domingo, 24 de agosto de 2014

Qual o ideal político de nosso povo?



Longe de ser um povo laxo e despreocupado com os sérios problemas nacionais, nosso povo parece ter manifestado que possui ideal político. A prova parecia estar, no ano que passou, nas manifestações públicas contra a corrupção e os políticos demagogos. Antigamente se dizia que ideal político se confunde com ideologia, isto é, com um sistema ideológico de doutrinas de alguma seita, corrente filosófico-religiosa ou partido. Ideologia, como o nome diz, é um sistema de idéias que, estruturadas, formam um corpo de doutrina. Assim, podemos dizer que o nazismo era uma ideologia; o socialismo é uma ideologia, o comunismo é uma ideologia. Já o capitalismo não, não é uma ideologia, pois trata-se do meio natural do homem viver, ninguém vive sem capitalismo, não é necessário se criar um corpo de doutrinas pois ele existe espontaneamente no mundo. O comércio, o ato de vender e comprar, ou de trocar mercadorias, nasceu com o homem, existe desde o começo do mundo.. O próprio comunismo a si mesmo se denominava de “capitalismo de estado”, porque era o governo fazendo o exercício do capitalismo que é imanente na natureza humana. Ao se respeitar a natureza humana que pede constantemente o exercício do capitalismo, e ao mesmo tempo se for estruturada suas concepções em forma de princípios filosóficos, da maneira de se viver, pode-se até aceitar que se torne uma ideologia política, chamada de “ideologia capitalista, com a vantagem de não ser uma coisa artificial como o socialismo e o comunismo.
Mas, qual o ideal político de nosso povo? Vazio de princípios e idéias, o ideal político de nosso fica pulverizado na celeuma em torno da torcida que se faz por um ou outro candidato, e quase nada em torno de algum partido. A maioria de nosso povo “torce” por alguém, e essa torcida é meramente emotiva. Um exemplo tivemos agora com o falecimento de Eduardo Campos, o qual serviu emotivamente para ascender sua vice na chapa. Foi simplesmente a emoção do impacto causado pela morte, e de forma tão desastrosa, que levou a candidata ao topo da preferência, tanto de seus correligionários quanto dos eleitores de seu partido em geral.
Diante deste vazio de ideal que papel exercem os partidos na atual conjuntura? Apenas de alianças e conchavos. O povo continua alheio ao que rezam os estatutos e os programas partidários. Aliás, não há muita diferença, por exemplo, entre o estatuto do PSDB e o do PT, ou entre os demais partidos. Todos falam em democracia e coisas banais sem muita consistência, coisas que o povo nem sequer entende direito. De fato, há diferenças fundamentais entre alguns programas partidários, pois o PT talvez seja o único que pleiteia, dentre outras coisas, o aborto em seu programa. Já os outros partidos têm programas semelhantes, mas divergindo em muitos pontos, embora se pareçam nas linhas gerais, como a tendência socialista que há em quase todos. E o povo nem opina, nem toma conhecimento dos estatutos e dos programas partidários, coisa que somente algumas pessoas têm acesso, e por mera curiosidade.
É claro que muita gente ainda perde tempo em se postar diante dos aparelhos de TV para assistir os barulhentos debates (que parecem mais shows de TV, com torcidas de um e de outro lado, do que palanque político), mas os temas escolhidos são, em geral, superficiais e vazios. Temas candentes da atualidade são evitados, como o aborto, o direito de propriedade, a privatização das empresas estatais (a Petrobras é um exemplo, se fosse privada não teria dado chance do escândalo de Pasadena) e, principalmente, as bolsas sociais (capitaneadas pela bolsa-família, ninguém fala em extinguir tais medidas demagógicas e ineficazes para o progresso do país). E depois dos debates vêm as empresas de pesquisa perguntando aos abobalhados telespectadores: quem venceu o debate? É evidente que tudo gira em torno de se torcer por alguém. Parecido com futebol,  não há seriedade nisso. Antigamente, as chamadas plataformas políticas dos candidatos exibiam programas de crescimento social e econômico, com planos de expansão de nossas estradas e ferrovias, portos e hospitais.  Hoje, não se fala mais nisso, mas simplesmente em inflação, inflação, inflação.
Se Dilma pensa em ganhar a eleição é , de modo primordial, levantando a bandeira da “ação social” através de bolsas “caritativas” para auxílio a populações carentes, e se os demais candidatos não têm coragem de falar abertamente contra tais medidas, é porque a maioria dos eleitores não vota pelos interesses maiores do país, não votam por causa de algum princípio ideológico e social, mas, por causa de sua barriga. Pensam no que vão comer amanhã no almoço e não no que vai acontecer daqui a alguns anos, quando, por falta de verbas para manter estes programas (os contribuintes estão sendo exauridos e desencorajados a pagar os impostos que sustentam essa gente e a arrecadação vai diminuir e minguar) o governo terá que, forçosamente, a deixar de distribuir esmolas para eles.  E aí, quando a barriga começar a doer, vai explodir uma revolta popular sem nome. Igualzinho ao que já está ocorrendo na Venezuela: o socialismo só prospera enquanto dura o dinheiro que o governo arrecada da população que produz – quando este começa a minguar, morre o socialismo! Talvez por isso é que o lema de Hugo Chávez era “socialismo ou morte!”
E onde está o ideal político de nosso povo? O que ele pensa de democracia? Será que o povo sabe o que é isso ou apenas uma minoria de intelectuais, da classe média e das “zelites” (como a chama o Lula)?  Como essa fabulosa classe média é a mola motora que faz o povo agir (e pensar muito pouco) talvez consiga fazê-lo segui-la, mas não de forma consciente. Não, o povo não sabe o que é democracia, não sabe o que é, por exemplo, “estado de direito”, e outras tantas expressões usadas pelos políticos e juristas. Foram os expoentes das correntes ideológicas de certos partidos que forjaram tais expressões e nunca saídas do meio do povo.
Antigamente, o candidato que oferecesse mais favores à população ganhava as eleições. Era comum eles oferecerem empregos, cirurgias gratuitas, cadeiras de roda, telhas e tijolos para casas populares,etc., Essas coisas hoje são proibidas por lei, mas surgiram em seu lugar coisas piores: o bolsa família e as “ações sociais” dos políticos que estão no poder. Isso na área federal, porque nos municípios, especialmente nas pequenas cidades, o que os políticos mais falam é na merenda escolar. Como se vê, a ideologia de nosso povo não é gerada na mente, na consciência e na ética moral, mas na barriga. E quando os orçamentos para pagar tais esmolas começarem a faltar, exatamente por causa da inadimplência da classe média, o povo vai se revoltar, e muito!