Desde os tempos mais remotos da humanidade,
costuma-se tomar certos órgãos do corpo humano como símbolos de certas
disposições ou potências da alma. Por exemplo, sempre se julgou a inteligência
intimamente unida ao cérebro; a ira e a cólera, vinculada ao fígado.
O coração, por sua vez, era tido como símbolo
do ânimo do homem, quer dizer, como a sede de tudo aquilo que se relaciona com
a vontade. Por isso era considerado de modo especial como núcleo da bondade e
do amor, partes integrantes do ânimo. Há, neste sentido, múltipas passagens na
Sagrada Escritura.
Devoção impulsionada
pelo Santos
“E Sua Mãe conservava todas estas coisas no Seu
Coração”, diz São Lucas no Evangelho. Ele nos fala do Coração de Maria em dois
lugares, apresentando-o como relicário no qual Nossa Senhora guardava as
palavras e os episódios ocorridos em torno de Seu Filho.
Desde a época de São Bernardo, o culto ao
Coração de Maria intensificou-se, impulsionado por numerosos Santos, entre os
quais se destacam Santa Matilde, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino
de Siena, São Francisco de Sales e Santo Antonio Maria Claret, este último,
fundador da Congregação dos Filhos do Coração de Maria, também conhecidos como
Claretianos.
O grande florescimento ocorreu no século XVII com São João Eudes, o grande apóstolo da dupla devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria. Oito dias apenas antes de falecer, acabou sua última obra, O Coração admirável da Santíssima Mãe de Deus, com mais de mil páginas. A Festa do Imaculado Coração de Maria é comemorada pela Igreja, um dia depois, portanto, no sábado, após a do Sagrado Coração de Jesus, sendo esta última na primeira sexta feita do mês de junho.
Esse desenvolvimento histórico culminou nas
aparições de Fátima, quando a própria Virgem comunicou aos pastorinhos que Deus
quer estabelecer a devoção ao Imaculado Coração de Maria e, por meio dela,
salvar muitas almas.
A simbologia católica apresenta o Coração de
Maria com a cor vermelha, como o do Sagrado Coração de Jesus, circundado por
uma coroa de espinhos. Dele brota uma chama. É o amor ardente de Nossa Senhora
a Deus.
Coração Imaculado
Todos herdamos de Adão e Eva a mancha do pecado
original. Todos, exceto Nossa Senhora. Ela não foi maculada pelo pecado dos nossos
primeiros pais.
Mas não é só isto: não há n’Ela absolutamente
nenhuma outra mancha causada por alguma infidelidade ou imperfeição posterior.
Em todos os momentos da sua vida, Ela correspondeu inteiramente às graças
assombrosas que Deus lhe concedeu, alcançando um incalculável pináculo de
virtudes.
Assim, Ela é Imaculada em todos os sentidos.
Relacionado com o conceito de Imaculada está o
de virgindade. Nossa Senhora foi verdadeiramente Mãe de Jesus Cristo, mas
conservou-se Virgem, e esta é uma razão a mais para ser glorificada como
Imaculada.
O amor de Santa Jacinta
ao Imaculado Coração de Maria!
Voltemo-nos para a Santa Jacinta, a pastorinha
de Fátima cujos olhos inocentes fitaram a Senhora desse Coração Imaculado.
Segundo nos contou a Irmã Lúcia, sua prima, algum tempo antes de ir para o
hospital onde morreria, afirmou:
“-Já me
falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer
estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para
dizeres isso, não te esconda. Dize a toda a gente que Deus nos concede as
graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela; que o
Coração de Jesus quer que, ao Seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria;
que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria; que Deus lha entregou a Ela. Se
eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito
a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de
Maria!
Um dia
deram-me uma estampa do Coração de Jesus, bastante bonita para aquilo que os
homens conseguem fazer. Levei-a a Jacinta:
- Queres
este santinho?
Pegou
nele, olhou-o com atenção e disse:
- É tão
feio! Não se parece nada com Nosso Senhor, que é tão bonito! Mas quero; sempre
é Ele.
E
trazia-o sempre com ela. De noite, e na doença, tinha-o debaixo da almofada,
até que se rompeu. Beijava-o com freqüência e dizia:
- Beijo-O
no Coração, que é do que mais gosto. Quem me dera [ter] também um [do] Coração
de Maria! Não tens nenhum? Gostava de ter os dois juntos.
Em outra
ocasião, levei-lhe uma estampa que tinha o sagrado cálice com uma hóstia. Pegou
nela, beijou-a e, radiante de alegria, dizia:
- É Jesus
escondido! Gosto tanto d’Ele! Quem me dera recebê-Lo na Igreja! No Céu não se
comunga? Se lá se comungar, eu comungo todos os dias. Se o Anjo fosse ao
hospital a levar-me outra vez a Sagrada Comunhão! Que contente que eu ficava!
Quando,
às vezes, voltava da igreja e entrava em sua casa, perguntava-me:
-
Comungaste?
Se lhe
dizia que sim:
-
Chega-te aqui bem junto de mim, que tens em teu coração a Jesus escondido.
Outras
vezes dizia-me:
- Não sei
como é! Sinto a Nosso Senhor dentro de mim. Compreendo o que me diz e não O
vejo nem ouço. Mas é tão bom estar com Ele!”
Sigamos o exemplo da Santa Jacinta, e desejemos
estar sempre com o Sagrado Coração de Jesus. Por isto, meio mais acertado e
mais seguro não há do que sermos verdadeiros devotos do Imaculado Coração de
Maria.[1]
[1]
Texto transcrito
de folheto distribuído pela “Associação Católica Nossa Senhora de Fátima” – acnsf@acnsf.org.br – e WWW.rainhadefatima.org.br). Alteramos do original apenas o título de
santa dado a Jacinta ao ser canonizada em 13.05.2017.
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