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sábado, 13 de novembro de 2010

Afinal, temos menos pobres e miseráveis no Brasil?

Vamos ativar nossa memória sobre o passado recente do Brasil. Quando Lula foi eleito pela primeira vez afirmava aos quatro ventos que o Brasil tinha 30 milhões de famintos. Com base nestes dados malucos lançou o programa "Fome Zero", que rendeu apenas uma boa situação financeira para um grupo de técnicos que trabalhou nele por algum tempo. Passados oito anos de governo, a fome não foi "zerada", mas se alardeou na campanha de sua candidata que 27 milhões de brasileiros "saíram da pobreza". Há dúvida sobre como considerar certa camada da população - pobres ou miseráveis - causando às vezes confusão quando se discute o assunto. Mas, convenhamos que o atual governo tenha conseguido tirar 27 milhões de brasileiros, não da pobreza, mas da miséria. Como é que ele conseguiu isso? Dando uma esmola de 70 ou 80 reais do bolsa-família? Mais 20 ou 30 reais do vale-gás? Mais outros miseráveis vales que forem, como é que tão pouco pode tirar alguém da miséria? Temos milhões de trabalhadores brasileiros que ganham muito mais do que isso e nunca conseguiram sair da pobreza, isto é certo. É certo, também, que muito menos se exige para sair da miséria. Quanto? Não se sabe.
Falando em miséria, façamos as contas: se no começo do governo Lula se dizia que haviam 30 milhões de famintos, isto quer dizer no mínimo que haviam 30 milhões de miseráveis. Segundo um relatório das Nações Unidas divulgado agora existem hoje no Brasil 16 milhões de miseráveis, quer dizer, aparentemente só saíram da miséria 14 milhões dos 30 alardeados por Lula em 2002. Como não haviam 30 milhões de famintos em 2002 (a cifra era mentirosa) e talvez somente um pouco pela metade, ou seja, uns 15 milhões, isto quer dizer que não houve nenhum progresso em diminuir a miséria. Houve progresso social em todas as camadas da população brasileira, menos na escala dos miseráveis, que continuam dormindo na rua, fumando crack e se prostituindo. Continuam sem assistência médica, sem direito ao seguro social da aposentadoria, sem casa pra morar, sem qualquer recurso humantário digno da vida moderna. Só tiveram direito a uma coisa: os vales para os alimentar na indigente indolência.

16 milhões brasileira vivem na extrema pobreza?

Os dados abaixo até agora não foram contestados por nenhuma autoridade brasileira. Pelo menos 8,5% da população brasileira, ou seja, quase 16 milhões de pessoas, estão na mais extrema pobreza. Elas passam por pelo menos três privações entre as medidas pelo novo Índice de Pobreza multidimensional (IPM) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Apesar de a renda ter melhorado, essa parcela de brasileiros não tem acesso, por exemplo a água potável, luz elétrica e a bens de consumos duráveis, além de conviver com crianças fora da escola.
Analisando os números do Brasil, o Pnud até constatou uma pequena melhora nos últimos anos. Mas os técnicos da instituição são unânimes em afirmar: ainda há muito por fazer. Para erradicar totalmente a pobreza do país até 2014, como promete a presidente eleita, Dilma Rousseff, o governo terá que melhorar a qualidade dos gastos públicos (como?), reduzir a corrupção e focar os estratos da população realmente necessitados de ajuda. Uma coisa é certa: não vai conseguir nunca, principalmente porque o ítem de reduzir a corrupção será impraticável num governo sem padrão moral como o atual.
Segundo o Pnud, a base do IPM é composta por três categorias: saúde, conhecimento e padrão de vida decente. Essas, por sua vez, contemplam dez indicadores (nutrição, mortalidade infantil, anos de escolaridade, crianças matriculadas na escola, energia para cozinhar, toalete, água potável, eletricidade, tipo de chão da casa e ativos, como bens de consumo duráveis). Com isso, o indicador de pobreza ficou bem mais amplo, com característica multifacetada.
O cálculo, por sua vez, dá peso igual para cada um dos itens do tripé. A média brasileira de 8,5% é menor do que o IPM do Peru (19,8%), melhor classificado do que o Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas é pior que o da Argentina (3%). No IPM, o pior índice é o da educação, pois 20,2% da população não tem acesso a esse benefício.

O melhor mesmo é se conformar com a famosa frase do Evangelho: pobres sempre teremos no meio de nós.

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