sábado, 29 de março de 2025

NOS MAUS MINISTROS SACERDOTAIS REINA O PECADO DA LUXÚRIA

 

  

                                                            (Santa Catarina de Siena e seu místico 

                                                             casamento com o Menino Jesus)


Santa Catarina de Siena era analfabeta, mas foi eleita como Doutora da Igreja por causa de uma obra publicada por ela[1], “O Diálogo”, onde Deus Pai falava sobre os pecados de seu tempo, especialmente do clero, sendo o mais comum o da luxúria, hoje tão praticado entre eles.

Séculos antes viveu na Europa um bispo, chamado Udo, que praticou tantos destes pecados que mereceu um terrível castigo dado por Deus, fato narrado por Santo Afonso de Ligório em uma de suas obras (publicado pela BAC -  Obras Ascéticas - BAC - págs. 767/769).

Em nossa época tivemos alguém muito mais importante do que Santa Catarina de Siena que também deplorou tais pecados: Nossa Senhora quando apareceu em La Salette. As revelações de Nossa Senhora naquela ocasião (meados do século XIX) foram até proibidas de serem divulgadas por causa das denúncias contra os pecados dos clérigos, mas, algum tempo depois foram liberadas. Extraímos o texto a seguir do original francês, traduzido de "Celle qui Pleure", de Leon Bloy (Ed. Mercure de France - pp.200/213):

"Os padres, ministros de Meu Filho, os padres, por sua má vida, por suas irreverências e sua impiedade ao celebrar os santos mistérios, pelo amor ao dinheiro, o amor da honra e dos prazeres, os padres que chafurdam na lama da impureza. Sim, os padres pedem vingança, e a vingança está suspensa sobre todos eles. Malditos os padres e as pessoas consagradas a Deus, os quais, por suas infidelidades e sua vida indigna, crucificam novamente meu Filho! Os pecados das pessoas consagradas a Deus clamam aos céus e pedem vingança, e a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais pessoa para implorar misericórdia e perdão pelo povo; não existem mais almas generosas; não existem mais pessoas dignas do sacrifício para oferecer a Vítima sem mancha ao Eterno em favor do mundo.[2]

Eis o texto de Santa Catarina (século XV):

"Tenho te mostrado, queridíssima filha minha, uma pequena parte da vida dos que vivem em religião, em que miséria se acham na ordem, vestido com roupas de ovelhas sendo lobos.

Agora volto aos clérigos e ministros da Santa Igreja, lamentando-me contigo de seus pecados, ademais dos que te tenho narrado, e das três colunas dos vícios de que te falei em outra ocasião, queixando-me contigo deles, ou seja, da imundície da inchada soberba, pois por ela vendiam a graça do Espírito Santo.

Cada um destes três pecados dependem um do outro.  O fundamento das três colunas é o amor a si mesmos. Enquanto elas se mantêm em pé, são suficientes para manter a alma fixa e obstinada em qualquer outro vício.  Por isso te disse que todos os vícios têm sua origem no amor-próprio, pois do amor a si mesmos nasce o principal de todos, que é a soberba. O soberbo se acha privado da dileção da caridade, e da soberba procedem a imundície e a avareza.

Agora te digo, filha queridíssima:  olha com quanta imundície têm manchado seu corpo e seu espírito. Ainda te quero dizer algo mais para que conheças melhor a fonte de minha misericórdia e tenhas compaixão dos miseráveis a quem se faz referências. Têm alguns tão convertidos em demônios, que não só não guardam reverência ao sacramento nem estimam a excelência do estado em que os tenho posto por minha bondade, senão que, como totalmente desmemoriados por causa do amor que têm a uma determinada criatura, ao não poder lograr o que desejam, se darão aos encantamentos demoníacos[3]. Com o sacramento que os tenho dado farão bruxarias para satisfazer seus miseráveis desejos e pensamentos desonestos e os porão em prática. A minhas ovelhas, cujas almas devem guardar e alimentar, as atormentam por estes e outros meios, que omitirei para não fazer-te sofrer. Como tens visto, as fazem andar desgarradas e fora de si, chegando a querer fazer o que não desejaram por meio de bruxarias que aquele demônio da carne lhes tem feito, e, pela resistência que se fazem a si mesmas, seus corpos sofrem grandíssimos trabalhos. Quem tem causado estes e outros miseráveis males que tu sabes e que não é preciso saber que te conte? Sua vida desonesta e miserável.

Oh caríssima filha! A carne, que está sobre os coros dos anjos pela união da natureza divina com vossa natureza humana, a entregam a tanta miséria! Oh homem abominável e desgraçado; não homem senão besta! Tua carne, ungida e consagrada a Mim, a entregas tu às meretrizes e até a algo pior. Tua carne e a de todo o gênero humano, a que Adão havia chagado com seu pecado, foi livrada da chaga no madeiro da cruz pelo chagado corpo de meu Filho unigênito. Oh miserável! Ele te tem dado honra, e tu procuras vergonha? Te hás curado pelas chagas de seu corpo, e ainda mais, te tem feito ministro, e tu o feres com lascivos e desonestos pecados! O bom Pastor tem banhado as ovelhas em seu sangue, e tu as manchas para que não estejam limpas e fazes o possível para introduzi-las no lodo? Deves ser exemplo de honestidade e o és da desonestidade?

Tens inclinado todos os membros de teu corpo para que obrem miseravelmente  e a fazer o contrário do que por ti tem feito minha Verdade. Eu permiti que Lhe fossem vendados os olhos para iluminar-te, e tu, com os teus lascivos, lanças flechas envenenadas à tua alma e ao coração daquelas a quem olhas com tanta malícia. Permiti que Lhe dessem fel e vinagre, e tu, como besta indômita, te comprazes nos alimentos delicados, fazendo de teu ventre um deus. Em tua língua desonesta há palavras impuras e vãs. Com ela estás obrigado a corrigir ao próximo, a proclamar minha palavra, a recitar o Ofício com o coração e a boca, e não ouço mais que pestilência, jurando e perjurando como se fosses um bufarinheiro, e muitas vezes blasfemando. Permiti que Lhe fossem atadas as mãos para livrar-te das ataduras do pecado a ti e todo o gênero humano. Tuas mãos estão ungidas e consagradas para administrar o santíssimo sacramento, e tu as usa torpemente em miseráveis toques. Tudo o que se faz com tuas mãos está corrompido e dirigido ao demônio. Oh miserável! Te coloquei em tão grande dignidade para que me sirvas unicamente a Mim e a toda criatura racional.

Eu quis que Lhe fossem traspassados os pés e aberto o costado, fazendo de seu corpo escada, para que visses o segredo do coração. O coloquei como adega aberta onde podias ver e gozar do inefável amor que vos tenho quando achais e vês minha natureza divina unida à vossa, que é humana. Aqui vês o sangue que vós administrais, que é dado como banho limpar vossas maldades. Tens feito de teu coração templo do demônio. Teu afeto, simbolizado nos pés, não tem nada a oferecer senão corrupção e vitupério.  Os pés de teu afeto não levam a alma a outro lugar que aos lugares do demônio. De modo que todo teu corpo fere ao de meu Filho, porque fazes o contrário do que Ele tem feito e do que todas as criaturas estais obrigados a fazer.

Os membros de teu corpo têm recebido seu castigo, porque as três potências se acham unidas nele em nome do demônio, quando deveriam estar reunidas em Meu nome.

Tua memória deveria estar cheia dos benefícios que de mim tens recebido, e o está de desonestidades. Com a luz da fé deverias por os olhos de teu entendimento em Cristo crucificado, de quem te tenho feito ministro, e tu os tem posto nas delícias, posição social e riquezas do mundo, com mísera vaidade. Teu afeto deveria amar-Me sem intermediário algum, e tu o hás posto miseravelmente em amar as criaturas e em teu corpo, e até amas a teus animais mais que a Mim. Que é que me o demonstra? A impaciência que tens comigo se te tiro o que tu amas, o desagrado que encontras no próximo quando te parece receber algum prejuízo temporal dele.  Quando o odeias e maldizes, te aparta de meu amor e do seu. Desventurado de ti se, feito ministro do fogo de minha caridade, tu, por teus próprios e desonestos prazeres, perdes essa caridade pelo pequeno dano que recebes de teu próximo!

Oh filha queridíssima! Esta é uma das três miseráveis colunas de que falei"

  (Extraído de: "Obras de Santa Catalina de Siena" - BAC - págs. 299/301).

[1] A obra foi ditada por ela para alguém escrever.

[2] Tanto em Sallete quanto em outras aparições Nossa Senhora sempre deixava uma mensagem para ser revelada depois, chamada de “segredo”, e o conteúdo era sempre a decadência do clero. Muitos videntes foram até perseguidos por clérigos por causa desse tipo de mensagens.

[3] Seriam as "missas negras", onde se ultrajam a Hóstia consagrada?


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