quinta-feira, 19 de setembro de 2024

TOMADA DE CÓRDOBA SE CONCLUI COM OS MOUROS CARREGANDO OS SINOS DE COMPOSTELA DE VOLTA PARA AQUELA CIDADE

 


Aqueles sinos que hoje os peregrinos ouvem tocar em Compostela foram objetos de um feito histórico, conforme narram as crônicas: 

Após dias de sangrenta batalha e muito sofrimento, finalmente São Fernando de Castela consegue vencer a guerra e dominar Córdoba, entrando na cidade, cuja entrega foi feita no dia 29 de junho de 1236, festa de São Pedro e São Paulo.

Ao receber as chaves da cidade das mãos do mouro o rei elevou os olhos ao céu e exclamou em voz alta:

- Louvor para sempre a Ti, Jesus Cristo, meu Senhor, que por tua grande misericórdia e os rogos da gloriosa Santa Maria, valestes deste servo e cavaleiro e por meio dos meus suores ganhastes para tua santa Lei esta cidade de Córdoba!

Em seguida o rei mandou o cronista escrever: “Convém a saber, que no segundo ano em que eu, o rei Fernando, pus cerco na famosíssima cidade de Córdoba, e cooperando para melhor dizer fizemos tudo pela graça do Espírito Santo, por meio de meus suores foi esta cidade restituída ao culto cristão”. Alguns instantes ficou o rei como se estivesse escutando os anjos do céu a comemorar o evento e, voltando a si de seu êxtase, ordenou que de imediato fosse plantada a santa Cruz e hasteado o pendão de Castela no mais alto minarete da mesquita.

Algum tempo depois, foram encontrados numa mesquita os sinos que Almanzor havia mandado retirar de Compostela e ser trazidos para ali nos ombros de escravos cristãos. No mesmo instante, São Fernando se lembrou de uma promessa feita à Santa Maria, quando ainda era bem mais jovem, e determinou que aqueles sinos fossem colocados nos ombros de prisioneiros mouros para serem levados de volta a Compostela como sinal de reparação à afronta feita em tempos passados ao cristianismo.

Conquistar uma praça, e tão forte e importante como Córdoba, custava muito sangue e suor. As lágrimas das contrariedades ficaram para depois, quando se fazia necessário consolidar aquela conquista. Ali haviam muitas dificuldades a superar, mas a pior era convencer seus próprios homens a ficar administrando aquela cidade e adjacências. Os mouros, é verdade, abandonaram em grande número a cidade, mas por pouco tempo, pois muitos deles logo resolviam voltar. Um fato inusitado é que muitos se converteram ao cristianismo como fruto apostólico incansável do santo frei Telmo. Assim, duramente, as coisas foram se tornando mais fáceis de serem conduzidas.

Talvez a conquista de Córdoba se tivesse dado muito tempo depois, com muito mais sacrifício e martírio, se aquele punhado de heróis que tomaram no início o bairro de Ajarquia não tivessem tido a santa ousadia de partir sozinhos para a conquista, sem o conhecimento do rei porque tinham pressa.


(Extraído do livro “Nuestra Señora en el Arzon”, de C. Fernandez de Castro, A. C. J., publicada em 1948 pela Editora Escelicer, S.L., de Cádiz, Espanha).

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