segunda-feira, 23 de julho de 2012

Universidade do Peru nem é mais católica, nem pontifícia...

Após a Revolução da Sorbonne, de maio de 1968, tornou-se comum a idéia da autonomia das universidades. A tal ponto que não permitem sequer a polícia adentrar no recinto dela para prender marginais ou drogados. É considerado ali quase como uma outra nação. Trata-se do mesmo princípio da autonomia das terras indígenas. Talvez não seja este o principal argumento usado pela ex-PUC do Peru, mas, no fundo, trata-se disso: os  reitores, geralmente eleitos por alunos e professores, conseguem um poder ilimitado de ação que nem sequer os donos das universades podem se ingerir (tanto os governos como as instituições particulares, em geral, encontram-se no mesmo patamar). Querem separar a gestão das universidades da mesma forma como o fazem nos jornais: os proprietários mandam apenas nas questões financeiras, e os jornalistas e editores nas questões de opinião.
Talvez o problema da Universidade de Lima seja mais complexo, pois alegam também uma legislação do país que a impedia de seguir as orientações da Igreja. É provável, como é provável também que tal alegação seja apenas um pretexto para agir "com autonomia" da Igreja, a proprietária, alegando motivos que poderiam talvez ser contornados com uma ação legal.
Muitas outras universades ostentam o título de "católica" (como também diversos colégios espalhados pelo mundo) mas, na realidade, não o são há muito tempo no que diz respeito à doutrina e aos princípios da Igreja.

Eis como a notícia foi divulgada:

ROMA, 23 Jul. 12 / 04:17 pm (ACI/EWTN Noticias).- Em um comunicado com data de 20 de julho a Sala de Imprensa do Vaticano informou que a Santa Sé decidiu retirar os títulos de "Pontifícia" e de "Católica" da Pontifícia Universidade Católica do Peru, com sede na cidade de Lima.


A seguir ACI Digital reproduz o texto do comunicado vaticano na íntegra:
"A Santa Sé, com Decreto do Emmo. Secretário de estado, baseada em específico mandato Pontifício, decidiu conforme à legislação canônica retirar à Pontifícia Universidade Católica do Peru o direito de usar em sua denominação os títulos de ‘Pontifícia’ e de ‘Católica’.
A mencionada Universidade, fundada em 1917 e erigida canonicamente com Decreto da Santa Sé em 1942, a partir de 1967 modificou unilateralmente seus Estatutos em diversas ocasiões prejudicando gravemente os interesses da Igreja.
A partir de 1990, a Santa Sé em múltiplas ocasiões requeriu que a universidade adequasse seus Estatutos à Constituição Apostólica Ex-Corde Ecclesiae (15 de agosto de 1990), sem que ela tenha respondido a esta exigência legal.
Depois da Visita Canônica realizada em dezembro de 2011 e a reunião entre o Reitor e o Emmo. Cardeal Secretário de estado em fevereiro de 2012, houve uma ulterior tentativa de diálogo em vistas a adequar os Estatutos à lei da Igreja.
Recentemente, mediante duas cartas dirigidas ao Emmo. Secretário de estado, o Reitor manifestou a impossibilidade de realizar o que o requerimento a ele dirigido, colocando como condições a modificação dos Estatutos e inclusive a renúncia por parte da Arquidiocese de Lima ao controle da gestão dos bens da Universidade.
A participação da Arquidiocese de Lima no controle da gestão patrimonial desta entidade foi confirmada em várias ocasiões com sentenças dos Tribunais civis do Peru.
Diante desta atitude por parte da Universidade, confirmada ademais por outras iniciativas, a Santa Sé se viu obrigada a adotar as mencionadas medidas, ratificando em qualquer caso o dever que segue tendo tal Universidade de observar a legislação canônica.
A Santa Sé seguirá atentamente a evolução da situação desta Universidade, desejando que em um futuro próximo as Autoridades acadêmicas competentes reconsiderem sua posição com o fim de poder revisar as presentes medidas.
A renovação requerida pela Santa Sé fará que a Universidade responda com mais eficácia ao compromisso de levar a mensagem de Cristo ao homem, à sociedade e às culturas, segundo a missão da Igreja no mundo".

Segue o texto integral do Vaticano:
Vaticano 11 de julho de 2012

Senhor Reitor:

A Santa Sé seguiu com particular atenção a evolução da situação da Pontifícia Universidade Católica do Peru. (PUCP), especialmente depois da Visita canônica do Emmo. Card. Peter Erdo e sua visita a Roma no último 21 de fevereiro.
Durante a conversação que mantivemos naquela oportunidade, por mandato do Santo Padre comuniquei-lhe, em substância, a ‘exigência legal’ de adequar os Estatutos dessa Universidade à legislação canônica da Constituição Apostólica Ex-Corde Ecclesiae, como deveria ter sido feito desde 1990.
Este foi em todo momento o claro requerimento que a Santa Sé lhes realizou como óbvio requisito para que fossem reconhecidas e garantidas adequadamente a identidade e a missão específicas desta Universidade.
Fui informado detalhadamente pelo Núncio Apostólico no Peru, Sua Excelência Dom James Green, das reuniões mantidas na sede da Nunciatura Apostólica, assim como de suas propostas. Atendendo ao pedido feito da sua parte, foi estendido o prazo para a adequação dos Estatutos do dia 8 para o dia 18 de abril deste ano.
Devo comunicar-lhe agora a notável decepção com que esta Secretária de Estado foi percebendo a orientação que essa Reitoria dava à problemática, particularmente na carta N. 068/12.R de 13 de abril de 2012 e na surpreendente carta N. 095/12.R, de 9 de maio de 2012, publicada como ‘Aviso’ no Jornal ‘La Republica’ em 11 de maio de 2012. Chama particularmente a atenção o modo de apresentar nela as indicações recebidas da Santa Sé e o papel desempenhado pelo Arcebispo de Lima. Essa interpretação foi causa de desinformação para a comunidade universitária, para os fiéis e os cidadãos em geral.
Como pude expressar-lhe anteriormente, a situação irregular que vem atravessando a Universidade não é recente e foi matéria de séria preocupação dos três últimos Arcebispos de Lima, não somente do atual. A Universidade veio descumprindo as disposições legais estabelecidas, advertidas reiteradamente por escrito.
Consta em nossos arquivos que os últimos Estatutos da PUCP aprovados, como corresponde a uma Universidade Pontifícia, pela Sagrada Congregação de Seminários e Universidades em 1946 e a eles foram se incorporando modificações aprovadas pela mesma Congregação nos anos 1957, 1964 e 1967.
Desde a última data, as Autoridades da mencionada Universidade, sem prévia e necessária aprovação da Santa Sé, realizaram múltiplas e substanciais modificações dos mesmos prejudicando gravemente os direitos da Igreja. À luz do Acordo vigente entre o Peru e a Santa Sé e do Direito Canônico consideramos que estas modificações são ilegítimas e que através delas se está ocasionando um espólio à Igreja.
Tendo recebido de sua parte uma resposta negativa ao requerimento da Santa Sé, devo constatar que nas Autoridades da Universidade que o Sr. Rege não há vontade de corrigir essa arbitrariedade, e que pretendem que a Igreja renuncie aos seus legítimos direitos ao serviço da educação católica.
Esta atitude não reconhece a legítima autonomia de que a Igreja goza para organizar suas instituições educativas, como o caso da PUCP, em total observância das leis civis vigentes no País e do Acordo entre o Estado peruano e a Santa Sé. A autonomia das Universidades Católicas sempre foi plenamente reconhecida pela Igreja, dentro do âmbito de suas normas, porque o necessário aporte da liberdade é imprescindível para uma sã atividade de estudo e investigação comprometida na busca da Verdade, empenho que deve presidir todo esforço por ampliar as múltiplas dimensões do conhecimento e do saber.
Pelo contrário, deixando de lado o requerimento feito a essa Universidade de acomodar-se à lei canônica, totalmente compatível com a legislação peruana, esta Reitoria responde que, como ‘premissa’ para adequar-se à lei da Igreja é necessário uma ‘negociação’ com o Arcebispado de Lima que impeça o controle deste sobre a administração do patrimônio da Universidade.
Sobre este ponto se pronunciaram os tribunais do Peru. Trata-se de um direito-dever a favor da Igreja de Lima, que busca só garantir a transparência e exemplaridade de tal administração patrimonial e sua adequação aos fins institucionais dessa Universidade. Objetivos que interessam de igual maneira a todos os fiéis dessa comunidade eclesiástica.
Surpreende inclusive, o fato que esta Reitoria anteponha um problema ‘que, ao final, se trata exclusivamente de um assunto de bens materiais’, como o Sr. afirmava em sua carta do último 13 de abril, ao dever que esta Secretária de Estado lhe recordava de observar a legalidade eclesiástica.
Ambas questões possuem sua própria autonomia. Uma ‘solução integral’, como o Sr. diz, que não respeite os elementos de justiça que há tanto numa questão como na outra, representa uma solução contrária à justiça. A primeira exigência, incondicional, que essa Universidade tem que cumprir é a de ajustar-se ao Direito e adequar seus Estatutos à legislação canônica.
À luz do que tenho escrito e depois de tantos anos de diálogo e tentativas para restabelecer a legítima autonomia própria de uma Universidade Católica, a Santa Sé se vê obrigada a adotar as necessárias medidas em relação a essa Universidade.
À presente carta anexo o Decreto da Santa Sé a respeito. A Você, Sr. Reitor, incumbe-lhe uma concreta responsabilidade na presente situação já que, em função do cargo, o Sr. tem a missão de fazer que se cumpra na comunidade universitária as leis e disposições da Igreja.
Com todo o respeito lhe saúda atentamente e o encomenda


Tarcisio Cardeal Bertone


Secretário de Sua Santidade




quinta-feira, 19 de julho de 2012

Multidão e popularidade

Há uma tendência mundial para consagrar a popularidade, e esta através das multidões. Tudo aquilo que leva multidões atrás de si tem o carisma da popularidade e é aceito facilmente pela sociedade. E é assim que os cantores modernos gostam de gravar seus CDs com suas músicas sendo antecedidas por gritos entusiásticos de multidões - as famosas claques de auditório (nem que seja pura montagem sonora); os artistas se vangloriam de ter seus palcos abarrotados de multidões; os políticos prezam tanto as multidões que mandam fazer pesquisas com frequência para saber se estão no gosto da massa; até mesmo os jogadores de futebol vivem em função das multidões, perante as quais eles promovem seus espetáculos esportivos. No mundo moderno, ai daquele que for desprezado pelas multidões: estará condenado ao ostracismo e á ruína.
Não é correto julgar que as multidões sempre estão com a razão. Estava errada aquela multidão que pedia a morte de Cristo perante Pilatos; estava errada aquela multidão que aplaudia delirantemente o ditador Hitler, ou a que aplaudia outros ditadores como Lênin e Stalin.
Será que estava correta a multidão que elegeu Bush, Fernando Henrique ou Lula? E aquela de supostamente derrubou o ditador do Egito? Não sabemos; somente a História, no futuro, poderá julgar que estas multidões estavam certas.
Não há, por exemplo, uma multidão mais coesa e mais certa do que a católica, que se manifesta sem tumultos, sem alaridos, sem chamar a atenção pelo ruído ou pela demagogia. Portanto, não causou muito impacto entre os católicos a notícia divulgada pelo IBGE de que os católicos diminuíram e os protestantes e ateus aumentaram no Brasil. Diminuímos mas ainda somos uma multidão, não esta multidão tumultuosa e demagógica, mas silenciosa e ordeira, que tem, antes de tudo, que prestar contas a Deus sobre nossa vida e não aos homens.  

Alguns adágios e frases sobre multidão:

- "A multidão é a mãe dos tiranos" (provérbio grego);

- "O meio mais seguro de arruinar um país é dar poder aos demagogos (provérbio grego);

- "A multidão tem muitas cabeças mas não tem cérebro" (Theodore Fuller);

- "Mesmo quando uma coisa é vergonhosa, ela não o parece quando louvada pela multidão" (Cícero);

- "A popularidade é a glória dos demagosos. A glória é a popularidade dos santos e heróis" (Plínio Corrêa de Oliveira);

- "La popularité, cette grand menteuse" - a popularidade, esta grande mentira (Victor Hugo, em "Les voix interieure");

- "La popularité? C'est la gloire en gros sous" - A popularidade? Eis a glória grosseira" (Victor Hugo, em "Ruy Blas, Acte III, sc 5);

- "A massa é um grande povo sem alma" (Lamartine);

-"A aura popular é como a fumaça, que desaparece em poucos instantes (Marquês de Maricá).

-"Eu aborreço e rejeito as vossas festas; não me é agradável o cheiro dos sacrifícios dos vossos ajuntamentos... Aparte de mim o ruído dos teus cânticos; eu não ouvirei as árias que cantares ao som de tua lira"  (Amós, 5,21 e 23).

A discussão sobre a quantidade de pessoas nas multidões que engrossam as passeatas de homossexuais e de protestantes tem sido o ponto capital mais em pauta. Mas que sejam 1, 10 ou 100 milhões de participantes não nos interessa; o que importa é saber se estão corretas, se estão fazendo algo bom ou ruim.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

O sonho da liberdade que pode virar pesadelo

A escritora católica baiana Amélia Rodrigues (falecida em 1926) tem um conto ("O Sonho de Fulgêncio") que retrata muito bem em que situação encontra-se o homem moderno, escravo de um ideal frustrado em busca de uma liberdade ilusória.

Eis como ela encerra seu pequeno conto:


"Fulgêncio, o servo, é a alma pecadora – a alma do século de hoje.



Feita para Deus, ela foge de Deus, atraída pela voz de sereia da falsa liberdade.


Foge de Deus para gozar à larga, e afunda-se nos pântanos mais asquerosos; torna-se vil, e nem percebe a própria degradação, ou percebe-a fracamente.


Coitadinha!


A luz da graça lhe aparece enfim, no cimo da montanha da fé. É a única estrela na sua noite pesada de treva e de abandono. Ela a vê, suavíssima; compreende-a, deseja ir até onde está a mansão salvadora, mas o vício, o mau hábito da rebeldia a tem cativa, a ela que sonhara ser livre, inteiramente livre!


Precisamente. Será sempre escrava, e da pior das escravidões.


Ah! Se ela voltasse ao lar donde fugira, ao coração de seu Senhor e de seu Pai, que feliz seria de novo!...


Almas que refulgistes ao sair do batismo cristão e por desgraça agora estais caídas nos charcos do mal, coragem! Quebrai os laços, desprendei-vos da lama, e subi, montanha acima, até os braços do vosso Criador. Ele vos espera e há de receber-vos em festa e coroar-vos de rosas imortais.


Homens do século de hoje, Fulgêncios sequiosos de gozo e de independência, não esqueçais que a verdadeira liberdade é a dos filhos de Deus. Procurai o reino de Deus, se quereis ser livres e atingir o vosso alto destino".


(Transcrito de “Do Meu Archivo – Contos e Phantasias” – Livraria Editora N. S. Auxiliadora – Salvador(BA), 1929 – págs. 208/216)


Para ler o texto completo clique neste link da Glória TV

E aqui para ler sobre o VERDADEIRO SENTIDO DA PALAVRA LIBERDADE






Quem foi Amélia Rodrigues 



Trata-se de notável escritora e dedicada educadora católica, nascida a 26 de maio de 1861 na localidade chamada Oliveira dos Campinhos, na época pertencente ao município de Santo Amaro, Bahia.


Iniciou sua atividade intelectual como poetisa, publicando, ainda jovem, vários poemas em diversos jornais da capital baiana. No entanto, foi como educadora da juventude que mais se destacou, tendo escrito vários contos de caráter cívico e religioso. O seu intuito sempre foi o de instruir a juventude de seu tempo, tendo escrito também dramas sacros.


Escritora católica, tinha grande sensibilidade e discernimento para os grandes problemas que atormentavam a humanidade de seu tempo. Quando a Primeira Guerra estava em seu auge, exatamente no mesmo mês que Nossa Senhora aparecia aos pastorinhos em Fátima (maio de 1917) publicava ela um artigo na revista "A Voz" do Rio, sob o título de "Aos pés de Nossa Senhora", em que dizia: "Ainda este ano surge maio no meio da agonia universal... Apenas um ponto luminoso oferece ao mundo o mês das flores: o altar de Mari-a...".


Fundou em Salvador o “Instituto Maternal”, considerada uma das melhores escolas da época. Dedicou-se ao jornalismo, tendo sido co-fundadora da revista “Paladina”, da Liga das Senhoras Católicas. Fundou também a revista “A Voz”, de circulação nacional, e publicou diversos artigos e poesias em outras publicações como “O Pantheon”, “O Álbum”, “A Renascença”, “A Tarde” e “O Livro”. Em algumas destas publicações usou o pseudônimo de Juca Fidelis.


No final de seus dias, Amélia Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro, indo residir em Niterói, onde passou a participar ativamente do Movimento Católico Feminino, como dirigente da Liga das Senhoras Católicas. Mesmo deixando tal cargo depois, deram-lhe o título de Presidente Honorária, tal o prestígio que detinha.


Poucos anos depois, em 1926, teve que viajar para a Bahia, onde veio a falecer no dia 22 de agosto daquele ano.


Dentre as obras de caráter educativo de Amélia Rodrigues, destacam-se "Mestra e Mãe" e "Do Meu Arquivo". Esta última é um compêndio de seus principais contos, todos de caráter moral e instrutivos. Quanto à "Mestra e Mãe", assim se refere um seu discípulo sobre o mesmo:


"Quase no findar do século, 1898, Amélia Rodrigues edita o seu excelente livrinho "Mestra e Mãe". Elaborou-o para fins de educação cívica e moral. Na verdade, trata-se de um livro que, além de atender à sua finalidade deixa-nos a impressão de que a história nele contada traduz, afinal, parte da própria vida da autora. No seu pórtico, lê-se a seguinte advertência, dirigida "às jovens brasileiras", cujo sentido define a formação de quem a escreveu. Leiamo-la:


"Escrevi este livro, queridas meninas, para auxiliar vossos pais e vossos mestres na doce tarefa de fazer-vos amar a virtude e a instrução.


Saiu de meu coração e vai para o vosso, sem preocupações de estilo, sem pretensões de mérito, nem ambições que não sejam as de contribuir, pouco que seja, para o vosso bem. Lede-o, se vos agradar, mas com a intenção de tirar dele algum fruto. Sabeis que não se podem cultivar flores sobre rochas duras. Assim também nenhum bom conselho vos aproveitará se o vosso coração for intratável e indiferente como a pedra.


Não! Não o será! Trabalhareis com vontade, com afinco, no vosso aperfeiçoamento moral e conseguireis ser boas, e sereis a glória de vossa família, a honra do vosso sexo, sereis dignas cidadãs de nossa grande Pátria, que de vós espera a geração fu-tura!"


São palavras repassadas de brandura, de meiguice e de ensinamentos bons E o livro foi todo escrito assim. Em suas páginas, impregnadas da alma de Amélia Rodrigues, desdobra-se a história de uma professora. Mulher boa e ilustrada que se tornou amada e respeitada. D. Mercês, é o seu nome, e a sua trajetória na obra sugere autobiografia. Aos que mais de perto conheceram Amélia Rodrigues, a analogia de caráter, humildade, pro-pósitos de bem servir no magistério e, sobretudo, de amor ao próximo, notadamente à in-fância, entre a heroína e a narradora, não escapará ao reparo. E ainda há um preeminente atributo que acentua a verossimilitude do modelo: é o amor ao Brasil.


É o fenômeno que ocorre freqüentemente nos escritores de obras de ficção, o surgir de uma ou mais personagens identificadas com o autor. E isso se dá de caso pensado ou por simples ação do subconsciente.


O livro "Mestra e Mãe" bem merece um estudo mais acurado no sentido de deduções psicológicas necessárias á biografia da grande educadora"


(Aloysio Guilherme da Silva, in "Amélia Rodrigues - Evocação", Editora Livraria São José, Rio, 1963 - págs. 23/24)..

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Situação da Igreja no Vietnan

Nossa Senhora de Lavang, padroeira do Vietnan

O Vietnan foi um dos países que Santa Teresinha mais rezou pela conversão. Ela chegou a fazer apostolado com um sacerdote francês que missionou naquele país. Porém, a desgraça desabou sobre o Vietnan após o desastroso fim da guerra em 1975, pois o comunismo assenhorou-se completamente dele e os católicos tiveram que sofrer terríveis perseguições. Como sofrem ainda. Pela entrevista dada pelo bispo Monsenhor Paul Nguyên Thai Hop, abaixo transcrita, podemos avaliar a situação em que se encontram os católicos vietnamitas. 
                    

Entrevista com monsenhor Paul Nguyên Thai Hop, bispo de Vinh:

A Zenit está divulgando a seguinte entrevista dada pelo bispo vietnamita:
No día seguinte dos sucessos ocorridos na comunidade católica de Con Cuông, monsenhor Paul Nguyên Thai Hop, bispo da diocese de Vinh e presidente da Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Vietnan, concedeu uma entrevista para comentar este e outros temas. A entrevista com a agência "Eglises d'Asie" foi realizada em París no dia 8 de julho.


- Excelência, a comunidade católica de Con Cuông onde se ocorreram os fatos é designada nos textos com o nome de Giao Diêm (lugar religioso). Pode nos dizer o que significa?


--Mons. Nguyên Thai Hop: Este termo se encontra em alguns decretos publicados nos anos de 1990, antes da aparição da Ordenança sobre a crença e a religião. Se faz uma distinção entre as paróquias propriamente ditas (Giao Xu), os anexos às paróquias (Giao Ho) e este tipo de comunidade cristã que não constitui todavía uma unidade canônica. É o equivalente do que a literatura missionária antes chamava “cristandade”, uma comunidade cristiã em fase de constituição.


- Na origem da maior parte dos conflitos entre as autoridades e as comunidades católicas, dos últimos tempos, estava a questão das propriedades espoliadas pelo Estado, ou mesmo das atividades sociopolíticas dos jovenes católicos. Nada disto em Con Cuông!
Qual é pois a razão de desencadear-se nas autoridades locais tal onda de violência contra um pequeno grupo de crentes que querem celebrar a eucaristía? Esta razão parece bem misteriosa...


--Mons. Nguyên Thai Hop: É verdade que tudo isto parece inexplicável. Não se chegam a compreender as motivações profundas das autoridades, nem o espírito que há guiado sua ação. Sem embargo, se podem adiantar certas razões. No Vietnan existem distritos chamados “distritos heroicos” [considerados como lugares da “resistência comunista”]. Para preservar este estatuto de “heroísmo”, devem submeter-se a três ou quatro critérios. Um dos critérios é a ausência de religião e de manifestações religiosas no território do distrito. Precisamente, o distrito de Con Cuông, situado a noroeste da província de Nghê An, forma parte desta categoría de distritos que têm a obrigação de perpetuar e preservar tal tradição de heroísmo. Se pode pensar que esta é uma das razões da brutalidade de comportamento das autoridades neste assunto. Também se pode falar de uma motivação de ordem política, que sería plausível no Vietnan de hoje.
Há muito tempo que os cristãos estão presentes nesse distrito de Con Cuông. A partir de 1970, vieram sacerdotes para a região a fim de celebrar a missa e ajudar às minorias. Um sacerdote se desloca regularmente ao lugar, no domingo, para celebrar a missa. Já foram enviadas quatro petições às autoridades para pedir que se crie no lugar uma "cristandade" (Giao Diêm) que não existía e uma paróquia anexa (Giao Ho). Enviamos uma petição escrita solicitando a criação de uma paróquia anexa, também sem resposta.
Não compreendemos porque as autoridades interviram com um comportamento tão brutal contra a comunidade católica de Con Cuông. O ano passado, uma mina explodiu na capela. Um ato criminoso. Protestamos sem que tenha havido reação das autoridades civis e policiais.
Desta vez, a 1 de julho, esta brutalidade se manifestou abertamente, de algum modo oficialmente. Isto é inaceitável! Sempre buscamos dialogar, falar com as autoridades e não compreendemos porque chegaram até a utilizar membros do exército contra concidadãos católicos. Alguns se perguntam por que os militares, que gozam de grande poder, não se preocupam em defender a soberanía vietnamita nos arquipélagos de Hang Sa e de Truong Sa, em lugar de utilizar as armas contra seus compatriotas católicos desarmados. Tudo isto é difícil de compreender.
Queremos viver em diálogo com as autoridades. Não temos intenção de utilizar o assunto de Con Cuông para impor nossas reivindicações ou caluniar o Partido e o governo. Mas o caso do 1 de julho é excepcional; é intolerável para a maioría dos católicos. As autoridades foram muito longe! Como se diz entre nós, quando se ultrapassam certas fronteiras, deve-se reagir. A paciência é uma virtude católica, uma virtude humana. Mas como tudo o que é humano, tem seus límites que não se podem ultrapassar impunemente. Tal é o sentimento dos católicos de nossas dioceses. O que prevalece é a solidariedade com nosos irmãos e irmãs católicos numa situação difícil . Não queremos somente protestar, desejamos também expressar esta solidaridade e pedir justiça para as vítimas desta brutalidade.


- O caso de Con Cuông é totalmente isolado ou existe, em sua diocese, regiões onde fatos semelhante poderiam ocorrer?


--Mons. Nguyên Thai Hop: Em minha diocese há três províncias, Nghê An, Ha Tinh e Quang Binh. Há dois anos, em Quang Binh, na aldeia de Tam Toa, houve fatos tão violentos como os de Cong Cuông. A violência, eu não sei por quê, deslocou-se agora para a  província de Nghê An. Alí ocorreram os sucessos intoleráveis de Con Cuông. Felizmente, nas outras províncias não há pelo momento nenhum conflito similar. Nas últimas festas de Natal, um alto funcionário governamental veio de Hanoi para nos transmitir os desejos do governo de um feliz Natal e nos dirigir suas próprias felicitações. Nos perguntou: “Qual é a situação na diocese de Vinh?”. Eu lhe respondí que em minha diócese havía três províncias e que cada uma tinha sua particularidade. Não se podem comparar. Cada uma tem sua cor, sua luz, sua originalidade própria. Mas se tivesse que escolher, prefería as cores das províncias de Ha Tinh e de Quang Binh. Mais tarde, um funcionário de Nghê An me preguntou: “Por que não escolher a Nghê An?”. Lhe respondí: “Em minha diocese, há três províncias. Eu escolho duas, pode-se compreender!.


- O Senhor preside a Comissão Justiça e Paz, criada pela Conferência Episcopal do Vietnan há um ano e meio. É bem preparado sem dúvida para fazer um balanço de sua atividade. Mas há concordância ou desacordo entre a doutrina socal da Igreja e a ideologia em vigor no Vietnan atual?


--Mons. Nguyên Thai Hop: Efetivamente, faz pouco tempo que nossa comissão inciou sua missão. No espaço de ano e meio não temos muitas coisas, por causa de nossos limites pessoais, mas também pela situação sociopolitica que não nos permitia fazer o que pensávamos e queríamos. Consideramos a difusão e a aplicação da doutrina social da Igreja como uma maneira de evangelizar o mundo. O Papa João Paulo II disse:
“A doutrina social da Igreja não é a terceira via entre o capitalismo de uma parte e o marxismo de outra". O Papa Bento XVI acrescentou que a Igreja não subsitui o estado em suas funções, senão que podia oferecer sua contribuição e dialogar com o governo com o objetivo de servir aos homens. Devemos evangelizar e servir aos homens de nosso tempo. O Papa Bento XVI pediu aos bispos vienamitas que colaborem e dialoguem francamente com o Estado. Mas nossa vocação evangélica nos obriga a privilegiar o que é conforme a verdade, o que for útil ao serviço do país e conforme os direitos humanos. Por isso somos partidários do diálogo. Um diálogo que é muito interessante mas que está longe de ser simples e fácil.

- A última publicação de sua comissão é um informe intitulado “Considerações sobre a situação geral do país”. Menciona a evolução positiva do país alguns anos atrás, sobretudo no plano econômico. Mas salienta numerosos aspectos negativos da sociedade atual. Não é demasiado pessimista?


--Mons. Nguyên Thai Hop: Obrigado por sua observação. Algumas notas são com efeito um pouco pessimistas, ainda que eu mesmo seja por temperamento otimista. Porém há que ser claro. Olhemos a história do Vietnan dos últimos quarenta anos. Desde 1975 até 1990, a situação foi difícil, especialmente nos anos 1980. Nesta época, houve muitas dificuldades, e sobretudo para os católicos. No período que vai de 1990 a 2008-2009, a situação mudou. A  política do "dôi moi" (cambio) ganhou pouco a pouco terreno e renovou o país em todos os campos. Isto é inegável. Porém, nestes  últimos anos, houve uma rápida desaceleração do progresso. A sociedade civil e a sociedade política têm visto também um retrocesso. Não é que eu seja pessimista, é que a situação é ruim. A situação sociopolítica é preocupante. Não sou o único que assim  pensa. Se ouve o mesmo toque de alarme entre os intelectuais comunistas, e na Assembléia nacional onde se tem pronunciado numerosas declarações importantes a este respeito. Por isto, para este informe, nossa comissão quis  fazer ouvir a voz da crítica, mas uma crítica construtiva, desejosa de ver o país empreender o caminho de um verdadeiro desenvolvimento. O desenvolvimento econômico deve estar ligado ao social e humano.

- Hoje no Vietnan o combate pela defesa da soberania vietnamita sobre o conjunto do território e contra a vontade expansionista de seu grande vizinho do norte é apoiada por muita gente incluindo os católicos O senhor mesmo tem se expressado nesta matéria várias vezes. Pensa que este combate forma parte de sua missão de pastor?


--Mons. Nguyên Thai Hop: O Concilio Vaticano II, na constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de seu tempo declara: “As alegrías e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens deste tempo, dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrías e as esperanças, as tristezas  as angústias dos discípulos de Cristo, e não há nada verdadeiramente humano que não encontre um eco em seu coração”. Somos ao mesmo tempo discípulos de Cristo e filhos de um povo, somos vietnamitas e cristãos. Vietnan é o povo que Deus nos deu para ser verdadeiramente humanos e cristãos. Por isso as alegrias e tristezas de nosso país são nossas alegrias e nossas penas. Assim, com os outros cidadãos, católicos, não católicos, e inclusive marxistas, queremos manifestar nossa preocupação a respeito da situação muito perigosa para o destino do país. Neste espírito, o clube «Paul Nguyên Van Binh» em Saigon, tem organizado foruns sobre a questão da soberania vietnamita no Mar oriental. O primeiro forum encontrou muitas dificuldades mas realizou-se. Os conferencistas não eram somente católicos, havia também não católicos marxistas ou não marxistas. Mesmo com dificuldades para organizar o colóquio foi um serviço governamental o que financiou a publicação dos textos das intervenções. O segundo forum devia celebrar-se sobre o tema "Justiça e paz no Mar oriental". Lamentavelmente, não pôde celebrar-se nas acho que poderão ser publicados os textos previstos. Este combate é para nós um dever de respeito a nosso povo, a nossos antepassados. Cumprimos este dever com os intelectuais do país, católicos ou não, comuistas ou não. É o dever de todos os vietnamitas frente as dificuldades e as ameaças que pesam sobre a independência de nosso país.

- No informe da Comissão Justiça e Paz sobre a situação geral do país, está a questão da liberdade religiosa. Se mencionam os numerosos textos legislativos aparecidos sobre esta matéria e se conclui - caricaturizo um pouo - que a liberdade de religião não poderá verdadeiramente existir senão quando não exista mais leis sobre a matéria.

--Mons. Nguyên Thai Hop: Há que reconhecer que o governo tem feito muito, tanto em favor da Igreja como em favor das religiões em geral. Se se faz a comparação entre a situação da Igreja no Vietnan pouco depois de 1975 e a que existe hoje, pode-se constatar que tem havido muito progresso. O Vietnan entrou na Organizaçao Mundial do Comércio, converteu-se em membro de numerosas instituições internacionais e está já obrigado a aplicar as convenções internacionais sobre os direitos humanos. Falta agora chegar à normalização da situação no que concerne à religião. Hoje está a caminho de preparar um novo decreto sobre a religião. Mas se a situação fosse normal não haveria necessidade deste decreto. É necessário tratar os católicos, os não católicos, os budistas e todos os demais como cidadãos! Temos já um código civil e todo mundo deve ser tratado segundo a lei. Não digo que isto possa fazer-se tudo em seguida. Mas devemos tender para este gênero de situação. Se o conseguirmos, poderá dizer-se então que há uma verdadeira liberdade religiosa.  

- Nos anos 1978-79, o arcebispo de Huê, monsenhor Nguêm Kim Dien, declarou numa reunião pública a que havia sido convocado: "Hoje, os católicos são cidadãos de segunda classe...".  A situação tem mudado atualmente?

 
--Mons. Nguyên Thai Hop: Sim, se fala da situação da época depois de 1975, não se pode senão constatar que tem havido mudanças. Hoje, os católicos podem entrar na universidade e exercer muitas profissões. Mas algumas funções ficam, porém, reservadas aos membros do Partido. Na vida de todos os días, restam todavía muitas coisas que mudar. Do lado católico como do lado comunista, do lado da Igreja como do lado do governo, já se tem feito um bom trabalho, mas este trabalho deve prosseguir. Para todos os vietnamitas, ateus como crentes, budistas como protestantes, minorías étnicas como os católicos, é necessário criar una sociedade humana e moderna. Há pois  que continuar nosso trabalho para que o Vietnan se converta verdadeiramene num país sem discriminação para todos os cidadãos.







Para inteirar-se melhor sobre a situação dos católicos no Vietnan, veja as duas postagens abaixo

Católicos enfrentam comunistas no Vietnan


http://quodlibeta.blogspot.com.br/2008/09/catlicos-enfrentam-comunistas-no-vietn.html


Manifestações de piedade dos católicos vietnamitas


http://quodlibeta.blogspot.com.br/2008/09/manifestaes-de-piedade-dos-catlicos.html


Relação dos MÁRTIRES CATÓLICOS DO VIETNAN




quarta-feira, 11 de julho de 2012

"Irmaldade" muçulmana

É comum os órgãos de  comunicação referir-se à religião muçulmana como uma das grandes religiões monoteístas do mundo, ao lado da cristã e judia. No entanto, nunca se esclareceu devidamente de onde provém este suposto monoteísmo. A religião cristã acredita que há um só Deus verdadeiro; o mesmo ocorre com a judia. No entanto, não é o mesmo caso da muçulmana, pois eles não acreditam no mesmo Deus, mas num outro por eles chamado de Alá. Segundo consta na História, Maomé encontrou vários deuses sendo adorados por aquela gente de seu tempo, eram dezenas deles que se prestavam cultos em Medina e Meca (cidades de onde surgiu o islamismo). Um deles chamava-se Alá. O que Maomé fez foi mandar destruir todos os outros ídolos e impor a adoração a um daqueles falsos deuses. Com o passar dos anos o termo "Alá" foi confundido com o de Deus, quando na realidade tratava-se do nome de um deus pagão. Deus (o verdadeiro) não tem nome. Aliás, é fato notório que toda essa religião se expandiu sempre pela força, por guerras e por imposição de férreas ditaduras patriarcais e tribais. Muitas vozes saem por aí a dizer que o islamismo não é tão ruim assim, que aqueles terroristas que praticam atentados suicidas é uma exceção e que o fundamento da religião é, em si mesmo, bom, pelo simples fato de acreditar num só deus. Mas a realidade histórica não registra isso, pelo contrário, mostra que a o ponto capital daquela religião, é a imposição da mesma pela força, pelo terrorismo. Foram eles que introduziram a escravidão na Europa, quando o Cristianismo já o tinha extirpado há séculos. Foram eles que introduziram a prática de sequestros com exigência de resgates em dinheiro. Foram eles que introduziram a prática (hoje comum) de atentados suicidas contra os inimigos.
Agora, na rabada de uma revoução denominada de "primavera árabe", que a mídia carimbou como algo de espontâneo, popular, feita para derrubar ditaduras e impor uma "democracia" por lá, surge uma organização muçulmana poderosa contando já com poderes suficientes para governar em diversos paíse. Pelo menos, por enquanto, governa no Egito. Talvez essa nova fase do islamismo de estado venha suplantar outros movimentos antes liderados pelo Irã, mas, na essência, ele nada mais representa do que o velho islamismo. Eles têm como lema "Alá é o único objetivo. Maomé o único líder. O Corão a única lei. A guerra santa (Jihad), o único caminho. E, por fim, morrer pela guerra santa é a única esperança". Que bondade pode haver numa mensagem dessa? Não pode ser outra a explicação de um fanatismo letal que espalha atentados suicidas a toda hora, fora as leis desumanas e cruéis que disciplinam alguns dos países governados pelo Corão.
O Ocidente, com líderes cheios de erros da Revolução Francesa e de falsos princípios democráticos, fica bafejando essa revolução da irmandade do mal, tentando inutilmente implantar regimes que dizem ter representatividade popular, como se entre muçulmanos fosse fácil esse tipo de política. Sinceramente, não devemos acreditar que tal tipo de regime funcione a contento naquela gente. Possuindo uma estrutura meio tribal, característica imposta pelo sistema religioso do islamismo, com recusa formal do progresso e das leis mais humanas do Ocidente, os povos árabes que abraçaram a religião muçulmana nunca conseguirão ter um regime politico que satisfaça tais requisitos de representatividade democrática.  Tanto no Egito como no Iraque ou em qualquer outro país.
Enquanto isso, a "irmaldade" muçulmana continua matando cristãos em diversos países onde reina o Corão, com o únco objetivo de impor pela força e pelo terror sua própria religião. E, também ao mesmo tempo, vão continuar os atentados terroristas no Iraque e alhures, desferidos estes contra as autoridades que pretendam seguir uma orientação favorável á cultura ocidental.
Até quando? Só Deus o sabe. Talvez até o dia em que a religião verdadeira seja abraçada por todos aqueles povos e a bondade cristã reine entre eles.

A DITADURA DA MEDIOCRIDADE

A seguir trataremos de algo que atinge muita gente hoje em dia: a mediocridade. De tal maneira que o leitor precisa meditar bem fundo a fim de não se enquadrar também nessa categoria de pessoas. Pois a mediocridade abrange todo tipo de gente, das mais variadas camadas sociais, desde o mais apurado intelectual até o mais iletrado ignorante, desde o gênio mais badalado pela mídia até o mais obscuro néscio, desde o político mais afamado e popular até o último dos odiados pelas classes sociais. Enfim, olhe-se para qualquer canto da sociedade moderna e poder-se-á constatar que a mediocridade campeia em tudo. Vejamos no que ela consiste, como argutamente pode-se constatar o homem medíocre.
Comecemos por um artigo do Doutor Plínio Corrêa de Oliveira:

Medíocres, mediocratas, etc.


"A mediocridade é o mal dos que, inteiramente absorvidos nas delícias da preguiça e pala exclusiva deleitação do que está ao alcance da mão, pelo inteiro confinamento do imediato, fazem da estagnação a condição normal de suas existências.
Não olham para trás: falta-lhes o senso histórico. Nem olham para a frente, ou para cima: não analisam nem prevêem. Sua vida mental se cifra na sensação do imediato. A abastança do dia, a poltrona cômoda, os chinelos e a televisão: não vai além do seu pequeno paraíso.
Paraíso precário, que procuram proteger com toda espécie de seguros. E tanto mais feliz o medíocre se sente, quanto mais nota que todas as portas estão solidamente cerradas. Portas que podem se abrir para a aventura, para o risco, para o esplendoroso, e portanto, também, para os céus da Fé, para os largos horizontes da abstração, para os imensos voos da lógica e da arte, para a grandeza de alma, para o heroísmo.
Por meio do sufrágio universal, os medíocres fizeram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas, que nenhuma fuga é possível. Eles impõem às almas de largos horizontes a ditadura da mediocridade.
Como todas as ditaduras, também  esta só se prolonga quando chega a monopolizar os meios de comunicação social.
Cada vez mais as mediocracias vão penetrando nos jornais, na revista, no rádio e na televisão.
E se fosse só isso! O ecumenismo, com a infatigável e vã tagarelagem de seu diálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, ou de resseguro, para a vida e para a morte, mediante o qual todas as religiões são solicitadas a dizer em coro que indiferentemente com qualquer delas, os homens podem alcançar para sua saúde, seus negocinhos e sua segurança, e mesmo depois da morte, um bom convívio com Deus.
Nesta perspectiva, parece que a Deus é indiferente que se siga qualquer religião. Pode-se até blasfemar contra Ele e persegui-Lo. Pode-se até negá-Lo. Elé é indiferente a todos os atos dos homens. Olimpicamente indiferente. Ecumenicamente indiferente. Como aliás os medíocres, por sua vez, tenham eles ou não algum Crucifixo, algum Buda de louça ou de metal, ou algum amuleto, nos locais em que dormem ou em que trabalham, são olimpicamente indiferentes a Deus.
Ora, esse indiferentismo não é senão uma forma de ateísmo. O ateísmo daqueles que, mais radicais (em certo sentido) que os próprios ateus, não tomam Deus a sério. Ao passo que o ateu, se tivesse a evidência de que Deus existe, O odiaria...  ou, talvez, O serviria... Mas, em todo o caso, O tomaria a sério".


(Transcrito de "Catolicismo", edição de junho de 1995)


Vejamos outra definição do homem medíocre, feita pelo escritor francês Ernest Hello:


"Suas admirações são prudentes, seus entusiasmos são oficiais. Por vezes o homem medíocre admite um princípio, mas se se chega às consequências desse princípio, ele dirá que se exagera. Se a palavra exagero não existisse, o homem medíocre a inventaria. Ele tem medo e horror dos santos e homens geniais; nada admira com calor. Não crê na existência do diabo. Ele prefere seus inimigos, se são frios, a seus amigos se são quentes. O homem medíocre gosta dos escritores que não dizem nem sim nem não sobre coisa alguma, que nada afirmam, que condescendem com todas as opiniões contrárias. Ele acha insolente toda afirmação. Mas se alguém é um pouco amigo e um pouco inimigo de todas as coisas, ele o achará sábio e reservado. Ele tem medo de comprometer-se. O homem medíocre diz que há bem e mal em todas as coisas. Ele lamenta que a Religião Cristã tenha dogmas. Não tem entusiasmos nem compaixão. Sente-se apoiado sobre a multidão dos que se lhe assemelham. Ele não luta. Tem sucesso porque segue a correnteza. Não percebe a grandeza, não se extasia nem se precipita. Nos seus julgamentos como em suas obras, ele substitui a convenção à realidade, aprova o que cabe em seu casulo e condena o que escapa às designações e categorias que ele conhece; teme o que surpreende, e não se aproxima nunca do mistério terrível da vida, evitando as montanhas e os abismos através dos quais ele conduz seus amigos. O homem medíocre é mais perverso do que ele se imagina e do que os outros o imaginam, porque sua frieza esconde sua maldade. Ele é o mais frio e o mais feroz inimigo do homem genial. Ele é cheio de si, cheio de nada, cheio de vazio, cheio de vaidade".


("L'Homme", capítulo "L'homme mediocre", pág. 58/67 - Ernest Hello)