do
que se chama no Ocidente de “liberdade de expressão”, coisa praticamente
inexistente nos regimes ditatoriais anteriores. O repórter da BBC acompanhou
alguns canais por um período de seis meses a fim de montar a reportagem.
O
que constataram é que a característica principal do ódio sectário predomina
entre as duas principais facções muçulmanas: xiitas e sunitas, especialmente na
Síria e no Iraque, onde são mais divididos do que em outros países.
No
Iraque, na época em que Saddam governava eram os sunitas que dominavam, e são minoria no país. Derrubado Saddam, os
xiitas se alçaram ao poder, e logo começaram as rivalidades e ódios entre os
dois grupos, situação incrementada pelos canais de TV sectários, segundo a BBC.
Hoje há muito mais massacres entre estes grupos do que no tempo de Saddam
Hussein. Pois, se antes havia tal ódio não existia quem os açulasse de forma
tão intensa como a televisão.
Um
exemplo da forma como atuam é mostrada. Todos os discursos odiosos feitos nas
mesquitas são transmitidos com destaque, especialmente se atacam os sunitas.
Numa transmissão de TV, por exemplo, um “clérigo” xiita fala mal da mulher de
Maomé, que tem seu nome de Ashia no idioma deles. Com a divulgação disso,
poucos dias depois o sujeito é linchado numa aldeia sunita.
Na
ditadura de Saddam cerca de 10 canais de TV religiosos foram suspensos num só
ano por pregarem o ódio sectário, dentre eles o canal Al Anwar 2, xiita, mas
depois da queda do mesmo voltou a funcionar por causa da introdução das leis de
“liberdade de expressão” do novo
governo. E voltou com a mesma
programação odiosa. Incentivando inclusive os seus adeptos a ir para a guerra
da Síria. Outro canal que atiça o ódio religioso é Ahl Al-Bayt, fechado e
reaberto sem haver mudado sua maneira de atuar. Há denúncias de que este último
canal usa os Estados Unidos da América como base de operação, isto é, estúdios
e geração de imagens, sem qualquer medida do governo americano para coibir tal
abuso.
No
Egito, todos os canais de TV religiosos são sunitas, e procuram em sua
programação despertar na população o ódio contra os xiitas. Um dos casos mais
assombrosos foi um massacre ocorrido na aldeia de Zawiet Abu Mosselem, em junho
de 2013, no sul do Cairo, ocasião em que um “clérigo” xiita e alguns seguidores
foram linchados porque havia feito discurso difamante na TV. Quando o mesmo
canal de TV transmitiu o massacre o fez de modo a suscitar o desejo de vingança
dos que foram assassinados.
Um
dos maiores controladores de canais de TV do Egito chama-se Nile Sat. cuja
emissão é feita via satélite, como se sabe muito cara. Esse canal afirma manter
uma rede de mais de 700 outros canais, grande parte deles religiosos. O
controle de tais canais é feito nos moldes das ideias ocidentais de “liberdade
de expressão”, não havendo qualquer censura sobre seus conteúdos. Um canal só
pode ser excluído ou suspenso se “violar a lei” ou “por quebra de contrato”.
No
tempo que Mubarak governava foi suspenso o canal Safa TV por incitar o ódio
sectário. Hoje está funcionando livremente em nome da “liberdade de expressão”,
mas pregando o ódio.
450
mil dólares anuais é quanto custa gerir um canal de TV religioso entre aqueles
países, mas ninguém sabe de onde vem tal quantia. A fim de camuflar os
verdadeiros financiadores (os ricos donos de petróleo), os principais canais
fazem costumeiramente campanha para arrecadar donativos entre seus
telespectadores. O repórter da BBC descobriu, no entanto, que um dos principais
doadores é um rico empresário do Kuwait, chamado Khalid Al-Opaymi, que se
esconde para não ter seu nome envolvido.
O
Kuwait é um país de maioria sunita, mas não há registro de hostilidades entre
eles e os xiitas no país. Tudo indica que esta convivência pacífica é por
acordo entre as elites, para manter seus negócios lá longe da fuga de capitas
dos ricos ocidentais. No entanto, é de lá que saem os maiores recursos para
alimentar a guerra entre sunitas e xiitas nos países vizinhos. Por exemplo,
este Khalid citado antes é apontado como principal armador de grupos que lutam
contra o governo do Irã.
O
número de canais de TV religiosos que pregam o ódio sectário entre muçulmanos
foi calculado em 120, sendo que os mais radicais chegam a 20, os quais agem de
forma mais ostensiva.
Os
repórteres também descobriram que a maioria dos recursos que alimentam trais
canais de TV vêm da Europa e dos Estados Unidos, sendo grande parte de Londres.
Muitos deles são geridos a partir da capital britânica, alguns até com estúdios
instalados lá. Um dos dirigentes desta rede em Londres é o xeque Yasser Al
Habib, o qual comprou uma igreja (não diz se era católica ou anglicana) por um
milhão de libras e a transformou numa mesquita. Está localizada na periferia de
Londres, num lugar chamado Fulmer. Dentro da mesquita funciona um estúdio de TV
por 24 horas diárias sem parar, chamado “Fadak TV” , e é destinado aos xiitas
de todo o mundo islâmico, calculado em 20 milhões de telespectadores aproximadamente.
A lei inglesa, também baseada na “liberdade de expressão” e, talvez, para não
afastar prováveis rendas que o xeque deixa por lá, nada faz para censurar ou
proibir as emissões odiosas da Fadak TV.
A
BBC descobriu também em Londres uma organização chamada “Servants of Mahdi”, que procede do Iraque e é destinada a
angariar fundos para tais canais. Em Londres há também uma TV sunita, chamada
Wesal Farsi, cuja matriz fica na Arábia Saudita, mas faz campanha aberta contra
o regime do Irã. Todos estes canais têm
funcionamento via satélite e podem ser assistidos em outros países.
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