sábado, 8 de junho de 2024

A DEVOÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

 





 

Desde os tempos mais remotos da humanidade, costuma-se tomar certos órgãos do corpo humano como símbolos de certas disposições ou potências da alma. Por exemplo, sempre se julgou a inteligência intimamente unida ao cérebro; a ira e a cólera, vinculada ao fígado.

O coração, por sua vez, era tido como símbolo do ânimo do homem, quer dizer, como a sede de tudo aquilo que se relaciona com a vontade. Por isso era considerado de modo especial como núcleo da bondade e do amor, partes integrantes do ânimo. Há, neste sentido, múltipas passagens na Sagrada Escritura.

 

Devoção impulsionada pelo Santos

“E Sua Mãe conservava todas estas coisas no Seu Coração”, diz São Lucas no Evangelho. Ele nos fala do Coração de Maria em dois lugares, apresentando-o como relicário no qual Nossa Senhora guardava as palavras e os episódios ocorridos em torno de Seu Filho.

Desde a época de São Bernardo, o culto ao Coração de Maria intensificou-se, impulsionado por numerosos Santos, entre os quais se destacam Santa Matilde, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Siena, São Francisco de Sales e Santo Antonio Maria Claret, este último, fundador da Congregação dos Filhos do Coração de Maria, também conhecidos como Claretianos.

O grande florescimento ocorreu no século XVII com São João Eudes, o grande apóstolo da dupla devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria. Oito dias apenas antes de falecer, acabou sua última obra, O Coração admirável da Santíssima Mãe de Deus, com mais de mil páginas. A Festa do Imaculado Coração de Maria é comemorada pela Igreja, um dia depois, portanto, no sábado, após a do Sagrado Coração de Jesus, sendo esta última na primeira sexta feita do mês de junho.

Esse desenvolvimento histórico culminou nas aparições de Fátima, quando a própria Virgem comunicou aos pastorinhos que Deus quer estabelecer a devoção ao Imaculado Coração de Maria e, por meio dela, salvar muitas almas.

A simbologia católica apresenta o Coração de Maria com a cor vermelha, como o do Sagrado Coração de Jesus, circundado por uma coroa de espinhos. Dele brota uma chama. É o amor ardente de Nossa Senhora a Deus.

 

Coração Imaculado

Todos herdamos de Adão e Eva a mancha do pecado original. Todos, exceto Nossa Senhora. Ela não foi maculada pelo pecado dos nossos primeiros pais.

Mas não é só isto: não há n’Ela absolutamente nenhuma outra mancha causada por alguma infidelidade ou imperfeição posterior. Em todos os momentos da sua vida, Ela correspondeu inteiramente às graças assombrosas que Deus lhe concedeu, alcançando um incalculável pináculo de virtudes.

Assim, Ela é Imaculada em todos os sentidos.

Relacionado com o conceito de Imaculada está o de virgindade. Nossa Senhora foi verdadeiramente Mãe de Jesus Cristo, mas conservou-se Virgem, e esta é uma razão a mais para ser glorificada como Imaculada.

 

O amor de Santa Jacinta ao Imaculado Coração de Maria!

Voltemo-nos para a Santa Jacinta, a pastorinha de Fátima cujos olhos inocentes fitaram a Senhora desse Coração Imaculado. Segundo nos contou a Irmã Lúcia, sua prima, algum tempo antes de ir para o hospital onde morreria, afirmou:

“-Já me falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te esconda. Dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela; que o Coração de Jesus quer que, ao Seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria; que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria; que Deus lha entregou a Ela. Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!

Um dia deram-me uma estampa do Coração de Jesus, bastante bonita para aquilo que os homens conseguem fazer. Levei-a a Jacinta:

- Queres este santinho?

Pegou nele, olhou-o com atenção e disse:

- É tão feio! Não se parece nada com Nosso Senhor, que é tão bonito! Mas quero; sempre é Ele.

E trazia-o sempre com ela. De noite, e na doença, tinha-o debaixo da almofada, até que se rompeu. Beijava-o com freqüência e dizia:

- Beijo-O no Coração, que é do que mais gosto. Quem me dera [ter] também um [do] Coração de Maria! Não tens nenhum? Gostava de ter os dois juntos.

Em outra ocasião, levei-lhe uma estampa que tinha o sagrado cálice com uma hóstia. Pegou nela, beijou-a e, radiante de alegria, dizia:

- É Jesus escondido! Gosto tanto d’Ele! Quem me dera recebê-Lo na Igreja! No Céu não se comunga? Se lá se comungar, eu comungo todos os dias. Se o Anjo fosse ao hospital a levar-me outra vez a Sagrada Comunhão! Que contente que eu ficava!

Quando, às vezes, voltava da igreja e entrava em sua casa, perguntava-me:

- Comungaste?

Se lhe dizia que sim:

- Chega-te aqui bem junto de mim, que tens em teu coração a Jesus escondido.

Outras vezes dizia-me:

- Não sei como é! Sinto a Nosso Senhor dentro de mim. Compreendo o que me diz e não O vejo nem ouço. Mas é tão bom estar com Ele!”

Sigamos o exemplo da Santa Jacinta, e desejemos estar sempre com o Sagrado Coração de Jesus. Por isto, meio mais acertado e mais seguro não há do que sermos verdadeiros devotos do Imaculado Coração de Maria.[1]

 



[1] Texto transcrito de folheto distribuído pela “Associação Católica Nossa Senhora de Fátima” – acnsf@acnsf.org.br – e WWW.rainhadefatima.org.br). Alteramos do original apenas o título de santa dado a Jacinta ao ser canonizada em 13.05.2017.

 


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