quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Governo de Pequim pretende ordenar bispo a um sacerdote

As notícias procedentes da China continental, em geral, não são precisas, haja vista o severo controle que o governo comunista tem sobre a mídia. Assim, pouco se sabe sobre a chamada "Igreja Católica Nacional", tolerada pelo Vaticano mas nitidamente cismática, a única reconhecida pelo regime. Menos ainda se sabe sobre a verdadeira Igreja de Cristo, cujos sacerdotes e bispos fiéis ao Papa são perseguidos e não recebem qualquer sanção do governo.
Com referência ao relacionamento de autoridades católicas do Ocidente (não do Vaticano, é claro) com os padres e seminaristas da chamada "Igreja Nacionalista" da China, tudo indica que é bem intensa, o que poderia talvez incentivar àqueles padres refratários a se manter infiéis à Roma. Recentemente, por exemplo, foi visitar a China uma verdadeira delegação da Bélgica, presidida pelo cardeal Godfried Danneels. A comitiva foi acompanhada pelo mesmo sacerdote que o governo agora quer ver ordenado bispo, Joseph Guo Jincai, dirigente da "Associação Católica Patriótica Chinesa", uma organização criada e mantida pelo governo de Pequim com visíveis intuitos de alimentar a igreja cismática, separada de Roma. Foi visitado um "seminário" pertencente a essa igreja cismática. Segundo os membros da referida comitiva, o objetivo seria estreitar os laços de amizade com a China e facilitar a situação da Igreja naquele país.
Agora, o governo quer ver ordenado bispo o padre Joseph Guo Jincai e pressiona todos os bispos e sacerdotes fiéis ao Vaticano a assistirem a ordenação. O padre Jincai é também responsável pelo "Seminário Nacional de Pequim", obviamente mantido pelo regime comunista.
Também não faz muito tempo que uma organização chamada "Federação Bíblica Católica", ligada ao Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, que inclui bíblica e pastoral instituições de todo o mundo, convidou o padre Joseph Jincai e mais 19 seminaristas para uma visita de estudos bíblicos em Jerusalém, em colaboração com a abadia beneditina de São Ottilien (da Baviera). Esta última é muita empenhada no diálogo com os católicos chineses e organizou também um curso de reciclagem sobre o acompanhamento profissional, baseada na espiritualidade e psicologia, para reitor e vice-reitores dos seminários chineses. É provável que estes reitores dirijam seminários cismáticos. É sabido que os seminários na China, devido às perseguições e dificuldades em suas relações com a Igreja, têm poucos professores, que às vezes são mal qualificados. A formação dos seminários é, portanto, considerada uma das mais urgentes necessidades da missão dos chineses.


Ordenação de Bispo na China não tem autorização do Papa, afirma porta-voz vaticano


VATICANO, 18 Nov. 10 / 01:49 pm (ACI).- O Diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, assinalou que a ordenação episcopal do Pe. Joseph Guo Jincai na China, programada para este sábado 20 de novembro, não conta com a autorização do Papa. Deste modo considerou que o governo chinês ao obrigar outros bispos a comparecerem a este evento está violentando a liberdade religiosa e de consciência.

Em declarações divulgadas pelo mencionado Escritório de Imprensa, o Pe. Lombardi indicou que a Santa Sé "está preocupada com os relatórios procedentes da China continental que afirmam que diversos bispos em comunhão com o Papa foram obrigados por funcionários do governo a comparecer a uma ordenação episcopal ilícita em Chengde, ao nordeste de Hebei, que estaria programada por volta do dia 20 de novembro".
O porta-voz vaticano advertiu que "se tais informes são certos, a Santa Sé consideraria ações como estas uma grave violação da liberdade religiosa e da liberdade de consciência".
O sacerdote jesuíta disse que "também se consideraria essa ordenação como ilícita e prejudicial para as relações construtivas que vieram se desenvolvendo nos últimos tempos entre a República Popular da China e a Santa Sé".
Finalmente o Pe. Lombardi precisou que "a Santa Sé confirma que o Pe. Joseph Guo Jincai não recebeu a aprovação do Santo Padre para ser ordenado bispo da Igreja Católica".
A Santa Sé, concluiu, está "interessada em desenvolver relações positivas com a China" e por isso "contatou as autoridades chinesas competentes nesta matéria e deixou clara sua posição".
China permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica da China, subalterna do Partido Comunista da China, e rechaça a autoridade do Vaticano. A Igreja Católica, fiel ao Papa e clandestina na China, é perseguida permanentemente.
As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano foram interrompidas em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas expulsaram os clérigos estrangeiros.

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