Publicado 2009/07/03 (Revista
Lumen Veritatis)
Author : Mons. João Clá
Dias, EP
Um dos sintomas pelos quais podemos discernir o quanto Deus
cria a alma humana com vistas à vida eterna é a inextinguível sede de
eternidade que brota de seu mais profundo âmago Mons. João Clá, Dias, EP (1)
O homem tem sede de
perpetuar sua lembrança
"Eterna é a fidelidade
do Senhor" (Sl 116, 2).
Um dos sintomas pelos quais podemos discernir o quanto Deus cria a alma humana
com vistas à vida eterna é a inextinguível sede de eternidade que brota de seu
mais profundo âmago. E isso acontece apesar de o homem constatar até que ponto
é efêmera sua existência terrena, tal qual diz o Eclesiástico: "A duração
da vida humana é quando muito de cem anos. No dia da eternidade esses breves
anos serão contados como uma gota de água do mar, como um grão de areia"
(Eclo 18, 8).
Entretanto, arde no homem o desejo de prolongar estavelmente sua lembrança
junto aos que com ele vivem, como também entre aqueles que no futuro haverão de
existir. A angústia muitas vezes pervade o espírito de quem se coloca na
perspectiva de vir a ser inteiramente esquecido pelos seus e pela posteridade.
A simples consideração deste versículo do Eclesiastes: "Não há memória do
que é antigo, e nossos descendentes não deixarão memória junto àqueles que
virão depois deles" (1, 11), quase sempre deita uma certa amargura no
fundo da alma de quem experimenta a progressiva cercania da morte.
A febricitada busca de
sucesso traz mais frustração do que felicidade
Esse é o pânico psíquico que esteve na raiz da febricitada busca de sucesso da
parte de tantos infelizes. Eles mais encontraram frustração do que felicidade,
e o que é pior, ad perpetuam rei memoriam. Mais ainda, essa memória pela qual
ansiavam fixou-se nas esteiras da História bem no extremo oposto à glória
divina que desejavam. Os tempos que nos precederam estão coalhados de
ilustrações dessa triste situação. Algumas, porém, se tornaram paradigmáticas
como é, por exemplo, o caso de Alexandre Magno (356 a.C. - 323 a.C.).
Depois de se ter apoderado da Grécia, Alexandre, filho de
Filipe da Macedônia, oriundo da terra de Kitim, derrotou também Dario, rei da
Pérsia e da Média, e reinou em seu lugar. Empreendeu inúmeras guerras,
apoderou-se de muitas cidades e matou vários reis da terra. Atravessou-a até
aos seus confins, apoderou-se das riquezas de vários povos, e a terra
rendeu-se-lhe. Tornou-se orgulhoso e o seu coração ensoberbeceu-se. Reuniu
poderosos exércitos, submeteu ao seu império muitos povos e os reis pagaram-lhe
tributo.
Finalmente, adoeceu e viu que a morte se aproximava. Convocou então os seus
oficiais, os nobres da sua corte, que com ele tinham sido criados desde a sua
juventude, e, ainda em vida, dividiu o império entre eles. Alexandre reinou
doze anos, e morreu. Os seus generais assumiram o poder, cada um na sua região.
Depois da sua morte, cingiram o diadema e, depois deles, os seus filhos,
durante muitos anos, multiplicando os males sobre a terra" (1 Mc 1, 1-10).
Conta-nos ainda a História (2) , que Alexandre chegou a exigir de seus
súditos um culto de idolatria, considerando-se deus. Mas, de que lhe valeram a
sucessão de magníficas vitórias, a fundação do Império Grego e o ter-se tornado
o dominador absoluto do Oriente Próximo? Em realidade, seu orgulho teve um fim
prematuro, vindo a falecer aos trinta e três anos de idade. Seu desaparecimento
teve trágicas conseqüências: após longas e sangrentas lutas pela sucessão, seu
império fora desmembrado e, com o passar do tempo, absorvido pela expansão
romana. Seu legado moral - a civilização helenística - é considerado como
deletério pelo livro dos Macabeus. Nele se nos apresenta Antíoco Epífanes -
sucessor da dinastia dos selêucidas - como "aquela raiz de pecado" (1
Mc 1, 10) nascida, em última análise, do influxo expansionista de Alexandre
Magno (3) .
São Tomás de Aquino: o
homem que marcou a posteridade com sua doutrina
Quanto erraram este e tantos outros homens! Pois o caminho para perpetuar a
memória é bem outro, tal qual afirma o Salmista: "Eterna será a memória do
justo" (Sl 111, 6), ou o próprio Livro da Sabedoria: "Mais vale uma
vida sem filhos, mas rica de virtudes: sua memória será imortal, porque será
conhecida de Deus e dos homens" (Sb 4, 1). Ainda mais nimbada de glória
será a imortalidade de sua memória se de seus lábios ou de sua pluma brotarem
sábias e elevadas explicitações segundo os recursos da razão humana, sobre as
últimas causas, o mundo, o homem e a própria existência de Deus, como também de
Seus atributos. E se esse esforço não se apoiar exclusivamente na inteligência,
mas, de maneira especial, nas luzes que nos proporciona a Revelação, o fulgor
daí resultante será maior.
Um indiscutível exemplo de quem, nessa linha, marcou os acontecimentos da
Igreja e foi aureolado da melhor fama é São Tomás de Aquino. Por um rico sopro
do Espírito Santo, soube ele conjugar as verdades filosóficas e teológicas
enquanto procedentes da Verdade Criadora e Inteligência Suprema. E isto porque
a Filosofia é a mais importante das ciências para servir à Teologia, sendo esta
a primeira entre todas elas. Uma estuda a ordem da natureza e a outra, a ordem
da graça. Ambas muito harmônicas, pois, delas, um só é o criador: Deus! Ele é o
autor da verdade natural, como também da revelada, e daí haver um necessário e
perfeito entrelaçamento entre razão e fé.
No coração do Doutor Angélico, a lógica adquire asas sem perder seu contato com
a terra, e as ciências físicas, metafísicas e filosóficas com toda humildade,
inclinam-se diante da autoridade divina para servir à Teologia. Em sua mente
encontramos um alcandorado resumo de toda a ciência da Idade Média, como até
mesmo da do mundo antigo, purificada e santificada; ali estavam a Filosofia e a
Teologia conduzidas a uma perfeita união, a razão submetida à fé em novo vigor
e energia. Por isso não devemos considerar suas obras como simples ensaios de
Teologia ou de Filosofia, mas sim um verdadeiro monumento-síntese de enorme
envergadura e profundidade, esplendor de uma grande época. Daí tornar-se
compreensível ainda hoje o motivo pelo qual se deve buscar em São Tomás uma das mais
belas aplicações do método, ou melhor ainda dizendo, a lógica em toda a força
de sua clareza e penetração, e nunca com os entraves com que a arrouparam nos
séculos posteriores.
Quer na alma dos santos, quer na voz do Magistério da Igreja, sempre houve um
reconhecimento do gênio divino com o qual o Doutor Angélico elaborou sua Suma
Teológica, discernindo e desenvolvendo todos os ramos do conhecimento humano,
agrupando-os, entrelaçando-os e entregando-os ao serviço da fé. É nessa
perspectiva que encontramos Santo Alberto Magno abismado diante da Suma
Teológica produzida por seu ex-aluno, quando com muito esforço procurava ele
fazer avançar a sua própria, que há certo tempo começara.
Quando Alberto leu a Suma de seu antigo aluno, exclamou
maravilhado: "Isto é perfeito e definitivo!" E se absteve de
continuar a sua. O Concílio de Trento confirmou seu parecer: sobre a mesa da
sala, colocou ao lado da Bíblia a Suma de São Tomás, como Testamento da Idade Média
(4).
O brilho da fulgurante aura de São Tomás não ficou circunscrito à Idade Média;
ainda hoje suas luzes nos assistem com seus raios. Na carta Lumen Ecclesiae, do
Servo de Deus Paulo VI, dirigida ao Superior Geral dos Dominicanos por ocasião
do VII centenário da morte do grande doutor da Igreja, encontramos este
importante elogio:
Também o Concílio Vaticano II recomendou, duas vezes, São
Tomás às escolas católicas. Com efeito, ao tratar da formação sacerdotal,
afirmou: "Para explicar da forma mais completa possível os mistérios da
salvação, aprendam os alunos a aprofundar-se neles e a descobrir sua conexão,
por meio da especulação, sob o magistério de São Tomás". O mesmo Concílio
Ecumênico, na Declaração sobre a Educação Cristã, exorta as escolas de nível superior
a procurar que, "estudando com esmero as novas investigações do progresso
contemporâneo, se perceba mais profundamente como a fé e a razão têm a mesma
verdade"; e logo em seguida afirma que para esse fim é necessário seguir
os passos dos doutores da Igreja, sobretudo de São Tomás. É a primeira vez que
um Concílio Ecumênico recomenda um teólogo, e este é São Tomás. Quanto a nós,
basta, entre outras coisas, repetir as palavras que pronunciamos noutra
ocasião: "Aqueles que têm a missão de ensinar [...] escutem com reverência
a voz dos doutores da Igreja, entre os quais ocupa lugar eminente São Tomás;
com efeito, é tão poderoso o talento do Doutor Angélico, tão sincero seu amor à
verdade e tamanha sua sabedoria ao investigar as mais elevadas verdades, ao explicá-las
e relacioná-las com profunda coerência, que sua doutrina é um eficacíssimo
instrumento, não só para estabelecer bem os fundamentos da fé, mas também para
retirar dela, de modo útil e seguro, frutos de um sadio progresso"
(5) .
No novo Código de Direito Canônico - uma das obras de grande envergadura do
pontificado do Servo de Deus João Paulo II -, a doutrina teológica de Tomás de
Aquino se torna, por assim dizer, "lei" da Igreja. Ao tratar da
formação dos clérigos, o Código recomenda:
Cân. 252 § 3. - Haja aulas de Teologia dogmática, fundamentada
sempre na palavra de Deus escrita, junto com a sagrada Tradição, pelas quais os
alunos aprendam a penetrar de maneira mais profunda os mistérios da salvação,
tendo por mestre principalmente São Tomás (6_.
É particularmente significativo o empenho de João Paulo II em ressaltar a
atualidade da doutrina tomista. Matéria na qual esse Papa de feliz e saudosa
memória tem uma especial autoridade, não só em decorrência de sua formação no
"Angelicum" de Roma, como também por ter vivido intensamente os
problemas e as contradições do século XX, exercendo sua atividade docente e
ministerial num país em que se confrontavam de forma aguda as ideologias que
levaram o racionalismo ao extremo do ateísmo, apesar de ali perpetuar-se uma
comunidade eclesial pujante e de sólida fé.
Em 13 de setembro de 1980, ao receber os participantes do VIII Congresso
Tomista Internacional, por ocasião do centenário da encíclica Aeterni Patris,
do seu predecessor Leão XIII, o Papa João Paulo II afirmava:
Os cem anos da encíclica Aeterni Patris não passaram em vão,
nem esse célebre Documento do Magistério pontifício perdeu a sua atualidade. A
encíclica baseia-se num princípio fundamental, que lhe confere profunda unidade
orgânica interior. É o princípio da harmonia entre as verdades da razão e as da
fé. Isto é o que tinha sumamente a peito Leão XIII. Tal princípio, sempre a
manifestar-se e atual, durante estes cem anos fez notáveis progressos. Basta
ter conta na coerência do Magistério da Igreja desde o Papa Leão XIII até Paulo
VI e naquilo que maturou no Concílio Vaticano II, especialmente nos documentos
Optatam Totius, Gravissimum Educationis e Gaudium et Spes. [...]
Graças às diretrizes da Aeterni Patris, de Leão XIII, que com tal documento -
que tinha como subtítulo "De philosophia christiana... ad mentem sancti
Thomae... in scholis catholicis instaurandis" - manifestava a consciência
de terem chegado uma crise, uma ruptura e um conflito ou, pelo menos, um
ofuscamento acerca da relação entre a razão e a fé. No interior da cultura do
século XIX poderiam-se, de fato, reconhecer duas atitudes extremas: o
racionalismo (a razão sem a fé) e o fideísmo (a fé sem a razão). A cultura
cristã movia-se entre esses dois extremos, pendendo para uma parte ou para
outra. O Concílio Vaticano I tinha já dito a sua palavra a propósito. Era agora
o tempo de imprimir novo curso aos estudos no interior da Igreja. Leão XIII
aplicou-se, com clarividência, a essa tarefa, representando - e este é o
sentido de instaurare - o pensamento perene da Igreja, na límpida e profunda
metodologia do Doutor Angélico (7).
Eixo central do pensamento
cristão
Salientou também o Servo de Deus João Paulo II, nessa ocasião, o papel de
grande destaque que ocupa o Doutor Angélico, tanto nos céus da Filosofia quanto
nos da Teologia:
Como afirmava Paulo VI: [...] "São Tomás, por disposição
da Divina Providência, atingiu o cume de toda a Teologia e Filosofia
‘escolástica', como se lhe costuma chamar, e fixou na Igreja o eixo central a
cuja volta, então e em seguida, se pôde desenvolver o pensamento cristão em
seguro progresso" (Lumen Ecclesiae, 13. 3).
Está nisto a motivação da preferência dada pela Igreja ao método e à doutrina
do Doutor Angélico. Longe de preferência exclusiva, trata-se de referência
exemplar, que permitiu a Leão XIII declará-lo. "Inter Scholasticos
Doctores omnium princeps et magister" (Aeterni Patris, 13). E tal é
verdadeiramente São Tomás de Aquino, não só pela sua plenitude, pelo
equilíbrio, pela profundidade e pela limpidez do estilo, mas ainda mais pelo
vivíssimo sentido de fidelidade à verdade, que podem também dizer-se realismo.
Fidelidade à voz das coisas criadas, para construir o edifício da Filosofia;
fidelidade à voz da Igreja, para construir o edifício da Teologia (8) .
Justo equilíbrio entre fé
e razão
É, porém, na encíclica Fides et Ratio, que o Papa torna mais candente a
atualidade do tomismo, propondo-o como justo equilíbrio entre a fé e a razão,
"as duas asas do espírito humano":
Embora sublinhando o caráter sobrenatural da fé, o Doutor
Angélico não esqueceu o valor da racionabilidade da mesma; antes, conseguiu
penetrar profundamente e especificar o sentido de tal racionabilidade.
Efetivamente, a fé é de algum modo "exercitação do pensamento"; a razão
do homem não é anulada nem humilhada, quando presta assentimento aos conteúdos
de fé; é que estes são alcançados por decisão livre e consciente. [...]
Precisamente por esse motivo é que São Tomás foi sempre proposto pela Igreja
como mestre de pensamento e modelo quanto ao reto modo de fazer Teologia. Neste
contexto, apraz-me recordar o que escreveu o meu Predecessor, o Servo de Deus
Paulo VI, por ocasião do sétimo centenário da morte do Doutor Angélico:
"Sem dúvida, São Tomás possuiu, no máximo grau, a coragem da verdade, a
liberdade de espírito quando enfrentava os novos problemas, a honestidade
intelectual de quem não admite a contaminação do Cristianismo pela Filosofia
profana, mas tampouco defende a rejeição apriorística desta. Por isso, passou à
história do pensamento cristão como um pioneiro no novo caminho da Filosofia e
da cultura universal. O ponto central e como que a essência da solução que ele
deu ao problema novamente posto da contraposição entre razão e fé, com a
genialidade do seu intuito profético, foi o da conciliação entre a secularidade
do mundo e a radicalidade do Evangelho, evitando, por um lado, aquela tendência
antinatural que nega o mundo e seus valores, mas, por outro, sem faltar às
exigências supremas e inabaláveis da ordem sobrenatural" (9) .
Bento XVI salienta
novamente sua atualidade
Cabe-nos ainda recordar uma recente alocução de Sua Santidade Bento XVI,
felizmente reinante, sobre o Doutor Angélico, salientando sua atualidade como
solução para o inconsistente conflito entre fé e razão:
O calendário litúrgico recorda hoje São Tomás de Aquino,
grande doutor da Igreja. Com seu carisma de filósofo e teólogo, ele oferece um
válido modelo de harmonia entre razão e fé, dimensões do espírito humano, que
se realizam plenamente no encontro e no diálogo recíproco. Segundo o pensamento
de São Tomás, a razão humana, por assim dizer, "respira": isto é,
move-se num horizonte amplo, aberto, no qual pode expressar o melhor de si. Ao
contrário, quando o homem se limita a pensar só em objetos materiais e experimentáveis
e se fecha às grandes interrogações sobre a vida, sobre si mesmo e sobre Deus,
empobrece-se. A relação entre fé e razão constitui um desafio sério para a
cultura atualmente dominante no mundo ocidental e, precisamente por isso, o
amado João Paulo II quis dedicar-lhe uma Encíclica, intitulada Fides et ratio,
"Fé e razão". [...]
Quando é autêntica, a fé cristã não mortifica a liberdade e a razão humana; e
então, por que fé e razão devem ter receio uma da outra, se ao encontrar-se e
dialogando podem expressar-se do melhor modo? A fé supõe a razão e
aperfeiçoa-a, e a razão, iluminada pela fé, encontra a força para se elevar ao
conhecimento de Deus e das realidades espirituais. A razão humana nada perde
abrindo-se aos conteúdos de fé, aliás, eles exigem a sua adesão livre e
consciente (10) .
Outros elogios de Papas e
catedráticos
Ainda sobre a consagração histórica e universal de São Tomás enquanto filósofo
e teólogo, valeria a pena lembrarmos o fato de o Papa João XXII haver afirmado
que se aprende mais durante um ano de estudos dedicado às suas obras, em
comparação a décadas consagradas ao aprofundamento nos escritos de outros
autores (11).
É indispensável, ademais, reconhecer os méritos do Papa Leão XIII em ressaltar
os valores científicos das explicitações de São Tomás. Foi por uma ação direta
sua - no século XIX, portanto - que surgiram centros de estudos tomistas nas
universidades católicas, propiciando, dessa forma, a influência do Doutor
Angélico nas descobertas e investigações da ciência. A Biologia, a Química e a
própria Psicologia experimental em suas novas conquistas enriqueceram-se,
assim, com a seiva doutrinária antiga. Importantes universidades modernas do
continente europeu, como também do americano, passaram a se abeberar nos grandes
princípios tomistas; por exemplo, Harvard, Oxford, Sorbone e Louvain. Não foi
sem razão que Etiènne Gilson, conceituado catedrático da Sorbone, conferiu a
São Tomás o título de Pai da Filosofia Moderna. Levou em conta esse mestre o
quanto a metafísica de São Tomás constitui a sustentação unificadora da cultura
greco-romana batizada e alimentada pelo Cristianismo.
Uma nota essencial do
pensamento tomista: Deus é a verdade absoluta
Uma das notas características e até essenciais na elaboração do pensamento de
São Tomás está na sua convicção sobre a unicidade da verdade, pois Deus é a
Verdade Absoluta e todas as outras que existem esparsas pelo universo são
decorrentes da primeira e essencial, tal qual magistralmente esclarece em uma
das cinco vias por ele elaboradas para demonstrar a existência de Deus. Por
essa razão, não tem o Doutor Angélico o menor receio de servir-se da obra de
Aristóteles, filtrada das explicitações inconsistentes dos comentaristas
árabes, nem sequer deixa de se aproveitar das doutrinas de Platão para dar ao
seu monumental edifício filosófico toda solidez. Evidentemente, teve primordial
importância para São Tomás o pensamento elaborado por mestres da própria
Igreja, como por exemplo, e sobretudo, Santo Agostinho (12).
Oferecer um contributo ao
pensamento moderno por meio de uma clave antiga e nova
Dado o exíguo espaço de um artigo, não pretendemos aqui comentar as numerosas
obras densas em substância doutrinária desse gênio hors série da Verdadeira
Igreja. Nem sequer em nada nos pervade a pretensão de nos supormos possuidores
dos conhecimentos que nos tornariam capazes de apontar todos os méritos da
elaboração de nosso Santo Doutor. Queremos apenas abrir um pouco nossos
corações e manifestar o porquê de a Faculdade Arautos do Evangelho, assim como
o Instituto Teológico São Tomás de Aquino e o Instituto Filosófico
Aristotélico-Tomista, terem tomado por bem promover o estudo da Filosofia e
Teologia medievais - destacando de forma especial a doutrina tomista.
Com efeito, os homens e as mulheres de nosso tempo, cansados de procurar a
verdade em sistemas de pensamento extremamente contrapostos e diversos, estão
sedentos de beber de uma fonte límpida e clara, de haurir a certeza numa escola
de pensamento de inspiração cristã, a qual ofereça um sistema não-sujeito às
limitações que o divórcio entre a realidade natural e a sobrenatural impõe à
inteligência e à vontade humanas.
Pois bem, longe de qualquer anacronismo, o estudo e a pesquisa das fontes
tomistas contribuem com uma resposta convincente e profunda àqueles que
procuram o alcandor e o esplendor da verdade. Convidamos nosso leitores a usar
esse meio de estudo e reflexão com o mesmo espírito que animava o Aquinate a se
lançar à busca da sabedoria, tendo bem presente que a vida intelectual de nosso
santo Doutor esteve profundamente animada pelo desejo de encontrar ao Deus vivo
e verdadeiro e de amá-lo tanto quanto fosse possível a uma criatura. Nunca
separou a via da especulação intelectual do caminho da perfeição evangélica,
trilhado por ele com admirável zelo. A esse propósito comenta Pio XI:
Como a verdadeira ciência e a piedade, que de todas as
virtudes é companheira, estão entre si admiravelmente unidas; e sendo Deus a
própria verdade e bondade, não bastaria, é claro, para obter a glória de Deus e
a salvação das almas - objetivo principal e próprio da Igreja - que o ministros
sagrados fossem bem instruídos no conhecimento das coisas, mas não fossem
também abundantemente revestidos das virtudes necessárias. Ora, essa união da
doutrina e da piedade, da erudição e da virtude, da verdade com a caridade, foi
verdadeiramente singular no Doutor Angélico, ao qual é atribuído como símbolo o
sol, pois enquanto leva às mentes a luz da ciência, acende na vontade a chama
da virtude (13).
A vida do estudioso católico exige alto grau de conaturalidade com o
sobrenatural, e isto obtem-se apenas pela prática séria das virtudes, de forma
especial a da pureza. E como o balão, que mais se eleva quanto menos peso
transporta, assim a alma contemplativa só alcançará os cumes da sabedoria se
tiver o domínio sobre suas paixões. Assim nos expõe o mencionado Pontífice o
‘segredo' da ciência de São Tomás:
Pareceu que Deus, fonte de toda a santidade e sabedoria,
quisesse mostrar em Tomás como essas duas coisas se ajudam entre si, do mesmo
modo que o exercício da virtude predisponha à contemplação da verdade, e por
sua vez a acurada meditação da verdade faça mais puras e perfeitas as próprias
virtudes. Pois quem vive de modo íntegro e puro, colocando a virtude como freio
às suas paixões, como que livre de um grande impedimento, poderá muito mais
facilmente elevar seu espírito às coisas celestes, fixando-se melhor nos
profundos mistérios da Divindade, segundo as palavras do próprio Tomás:
"primeiro está a vida, depois a doutrina; porque a vida conduz à ciência
da verdade"; se o homem aplicar todo o seu estudo em conhecer as coisas
que estão acima da natureza, por isso mesmo sentir-se-á muito incentivado a
viver a perfeição; uma tal ciência, cuja beleza o entusiasme e a si o atraia,
nunca poderá ser árida ou inerte, mas ativa num grau supremo (14).
"Primeiro está a vida, depois a doutrina". Que nos quis dizer o santo
com essa máxima tão significativa? Tomás foi então antes santo que doutor?
Cabe, pois, uma palavra final sobre alguns traços relevantes de sua vida, à luz
deles poderá julgar o leitor.
Ensina-nos Santiago na sua epístola que "se alguém necessita de sabedoria,
peça-a a Deus - que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem
recriminação - e ser-lhe-á dada" (Tg 1, 5). Assim o fez São Tomás.
Seu grande e insuperável Mestre foi o Santíssimo Sacramento, diante do qual
passava rezando horas inteiras, dia e noite. Freqüentemente, no momento auge da
celebração da Santa Missa, ou seja, na hora da Consagração do pão e do vinho,
não só o milagre da transubstanciação se realizava em suas mãos, como também,
sua face se transfigurava. Chegou ele a afirmar ter aprendido muito mais junto
ao Santíssimo Sacramento do que em todos os seus estudos (15) . Guilherme
de Tocco, o seu primeiro e principal biógrafo, insiste em dizer que Tomás
adquirira o hábito de rezar demoradamente quando tinha de vencer um obstáculo,
de intervir num debate importante, de ensinar qualquer matéria mais árdua. Ele
confessava assim encontrar a solução dos problemas que o torturavam. Quanto ao
tempo que o comum dos homens costumam dedicar ao descanso, Tomás o reduziu a
quase nada para prolongar este "Sacrum Convivium" com Jesus
Eucarístico (16) . O Padre Santiago Ramirez (1975), baseando-se no
processo de canonização de Santo Tomás em Nápoles, explica na sua biografia
sobre o Aquinate que "Ele era o primeiro a se levantar pela noite, e ia
prosternar-se diante do Santíssimo Sacramento. E quando tocavam as Matinas,
antes que os religiosos formassem fila para ir ao coro, ele voltava
sigilosamente para a sua cela para que ninguém notasse" (17).
Vocação de monge
mendicante
Alguns acontecimentos marcaram mais especialmente sua não longa vida. Como flor
da nobreza lombarda, descendia ele dos normandos de há muitos séculos, dos
quais certamente herdara sua avantajada corpulência. Devido estar localizado no
feudo de sua família o mosteiro de Monte Cassino, seus pais viram com grandes
esperanças a possibilidade de contar com um filho no trono abacial daquele importante
bastião beneditino, e por isso facilitaram seu ingresso na mais famosa ordem
religiosa da época, apesar de sua infantil idade. Entretanto, seus tenros cinco
anos já o impeliam a indagar aos monges, andando pelos claustros e corredores:
"Quem é Deus?" (18) .
"O homem propõe, mas Deus dispõe", diz o ditado. Ao completar catorze
anos (1239), devido às dissensões entre Frederico II e o Papa Gregório IX, os
pais se viram na contingência de retirá-lo de Monte Cassino e fazê-lo viajar a
Nápoles, a fim de estudar na Universidade. Neste período é que entrou em
contacto com a Ordem Dominicana na germinação de sua expansão, mas já famosa
nos ambientes culturais da época. Ali se revelou sua vocação às vias abertas
por São Domingos. Tratava-se de uma ordem mendicante, verdadeiro horror para os
padrões mundanos de então, em especial para os anseios de realização familiar
de seus pais. Apesar de já ter completado dezenove anos quando ingressou
oficialmente nos Dominicanos, sua mãe, Teodora, deu instruções a outros filhos
seus, e determinou o seqüestro do jovem Tomás pelos seus próprios irmãos,
quando este se deslocava a pé do convento romano de Santa Sabina a Bolonha.
Não durou muito sua prisão na torre de um dos castelos de sua família. Foi
alimentado nesse período pelos manjares intelectuais do "Livro das
Sentenças", de Pedro Lombardo e, sobretudo, pelas Sagradas Escrituras, as
quais, por sua privilegiada memória (19), numa única leitura fixaram-se para
sempre em sua lembrança.
Famoso é também o episódio que teve sua origem no perverso plano elaborado e
levado a cabo por seus irmãos que introduziram no castelo uma indecorosa
cortesã, no intuito de seduzir o Santo; este, por sua vez, serviu-se de um
tição agarrado por uma tenaz para expulsá-la do recinto. Imediatamente após,
caiu o jovem num profundo sono, durante o qual viu em sonho um anjo que lhe
cingia os rins, com o objetivo de confirmá-lo na virtude da castidade (20).
Humildade no estudo
Não tardou a reintegrar-se à Ordem Dominicana, logo após ter cessado sua prisão
(1245). Partiu para Paris, acompanhando seu superior geral, e em seguida para
Colônia, onde foi formado por Santo Alberto Magno, ilustre doutor da
universidade na qual iria receber a alcunha de "boi mudo" pelo fato
de ser muito calado, evitando o buliço das discussões. Nenhuma vaidade supera a
do ambiente intelectualizado.
Entre os alunos, houve um que por conta própria assumiu a tarefa de atualizar o
Santo em todas as lições, até o momento em que, não conseguindo entender a
matéria que procurava explicar, ouviu de seu "aprendiz" uma tão
extraordinária explicitação que se sentiu na obrigação de transmiti-la a Santo
Alberto. É deste episódio que nasceu a famosa frase de Santo Alberto: "Vós
o chamais ‘boi mudo', mas eu vos garanto que seus mugidos serão ouvidos no
mundo inteiro" (21).
O apogeu de sua carreira
Sete anos mais tarde (1252), enquanto bacharel, passou a ensinar em Paris com
vistas a obter o título de mestre ou doutor. Aproveitando-se das horas vagas,
nessa ocasião, escreveu seus comentários ao Livro das Sentenças, como também ao
Evangelho de São Mateus e a Isaías. Em 1256, já doutorado, escreveu a Suma
contra os Gentios. Ao longo de nove anos (1259 a 1268), entre docência
e sermões, acompanhou o Papa em seus deslocamentos pela Itália. Foi ao término
desse ano que começou a escrever a Suma Teológica (22).
Estando de novo em Paris (1269), o próprio rei da França, São Luís IX, nomeou-o
seu conselheiro. É dessa época o episódio ocorrido na corte: durante um
banquete real, batendo fortemente sobre a mesa, São Tomás exclamou: "Modo
conclusum est contra haeresim Manichaeorum" (23).
Fenômenos místicos
Conta-se o fato de ter ele ouvido do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, ao
concluir um trabalho sobre a realidade ou aparência dos acidentes eucarísticos,
esta afirmação: "Bem escreveste sobre o Sacramento de meu Corpo!"
Algum tempo depois tornaria ouvir a mesma voz, desta vez saída de um crucifixo:
"Escreveste bem sobre Mim, Tomás. Qual prêmio queres?" Ao que o santo
teria respondido: "A ninguém, senão a Vós mesmo, Senhor!"
(24) Célebre tornou-se também o fato místico ocorrido no ano de 1273, na
cidade de Nápoles: ao celebrar a Santa Missa na festividade de São Nicolau,
tomou a resolução de não continuar a redação de sua Suma Teológica.
"Chegou o término de meus trabalhos. Tudo o que escrevi não é senão palha
em comparação com o que me foi revelado" - disse ele (25).
Morte exemplar
Dignas são de nota suas palavras após ter recebido o viático:
"Recebo-te, penhor do resgate da minha alma, recebo-te, viático da minha
peregrinação. Por amor de ti, estudei, velei, trabalhei; preguei-te e
ensinei-te. Nada disse contra ti, mas se o fiz foi sem o saber; não persisto
obstinadamente nos meus juízos; se mal falei em relação a este e aos outros
sacramentos, deixo tudo à correção da Santa Igreja Romana, em cuja obediência
saio agora deste mundo." (26)
Assim, embevecido na íntima união com Deus, sem nunca ter-se atribuído a si
próprio qualquer mérito ou honra vã, e tendo seu espírito submisso ao
Magistério Infalível, o santo doutor alcançou a glória do céu. De lá ilumina o
firmamento da Igreja com sua ciência filosófica e teológica e serve de exemplo
para todos aqueles que se dedicam ao estudo, conforme ensina Leão XIII em sua
encíclica Aeterni Patris:
Também nisto sigamos o exemplo do Doutor Angélico, que nunca
se pôs a ler e escrever sem antes se ter encomendado a Deus com seus rogos, e
confessou candidamente que tudo o que sabia não tinha adquirido tanto com seu
estudo e trabalho, senão que o tinha recebido de modo divino. Nesta mesma
intenção roguemos todos juntos a Deus com humilde e concorde súplica, a fim de
que derrame sobre todos os filhos da Igreja o espírito de ciência e
entendimento e lhes abra os sentidos para entender a sabedoria (27).
À luz dessa tão modelar despretensão de São Tomás, rogamos a Deus por
intercessão de Maria Santíssima, "Sedes Sapientiae", que a Revista
Lumen Veritatis possa vir a ser um instrumento para esclarecer os espíritos e
acender os corações, sabendo que "toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm
de cima: descem do Pai das luzes" (Tg 1, 17).
1. O autor
é sacerdote, Fundador e Presidente Geral dos Arautos do Evangelho, membro da
Sociedade Internacional São Tomás de Aquino (SITA) e fundador desta revista.
2. Sobre Alexandre Magno, cf. Gran Enciclopedia
Rialp, Vol. I, Madrid: Rialp SA, 1971, p. 532-536.
3. Sobre a conduta moral de Alexandre Magno,
tanto na vida privada como na sua atuação pública, a apreciação dos
historiadores diverge. Alguns, como Vitor Davis Hanson, que em sua obra The
Wars of the Ancient Greeks and their Invention of Western Military Culture
compara esse personagem grego a Hitler, o consideram um imperialista, outros
pretendem julgá-lo segundo as normas de seu próprio tempo. À luz da doutrina
cristã, muito bem poderia aplicar-se àquele tirano a crítica aos desvios dos
pagãos feita por São Paulo (Rm 20-32).
4. WEISS, J. B. Historia Universal, Barcelona, Tip. de la Educación, 1929, Vol. VII, p. 170.
5. PAULO VI. Lumen Ecclesiae, n. 24. Disponível
em: . Acesso em: 15 jun. 2007.
6. JUAN PABLO II. Código de Derecho Canónico.
Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2007. Tradução nossa.
7. JOÃO PAULO II. VIII Congresso Tomista
Internacional. Discurso aos participantes. 13 set. 1980. Disponível em: .
Acesso em: 29 jun. 2007.
8. Idem.
9. JOÃO PAULO II. Fides et Ratio, n. 43.
Disponível em: . Acesso em: 21 maio 2007.
10. BENTO XVI. Ângelus. 28 jan. 2007. Disponível
em: . Acesso em: 27 jul. 2007.
11. Seguem-se as palavras pronunciadas pelo Papa
João XXII: "Veneráveis Irmãos, consideramos como uma grande glória para
nós e para toda a Igreja inscrever este servo de Deus no catálogo dos santos,
com tanto que possamos verificar alguns milagres devidos à sua intervenção. Ele
[sozinho] iluminou a Igreja mais que todos os outros doutores, e num só ano
aproveita-se mais a leitura de seus escritos, como não se faria estudando
durante a vida inteira a doutrina dos outros teólogos". In: JOYAU,
Charles-Anatole, O. P., Saint Thomas d'Aquin, Lyon: Librairie Générale Catholique et Classique, 1895. Tradução nossa.
12. Cf. WEISHEIPL. James A. Tomás de Aquino.
Vida, obras y doctrina. Pamplona: Universidad de Navarra S.A., 1994
13. PIO XI, Encíclica Studiorum Ducem, 29 de
junho de 1923. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19230629_studiorum-ducem_it.html.
Acesso em: 23 maio 2007.
14. Idem.
15. "Sua alma entrava num comércio íntimo
com Deus. Seu corpo se tornava imóvel, suas lágrimas corriam em abundância, e
diversas vezes o vimos elevado da terra vários cúbitos. Era o momento no qual
São Tomás adquiria os mais altos conhecimentos, encontrava infalivelmente a
solução de suas dificuldades, a compreensão dos textos da Escritura, e as
decisões teológicas das quais tinha necessidade. Ele mesmo confidenciou a Frei
Reginaldo, seu confessor, ter aprendido mais através de suas meditações, na
igreja, diante do Santíssimo Sacramento, ou em sua cela aos pés do Crucifixo,
que em todos os livros por ele consultados." JOYAU, Charles-Anatole,
O. P., Saint Thomas d'Aquin, Lyon: Librairie Générale Catholique et Classique,
1895. Tradução nossa.
16. Cf. AMEAL, João. São Tomás de Aquino.
Iniciação ao estudo da sua figura e da sua obra. 3ª ed. Porto: Tavares Martins,
1947, p. 131.
17. RAMÍREZ, S.: Introducción a Tomás de Aquino,
Madrid, BAC. 1975¬, p. 83-84¬.
18. CHESTERTON. G. K. Santo Tomás de Aquino:
biografia. Tradução e notas de Carlos Ancele Nougué. São Paulo: LTr, 2003
19. "De fácil e penetrante engenho, de
memória fácil e tenaz..., amante unicamente da verdade. Assim designa Leão XIII
a São Tomás. Aqueles que o conheceram pessoalmente foram mais explícitos. Sua
inteligência era rápida, profunda, equilibrada; prodigiosa sua memória;
insaciável sua curiosidade, e sua laboriosidade não conhecia descanso. Compreendia
com facilidade quanto lia ou ouvia, e o retinha fielmente em sua memória como
no melhor fichário." In: RODRIGUES, Vitorino. Temas-clave de humanismo
cristiano. Speiro. Madrid, 1984, p. 321.
20. Cf. JOYAU, Charles-Anatole, O. P., Saint
Thomas d'Aquin, Lyon: Librairie Générale Catholique et Classique, 1895, p. 77
21. Cf. AMEAL, João. Ibidem, p. 56.
22. Cf. GRABMANN, Martinho. Introdução à Suma
Teológica de Santo Tomás de Aquino. Vozes, Petrópolis, 1944, p. 17.
23. "Agora, está liquidada a heresia dos maniqueus"
(Tocco, Vita S. Thomae, cap. XLIV). In AMEAL, João. Ibidem, p. 133.
24. Cf. NICOLAS, Marie-Joseph. Introdução à Suma
Teológica. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2003.
25. Cf. AMEAL, João. Ibidem, p. 145.
26. Idem, ibidem, p. 154.
27. LEÓN XIII, Encíclica Aeterni Patris, 4 de
agosto de 1879. Disponível em:
http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_04081879_aeterni-patris_sp.html.
Acesso em: 23 maio 2007. Tradução nossa.