(Santa Catarina de Siena e seu místico
casamento com o Menino Jesus)
Santa Catarina de Siena
era analfabeta, mas foi eleita como Doutora da Igreja por causa de uma obra
publicada por ela[1], “O
Diálogo”, onde Deus Pai falava sobre os pecados de seu tempo, especialmente do
clero, sendo o mais comum o da luxúria, hoje tão praticado entre eles.
Séculos antes viveu na
Europa um bispo, chamado Udo, que praticou tantos destes pecados que mereceu um
terrível castigo dado por Deus, fato narrado por Santo Afonso de Ligório em uma
de suas obras (publicado pela BAC - Obras
Ascéticas - BAC - págs. 767/769).
Em nossa época tivemos alguém muito mais
importante do que Santa Catarina de Siena que também deplorou tais pecados:
Nossa Senhora quando apareceu em La Salette. As revelações de Nossa Senhora
naquela ocasião (meados do século XIX) foram até proibidas de serem divulgadas
por causa das denúncias contra os pecados dos clérigos, mas, algum tempo depois
foram liberadas. Extraímos o texto a seguir do original francês, traduzido
de "Celle qui Pleure", de Leon Bloy (Ed. Mercure de France -
pp.200/213):
Eis o texto de Santa
Catarina (século XV):
"Tenho te mostrado, queridíssima filha minha,
uma pequena parte da vida dos que vivem em religião, em que miséria se acham na
ordem, vestido com roupas de ovelhas sendo lobos.
Agora volto aos clérigos e ministros da Santa
Igreja, lamentando-me contigo de seus pecados, ademais dos que te tenho
narrado, e das três colunas dos vícios de que te falei em outra ocasião,
queixando-me contigo deles, ou seja, da imundície da inchada soberba, pois por
ela vendiam a graça do Espírito Santo.
Cada um destes três pecados dependem um do
outro. O fundamento das três colunas é o
amor a si mesmos. Enquanto elas se mantêm em pé, são suficientes para manter a
alma fixa e obstinada em qualquer outro vício.
Por isso te disse que todos os vícios têm sua origem no amor-próprio,
pois do amor a si mesmos nasce o principal de todos, que é a soberba. O soberbo
se acha privado da dileção da caridade, e da soberba procedem a imundície e a
avareza.
Agora te digo, filha queridíssima: olha com quanta imundície têm manchado seu
corpo e seu espírito. Ainda te quero dizer algo mais para que conheças melhor a
fonte de minha misericórdia e tenhas compaixão dos miseráveis a quem se faz
referências. Têm alguns tão convertidos em demônios, que não só não guardam
reverência ao sacramento nem estimam a excelência do estado em que os tenho
posto por minha bondade, senão que, como totalmente desmemoriados por causa do
amor que têm a uma determinada criatura, ao não poder lograr o que desejam, se
darão aos encantamentos demoníacos[3].
Com o sacramento que os tenho dado farão bruxarias para satisfazer seus
miseráveis desejos e pensamentos desonestos e os porão
Oh caríssima filha! A carne, que está sobre os
coros dos anjos pela união da natureza divina com vossa natureza humana, a
entregam a tanta miséria! Oh homem abominável e desgraçado; não homem senão
besta! Tua carne, ungida e consagrada a Mim, a entregas tu às meretrizes e até
a algo pior. Tua carne e a de todo o gênero humano, a que Adão havia chagado
com seu pecado, foi livrada da chaga no madeiro da cruz pelo chagado corpo de
meu Filho unigênito. Oh miserável! Ele te tem dado honra, e tu procuras
vergonha? Te hás curado pelas chagas de seu corpo, e ainda mais, te tem feito ministro,
e tu o feres com lascivos e desonestos pecados! O bom Pastor tem banhado as
ovelhas em seu sangue, e tu as manchas para que não estejam limpas e fazes o
possível para introduzi-las no lodo? Deves ser exemplo de honestidade e o és da
desonestidade?
Tens inclinado todos os membros de teu corpo para
que obrem miseravelmente e a fazer o
contrário do que por ti tem feito minha Verdade. Eu permiti que Lhe fossem
vendados os olhos para iluminar-te, e tu, com os teus lascivos, lanças flechas
envenenadas à tua alma e ao coração daquelas a quem olhas com tanta malícia.
Permiti que Lhe dessem fel e vinagre, e tu, como besta indômita, te comprazes
nos alimentos delicados, fazendo de teu ventre um deus. Em tua língua desonesta
há palavras impuras e vãs. Com ela estás obrigado a corrigir ao próximo, a
proclamar minha palavra, a recitar o Ofício com o coração e a boca, e não ouço
mais que pestilência, jurando e perjurando como se fosses um bufarinheiro, e
muitas vezes blasfemando. Permiti que Lhe fossem atadas as mãos para livrar-te
das ataduras do pecado a ti e todo o gênero humano. Tuas mãos estão ungidas e
consagradas para administrar o santíssimo sacramento, e tu as usa torpemente em
miseráveis toques. Tudo o que se faz com tuas mãos está corrompido e dirigido ao
demônio. Oh miserável! Te coloquei em tão grande dignidade para que me sirvas
unicamente a Mim e a toda criatura racional.
Eu quis que Lhe fossem traspassados os pés e aberto
o costado, fazendo de seu corpo escada, para que visses o segredo do coração. O
coloquei como adega aberta onde podias ver e gozar do inefável amor que vos
tenho quando achais e vês minha natureza divina unida à vossa, que é humana.
Aqui vês o sangue que vós administrais, que é dado como banho limpar vossas
maldades. Tens feito de teu coração templo do demônio. Teu afeto, simbolizado
nos pés, não tem nada a oferecer senão corrupção e vitupério. Os pés de teu afeto não levam a alma a outro
lugar que aos lugares do demônio. De modo que todo teu corpo fere ao de meu
Filho, porque fazes o contrário do que Ele tem feito e do que todas as
criaturas estais obrigados a fazer.
Os membros de teu corpo têm recebido seu castigo,
porque as três potências se acham unidas nele em nome do demônio, quando
deveriam estar reunidas em Meu nome.
Tua memória deveria estar cheia dos benefícios que
de mim tens recebido, e o está de desonestidades. Com a luz da fé deverias por
os olhos de teu entendimento em Cristo crucificado, de quem te tenho feito
ministro, e tu os tem posto nas delícias, posição social e riquezas do mundo,
com mísera vaidade. Teu afeto deveria amar-Me sem intermediário algum, e tu o
hás posto miseravelmente em amar as criaturas e em teu corpo, e até amas a teus
animais mais que a Mim. Que é que me o demonstra? A impaciência que tens comigo
se te tiro o que tu amas, o desagrado que encontras no próximo quando te parece
receber algum prejuízo temporal dele.
Quando o odeias e maldizes, te aparta de meu amor e do seu. Desventurado
de ti se, feito ministro do fogo de minha caridade, tu, por teus próprios e
desonestos prazeres, perdes essa caridade pelo pequeno dano que recebes de teu
próximo!
Oh filha queridíssima! Esta é uma das três
miseráveis colunas de que falei"
[1] A obra
foi ditada por ela para alguém escrever.
[2] Tanto em
Sallete quanto em outras aparições Nossa Senhora sempre deixava uma mensagem
para ser revelada depois, chamada de “segredo”, e o conteúdo era sempre a
decadência do clero. Muitos videntes foram até perseguidos por clérigos por
causa desse tipo de mensagens.
[3] Seriam as "missas
negras", onde se ultrajam a Hóstia consagrada?
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