A vida promíscua dos índios hoje não é
muito diferente quando os nosso primeiros colonizadores chegaram ao Brasil no
século XVI. Naquele tempo foi na forma abaixo que nos relataram onde havia a
verdadeira “cultura” indígena.
A promiscuidade é responsável por
muitas das aflições oriundas de certos flagelos, como por exemplo os insetos
parasitos chupadores de sangue humano. Existem várias espécies de piolhos,
pulgas, percevejos, carrapatos e outros parasitos que infestam o convívio das
tabas indígenas. Em geral produzem efeitos terríveis para o homem: causam
coceiras e comichões, além de transmitir diversas doenças, dentre as quais a
peste bubônica.
São três os tipos de piolhos: o da
cabeça, o do corpo e o da virilha. O piolho do corpo como raramente é
encontrado na pele, pois prefere esconder-se na roupa, era pouco comum entre os
índios. Quanto ao piolho da cabeça era mais comum, vivendo em cardume nos fios
de cabelo. Tais insetos aumentam consideravelmente em ambientes de intensa
promiscuidade e falta de asseio. O piolho da virilha propaga-se muito entre os
de vida sexual promíscua, o que é comum entre os indígenas.
Existem mais de 1.600 espécies de
pulgas; enquanto que poucas atacam especificamente o homem, todas são
transmissoras de doenças. Das pulgas que infernizam a vida dos índios as mais
comuns são a pulga do rato e o penetrante bicho-de-pé. As pulgas do rato
(“Xenopsylla cheopis”) são encontradas em clima tropical e é transmissora da
peste bubônica. É comum encontrar-se referências a bicho-de-pé entre os índios,
os quais não os tiram.
Os percevejos são insetos de hábitos
noturnos. Durante o dia escondem-se em frestas e gretas de casas ou habitações
mal construídas, de madeira ou palha. O incômodo maior do percevejo é sua
picada e o mal cheiro que exala quando é esmagado.
Os carrapatos também não produzem
maiores danos a não ser o incômodo de sua comichão. Em geral agarram-se
tenazmente às suas vítimas. Embora seja observado sua existência
preferentemente onde existem animais do campo, como gado bovino, sabe-se que
sua origem é nas matas, pois não prolifera em pastagens limpas e bem cuidadas.
Algumas espécies de ácaros parasitam o
homem e podem ser vetores de doenças graves. Seus sintomas são também a grande
comichão e a sensação de calor quando a vítima se deita para dormir: trata-se
da sarna, que não só infesta cães e gatos, mas também o homem.
Ora, o controle profilático de tais
insetos só se faz por um meio: asseio sanitário e vida social não promíscua.
Como poderiam os indígenas viver sem tais flagelos se conviviam comunitariamente
em palhoças, aos montes, dormindo em redes infectas ou no chão, despidos e sem
qualquer proteção a não ser o fogo? Gabriel Soares de Souza descreve como
encontrou tal flagelo entre os índios:
“Digamos
logo dos mosquitos, a que chamam “nhitinga”... Estes são amigos de chagas, e
chupam-lhe a peçonha que; e se vão pôr em qualquer cossadura da pessoa sã,
deixam-lhe a peçonha nela, do que se vêm muitas pessoas a encher de
boubas. Estes mosquitos seguem sempre em
bandos as índias, que andam nuas, mormente quando andam sujas do seu
costume...”
A quantidade dos mosquitos que há
entre os índios é proporcional ao tamanho da selva onde moram. Assim, continua
Gabriel Soares o seu relato, nomeando-os como “marguis”, “pium”, nhatium-açu”,
etc. Detém-se ele mais detalhadamente sobre pulgas e piolhos:
“Pulgas
há no Brasil, a que os índios chamam tunguaçu, e nenhuns piolhos do corpo entre
a gente branca; entre os índios se criam
alguns nas partes em que dormem, como estão sujas, os quais são compridos com
feição de pernas, com os piolhos ladros, e fazem comichão no corpo.
“(...)
e que os índios chamam tungas, os quais são pretinhos, pouco maiores que
ouções. Criam-se em casas despovoadas, como as pulgas em Portugal, e em casas
sujas de negros que as não limpam, e dos brancos que fazem o mesmo, mormente se
estão em terra solta e de muito pó, em os quais lugares estes bichos saltam
como pulgas nas pernas descalças; mas nos pés é a morada a que eles são mais
inclinados, mormente junto das unhas...”[1]
Do que se tem notícia, o único meio
usado pelos índios para combater os insetos é o fogo. Este por sua vez
causa-lhes problemas nos olhos, pois tendo que se manter sempre aceso à noite o
excesso da fumaça é prejudicial. Os insetos, como piolhos, pulgas e percevejos,
porém, proliferam no próprio corpo humano, atraídos pela sujeira ou mesmo se
aculturando no ambiente em que moram os agrupamentos humanos. Esta é uma das
razões que explicam as constantes migrações de tribos: dentro de pouco tempo
uma taba torna-se um lugar insuportável de se viver, e a única cultura que lá
fica é a destes insetos.
[1] “Tratado Descritivo do Brasil em 1587” – Gabriel Soares de
Sousa – Typografia José Ignácio da Silva, 1879, págs. 222 e 253
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