Podemos imaginar como o olhar de Nosso Senhor refletiu o Seu
bondoso Coração enquanto viveu entre os homens. Já antes de nascer, os místicos
dizem que Ele se privou da luz de seus olhos no seio virginal de Maria
Santíssima como um verdadeiro martírio, prevendo já os piores momentos que iria
passar ao final de Sua vida. Ao nascer, derramou todo seu inocente olhar dentro
dos olhos de Sua Mãe Santíssima, com a qual teve colóquios e olhares amorosos
durante toda a vida terrena.
Em Sua Paixão e Morte, os olhares de Nosso Senhor Jesus Cristo
percorriam a multidão à procura de um olhar e um coração piedosos que tivessem
compaixão d’Ele. Procurava aquele contato amoroso que teve com Santa Madalena,
de Coração a coração através do simples gesto do olhar, a fim de atrair as
almas para Si. Até que os ímpios lhe vendaram os olhos para que não tocasse tão
bondosamente os olhares das pessoas que estavam ali e as convertesse. Ao ter
seu corpo deitado no santo sepulcro taparam seus olhos com duas moedas, a forma
como é visto hoje no Santo Sudário de Turim. Quis assim ficar impedido de
exercer seu juízo sobre os homens naquele momento para exercê-lo em sua
plenitude no Juízo Final.
Finalmente, no Juízo Final teremos o último olhar de Jesus Cristo, que
será terrível para os ímpios e cheio de bondade para os justos. Refletirá nesse
momento tanto o Coração cheio de bondade e misericórdia quanto de Justiça.
Naquele momento ninguém terá poder suficiente para lhe colocar uma venda como o
fizeram na sua Paixão.
Santa Catarina de Siena diz como será aquele olhar final:
“Aos olhos do
condenado, sem embargo, ele aparecerá com aquele olhar terrível e tenebroso,
que tem o mesmo condenado em si mesmo”.
Completa
Santa Catarina dizendo que isso não quer dizer que Jesus Cristo, a Bondade suma
e infinita, tenha um “olhar temível e tenebroso”, mas sim que será esta a forma
com que o condenado O verá por “ter o mesmo olhar dentro de si mesmo”...
Santa Teresa de Jesus manifesta também grande temor daquele olhar
terrível:
“Nunca tive
tanto medo dos tormentos do inferno que não fosse menos que nada em comparação
do que tinha quando me lembrava que os condenados haviam de ver irados estes
olhos tão formosos e mansos e benignos do Senhor...”[1]
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