segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vida, martírio e glória de São João Batista


Podemos dizer que São João Batista tem duas festas: a do seu nascimento e a de sua morte; pouca gente sabe que a Igreja comemora seu martírio a 29 de agosto, talvez porque a do nascimento, 24 de junho, chame mais a atenção pelo seu caráter festivo. Extraímos do site Páginas Oriente os textos abaixo, que falam, respectivamente, de seu nascimento e de seu martírio. A seguir, dois vídeos dos Arautos do Evangelho, narrando a vida de São João.
24 de junho, festa do nascimento do Precursos:


As festas dos Santos são geralmente o aniversário da morte, isto é, da despedida do mundo e do nascimento para a vida eterna.
São João Batista faz exceção desta regra, pelo motivo de ter vindo ao mundo em estado de santidade, isento da lei do pecado original. Sabemos que seu nascimento foi um acontecimento extraordinário, acompanhado de fatos igualmente extraordinários, como o relatam os santos Evangelhos. A narração bíblica do nascimento do Precursor de Jesus Cristo, feita sob a inspiração do Divino Espírito Santo, é tão clara e circunstanciada, que não há mister acrescentar coisa alguma.
Em Hebron, nas montanhas da Judéia, oito milhas além de Jerusalém, vivia um casal - Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Senhor. Não tinham filhos, o que muito os afligia, e eram já idosos. Zacarias, sacerdote, um dia em que estava desempenhando seu ministério no templo de Jerusalém, entrou no santuário para queimar o incenso, enquanto o povo orava no adro. Apareceu-lhe então, à direita do altar dos perfumes um Anjo. Zacarias ficou atônito. O Anjo, porém, lhe disse: "Não temas Zacarias, porque Deus ouviu a tua oração. Tua mulher dar-te-á um filho, a quem darás o nome de João. Grande será a tua alegria e muitos se regozijarão pelo nascimento do menino, porque será grande diante do Senhor. Não beberá vinho, nem bebida alguma fermentada, e será cheio do Espírito Santo. Reconduzirá os filhos de Israel, em grande número, a Deus. Ele próprio o precederá em espírito e com o poder de Elias, a fim de preparar ao Senhor um povo perfeito".
Zacarias disse ao Anjo: "Como saberei com certeza que isto vai dar? Já estou velho e minha mulher já vai adiantada em anos". Respondeu-lhe o Anjo: "Eu sou Gabriel e meu lugar é diante de Deus. Ele é que me manda trazer esta feliz nova. Mas como não deste crédito a estas minhas palavras, ficarás mudo, até o dia em que tudo isto se cumprir". Fora, o povo se admirava da longa demora de Zacarias no santuário. Afinal este saiu, sem poder falar. Por sinais deu a compreender que tivera uma visão. Acabando os dias do serviço, foi para casa.
Tudo o que o Anjo predissera se cumpriu ao pé da letra. Seis meses depois, o mesmo Anjo Gabriel foi mandado por Deus à cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a Maria Santíssima, para comunicar-lhe que tinha sido escolhida para ser Mãe do Salvador. Disse-lhe também que sua prima Isabel, apesar de idosa e estéril, tinha concebido um filho, porque a Deus nada era impossível. Maravilhada pelos acontecimentos extraordinários, cheia de gratidão a Deus, que coisas tão maravilhosas operara, Maria pôs-se a caminho e, pressurosa, foi à casa da prima. Esta, ouvindo a voz de Maria, ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: "Bendita sois entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! De onde me vem a felicidade de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?
"Logo que chegou a meus ouvidos a voz da vossa saudação, o menino saltou de prazer no meu ventre! Bem-aventurada sois por teres criado! Pois tudo que vos foi dito da parte do Senhor, se realizará".
É opinião unânime dos Santos Padres, que os sinais de prazer que João deu, antes do nascimento, foram causados pelo fato do Precursor, por uma graça especial de Deus, ter conhecido a presença do Senhor e lhe haver prestado homenagem de adoração. Dizem mais, que ao mesmo momento, teria João sido santificado, como o Anjo prometera.
Chegada a época, Isabel deu à luz um filho. Sabendo os vizinhos e parentes desse grande favor, que lhe fizera Deus, correram todos jubilosos a felicitá-la.
No oitavo dia se reuniram para a circuncisão da criança e propuseram, que lhe fosse dado o nome do pai. A mãe, porém, opôs-se e disse: "Não; deve chamar-se João". Disseram-lhe: "Mas, na tua família não há pessoa desse nome". Isabel, porém, insistiu que ao menino fosse dado o nome de João. Então, fizeram sinal ao pai, para que manifestasse a sua opinião. Zacarias pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: "João é o seu nome". Ficaram todos admirados. No mesmo instante desatou-se-lhe a língua e Zacarias falou, bendizendo a Deus. Cheio do Espírito Santo, entoou um dos cantos mais belos que a liturgia conhece, e que faz parte do Ofício que os sacerdotes da Igreja diariamente oferecem a Deus - "Bendito seja o Senhor de Israel, porque visitou seu povo e o resgatou. Suscitou um Salvador poderosos, na casa de seu servo Davi, como tinha prometido por boca dos profetas..." E dirigindo-se ao filhinho, disse: "E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, preparar-Lhe os caminhos..."
Tendo ciência desses acontecimentos, toda a região vizinha se impressionou e por toda a parte, nas montanhas e nos vales da Judéia, se contava estas maravilh
as e cada qual dizia: "Que será um dia deste menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Alguns dos Santos Padres são de opinião, que Isabel procurou com o filhinho o deserto, para salvá-lo da perseguição e crueldade de Herodes. Outros dizem que João, tendo apenas cinco anos, levado pelo Espírito Santo, foi para o deserto, com o intuito de santificar-se ainda mais e preparar-se para a alta missão que Deus lhe dera. Os Santos dos Evangelhos dizem-nos alguma coisa sobre a vida de São João no deserto. Trajava vestes de pele de camelo, cingidos os rins com cintura de couro, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Levava uma vida de oração e de penitência. Diz Santo Agostinho que em João o mundo, pela vez primeira, teve o exemplo mais tarde imitado pelos eremitas. "Que saístes a ver no deserto?" – perguntou Jesus Cristo às turbas. "Uma cana agitada pelo vento? Mas, que saístes a ver? Um homem regaladamente vestido? Eis os que se vestem com regalo, estão nos palácios dos reis. Mas, que saístes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais que profeta. Porque este é aquele do qual está escrito: eis que eu envio meu Anjo diante de ti, que preparará teu caminho. E eu vos declaro: Que entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que João Batista". Essas palavras do Divino Mestre contém o maior elogio que o homem jamais recebeu, e são equivalentes a uma formal canonização, a única que o Filho de Deus em vida pronunciou.
Tendo trinta anos de idade, recebeu São João ordem divina para sair do deserto e encetar sua missão, que era de pregar os caminhos ao Messias. João Batista percorreu toda a região do Jordão pregando o batismo de penitência, para a remissão dos pecados. Vieram, então, de Jerusalém e de toda a parte da Judéia, grandes turbas. Todos se faziam batizar por ele no Jordão, confessando os seus pecados.
Os santos Evangelhos contam minuciosamente o que ele pregou, que conselho deu às pessoas que o procuravam, entre estas aos soldados; falam da grande graça que teve, de receber a visita de Nosso Senhor, que quis por ele ser batizado e naquela ocasião o Espírito Santo desceu visivelmente, pairou sobre Jesus Cristo e ao mesmo tempo se ouviu do céu uma voz: "Este é meu Filho muito amado, em quem pus minha complacência". Lemos ainda com que amor e dedicação trabalhou pelo advento do Reino de Deus, dando testemunho de Jesus Cristo: "Eu batizo na água, para a penitência; mas vem outro, que é mais poderoso que eu, e de quem não sou digno de desatar as correias das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele têm a joeira na mão e vai limpar sua eira. Ajuntará o trigo no celeiro e queimará a palha no fogo, que não se apaga nunca! Em certa ocasião os Judeus de Jerusalém mandaram tratar com João uma comissão, composta de sacerdotes e de levitas, que lhe perguntaram: "Quem sois vós? Por que batizais, se não sois nem o Cristo, nem Elias, nem profeta?". João respondeu-lhes: "Eu batizo em água; mas há em meio de vós alguém que não conheceis. É ele que deve vir depois de mim e não sou digno de desligar-lhe os cadarços das sandálias".
No dia seguinte, diz o Evangelista, João viu aproximar-se Jesus e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Com essas palavras foi apresentado ao mundo o Messias, como tinha profetizado Isaías.
DEGOLAÇÃO E MORTE DO PRECURSOR

Quando São João Batista, o preclaro Precursor do Messias abandonou o deserto, para onde se tinha retirado, por inspiração do Espírito Santo, foi para o rio Jordão, onde começou a batizar e pregar a penitência, preparando desta maneira o terreno para a nova doutrina do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Abusos e vícios detestáveis tinham se aninhado na sociedade Judaica e São João Batista se propôs a verberá-los energicamente. À testa do governo estava o rei Herodes, cognominado Antipas, filho daquele outro Herodes, por cuja ordem foram assassinados os inocentes de Belém. É o mesmo Herodes Antipas, que figura na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois ao tribunal desse monarca que Pôncio Pilatos mandou Nosso Senhor, que de Herodes só ouviu escárnios e cujos soldados lhe vestiram a túnica branca.
Herodes antipas vivia escandalosamente, tendo raptado Herodíades, esposa de seu irmão Felipe. Essa união ilícita era um mau exemplo e grave escândalo para a nação inteira. Não havia quem se sentisse com coragem de censurar o monarca e chamá-lo à ordem. São João Batista, porém, não podia ver tal coisa, de braços cruzados.
O Evangelho diz que Herodes se sentiu atraído pela personalidade extraordinária do Batista, e com agrado lhe ouvia as instruções. Diz mais que São João lhe declarou, com toda franqueza: "Não te é lícito viver com a mulher do teu irmão". O que o rei respondeu, o Evangelho não conta; mas podemos crer que Herodes recebeu muito mal a declaração do profeta; tão mal que ponderou as possibilidades de livrar-se de tão incômodo e importuno monitor. Se não deu passo nesse sentido, foi porque temia o povo que a São João grande veneração dedicava. Mais ofendida se sentiu a mulher, que tanto fez, tanto instigou, que o rei se decidiu a encarcerar o Santo Precursor. Na prisão, João recebia as visitas dos discípulos, que ávidos ouviam as instruções do mestre. Alguns deles foram, em comissão, enviados ao Divino Mestre, para lhe dirigir esta pergunta: "És Tu o que há de vir ou devemos por um outro esperar?". São João mandou fazer a Jesus esta pergunta, não porque duvidasse da sua divindade e missão messiânica, mas para que os discípulos tivessem ocasião de conhecer e presenciar as maravilhas por Ele feitas.
É de opinião dos Santos Padres que a prisão de São João se efetuara em dezembro, tendo o Santo ficado encarcerado até agosto do ano seguinte. Era em agosto que Herodes festejava pomposamente o seu aniversário natalício. Ao suntuoso banquete estavam presentes muitos convivas, entre estes os Príncipes da Galiléia. Fazia parte do programa uma dança oriental executada pela filha de Herodíades, chamada Salomé. Tão bem a jovem desempenhou o papel de dançarina, que Herodes, para lhe mostrar seu contentamento, prometeu dar-lhe tudo o que pedisse, ainda que fosse a metade do reino. Esta promessa, tão levianamente emitida, o rei ainda a confirmou com um juramento. Salomé, tão admirada quão perplexa, diante dessa inesperada liberalidade do monarca, foi ter com a mãe, para saber o seu parecer. Herodíades achou chegado o momento de livrar-se do odiado profeta, e nenhum instante hesitou. "Vai – disse à filha resolutamente – e pede a cabeça de João Batista". Sem pestanejar e afoitamente, a leviana dançarina transmitiu a ordem da mãe ao Rei e disse-lhe em voz alta, para que todos pudessem ouvir: "Quero que me dês num prato, a cabeça de João Batista". Ao ouvir um pedido tão bárbaro e desapiedado, Herodes apavorou-se mas, não querendo desapontar a moça e lembrando-se do juramento que fizera, anuiu e mandou o algoz ao cárcere onde João se achava. A ordem de decapitá-lo foi cumprida imediatamente e pouco momento depois, Salomé teve satisfeito o seu desejo: a cabeça de João Batista, apresentada num prato.
Os discípulos, logo que souberam do crime, retiraram o corpo do querido mestre do cárcere e deram-lhe honroso enterro.
Os assassinos não escaparam da vingança de Deus. O Rei da Arábia, cuja filha, esposa de Herodes, por este tirano tinha sido repudiada, abriu campanha contra o adúltero, venceu-o e exilou-o. O imperador de Roma, por sua vez, desterrou-o para Lion, na Gália. Assim, abandonado por todos, fugiu com Herodíades para a Espanha, onde ambos morreram na maior miséria. Consta que Salomé, ao atravessar em pleno e regiroso inverno um rio coberto de gelo, este cedeu e os pedaços de gelo, chocando-se um contra o outro, cortaram-lhe a cabeça.
O martírio de São João se deu um ano antes da morte de Nosso Senhor. O corpo do Santo foi enterrado na Samaria. Seu túmulo foi profanado em 362 pelos pagãos. Piedosos monges salvaram pequenos restos que foram entregues a Santo Atanásio, em Alexandria.
A cabeça de São João Batista foi encontrada em Emese, na Síria em 453 e é hoje a relíquia mais insigne da catedral de Breslau.

Vídeo 1
http://www.youtube.com/watch?v=6VERBW4_2Xs











Vídeo 2
http://www.youtube.com/watch?v=crQiYMvwbyw









sábado, 19 de junho de 2010

"SARAMARGO"

Faleceu José Saramago, o qual recebeu (como muitos outros, imerecidamente), o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Sua obra-prima foi o livro “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, escrito em 1991. Trata-se de um romance que procura interpretar a vida de Jesus Cristo de uma maneira blasfema e até imoral. Uma das distorções históricas e psicológicas de seu livro foi a imputação de amor carnal entre Nosso Senhor Jesus Cristo e Santa Madadela, sendo, por isso, considerado blasfemo. O próprio Subsecretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal, Sousa Lara, o vetou de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu. Em reação a este ato, que considerou censório, Saramago abandonou Portugal, passando a residir, onde permaneceu até a sua morte, na ilha de Lanzarote, nas Canárias. Há versões, porém, de que tenha abandonado Portugal porque ficou sendo muito mal visto pela população daquele país, que conserva-se fiel ao Catolicismo tradicional e não aceita ofensas a Jesus como a de seu romance.
Quando saiu a público, em novembro de 1991, o seu romance suscitou muitas reações de parte dos católicos. Entre as reações mais vibrantes, esteve a do arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, proferida em maio de 1992:
“Um escritor português, ateu confesso e comunista impenitente, como ele mesmo se apresenta, resolveu elaborar uma delirante vida de Cristo, na perspectiva da sua ideologia político-religiosa e distorcida por aqueles parâmetros. D. Eurico continua: A apregoada beleza literária, a existir nesta obra, longe de atenuante e muito menos dirimente, constitui circunstância agravante da culpabilidade do réu, seu autor”.
Outras reações criticam a alegada hipocrisia do autor, por enfatizar, numa cena em que Deus mostra a Jesus, uma lista de todos os mártires do Cristianismo, por ordem alfabética, os supostos aspectos negativos desta religião, omitindo completamente os milhões de vítimas do comunismo. O revanchismo do autor em relação à queda do comunismo no Leste Europeu também tem sido apontado por alguns como uma das razões do romance. Seu radicalismo pode-se medir por sua posição perante Fidel Castro e o comunismo em Cuba: sempre deu apoio incondicional a Fidel, deixando de faze-lo na década de 90 com uma declaração melancólica de que "a partir de hoje eu e Fidel vamos seguir caminhos diferentes..." Será?
Uma das afirmações blasfemas, ou pelo menos desrespeitosa para com o Homem-Deus, em seu citado livro: “O filho de José e Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo.”
Quando se defendia daqueles que lhe acusavam de blasfemo, Saramago falou da “liberdade de expressão” que exerceu ao escrever sua obra. É com base no “dogma” da liberdade de expressão que se fala, se escreve e se publica impunemente as maiores ofensas à moral pública e religiosa de nosso povo. Mesmo assim, ele achava (como muitos outros) que sua “liberdade de expressão” deveria ser respeitada. Quer dizer, a gente deve ficar calado quando Nosso Senhor Jesus Cristo é injuriado e difamado, pois o importante é a "liberdade de expressão". Na época, houve reações até dos protestantes, principalmente por causa de uma acusação gratuita contra a Bíblia e que demonstra completa ignorância ou má fé: O Prémio Nobel da Literatura afirmou, em entrevista à imprensa, que “a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”, e que não existe nada de divino na Bíblia.
Como se vê, o escritor procurou seguir uma corrente já bastante velha, pela qual o importante é ser contestatário e crítico, embora isso possa ofender a Religião e Deus. Como Deus para ele não existe, deve ter julgado que não estava ofendendo a ninguém. Mas, estava sim: ofendia todos aqueles que crêem em Deus e seguem Sua religião.
No jornal do Vaticano, “L’Ossevarote Romano”, foi publicado um artigo hoje (de Claudio Toscani) que, a certa altura, diz o seguinte:
“E no que diz respeito a religião, viciado como sua mente estava sempre na desestabilizadora banalização do sagrado e um materialismo libertário que os anos mais avançados são mais radicalizados”.. Mais adiante afirma que o escritor foi "Um populista extremista, que tomou a seu cargo o porquê do mal do mundo, e que deveria ter abordado em primeiro lugar o problema das erróneas estruturas humanas, das histórico-políticas às sócio-económicas, em vez de saltar para o plano metafísico".
A respeito dele, resumo um comentario que, de passagem, fez a escritora Lia Luft (em entrevista dada a uma emissora de rádio e com muitos elogios ao escritor): perguntada se não teria visto em Saramago alguma qualidade negativa, Lia Luft disse que sentiu nele algo de amargo. A escritora não acrescentou nada mais a este “algo de amargo”, mas sabemos que isto procede certamente de sua incredulidade e da falta de Deus em sua alma. Qual destino se pode dar a um corpo de um homem que não quis ser o “templo do Espírito Santo” (como ensina a Igreja) a não ser cremado e pulverizado como desejava em vida? É assim que os infiéis tratam o corpo humano após a morte...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Intolerância religiosa até em futebol

A perseguição religiosa chega até mesmo nos esportes. Primeiramente, foram os muçulmanos que exigiram que o Barcelona Futebol Clube retirasse de seu escudo a famosa cruz de São Jorge, “Sant Jordi” no idioma catalão. "Que ninguém toque no escudo do Barça!" Foi o clamor dos esportistas que ecoou em toda a Catalunha. Alguns países muçulmanos (como Arábia Saudita e Argélia) mudaram a cruz de São Jorge em alguns emblemas copiados daquele time de futebol por uma simples lista vertical da mesma cor. O motivo? Não ferir sensibilidades religiosas naqueles países. Alguns destes símbolos existiam naqueles países há mais de cem anos e nunca se ouviu falar de haver ferido sensibilidade de ninguém. Também na Turquia houve rejeição ao Inter, de Milão, por causa de uma cruz em seu escudo. Como se trata de muçulmanos até se compreende...
É comum jogadores de futebol ou atletas olímpicos manifestarem seus sentimentos religiosos nas competições esportivas. No final da Copa das Confederações em 2008, por exemplo, os jogadores da Seleção Brasileira fizeram um círculo e rezaram para agradecer a Deus a conquista do título. Isto provocou um gesto de intolerância religiosa: fez com que o presidente da federação de futebol da Dinamarca escrevesse uma carta à FIFA protestando, qualificando o gesto dos jogadores de “perigosa” demonstração religiosa dentro do futebol, onde não há lugar para sentimentos religiosos. O presidente da FIFA prometeu, então, que não seriam permitidas manifestações religiosas na próxima copa do mundo, na África do Sul. Em 2002 a FIFA já havia dado um aviso de que as federações de futebol deveriam procurar coibir ou inibir entre os jogadores qualquer tipo de manifestação religiosa nos estádios. Sem qualquer resultado, é claro!
Todos sabem que o mundo dos esportes está marcado por profundas manifestações religiosas. Atletas e até juízes de futebol procuram com freqüência ir à Roma ver o Papa e receber sua bênção. Alguns anos atrás esteve visitando o Papa o famoso atleta alemão Franz Beckenbauer, uma legenda do futebol do passado. De outro lado, atletas de diversos países e times de qualquer parte do mundo costumam comemorar seus feitos elevando seus olhares para os céus e agradecendo a Deus suas vitórias. Muitos deles se benzem e rezam antes de seus prélios esportivos, alguns cruzam as mãos e as elevam a Deus. Como evitar que algo tão espontâneo e interior seja efetivado em pessoas tão imbuídas de sentimentos religiosos?
Agora, ocorre um fato demonstrando que a FIFA não conseguiu ainda proibi-lo oficialmente, mas através de recomendações dadas a seus funcionários. Um jogador inglês, o atacante Wayne Rooney, foi fotografado antes da atual Copa exibindo um Rosário, sendo indagado agora numa entrevista a razão de estar usando aquele instrumento de piedade católica. Rooney, de origem irlandesa, respondeu que sempre levava aquele Rosário consigo há pelo menos 4 anos. Logo após, os jornalistas começaram a lhe fazer outras perguntas sobre sua religião, mas um funcionário da FIFA, Mark Whitle, interrompeu a entrevista, dizendo: “Não falamos sobre religião...” E o público ficou sem saber alguns aspectos da religiosidade daquele jogador por causa de intolerância religiosa dos dirigentes da FIFA.
Como é que a FIFA pretende proibir os jogadores, técnicos e até juízes, de manifestar espontaneamente seus sentimentos religiosos? Nesta semana, o técnico da Argentina, o exibicionista Maradona, foi flagrado pelas câmaras de TV benzendo-se após um jogo. Até onde vai a perseguição religiosa: será que veremos brevemente aquele órgão de esportes proibir oficialmente as manifestações da fé religiosa de seus esportistas?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Especialista de Missão da NASA rebaixado por compartilhar opiniões sobre design inteligente

A teoria do "Design Inteligente" é defendida por vários cientistas, mas os da opinião contrária alegam que trata-se de "religião", e com base nesse pressuposto perseguem todo aquele que defende tal tese. A propósito, o LifeSiteNew.com está divulgando a seguinte notícia:

LOS ANGELES, EUA, 8 de junho de 2010 (Notícias Pró-Família) — Uma queixa emendada foi feita numa ação legal contra o Laboratório de Propulsão a Jato (LPJ) em favor de um funcionário que afirma que foi rebaixado, silenciado, intimidado e ameaçado com demissão por debater suas convicções sobre design inteligente com co-trabalhadores. O Instituto de Tecnologia da Califórnia opera o LPJ sob um contrato com a NASA.

Em março de 2009, David Coppedge — que trabalhou como especialista técnico de alto nível na “equipe de ponta” na missão Cassini do LPJ para Saturno desde 2000 — foi, pelo que se alega, punido na base de “promover [sua] religião”.

De acordo com o Fundo de Defesa Aliança (FDA), o escritório de advocacia de interesse público que está lidando com o caso, Gregory Chin, o supervisor de Coppedge, lhe disse que seus co-trabalhadores haviam se queixado de que ele estava promovendo suas opiniões “religiosas” ao debater o design inteligente e oferecendo-lhes DVDs. Coppedge diz que nunca teve nenhuma discussão com ninguém que não quisesse conversar com ele. Pelo que se alega, então Chin disse que Coppedge perderia seu emprego se ficasse “promovendo [sua] religião”, ordenou que ele não debatesse política ou religião com ninguém em seu escritório, e declarou que o “design inteligente é religião”.

De acordo com Coppedge, ele disse para Chin que obedeceria, mas que ele sentia que seus direitos constitucionais estavam sendo violados.

No mês seguinte, autoridades no LPJ deram para Coppedge um aviso por escrito por suas atividades “indesejadas”, “perturbadoras” e “prejudiciais. O aviso ordenava que ele se abstivesse de tal conduta ou ele enfrentaria mais medidas disciplinares, inclusive demissão. Os pedidos de Coppedge por detalhes específicos com relação às alegações foram rejeitados. Poucos dias depois, o LPJ rebaixou Coppedge de cargo.

De abril a agosto de 2009, Coppedge diz que foi tratado de forma evasiva ao tentar usar um “processo de apelo interno” para desafiar a ação tomada contra ele. Em abril de 2010, um ano depois que o LPJ foi notificado de um potencial processo e uma demanda baseada na Lei de Igualdade no Emprego e Moradia, Coppedge foi informado de que o aviso escrito seria removido de seu arquivo pessoal, mas que ele não seria restaurado à sua posição na equipe de ponta, que oferecer DVDs sobre design inteligente era impróprio, e que ele não poderia debater o design inteligente com os co-trabalhadores.

“Funcionários não deveriam ser ameaçados de demissão e punidos por compartilharem suas opiniões com co-trabalhadores desejosos só porque as opiniões que estão sendo compartilhadas não se encaixam no que é politicamente correto”, disse Joseph Infranco, advogado sênior da FDA. “O Sr. Coppedge sempre sustentou que o design inteligente é uma teoria científica. Apesar disso, o LPJ cometeu discriminação contra ele na base do que eles consideram ‘religião’. A única discussão permitida é o que se encaixa na agenda deles. Desvie-se dessa agenda, e você é silenciado e punido. Isso não combina com a admirável reputação que, em outros aspectos, o LPJ tem na indústria”.

Um porta-voz do LPJ disse para LifeSiteNews.com que o LPJ ainda não recebeu o processo, de forma que ainda não tem uma declaração a fazer sobre o caso.

domingo, 13 de junho de 2010

A caminho da antropofagia

O corpo humano é considerado pela Igreja como o Templo da Santíssima Trindade, conforme o diz São Paulo: “Porventura não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós, que vos foi dado por Deus e que não pertenceis a vós mesmos?” (I Cor 6, 19). Mas é tal o desprezo que hoje se tem pelo homem que o corpo humano é objeto, mesmo morto, da mais mesquinha comercialização. Como se já não bastasse o comércio macabro de órgãos humanos para transplante, surge agora o comércio de órgãos e corpos humanos... já mortos.
O que falta para que se chegue a vender partes do corpo humano para se comer? Sim, parece que é para lá que caminhamos: comer carne humana. Duas notícias nos induzem a achar que não tarda a que isso venha a acontecer; e não procedem de país africano ou sul-americano, mas da avançada e culta Alemanha.
A primeira é recente, divulgada pelo site ForumLibertas e diz o seguinte:

“Até agora o corpo humano, uma vez separado da alma, havia recebido um trato digno, estiupulado poro umas rígidas normas que o proporcionavam respeito. Sem embargo, o último escândalo protagonizado por um negociante com ânsias de fazer dinheiro rompe todos os esquemas: oferece uma macabra coleção de partes do corpo humano (também íntegros) dissecados através da técnica que invetou chamada “plastinação”.

Esta exposição é um claro exemplo da perca total da dignidade humana. Até agora, o corpo humano nos hospitais é tratado com dignidade, qualquer parte humana é preservada e entregue aos serviços mortuários das cidades que os recolhem e os incineram. Mas o anatomista Gunther Von Hagens abriu na Alemanha uma loja na qual se pode adquirir uma fatia da mão direita por 185 euros, um testículo por 360 euros e um corpo humano inteiro por 57 mil euros.

Segundo indica um artigono diário “El Mundo”, os restos humanos aparecem suspenso em atrativas vitrines neste loja do horror que tem, isso sim, sua devida licença de venda em ordem.

A nova “arte”

Von Hagens, que já havia realizado exposições “artísticas”, destaca a sua macabra obra de “arte” e abriu sua loja na fronteira da Alemanha com a Polônia, onde já realizava esta atividade em sua oficina que agora recebe o nome de “supermercado da morte”. Os assessores do “artista” têm assegurado que não há impedimento legal para a venda.

É possível observar órgãos do trato digestivo humano por completo e, ao lado, um cavalo inteiro, e corpos de galinha e peixes intercalados com extremidades humanas. 3 mil quadrados de horror.

A “plastinação” é uma técnica que inventou este anatomista em 1977 e que consiste em substituir a água do corpo por uma solução plástica transparente.

Já estão habilitando “tours” turísticos que visitam esta atração e Von Hagens tem visto crescer o número de empregados que tem a 200 que controlam um centro por onde tem passado 150 mil visitantes de 45 países”.

Marchamos para a barbárie do canibalismo?
A segunda é uma notícia, vinda também da Alemanha, que causa pasmo e estupor. Ela foi redigida nos seguintes termos:
“A fantasia do técnico de computadores alemão Armin Meiwes, 42, era devorar alguém. Ele a realizou em março de 2001, ao matar e comer um homem que atendera a seu anúncio na internet pedindo vítimas. Ontem, Meiwes começou a ser julgado por assassinato.
No primeiro dia de depoimento, em Kassel (região central da Alemanha) o réu admitiu ter matado Bernd-Jurgen Brandes, 43, e deu detalhes mórbidos do ritual que comparou a “receber a comunhão”.
A defesa, que diz ter o episódio gravado em vídeo, alega que a vítima quis ser morta e concordou em ter o corpo devorado - tendo chegado a dividir parte da própria genitália flambada com o acusado.
Meiwes teria convidado Brandes, um especialista em computadores de Berlim, para visitá-lo em sua casa, em Rotenburg, após conhecê-lo pela internet. O assassinato ocorreu numa sala apelidada de “matadouro”, decorada com utensílios de açougue e uma jaula.
Após devorar a genitália, Brandes teria perdido a consciência, e Meiwes então o matou a facadas. Ele pendurou o corpo num gancho de açougue e o fatiou, guardando as porções em seu freezer. Até ser preso, em dezembro de 2002, o réu comeu 20 quilos de carne da vítima.
A promotoria, que pede prisão perpétua, admite que Brandes quisesse ser morto, mas alega que ele não tinha discernimento. Já Meiwes, examinado por um psiquiatra, foi considerado apto para o julgamento”.
Mas tudo indica que Meiwes não estava só, pois assim conclui a notícia:
“O réu disse que sites com nomes como “Cannibal Cafe” reuniriam “centenas” de pessoas dispostas a devorar alguém ou a serem devoradas. Nos 12 meses em que os anúncios de Meiwes estiveram na rede, 430 pessoas responderam.” (v. “Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-17)
É um pouco nauseante, mas quem quiser ver alguns vídeos sobre canibalismo (tido por alguns como "tabu", e por isso é rejeitado...), aqui vai o link

http://www.youtube.com/watch?v=cf6ETCtOniY&feature=player_embedded#!

sábado, 12 de junho de 2010

Encerramento do Ano Sacerdotal

Foi encerrdo ontem, dia do Sagrado Coração de Jesus, o Ano Sacerdotal, reunindo uma multidão de sacerdotes e leigos na Praça de São Pedro. Embora ainda perdure uma grande crise dentro da Igreja, a cerimônia é uma grande demonstração de união entre o clero e o Papa. Transcrevemos abaixo o texto divulgado pela CNBB sobre o encerramento do Ano Sacerdotal e um vídeo das cerimônias feito pela EWTN, em inglês, e outro com parte da homilia do Papa acompanhada da tradução em português.
"Uma multidão de 15 mil sacerdotes lotou, nesta sexta-feira, 11, Festa do Sagrado Coração de Jesus, dois terços da Praça São Pedro, em Roma, durante o encerramento do Ano Sacerdotal. Os padres, vindos do mundo inteiro, concelebraram com o papa Bento XVI.
De acordo com informações da Rádio Vaticano, foi a maior concelebração eucarística da história de Roma. Antes do início da missa, Bento XVI entrou na Praça de jipe aberto, e fez um giro pelos quatro setores dianteiros, sorrindo e abençoando os presentes.
Bento XVI deu início à celebração com um rito de aspersão com água benta, como ato penitencial, fazendo referência ao sangue e a água emanados do Coração do Senhor, como salvação para o mundo, evocando assim o tema da purificação.
O padroeiro dos párocos, o santo João Maria Vianney, o Cura d’Ars, foi citado na homilia do pontífice, como modelo de ministério sacerdotal em nosso mundo. O papa também abordou a questão dos abusos sexuais na Igreja e pediu um explícito perdão a Deus e ás vítimas dos abusos cometidos por sacerdotes e bispos.
“O sacerdote não é simplesmente o detentor de um ofício, como os ofícios dos quais toda sociedade precisa. Ele faz algo que nenhum ser humano pode fazer por si: pronuncia, em nome de Cristo, a palavra de absolvição dos nossos pecados e muda assim, a partir de Deus, a situação da nossa vida. O sacerdócio não é simplesmente um ofício, mas sacramento”, recordou.

Ainda em sua homilia, Bento XVI pediu mais vocações para a Igreja. “Esta vocação, esta comunhão de serviço para Deus e com Deus, existe – aliás, Deus está à espera do nosso ‘sim’. Junto à Igreja gostaríamos novamente de pedir a Deus esta vocação. Pedimos operários para a messe de Deus”.
Depois da homilia, os sacerdotes renovaram as promessas sacerdotais, como na Quinta-Feira Santa, na Missa crismal.

Bênção Final
Antes da bênção final, Bento XVI renovou o ato de consagração dos sacerdotes a Nossa Senhora, segundo a fórmula utilizada por ocasião da recente peregrinação a Fátima, e proferiu algumas palavras em português: “Queridos sacerdotes dos países de língua oficial portuguesa, dou graças a Deus pelo que sois e pelo que fazeis, recordando a todos que nada jamais substituirá o ministério dos sacerdotes na vida da Igreja. A exemplo e sob o patrocínio do Santo Cura d’Ars, perseverai na amizade de Deus e deixai que as vossas mãos e os vossos lábios continuem a ser as mãos e os lábios de Cristo, único Redentor da humanidade. Bem ajam!”.

Consagração dos sacerdotes a Nossa Senhora
Ato de Confiança e Consagração dos Sacerdotes ao Imaculado Coração de Maria
Oração do Papa Bento XVI

Mãe Imaculada, neste lugar de graça, convocados pelo amor do vosso Filho Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote, nós, filhos no Filho e seus sacerdotes, consagramo-nos ao vosso Coração materno,
para cumprirmos fielmente a Vontade do Pai.

Estamos cientes de que, sem Jesus, nada de bom podemos fazer (cf. Jo 15, 5) e de que, só por Ele, com Ele e n’Ele, seremos para o mundo instrumentos de salvação.

Esposa do Espírito Santo, alcançai-nos o dom inestimável da transformação em Cristo.
Com a mesma força do Espírito que, estendendo sobre Vós a sua sombra, Vos tornou Mãe do Salvador, ajudai-nos para que Cristo, vosso Filho, nasça em nós também.

E assim possa a Igreja ser renovada por santos sacerdotes, transfigurados pela graça d'Aquele
que faz novas todas as coisas.

Mãe de Misericórdia, foi o vosso Filho Jesus que nos chamou para nos tornarmos como Ele:
luz do mundo e sal da terra (cf. Mt 5, 13-14).

Ajudai-nos, com a vossa poderosa intercessão, a não esmorecer nesta sublime vocação, nem ceder aos nossos egoísmos, às lisonjas do mundo e às sugestões do Maligno.

Preservai-nos com a vossa pureza, resguardai-nos com a vossa humildade e envolvei-nos com o vosso amor materno, que se reflecte em tantas almas que Vos são consagradas e se tornaram para nós verdadeiras mães espirituais.

Mãe da Igreja, nós, sacerdotes, queremos ser pastores que não se apascentam a si mesmos,
mas se oferecem a Deus pelos irmãos, nisto mesmo encontrando a sua felicidade.
Queremos, não só por palavras mas com a própria vida, repetir humildemente, dia após dia,
o nosso « eis-me aqui».

Guiados por Vós, queremos ser Apóstolos da Misericórdia Divina, felizes por celebrar cada dia
o Santo Sacrifício do Altar e oferecer a quantos no-lo peçam o sacramento da Reconciliação.

Advogada e Medianeira da graça, Vós que estais totalmente imersa na única mediação universal de Cristo, solicitai a Deus, para nós, um coração completamente renovado, que ame a Deus com todas as suas forças e sirva a humanidade como o fizestes Vós.

Repeti ao Senhor aquela vossa palavra eficaz: « não têm vinho » (Jo 2, 3), para que o Pai e o Filho derramem sobre nós, como que numa nova efusão, o Espírito Santo.

Cheio de enlevo e gratidão pela vossa contínua presença no meio de nós, em nome de todos os sacerdotes quero, também eu, exclamar: « Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43).

Mãe nossa desde sempre, não Vos canseis de nos visitar, consolar, amparar. Vinde em nosso socorro e livrai-nos de todo o perigo que grava sobre nós. Com este acto de entrega e consagração, queremos acolher-Vos de modo mais profundo e radical, para sempre e totalmente, na nossa vida humana e sacerdotal.

Que a vossa presença faça reflorescer o deserto das nossas solidões e brilhar o sol sobre as nossas trevas, faça voltar a calma depois da tempestade, para que todo o homem veja a salvação do Senhor, que tem o nome e o rosto de Jesus, reflectida nos nossos corações, para sempre unidos ao vosso!

Assim seja!





quinta-feira, 10 de junho de 2010

Santo Anjo de Portugal

Os Anjos, cujo significado é “mensageiros”, são puros espíritos que, estando na presença de Deus, gozam de Sua graça, isto é, participam da vida divina e O contemplam face a face abrasados em amor e na plena posse da felicidade eterna. Refletem eles mais perfeitamente a imagem de Deus, cada um a seu modo, como o Seu Amor, Sua beleza, Sua bondade, Seu poder, Sua Justiça, enfim, todos os atributos divinos.
Há uma categoria de anjos que recebeu de Deus a missão de serem nossos protetores, que comumente chamamos de Anjos da Guarda. No entanto, é importante assinalar que existem não somente aqueles que protegem os homens individualmente, mas enquanto vivendo em sociedade. São os Anjos da Guarda das casas de família, das instituições, das cidades e, finalmente, das nações. Segundo São Dionísio, a quantidade de nações foi estabelecida por Deus em função dos Anjos que determinou para guardá-las.
A primeira notícia que se tem de um Anjo Custódio de um lugar foi a dos querubins que Deus colocou á porta do Paraíso terrestre, mas desta feita para evitar que os homens lá entrassem e se tornassem imortais: “Eis que Adão se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, pois, (expulsemo-lo do paraíso), para que não suceda que ele estenda a sua mão e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. E o Senhor Deus lançou-o fora do paraíso, para que cultivasse a terra, de que tinha sido tomado. E expulsou Adão, e pôs diante do paraíso de delícias querubins brandindo uma espada de fogo, para guardar o caminho da árvore da vida ” (Gên 3, 22-24).
No Livro de Daniel (cap. 10, 12-14) há referências sobre o Anjo da Guarda dos hebreus, dos persas e dos gregos. Mas há manifestações claras da ação de outros anjos custódios de lugares, cidades ou nações, como alguns que mencionamos abaixo.

Anjo Custódio de Barcelona
São Vicente Ferrer, poderoso taumaturgo, converteu milhares de judeus e muçulmanos e foram contados para sua canonização 873 milagres, enquanto seus cronistas afirmam que fez mais de 40 mil.
Um dia, quando chegava às portas de Barcelona, seguido de umas três mil pessoas, São Vicente viu um formoso jovem que tinha na mão uma espada desembainhada e a quem ele perguntou:
- Anjo de Deus, que fazes tu aqui?
Ao que o Anjo responde:
- Por ordem do Altíssimo, guardo esta cidade.
Era o Anjo Custódio de Barcelona. Em memória deste prodígio colocaram na referida porta o nome de “Porta do Anjo” e ali construíram uma capela em sua honra.

O Anjo da Guarda da Hungria
Olíbrio, rei da Hungria, estava disposto a dar combate aos Tártaros e confiava absolutamente em suas forças. Mas veio visitá-lo um bispo muito santo que o aconselhou a nada empreender sem primeiro fazer oração, devendo se dirigir especialmente ao Anjo da Guarda do seu reino, pois ele decerto lhe inspiraria o que devia fazer.
O rei aceitou de boa vontade a sugestão, e orou fervorosamente. Quando estava rezando apareceu-lhe então o Anjo Custódio de seus reinos e lhe falou solenemente:
- Não saias a campo contra esse povo, porque nisto em que te empenhas não tens razão e acabarás por ser vencido. Não confies nos grandes exércitos que possuis porque o Anjo dos Tártaros pelejará por eles, e eu não te valerei.
Profundamente impressionado e agradecido, Olíbrio aproveitou o aviso celestial e fez as pazes com o rei dos Tártaros. Mandou depois fazer grandes solenidades em honra do Anjo da Guarda do seu reino, e pôs a imagem dele sobre a sua coroa.
A partir deste episódio, tornou-se costume entre os reis e príncipes da Hungria invocarem sempre nas ocasiões solenes a Deus, por intermédio do seu Anjo, e nada resolviam de grave sem ter feito esta oração.

O Anjo Custódio da Irlanda
Nos relata o Venerável Beda que um dos reis da Irlanda tinha grande devoção aos Santos Anjos, e costumava orar-lhes com muito fervor. Teve, porém, um mau conselheiro e começou a malquistar-se com os seus súditos, pelo que estes se juntaram contra ele, resolvidos a moverem-lhe guerra.
Ao saber disso, o rei ficou perturbado e inquieto, mas eis que lhe apareceu o seu Anjo da Guarda, todo resplandecente de alegria e glória, que lhe diz:
- Não temas. Pela devoção que sempre me tens tido, assim como aos outros Anjos, obtivemos de Deus que os outros príncipes e teus súditos se decidissem a fazer aliança contigo. Mas, por teu lado, tens de apartar de ti esse mau conselheiro, e esforçar-te por contentar os bons homens do teu reino. O que fez o rei, com ótimos resultados.

O Anjo Custódio de Roma e do Sumo Pontífice
Segundo a Tradição e visões de algums místicos, o Santo Protetor do Pontífice Romano e do Vaticano é São Miguel Arcanjo. Anteriormente, quando o Papa residia em Roma, era lá que aquele Arcanjo exercia o seu ministério. No entanto, após a invasão de Roma pelas tropas anticlericais no século XIX e a expulsão do Pontífice para o pequeno território do Vaticano, foi para este lugar que São Miguel mudou sua ação protetora.

O ANJO DE PORTUGAL

Hoje é o dia consagrada ao Anjo de Portugal, data inserida no calendário litúrgico pelo Papa Pio XII após as visões que os Pastorinhos de Fátima tiveram daquele Santo Anjo preparando-os para as aparições de Virgem Maria. 0 dia 10 de junho foi escolhido por ser também o Dia Nacional de Portugal, quando a nação portuguesa celebra a morte de seu maior gênio que foi Camões.

Antecedentes históricos

O primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, notabilizou-se não só pelo valor guerreiro e nobre, mas principalmente por uma grande santidade. É assim que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo lhe aparece para manifestar ao mesmo o desejo de fundar um grande reino através de seus descendentes e pedindo que coloque os símbolos da Paixão no brasão de Portugal.
Dom Afonso Henriques tinha uma grande e entranhada devoção ao Arcanjo São Miguel. Antes do rei haver tido a visão de Nosso Senhor, apareceu-lhe um Embaixador angélico, dizendo-lhe: “Sois amado do Senhor, porque sem dúvida pôs sobre vós, e sobre vossa geração depois de vossos dias, os olhos de sua misericórdia, até a décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão, mas nela assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá”. Em seguida, declara o próprio rei: “Obedeci, e prostrado em terra, com muita reverência, venerei o embaixador e Quem o mandava. E como posto em oração, aguardava o som, na segunda vela da noite ouvi a campainha, e armado de espada e rodela saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita, contra o nascente, um raio resplandecente indo-se pouco a pouco clareando, cada hora se fazia maior. E pondo de propósito os olhos para aquela parte, vi de repente, no próprio raio, o sinal da Cruz, mais resplandecente que o sol, e um grupo grande de mancebos resplandecentes, os quais creio que seriam os santos anjos..” O santo rei, chorando maravilhado com a visão, vê finalmente Nosso Senhor, que lhe diz: “Não te apareci deste modo para acrescentar tua fé, mas para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios do teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos da minha cruz. Acharás tua gente alegre e esforçada para a peleja, e te pedirá que entre na batalha com o título de rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te pedirem lhes concede facilmente. Eu sou o fundador e destruidor dos reinos e impérios, e quero em ti e em teus descendentes fundar para Mim um império, por cujo meio seja Meu nome publicado entre nações mais estranhas. E para que teus descendentes conheçam Quem lhes dá o reino, comporás o escudo de tuas armas do preço com que Eu remi o gênero humano, e daquele por que Fui comprado pelos judeus, e ser-Me-á reino santificado, puro na fé e amado da minha piedade”. Até os dias de hoje permanecem os estigmas da Paixão no escudo da grande nação portuguesa.
Um episódio demonstra quanto os homens que cercavam o rei Dom Afonso Henriques eram também de grande valor. O rei de Leão, Afonso VII, estava cercando as tropas de Afonso Henriques e a derrota deste parecia iminente. Egas Muniz, que fora educador de Afonso Henriques, vai até Afonso VII e empenha sua palavra de que seu antigo pupilo lhe prestaria obediência. Confiando na promessa do nobre português, o rei de Leão levanta o cerco. Como Dom Afonso Henriques não cumpriu a palavra, que aliás não dera, Egas Muniz vai até junto do rei de Leão, acompanhado da mulher e filhos, em traje de penitente, pedindo que o mesmo lhe castigue por não se ter cumprido o que prometera. E o castigo, Egas Moniz o sabia, poderia ser a pena de morte. Admirado com tal grandeza de alma, o rei manda de volta e em paz o fidalgo português.
Dom Afonso Henriques continua suas conquistas, principalmente contra os mouros. Em 1147 domina Santarém, que era um grande baluarte islâmico. Algum tempo depois, sob o comando pessoal de Al-Baraque, rei de Sevilha, Santarém é sitiada. O santo rei vê-se impotente para liderar a defesa dos cristãos pois estava ferido numa perna e sem poder montar a cavalo. Mesmo assim, arrisca-se e vai lutar pela defesa de seus homens em Santarém. Quando se encontrava no meio dos combates, Dom Afonso Henriques vê, junto de si, um braço levantado brandindo uma espada. Percebe claramente que um Anjo do Senhor estava a seu lado para protegê-lo.
Quando os combates estavam em sua fase mais renhida e sangrenta, o braço angélico começou a desferir mortais golpes contra os mouros, os quais fugiam aterrorizados e deixavam o campo de batalha à mercê dos soldados cristãos. Os próprios soldados agarenos, presos durante a batalha, confessaram ter visto o braço angélico armado com a espada a lhes deferir mortais golpes.
Como prova de gratidão por tão insigne favor divino, Dom Afonso Henriques fundou a Ordem militar com o nome de “São Miguel da Ala” (a palavra “ala” é aplicada no sentido de “levantada” ou “alada”), em honra daquela intervenção angélica. Seus descendentes estabeleceram o costume de colocar nos seus filhos os nomes dos três Arcanjos, São Miguel, São Gabriel e São Rafael, também em honra desta batalha.
Cresce a devoção ao Anjo de Portugal ao longo dos anos
A pedido do rei Dom Manuel e dos bispos portugueses, o Papa Leão X instituiu em 1504 a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já era antigo em Portugal.
Oficializada a celebração tradicional, Dom Manuel expediu alvarás às Câmaras Municipais a determinar que essas festas em honra do Anjo da Guarda de Portugal fossem celebradas com a maior solenidade. Na referida festa deveriam participar as autoridades e instituições das cidades e vilas, além de todo o povo. Por determinação das Ordenações Manuelinas a festa do Anjo de Portugal era equiparada à festa do Corpo de Deus, já então a maior festa religiosa de Portugal, em que toda a nação afirma a sua Fé na presença real de Cristo na eucaristia.
Esta celebração manteve o seu esplendor durante os séculos XVI, XVII e XVIII, período em que Portugal mantinha grande poder e muita religiosidade, e decaiu no século XIX quando o país já estava em decadência.
De acordo com o testemunho dos Pastorinhos de Fátima, em 1915 e 1916 o Anjo de Portugal apareceu por diversas vezes a anunciar as aparições de Nossa Senhora nesta sua Terra de Santa Maria e deu aos Pastorinhos a comunhão com o «preciosíssimo corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo» como ele próprio declarou.
O culto do Anjo de Portugal teve o seu maior brilho nas cidades de Braga, Coimbra e Évora, especialmente na diocese de Braga, Sé primaz de Portugal, onde se celebrava a 9 de Julho.
No tempo de Pio XII a festa do Anjo de Portugal foi restaurada para todo o País e transladada para o dia 10 de Junho a fim de que o Dia de Portugal fosse também o Dia do Anjo de Portugal.


MISSA EM MEMÓRIA DO ANJO DE PORTUGAL

ANTÍFONA DE ENTRADA Dan 3, 95
Bendito seja o Senhor, que enviou o seu Anjo e libertou os seus servos, que n’Ele confiaram.

ORAÇÃO COLETA
Deus eterno e onipotente, que destinastes a cada nação o seu Anjo da Guarda, concedei
que, pela intercessão e patrocínio do Anjo de Portugal, sejamos livres de todas as Adversidades.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I Dan 10, 2a, 5-6.12-14ab
«Miguel, um dos chefes principais, veio em meu auxílio»

Leitura da Profecia de Daniel
Naqueles dias, ergui os olhos e vi um homem vestido de linho, com um cinturão de ouro puro. O seu corpo era semelhante ao topázio e o rosto tinha o fulgor do relâmpago; os olhos eram como fachos ardentes, os braços e as pernas eram brilhantes como o bronze polido e o som das suas palavras era como o rumor duma multidão.
Ele disse-me: «Anuncio-vos uma grande alegria»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo.
Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura».
Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, estas ofertas que apresentamos ao vosso altar e fazei que, por intercessão do nosso Anjo da Guarda, sejamos defendidos de toda a adversidade.
Por Nosso Senhor.

Prefácio dos Anjos

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Judite 13, 20.21
Bendito seja o Senhor, que me protegeu por meio do seu Anjo. Dai graças ao Senhor, porque é eterna a sua misericórdia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentais neste admirável sacramento de vida eterna, dirigi os nossos passos, por meio do vosso Anjo, no caminho da salvação e da paz.
Por Nosso Senhor.
«Anuncio-vos uma grande alegria»

Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermão 1, Na Festa de S. Miguel Arcanjo, 2-3.5: Opera omnia, Ed. Cisterc. 5 [1968], 295-297) (Sec. XII)

O ministério dos Anjos

Diz o Profeta, falando ao Pai a respeito do Filho: Fizeste-O um pouco inferior aos Anjos. Assim convinha, com efeito, que superasse os Anjos na humildade Aquele que os superava na sublimidade da sua glória, e que fosse tanto menor que eles quanto é inferior o ministério a que Se consagrou. E, no entanto, Ele é tanto superior aos Anjos quanto mais excelso que o deles é o nome que recebeu em herança.
Mas talvez perguntes: Em que é que Ele Se fez inferior aos Anjos, quando veio para servir, uma vez que também os Anjos, como dizíamos acima, são enviados para exercer um ministério? É que Ele não só serviu mas também foi servido, e era o mesmo Aquele que servia e era servido. Justamente por isso, dizia a Esposa no Cântico dos Cânticos: Ele aí vem, atravessando as montanhas, elevando-se sobre as colinas. Quando serve, Ele atravessa por entre os Anjos, mas quando é servido eleva-Se muito acima deles. Os Anjos servem, mas do que não lhes pertence: oferecem a Deus as boas obras, não suas mas nossas, e trazem-nos a graça, não sua mas de Deus. Por isso, quando a Escritura diz que o fumo dos aromas subia das mãos do Anjo à presença de Deus, teve o cuidado de advertir anteriormente que lhe tinham sido dados muitos aromas. São os nossos suores e não os seus, as nossas lágrimas e não as suas que eles oferecem a Deus; e os dons que nos trazem também não são seus, mas de Deus.
Não é assim aquele Servo, mais sublime que todos os outros mas também mais humilde que todos. Ofereceu-Se a Si mesmo como sacrifício de louvor; ofereceu ao Pai a sua vida e nos dá ainda hoje a sua carne. Não admira, portanto, que, por causa de tão glorioso Servo, os santos Anjos se dignem, ou melhor, queiram da melhor vontade, assistir- nos. Eles amam-nos, porque Cristo nos amou.
Digo-vos isto, meus irmãos, para que de hoje em diante tenhais maior confiança nos santos Anjos e invoqueis com maior familiaridade o seu auxílio em todas as necessidades, e também para que procureis tornar a vossa vida mais digna da sua presença, conciliar cada vez mais os seus favores, captar a sua benevolência, implorar a sua clemência.
Sendo assim, pensai bem quanta solicitude devemos ter também nós, irmãos caríssimos, para nos tornarmos dignos da sua companhia, para vivermos na presença dos Anjos, de modo a não ofendermos nunca a santidade do seu olhar. Ai de nós, se alguma vez, provocados pelos nossos pecados e negligências, nos julgarem indignos da sua presença e da sua visita, e tivermos de chorar e dizer com o Profeta: Os meus amigos e companheiros fogem da minha desgraça e os que andavam comigo ficam ao longe, enquanto os violentos procuram tirar-me a vida. Porque, então, teríamos realmente afastado de nós aqueles que com a sua presença podiam amparar-nos e repelir o inimigo.
Por isso, se nos é tão necessária a companhia familiar que se dignam ter connosco os Anjos, evitemos com todo o cuidado ofendê-los e exercitemo-nos com generosidade nas obras que sabemos serem do seu agrado. Há de facto muitas coisas que lhes agrada e deleita encontrar em nós: sobriedade, castidade, pobreza voluntária, frequentes gemidos e súplicas ao Céu, orações com lágrimas e de coração atento. Mas o que acima de tudo exigem de nós os Anjos da paz é a união e a paz. Será, porventura, estranho que eles ponham as suas delícias principalmente nestas virtudes que reproduzem uma certa imagem da sua cidade e que lhes permitem admirar uma nova Jerusalém na terra? Digo-vos, portanto, que assim como aquela cidade santa forma tão belo conjunto pela sua perfeita unidade, assim também nós devemos manter a unidade de sentimentos e doutrina, afastando do meio de nós toda a espécie de cisma, para formarmos todos um só Corpo em Cristo.


http://tbcparoquia.blogspot.com/

“Esta é a Hora dos Anjos...” de Giovanni P. Sena – "Obras Completas del Seudo Dionísio
Areopagita" – BAC – Madri, 1990 .

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Beata Anna Maria Taigi, exemplo de esposa e mãe


Além do Beato Anchieta, hoje é também dia da Beata Anna Maria Taigi. Nasceu na cidade de Siena, a 29 de maio de 1769, e faleceu em Roma, a 09 de junho de 1837. Contava apenas cinco anos de idade quando foi tomada por êxtasea, os quais duraram quase toda sua vida. Recebeu primorosa educação religiosa e doméstica. Aos vinte anos casou-se com Domenico Taigi, um criado da nobre família dos Chigi, com quem conviveu durante quarenta e oito anos, e do qual teve sete filhos. Sentindo forte atração para a vida religiosa, mas sendo casada, foi admitida na Ordem Terceira das Trinitárias. Durante muitos anos a Santa foi privilegiada com êxtases e visões sobrenaturais. Admite-se que seus sofrimentos místicos a fez vítima expiatória, e toda a sua santificação deu-se no convívio de seu lar. São dela, também, várias revelações sobrenaturais, uma das quais afirma a chegada de um terrível castigo a toda a humanidade, o qual culminará com três dias de completa escuridão e quando só se acenderão as velas bentas.
Sofreu muito por causa das rabugices de seu marido, o qual sempre entrava em casa irritado. Vivia se amaldiçoando por achar que tinha sido enganado pela esposa, mas a Santa fugia do confronto e o tratava com amabilidade. Era serena, afetuosa, ordenada nas suas coisas e sempre alegre. Educou bem os filhos. Todos os sete, sem exceção, declararam depois que tinham tido uma infância feliz ao lado dela.
Declarou Domenico, seu esposo:
“Quando chegava em minha casa encontrava-a cheia de gente desconhecida que vinha consultar minha mulher. Porém ela tão pronto me via, deixava quem quer que fosse, seja monsenhor ou alguma grande senhora, e vinha atender-me, a servir-me a comida, e a ajudar-me com esse imenso carinho de esposa que sempre teve para comigo. Para mim e para meus filhos, Anna Maria era a felicidade da família. Ela mantinha a paz no lugar, apesar de que éramos bastantes e de muito diferentes temperamentos. A nora era muito mandona e autoritária e a fazia sofrer bastante, porém jamais Anna Maria demonstrava ira ou mal gênio. Fazia as observações e correções que tinha que fazer, porém com a mais estrita amabilidade. Às vezes eu chegava à casa cansado e de mal humor e estalava em arrebatações de ira, porém ela sabia tratar-me de tal maneira bem que eu tinha que acalmar-me em poucos instantes. Cada manhã nos reunia a todos em casa para uma pequena oração, e cada noite nos voltava a reunir para a leitura de um livro espiritual. Aos meninos os levava sempre à Santa Missa aos domingos e se esmerava muito em que recebessem a melhor educação possível’
Seu corpo permanece incorrupto até hoje, como se pode verificar no vídeo abaixo.


Anchieta e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Hoje é dia dedicado a São José de Anchieta. Aproximando-se a Festa do Sagrado Coração de Jesus, apresentamos abaixo uma pequena amostra de quanto aquele santo tinha devoção a Ele, publicando alguns de seus versos.

“Chaga divina, quem te abriu primeiro
não foi a lança, não!
Jesus amou-nos e esse amor imenso
rasgou-lhe o coração!...

Só tu, ó Mãe, sentiste o rude ferro
que esta chaga rasgou:
A ti pertence dá aí refúgio
ao pobre que pecou

Deixa pois que eu acorra a esse abrigo
que a lança me mostrou:
Quero passar unido toda a vida
àquele que me amou.

À sombra desse amor acalentado,
alegre hei de viver:
Dentro em teu coração, ó meu amado,
virei enfim morrer!”

(v. 4471... 4495...)

(cf. “Poema da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus” – Ed. Loyola, tomo 1, pág. 84)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sacerdote interpela jornal sobre o silêncio da ação social do clero

Segue o texto da carta que um sacerdote salesiano enviou ao New York Times, o principal mentor da última enxurrada de calúnias contra o Papa e o clero católico. É evidente que o jornal não publicou a carta do padre, nem tampouco vai respondê-la ou sequer tratar do assunto em suas páginas. Não só o NYT, mas toda a mídia cala a boca quando se trata de desvendar suas tramas. Sua única resposta é o silêncio: por pouco tempo, porque novas campanhas de difamação poderão voltar a qualquer momento, esquecendo-se, por vezes, da anterior, ou até mesmo alimentando-a caso haja ambiente propício.

"Sou um simples sacerdote católico, Uruguaio que há 20 anos vivo em Angola, África. Sinto-me feliz e orgulhoso da minha vocação.

Me dá uma grande dor por este grave mal que sacerdotes, que deveriam ser sinais do amor de Deus, sejam um punhal na vida de inocentes. Não há palavras que justifiquem tais atos repugnantes. Vejo em muitos meios de informação, a ampliação do tema em forma maldosa, investigando em detalhas a vida de algum sacerdote pedófilo.

Assim aparece um de uma cidade dos Estados Unidos, da década de 70, outro na Austrália dos anos 80 e assim por diante, outros casos recentes.... É curiosa a pouca noticia e desinteresse por milhares e milhares de sacerdotes que se consomem por milhões de crianças, pelos adolescentes e pelos mais desfavorecidos nos quatro ângulos do mundo!

Penso que aos meios de comunicação não lhes interessa que eu tive que transportar, por caminhos minados no ano 2002 muitas crianças desnutridas desde Cangumbe a Lwena (Luena) Angola, pois nem o governo se disponha e as ONG’S não estavam autorizadas a salva-los.

Não tem sido noticia que tive que enterrar dezenas de crianças falecidas entre os mortos na guerra e os que dela retornaram; que tenhamos salvo a vida de milhares de pessoas em Moxico mediante o único posto médico em 90.000 km², assim como a distribuição de alimentos e sementes; que demos a oportunidade de educação nestes 10 anos e escolas a mais de 110.000 crianças.

Não é de interesse que com outros sacerdotes temos socorrido a crise humanitária de cerca de 15.000 pessoas nos aquartelamentos da guerrilha, depois de sua rendição, porque não chegavam os alimentos do governo e da ONU. Não é noticia que um sacerdote de 75 anos, o Pe. Roberto, pelas noites percorra as cidades de Luanda curando às crianças das ruas, levando-lhes a uma casa de acolhida, para que se desintoxiquem da gasolina e outras drogas; que alfabetizem centenas de presos; que outros sacerdotes como Pe. Stefano, tenham lares transitórios para as crianças que são agredidas, maltratadas e até violadas e buscam um refugio.

Tampouco que Irmão Maiato com seus 80 anos, passe de casa em casa confortando os enfermos e desesperados. Não é noticia que mais de 60.000 dos 400.000 sacerdotes e religiosos tenham deixado sua terra e sua família para servir a seus irmãos em leprosários, hospitais, campos de refugiados, orfanatos para crianças e órfãos de pais que faleceram com AIDS (SIDA), aqueles tantos que se dedicam às escolas para os mais pobres, em centros de formação profissional, em centros de cuidados a soro positivos (portadores do vírus da AIDS)... ou em paróquias e missões dando motivação às pessoas para viver e amar.

Não é noticia que meu amigo, o Pe. Marcos Aurélio, por salvar a alguns jovens durante a guerra em Angola, transporto de Kalulo a Dondo e voltando a sua missão tenha sido metralhado no caminho; que o irmão Francisco, com cinco senhoras catequistas, por ir ajudar nas áreas rurais mais distantes tenham sido assassinados em um assalto em uma rua; que dezenas de missionários na Angola tenham morrido por falta de socorro sanitário, por uma simples malária; que outros saltaram pelos ares, por causa de minas explosivas, visitando as pessoas.

No cemitério de Kalulo estão os túmulos dos primeiros sacerdotes que chegaram à região. Nenhum passa dos 40 anos. Não é noticia acompanhar a vida de um Sacerdote “normal” em seu dia-a-dia, em suas dificuldades e alegrias consumindo sem barulho, em silêncio, a sua vida em favor da comunidade que serve. A verdade é que não procuramos ser noticias, senão simplesmente levar a Boa Noticia, essa noticia que sem ruídos começou na noite da Páscoa. Faz mais ruído uma árvore que cai, do que uma floresta que cresce.
Não pretendo fazer uma apologia da Igreja e nem dos sacerdotes. O sacerdote não é nem um herói nem um neurótico. É um simples homem, que com sua humanidade busca seguir a Jesus e servir aos seus irmãos e Irmãs.
Pe. Martín Lasarte (salesiano) - Angola"


Fonte; Presbíteros

domingo, 6 de junho de 2010

Encerrada visita do Papa a Chipre

O noticiário moderno tem sempre um lado tendencioso, especialmente quando se relaciona com o Papa e a Igreja. Agora mesmo, no encerramento da visita de Bento XVI a Chipre, a AFP divulgou uma nota que distoa completamente do conteúdo do discurso do Papa. Vejam o título "Papa encerra visita ao Chipre pedindo fim de banho de sangue no Oriente Médio". Esta mesma manchete foi repetida como caixa de ressonãncia por jornais, revistas e tudo o que se copia em matéria de mídia. Quando se lê, porém, a notícia vê-se que essa expressão não foi a tônica do discurso. Disse o Papa: "sobre esta grave questão, eu reitero meu apelo pessoal por um esforço urgente e concertado para solucionar as tensões atuais no Oriente Médio, especialmente antes que tais conflitos levem a maiores banhos de sangue". Uma coisa é pedir que se evite um "banho de sangue", e outra é pedir o fim do mesmo banho, supondo que o mesmo já está ocorrendo.
Além de demonstrar completa pobreza de conteúdo, quanta falta de criatividade! Até mesmo uma foto do Papa, de costas, foi reproduzida, havendo tantas outras colhidas em Nicósia junto às autoridades ou ao povo que o acolhia.
Um outro fato que poderia chamar a atenção da mídia, tão sensacionalista quando se trata de violência, foi a morte do presidente da Conferência Episcopal Turca, Dom Luigi Padovese. No entanto, quase não se falou do assunto. Talvez porque o criminoso seja um muçulmano e isso pode revelar algum sinal do ódio dos maometanos contra os católicos.
Convido os que visitam este blog, porém, a dar uma vista nos vídeos colocados no Youtube que falam da importância de Chipre e da visita de Bento XVI àquele país.
Larnaca, a Casa de São Lázaro





Vídeo 4

http://www.youtube.com/watch?v=mjShpfg6O5w&feature=related

A Igreja Latina e a riqueza de Pafos
Programa da viagem de Bento XVI a Chipre


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Há 13 séculos, o mais antigo milagre eucarístico: Lanciano

Lanciano, ano 700. Lanciano é uma pequena cidade medieval, banhada pelo Mar Adriático, na Itália, entre as cidades de San Giovanni Rotondo e Loreto.
Antigamente a denominavam de “Anxanum”. A mudança de nome foi com a finalidade de perpetuar uma homenagem à conversão de Longino, que segundo a Tradição nasceu lá e foi o centurião romano que cravou a sua lança no flanco direito de Jesus Crucificado, alcançando o Coração do Redentor, para ver se ELE ainda estava vivo, conforme descreve São João em seu Evangelho (Jo 19,34).
Na seqüência dos muitos acontecimentos que sucederam na vida do centurião, despertaram o seu espírito e o conduziram ao caminho da conversão. A Igreja reconhece a notável transformação espiritual que o santificou e o colocou entre os Santos. É conhecido como São Longino e sua imagem está no Vaticano, no Santo Sepulcro em Jerusalém e em diversos outros altares do mundo. Sua Festa é comemorada no dia 15 de Março.
Na época em que aconteceu o Milagre, a Igreja de Lanciano estava entregue à proteção dos Santos Legonciano e Domiciano, e era administrada pelos Monges Basilianos do Rito Grego Ortodoxo.

Como ocorreu o milagre
Um Monge da Ordem de São Basílio (Basiliano), sábio nas coisas do mundo, vacilava contudo nas coisas da fé, e atravessava um terrível período de perturbação espiritual de tal ordem que o levava a duvidar da presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia Consagrada. Mas ele lutava contra aquela abominável tentação e rezava, suplicando ao Criador que iluminasse o seu espírito e o livrasse daquela dúvida e do medo que envolvia a sua consciência, que o fazia imaginar estar perdendo a vocação sacerdotal. À medida que passavam os dias, aquele drama interior aumentava de intensidade e afetava a sua disposição, roubando-lhe até o prazer de viver.
Por outro lado, a situação do mundo naquela época não lhe favorecia em nada para ajudá-lo fortalecer a sua fé. Havia muitas heresias disseminadas em todas as partes, as quais eram acolhidas por leigos e pessoas da Igreja. Diversos Bispos e Sacerdotes aceitavam aquelas doutrinas naturalmente, sem uma maior e mais profunda reflexão, deixando confusas as mentes de muitos fieis e religiosos que observavam aquele comportamento, resultando sempre em mal-estar e incompreensões no seio da Igreja.
Numa manhã, como habitualmente fazia, o Monge celebrava a Santa Missa quando foi acometido por uma incontrolável onda de dúvidas. Envergonhado consigo mesmo, com um olhar de piedade, contemplou a Hóstia com o vinho que estavam a sua frente e que ele consagrava. De súbito, suas mãos tremeram e seu corpo foi envolvido por uma vigorosa e profunda emoção. Permaneceu imóvel, em silêncio, de costas para o povo, como as Missas eram celebradas antigamente. Depois de alguns minutos, voltando-se para os fieis que sem saber o que acontecia, aguardavam com expectativa e ansiedade, falou:
“Ó testemunhas afortunadas, a quem o Santíssimo Deus, para destruir minha falta de fé, quis revelar-Se a Si Mesmo neste Bendito Sacramento e fazer-Se visível diante de nossos olhos. Venham irmãos, venham todos e maravilhem-se com o nosso Deus tão próximo de nós. Venham contemplar a Carne e o Sangue de nosso Amado Cristo”.
A Hóstia tinha se transformado em Carne e o Vinho convertido em Sangue do Senhor.
As pessoas, presenciando o Milagre, manifestaram-se emocionadas e surpresas, repletas de alegria pela infinita bondade divina em lhes proporcionar tão extraordinária manifestação. Por isso, clamavam perdão e misericórdia para as suas vidas, declarando-se indignas de presenciarem tão grandioso e comovente Milagre.
Com o avançar das horas, saíram para as suas casas e divulgaram a auspiciosa notícia por onde passavam. Em pouco tempo, toda a cidade ficou sabendo da notável manifestação sobrenatural e afluíram à Igreja centenas e milhares de pessoas, que superlotaram todas as dependências do templo cristão, porque todos estavam ávidos de verem o Corpo e o Sangue de Jesus.
O Milagre ocorreu no ano 700 de nossa era e causou um efeito admirável, porque atuou preponderantemente sobre a crença daquele Sacerdote Basiliano e sobre a fé de muitas pessoas frias e indiferentes, que não acreditavam na Sagrada Eucaristia, na presença Real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, na Hóstia e no Vinho Consagrados.
É importante destacar que desde a data do acontecimento, a Igreja acolheu o Milagre como “um verdadeiro Sinal do Céu” e venerou o Corpo e o Sangue do Senhor nas procissões que anualmente são realizadas no dia da Festa, último domingo do mês de Outubro.

Como se conserva até hoje o sangue miraculoso de Cristo
Inicialmente o Milagre foi conservado num artístico relicário de marfim. Posteriormente foi colocado num magnífico Ostensório de ouro.
O Sangue do Senhor no momento do Milagre, coagulou em cinco porções, como se fossem cinco pelotas. Elas guardam uma incrível propriedade: cada bola de sangue coagulado tem o mesmo peso que as outras juntas.
O Sangue adquiriu uma cor marrom-sépia. A Carne ficou com uma cor grená-escuro. Entretanto, quando se coloca uma lâmpada por trás, ela adquire uma cor rosada.
A Igreja de Lanciano permaneceu sob a custódia dos Monges de São Basílio até 1176, quando assumiram os Padres Beneditinos e permaneceram até 1252. A seguir vieram os Franciscanos e tiveram que fazer muitas obras, porque a estrutura do templo estava comprometida.
Em 1258, os Franciscanos construíram uma nova Igreja, no local da antiga, e a colocaram sob a proteção de São Francisco.
Em 1515 o Papa Leão X implantou em Lanciano uma sede episcopal e em 1562, o Papa Pio IV emitiu uma Bula elevando-a a condição de sede Arcepiscopal.
Em 1887 o Arcebispo de Lanciano, Monsenhor Petrarca, obteve do Papa Leão XIII indulgência plenária perpétua para quem visitasse o Milagre Eucarístico no período da Festa, último domingo de Outubro e os seguintes oito dias, da oitava, em cujo período transcorre as celebrações em honra do Sangue e do Corpo do Senhor.
Em 1566, com a ameaça de invasão pelos turcos, Frei Giovanni Antônio de Mastro Renzo e seus companheiros, construíram uma Capela especial e bem protegida, a Capela Valsecca, onde foi abrigado com segurança o Milagre de Jesus Eucarístico. Ali permaneceu até o ano 1902, quando construíram um magnífico Altar com dois Tabernáculos: no superior colocaram o Milagre e no inferior está o Sacrário com as Hóstias Consagradas nas Santas Missas, para serem consumidas pelos fieis. Pela parte de trás, tem uma pequena escada de acesso, por onde as pessoas podem admirar bem de perto o extraordinário Milagre.
A Carne e o Sangue atualmente visíveis não só são a Carne e o Sangue de Jesus Cristo como toda Hóstia consagrada, senão que mantém até hoje os acidentes próprios de carne e sangue humano. A Carne, desde 1713, conserva-se num artístico ostensório de prata, da escola napolitana, finamente trabalhado. O Sangue está contido numa rica e antiga ampola de cristal de Roca.
A emoção da visita é sempre grande e proporciona manifestações espontâneas que atestam a admiração e a comoção das pessoas diante do próprio Deus.
A parte da Hóstia no centro do círculo de carne, embora fosse verdadeiramente a Carne de Jesus Cristo continuou apresentando os acidentes de pão sem levedura depois do milagre, tal como ocorre com a Consagração. Manteve-se por muitos anos, porém se desintegrou porque a lâmina que a continha não havia sido hermeticamente fechada.

O milagre de Lanciano e a ciência
Ao longo dos séculos, desde o início, muitas pesquisas foram feitas com a Carne e o Sangue do Milagre Eucarístico de Lanciano. As investigações mais modernas, que foram concluídas em 1970-71 e 1991, levados a efeito pelo Professor Odoardo Linoli, docente de Anatomia e História Patológica em Química e Microscopia Clínica, em colaboração com o Professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena, utilizando-se de recursos avançados de pesquisa, concluíram o seguinte:

1 – A Carne é verdadeira carne humana.
2 – A Carne é um pedaço do tecido muscular do coração, presentes partes do miocárdio, do endocárdio e do nervo vago do ventrículo cardíaco esquerdo.
3 – O Sangue também é humano
4 – A Carne e o Sangue tem o mesmo tipo sanguíneo: “AB”.
5 – No Sangue encontram-se proteínas na mesma proporção que se encontra num sangue humano vivo.
6 – No Sangue também se encontram minerais em proporções idênticas as encontrada num ser humano normal: dosagem do cloro, fósforo, magnésio, potássio, sódio e do cálcio.
7 – A preservação da Carne e do Sangue durante mais de 12 séculos sem a ajuda de qualquer ingrediente químico, é perfeita e admirável.

Através dos tempos se têm escrito muitos relatos para comprovar a autenticidade do milagre eucarístico de Lanciano, com milagres de natureza tanto física quanto espiritual. Estes fatos foram cuidadosamente registrados por causa da importância que a Cristandade, e com e ela Igreja, sempre deu a este milagre.
Na mesma época do milagre os fatos foram redigidos num manuscrito, em Grego e Latim. Numa cronologia da cidade de Lanciano, um historiador escreveu que em princípios de 1500 dois monges basilianos vieram à igreja, que estava aos cuidados dos franciscanos, e pediram para passar a noite ali. Pediram também para ver o pergaminho que continha a história do Milagre. Os franciscanos lhes deixaram ver e estudar o pergaminho histórico durante a noite, porém ao amanhecer os monges basilianos foram embora cedo levando consigo o pergaminho. Acredita-se que o motivo da conduta dos monges basilianos é que ficaram envergonhados porque um deles havia perdido a fé na Eucaristia. O fato é que o manuscrito nunca foi recuperado.
A igreja onde se encontra o Milagre Eucarístico de Lanciano está no local que hoje se insere no centro da cidade, mas na época do milagre era um subúrbio e se chamava de “Igreja dos Santos Longino e Domiciano”. Um dos benfeitores da igreja foi o bispo Landulfo que lhe fez o Santuário. Em 1258 os franciscanos edificaram a igreja atual, reformada finalmente em 1700 de estilo românico-gótico para o estilo barroco.
Em 25 de junho de 1672, o Papa Celemente X declarou o altar do Milagre Eucarístico como um altar privilegiado na Oitava do dia de Finados e em todas as segundas-feiras do ano.
No tempo de Napoleão, em 1809, os franciscanos foram expulsos da cidade, mas voltaram a assumi-la solenemente em 21 de junho de 1953.
Ainda em 1566, no dia 1º de agosto, Frei Giovanni Antonio de Mastro Renzo perdeu a fé, não na Eucaristia, mas na proteção da Providência para salvá-los junto com os outros frades da investida dos turcos. Vendo a necessidade de salvar o milagre eucarístico, colheu o relicário e com seus frades desapareceu da cidade. Caminharam toda a noite e antes do amanhecer Frei Giovanni sentiu que já havia grande distância entre eles e o inimigo, ordenando então a seus frades que descansassem. Ao surgir o sol, pela manha, se deram conta de que se encontravam exatamente na entrada da cidade. Entenderam, então, que o Senhor havia intervido porque queria que o Milagre Eucarístico fosse um sinal de segurança para as pessoas da cidade, um sinal de que Deus não os havia abandonado. Inspirados pelo Espírito Santo, todos os frades ofereceram-se, então, com magnanimidade para ficar na igreja e proteger o Milagre Eucarístico com suas vidas. Nosso Senhor os protegeu e não foi necessário suas vidas, pois os turcos recuaram.
A primeira experiência, dita “científica”, feita com as sagradas espécies data do ano de 1574, quando descobriram um fenômeno inexplicável: as cinco bolhas de sangue coaguladas são de diferentes tamanhos e formas, mas têm o mesmo peso. O fato foi documentado.

Veja vídeo do Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=1UY2kHRp8iA