Que utilidade tem para um telespectador ou leitor de jornal,
aqui no Brasil, ficar sabendo que um carro atropelou e matou dez pessoas no
interior da Índia; ou que um sujeito estuprou várias mulheres em qualquer parte
do mundo; ou que um atirador matou dezenas de pessoas nos Estados Unidos e se
suicidou em seguida; ou, ainda, que crianças
estão sofrendo assédios e ataques de pedófilos em várias partes do mundo? Que
utilidade há para nós em saber, e ver, um sujeito pular do alto de um prédio
rumo à morte? Que utilidade, enfim, teve uma notícia, com a filmagem exposta na
TV, onde se vê um preso assassinar outro barbaramente dentro da cadeia? Nenhuma
utilidade? Não, há uma utilidade, sim, não para o público, mas para os
promotores de uma nova revolução: causar comoção social.
Comoção é abalo,
agitação de ânimo; social, quando ela parte de um ânimo coletivo. É possível haver um ânimo coletivo? Sim,
quando há disposição semelhante entre as pessoas que convivem entre si, no modo
de agir coletivamente. Se o ânimo é pacífico produz a paz social, mas se é
abalado por comoções promove o contrário: clima de contendas, de rivalidades,
etc.
A paz social ocorre quando os ânimos encontram-se em
ordem, sem abalos ou agitações, permitindo às multidões um agir coletivo
sereno, reto e pacifico, com vistas ao bem comum.
O senso de orientação permite às pessoas e aos povos
saber conduzir-se , inclusive perante a
perspectiva do futuro, próximo ou remoto. A perda desse senso de orientação leva as
pessoas a perder também a paz interior,
segurança no agir, até atingir à comoção conjunta com os outros habitantes da
mesma localidade.
Quais são os agentes (modernamente falando) dessa comoção
social? Em primeiro lugar está a mídia e
os corifeus da Revolução. Como se sabe,
a mídia é composta pelos órgãos de imprensa, rádios, jornais e TVs; quanto aos
corifeus da Revolução, estão eles em todas as partes, até na própria mídia, mas
em geral são compostos por grupos organizados secretamente nas universidades e
outras organizações, dirigidos às vezes por interesses ou grupos
internacionais, filosóficos e ideológicos. Tem se destacado ultimamente dentre
tais grupos revolucionários os anarquistas, e o mais atuante, o chamado “black
bloc”, um movimento que visa destruir toda a estrutura social vigente e a volta ao tribalismo.
É claro que, antes de tudo, devemos levar em consideração as
fontes de onde se originam os fatos, as notícias, que é, além dos protagonistas
dos mesmos, a própria policia e a justiça que os leva aos jornais. Entretanto,
é preciso notar que o próprio demônio (por ser um anjo regente dos
revolucionários, e inteligente como é) procura produzir os fatos que possam
gerar comoção social. Isso não é mais feito, como antigamente sempre o foi,
pela pura ação das forças secretas, grupos revolucionários ou as pessoas
isoladamente. Hoje, podemos dizer que a ação diabólica representa papel
preponderante nestas ações. Ele possui, é certo, seus agentes humanos, mas, às
vezes, age também por si mesmo. Segundo os princípios da “Regência
Universal”, o demônio conseguiu os “direitos” de regência sobre seus
seguidores, servos ou apenas “alienados” e, ou os impele a agir ou age por eles. Assim, quando um anjo das trevas possui de
fato um atirador para fazer um massacre nos Estados Unidos, como tem acontecido
com frequência ultimamente, outros demônios inspiram órgãos da mídia a dar
àquele fato o destaque necessário a criar uma comoção em toda a sociedade.
A possessão, vista como a clássica posse dos corpos humanos,
já não é tanto visível quanto outrora. No mundo moderno, o que ele põe em uso é
um tipo de possessão diferente, onde a regência sobre os maus é feita por
efeitos indiretos e não pela imposição da força. Em primeiro lugar, há a
regência sobre os homens em estado de pecado, cegando-os, levando-os a agir por
impulsos e desregradamente. Depois vem a
fase seguinte, que é a dureza de coração, a qual faz as pessoas ficarem inflexíveis
e sem piedade ou cordura perante os semelhantes. Isso não ocorre somente com
bandidos, mas até mesmo com pessoas tidas como boas e ordeiras e que praticam
certos pecados. Os chamados “atos irrefletidos” dos indivíduos passam a ser
feitos conjuntamente, mas já agora sob a regência diabólica. Tendo, pois, a
regência sobre indivíduos e grupos sociais, fica fácil aos anjos das trevas
levá-los a atingir seus objetivos, dentre os quais está a comoção e, como
consequência desta, a desesperança.
Coadjuvando esta ação de regência dos anjos maus (que é
direta sobre as pessoas possuídas pelo espírito de revolta e cheias de
pecados), vem a ação da mídia excitando
as populações através do realce que dão aos atentados, aos crimes hediondos, as
tragédias “inexplicáveis”, cuja repercussão na população é de desânimo,
desesperança, etc. Se prestarmos atenção, verificaremos que todo noticiário que
envolve tragédias é feito deixando
propositadamente várias dúvidas ou falta de esclarecimento aos ouvintes: o destaque é dado ao crime insolúvel, ao
bandido que ainda não foi preso, ao roubo e tráfico de drogas feitos bem
próximos de delegacias ou de viaturas policiais – até mesmo o fato de faltar
água nas mangueiras dos bombeiros é chamado a atenção, com o visível intuito de
causar a descrença e desconfiança da população na ação dos órgãos policiais.
Isso demonstra que há uma certa regência diabólica para a
condução de tais fatos, com o fim de causar desesperança nas populações. Como
se viu, não se caracteriza tal regência como uma possessão clássica, mas um
domínio coletivo sobre grupos de indivíduos com vistas a um fim específico.
Como ocorre uma comoção social? De modo geral se inicia
excitando nas populações uma predisposição ao inconformismo: todo crime bárbaro
é apresentado com destaque e se dá a entender que sempre ficam impunes – o que
campeia é a impunidade – servindo isso para gerar e incrementar o
inconformismo; astutamente a mídia incita a que se peça “justiça”, quando, na
realidade, as pessoas estão manifestando o desejo de vingança. Contribui também
para incrementar tal inconformismo a ineficácia dos órgãos policiais e da
própria justiça, esta última com sua morosidade e real impunidade. Da mesma
forma, serve para incrementar tal comoção as manifestações dos inconformados,
em geral passeatas e bloqueios de ruas com pneus queimados, às vezes
simplesmente protestando contra a violência – coisa inócua e ineficaz para tal
fim. Pois não são manifestações
desordenadas, em geral feitas por elementos exaltados que poderia ter como
efeito a diminuição da violência urbana; pode até inspirar o aumento da mesma,
pois o bloqueio de ruas e estradas já é uma violência em si.
O que é justiça? O que é justiça social? A definição mais
básica de justiça diz que é dar a cada um o que lhe é devido ou que lhe é
direito, no caso, o mérito ou o castigo.
No entanto, quando o povo é insuflado a “pedir justiça”, muitas vezes se
está incrementando o desejo de vingança pura e simplesmente. Ademais, a justiça
verdadeira não visa somente o castigo, mas também o perdão. A perda
desse sentimento de perdão leva as pessoas a desejar até mesmo fazer justiça com
as próprias mãos. Assim, a justiça social é a distribuição da mesma a toda
sociedade, mas inclui castigo e perdão. As anistias existem pra isso e estão
previstas em todos os estatutos legais.
No final, sempre ocorre que essa inconformidade não gera a
paz de alma das pessoas, mas uma comoção interior, e, no âmbito geral uma
comoção social. Aqui entra o anjo das trevas para, através da comoção social,
produzir o espírito de desesperança em todo o corpo social, levando as pessoas
a praticar atos irrefletidos de toda natureza, até chegar ao suicídio. Como tem
sido comum ultimamente: o assassinato de uma pessoa (ou mais) da própria
família (sendo o mais comum da própria esposa) seguido de suicídio do
criminoso. Há coisa mais diabólica do que isso? Pois bem: mais diabólico ainda
é o destaque do fato que a mídia dá em seguida, não gerando outra coisa senão
comoção coletiva, pois esta se constitui no caldo de cultura de outros crimes e
suicídios que virão depois.
Vejamos, abaixo, alguns exemplos:
Veladamente nota-se um estímulo às torcidas de futebol insatisfeitas
com o fracasso de seus times, as quais são levadas a agir intempestivamente praticando
violências inauditas nos estádios e até nas ruas, ocorrendo às vezes crimes de
mortes entre elas. No entanto, ninguém censura a mídia quando elogia alguma torcida
por ser “fanática” – no caso de futebol o fanatismo é plenamente justificável,
embora tenha produzido tantos crimes e violências.
Mas, os casos mais comuns, que são usados pelos instrumentos
de promover comoções sociais são: crimes
de estupros, pedofilias, assassinatos chocantes e brutais, crimes políticos e contra
crianças, velhos e mulheres (chegou-se a dar destaque a violências contra
índios, e fala-se a toda a hora em assassinatos de negros), os altos impostos
dos governos, a questão da droga sem solução, a violência em família (pais
contra filhos e filhos contra pais, ou marido contra mulher e vice-versa),
altos salários de “marajás”, propinas,
etc. Qualquer notícia dos gêneros acima facilmente movimenta em segundos um
batalhão de repórteres e câmaras de TV.
Estas estão sempre presentes em alguns casos com a idéia de ação
imediata, dando a impressão à população de que aqueles casos são corriqueiros.
Em todas as capitais e principais cidades do Brasil há uma infinidade de
programas televisivos dedicados exclusivamente a divulgar cenas de violências.
Muitos deles com caro aparato de cobertura, composto até de helicópteros.
O último caso mais clamoroso de comoção social foi o da
boate Kiss, de Santa Maria. O clamor por justiça tornou-se até um apelo insano,
pois não se fala, em nenhum momento, em perdoar os culpados. De outro lado,
quando os inconformados comemoram a data do evento, ou quando fazem alguma
manifestação sobre o mesmo, fazem apenas “um minuto de barulho”, dando a
entender que são pessoas desregradas e descontroladas, sem saber o que fazer
para de alguma forma reparar a dor que sofre as famílias das vítimas. E por que
não, um minuto de oração? É disso que
mais precisam as almas dos falecidos naquele trágico evento... Falamos de um
caso clamoroso, que chamou a atenção de todo o Brasil; mas, casos semelhantes,
embora de menor gravidade, ocorrem diariamente em nossas grandes cidades,
ocupando a maior parte do noticiário de jornais, rádios e TVs.
O caso mais clamoroso de comoção social produzida pela mídia
foi o ocorrido em Ruanda, quando uma etnia entrou em luta contra outra e
perpetrou um genocídio. Depois ficou se
sabendo que tudo foi promovido por um canal de TV e uma emissora de rádio. Os
culpados foram julgados e condenados, pois tudo foi apurado por organizações
internacionais. Os fatos, embora cheios
de lances romanescos do cinema, estão retratados no filme “Hotel Ruanda” e
podem ocorrer a qualquer hora também no Brasil, não por etnias, mas por grupos
organizados. No caso de Ruanda foram mortas mais de 800 mil pessoas, por
motivos torpes e étnicos. Os casos
esparsos, de menor gravidade, que ocorrem em vários países (como o Brasil e Estados
Unidos) parece indicar que é um mero treinamento para um grande e trágico lance
de comoção geral que a mídia está preparando em todas as nações. E, como visto,
contando com a ação diabólica que lhes fornece diariamente a matéria prima que
são os crimes hediondos que causam comoções sociais.
Veja postagem sobre o
genocídio de Ruanda:
A Rádio e
Televisão Livre de Mil Colinas (RTLM), através de seu
proprietário, Ferdinand Nahimana, e o jornal “Kangura”, por intermédio também
de seu dono, Hassan Ngeze, extremista hutu, fizeram diversas reportagens
conclamando os hutus à vingança. Um outro que foi responsabilizado diretamente
pelo genocídio, conforme julgamento feito na própria ONU, foi o jornalista
Jean-Bosco Barayagwiza, co-proprietário da RTLM. As transmissões da TV eram
feitas sob toques marciais de tambores para incitar o ódio dos hutus contra os
tutsis. Os jornalistas, em suas reportagens, exortavam abertamente a população
ao massacre.
Um ex-repórter da RTLM, Georges Ruggin, declarou que a emissora recebia informações de milicianos hutus sobre operações que pretendiam desencadear e emitia boletins radiofônicos que ajudavam a localizar e capturar as vítimas, a grande maioria civis, e até mesmo padres e freiras. (dados tirados da “Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-13)
Um ex-repórter da RTLM, Georges Ruggin, declarou que a emissora recebia informações de milicianos hutus sobre operações que pretendiam desencadear e emitia boletins radiofônicos que ajudavam a localizar e capturar as vítimas, a grande maioria civis, e até mesmo padres e freiras. (dados tirados da “Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-13)
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