terça-feira, 30 de março de 2010

A ação angélica na Morte e Ressurreição de Cristo

O Anjo conforta Jesus Cristo No Horto das Oliveiras
Quando Nosso Senhor rezava no Horto das Oliveiras e passava por atrozes sofrimentos, chegando a suar sangue, um Anjo veio confortá-lo, conforme narra São Lucas: “Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava” (Lc 22, 43).
Discute-se entre os teólogos como é que Ele, sendo Deus, pode ter recebido conforto de um Anjo. Segundo São Tomás de Aquino, este conforto não diz respeito a algum conselho, instrução ou iluminação dada pelo Anjo: “o alívio recebido do Anjo não se deu a modo de instrução, mas para manifestar a veracidade de Sua natureza humana” (Suma Teológica III, 12, 4, 1). Como Nosso Senhor tinha sido atribulado pelos demônios, enchendo Sua alma de tristeza mostrando todas as traições e pecados dos homens, o Santo Anjo veio, então, à Sua presença para mostrar as maravilhas, as virtudes magníficas que iriam ser germinadas com Seu Sangue após a fundação da Igreja e a correspondência dos justos até o fim dos tempos.
A narração tão singela no Evangelho de São Lucas é, entretanto, cheia de detalhes que nos movem à piedade nas visões da Beata Anna Catarina Emmerich. Antes do consolo angélico, a vidente viu de que forma os nossos pecados e os demônios atormentavam o Salvador:
“...Tive a clara impressão de que Jesus, entregando-se às dores da Paixão, que ia começar, e sacrificando-se à justiça divina, em satisfação de todos os pecados do mundo, de certo modo retirou a sua divindade para o seio da SS. Trindade; impelido por amor infinito, quis entregar-se à fúria de todos os sofrimentos e angústias, na sua humanidade puríssima e inocente, verdadeira e profundamente sensível, para expiação dos pecados do mundo, armado somente com o amor do seu coração humano... Entregue assim inteiramente à sua humanidade, implorando a Deus com tristeza e angústia indizíveis, prostrou-se por terra. Viu em inumeráveis imagens todos os pecados do mundo, com toda a sua atrocidade, tomou todos sobre si e ofereceu-se na sua oração para dar satisfação à justiça do Pai Celestial, pagando com os sofrimentos toda essa dívida da humanidade para com Deus. Satanás, porém, que se movia no meio de todos os horrores, em figura terrível e com um riso furioso, enraivecia-se cada vez mais contra Jesus e, fazendo passar-lhe diante da alma visões sempre mais horrorosas, gritou diversas vezes à humanidade de Jesus: “Que? Tomarás também isto sobre ti? Sofrerás também castigo por este crime? Como podes satisfazer por tudo isto?”
“Veio, porém, um estreito feixe de luz, da região onde o sol está entre as dez e onze horas, descendo sobre Jesus e nela vi surgir uma fileira de Anjos, que Lhe transmitiram força e ânimo”.
“...Voltando à gruta, com toda a tristeza que o acabrunhava, Jesus prostrou-se por terra, com os braços estendidos, e rezou ao Pai Celeste. Mas passou-lhe na alma nova luta, que durou três quartos de hora. Anjos vieram apresentar-lhe em grande número de visões, tudo o que devia aceitar de sofrimentos para expiar o pecado. Mostraram-lhe a beleza do homem antes do primeiro pecado, como imagem de Deus e quanto o pecado o tinha rebaixado e desfigurado. Mostraram-lhe como o primeiro pecado fora a origem de todos os pecados, a significação e essência da concupiscência e seus terríveis efeitos sobre as faculdades da alma e do corpo do homem, como também a essência e a significação de todas as penas contrárias à concupiscência. Mostraram-lhe os seus sofrimentos expiatórios primeiramente como sofrimentos de corpo e alma, suficientes para cumprir todas as penas impostas pela justiça divina à humanidade inteira, por toda a má concupiscência; e depois como sofrimento, que, para dar verdadeira satisfação, castigou os pecados de todos os homens na única natureza humana que era inocente: na humanidade do Filho de Deus, O qual, para tomar sobre si, por amor, a culpa e o castigo da humanidade inteira, devia também combater e vencer a repugnância humana contra o sofrimento e a morte. Tudo isto lhe mostraram os Anjos, ora em coros inteiros, com séries de imagens, ora separados, com as imagens principais; vi as figuras dos Anjos mostrando com o dedo elevado as imagens e percebi o que disseram, mas sem lhes ouvir as vozes..
“...Enquanto a humanidade de Jesus sofria e tremia, sob esta terrível multidão de sofrimentos, notei um movimento de compaixão nos Anjos; houve uma pequena pausa: parecia-me que desejavam ardentemente consolá-lo e que apresentavam as súplicas diante do trono de Deus. Era como se houvesse uma luta instantânea entre a misericórdia e justiça de Deus e o amor que se estava sacrificando.... Vi-O no momento da compaixão dos Anjos, quando estes desejavam consolar Jesus que, com efeito, teve neste instante um certo alívio. Depois desapareceu tudo e os Anjos, com sua compaixão consoladora, abandonaram o Senhor, cuja alma entrou em novas angústias...
“...Mas essas imagens consoladoras desapareceram e os Anjos mostraram-lhe a Paixão, mais perto da terra, porque já estava próxima. Estes Anjos eram muitos numerosos. Vi todas as cenas apresentadas muito distintamente diante dele, desde o beijo de Judas, até à última palavra na Cruz; vi lá tudo o que vejo nas minhas meditações da Paixão, a traição de Judas, a fuga dos discípulos, os insultos perante Anás e Caifás, a negação de Pedro, o tribunal de Pilatos, a decisão diante de Herodes, a flagelação, a coroação de espinhos, a condenação à morte, o transporte da cruz, o encontro com a Virgem Santíssima no caminho do Calvário, o desmaio, os insultos de que os carrascos O cobriam, o véu de Verônica, a crucifixão, o escárnio dos fariseus, as dores de Maria, de Madalena e João, a lançada do lado, em uma palavra, tudo passou diante da alma de Jesus, com as menores circunstâncias. Vi como o Senhor, na sua angústia, percebia todos os gestos, entendia todas as palavras, percebia tudo o que se passava nas almas. Aceitou tudo voluntariamente, sujeitou-se a tudo por amor dos homens. O que mais O entristecia era ver-se pregado na Cruz num estado de nudez completa para expiar a impudicícia dos homens: implorava com instância a graça de livrar-se daquele opróbrio e que pelo menos Lhe fosse concedido um pano para cingir os rins; e vi ser atendido, não pelos carrascos, mas por um homem compassivo. Jesus viu e sentiu profundamente a dor da Virgem Santíssima, que pela união interior aos sofrimentos do seu Divino Filho, caíra sem sentidos nos braços das amigas, no Vale de Josafá.
“No fim das visões da Paixão, Jesus cai por terra como um moribundo; os Anjos e as visões da Paixão desaparecem; o suor de sangue brotava mais abundante; vi-o escoar-se através da veste amarela encostado ao corpo. A mais profunda escuridão reinava na caverna. Vi então um Anjo descendo para junto de Jesus: era maior, mais distinto e mais semelhante ao homem do que os que eu vira antes. Estava vestido como um sacerdote, de uma longa veste flutuante, ornada de franjas e trazia na mão, diante de si, um pequeno vaso, da forma do cálice da última Ceia. Na abertura deste cálice se via um pequeno corpo oval, do tamanho de uma fava, que espargia uma luz avermelhada. O Anjo estendeu-Lhe a mão direita e pairando diante de Jesus, levantou-se; pôs-Lhe na boca aquele alimento misterioso e fê-Lo beber do pequeno cálice luminoso. Depois desapareceu.
“Tendo aceitado o cálice dos sofrimentos e recebido nova força, Jesus ficou ainda alguns minutos na gruta, mergulhado em meditação tranqüila e dando graças ao Pai Celeste. Estava ainda aflito, mas confortado de modo sobrenatural, a ponto de poder andar para junto dos discípulos sem cambalear e sem se curvar sob o peso da dor. Estava ainda pálido e desfigurado, mas o passo era firme e decidido. Enxugara o rosto com um sudário e pusera em ordem os cabelos, que lhe pendiam sobre os ombros, úmidos de suor e conglutinados de sangue”.(*)

(*) “Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus” – Anna Catharina Emmerich – Editora Mir, págs. 133/150.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O papel das mulheres na Paixão e Ressurreição de Cristo



Não se pode dizer que a Divina Providência reservou para a mulher um papel secundário em Seus planos. Basta verficarmos que, em muitos casos, a mulher sempre foi a preferida. Foi uma Mulher, a Virgem Santíssima, escolhida para ser quem gerasse a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade em sua humanidade. Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua vida, sempre concedeu às mulheres uma atenção e um lugar especial em seu Sagrado Coração. Sempre encontrava entre elas um bom exemplo para dar aos homens, como a viúva do gazofilácio (Mc 12, 41-44), curou a sogra de São Pedro (Mt 8, 14-15), consolou a viúva de Naim (Lc 7, 11-16) e as santas mulheres que choravam por Ele (Lc 23, 28-3), acolheu Maria Madalena na frente dos fariseus, perdoou a adúltera que ia ser apedrejada (Jo 8, 3-11) e enfrentou o mau-humor dos judeus conversando amigavelmente com a Samaritana (jo 4, 7-26), pois além de ser de Samaria (região de povo detestado pelos judeus), tinha vida irregular pois estava já no sexto consórcio marital.
Foram elas que O acompanharam em toda a Sua dolorosa Paixão; enquanto os homens, seus mais fiéis apóstolos, fugiam; foram elas que providenciaram o Seu enterro e a preparação de Seu Sagrado Corpo, levando-O até à sepultura. Todos os doze apóstolos e os 72 discípulos inicialmente escolhidos por Jesus Cristo eram homens. No entanto, onde estava este grupo de 84 homens no momento de Sua Paixão e morte? Fugiram todos. Havia muitas mulheres que os acompanhavam em suas pregações públicas, e a maioria delas foi mais fiel naquele terrível momento do que os próprios homens.
Apesar de ter os homens como seus discípulos e apóstolos, porém foi às mulheres que Nosso Senhor Jesus Cristo primeiro se manifestou após a Ressurreição. Sobre este assunto, vejamos abaixo os comentários do Pe. João Clá, extraídos da revista “Arautos do Evangelho” (*)

“Por que motivo teria escolhido as mulheres para Se manifestar, antes dos próprios Apóstolos?
Voltemos nossa atenção para uma passagem do Evangelho muito pouco analisada:
“Passado o sábado, Maria madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir a Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. E diziam entre si: Quem há de remover a pedra da entrada do sepulcro?” (Mc 16, 1-3).
Agiam impensadamente, ou seja, de modo substancialmente imperfeito, por várias razões. Sabiam que o cadáver havia sido ungido dois dias antes. Por que fazê-lo de novo? Ademais, tratava-se do corpo de uma pessoa falecida havia quarenta e oito horas. Por fim, é de bom senso que não se deve violar uma sepultura, qualquer que seja, e as leis romanas não toleravam uma transgressão desse tipo.
Havia dificuldades adicionais, como elas mesmas confessam: “Quem nos há de remover a pedra?” Naquela hora era improvável que encontrassem homens aos quais pudessem pedir tal serviço. E na hipótese de lá haver alguns, prestar-se-iam a realizar tarefa tão perigosa?
O sepulcro havia sido lacrado com todos os cuidados dos odientos adversários de Jesus, como sabiam os discípulos. Os príncipes dos sacerdotes e os fariseus “asseguraram o sepulcro, selando a pedra colocando guardas’ (Mt 27, 62-66). Como iriam elas convencer a lhes permitirem abrir o túmulo e retirar o cadáver?
E nada indica que elas tenham exposto seus planos a São Pedro e aos outros Apóstolos. É mais uma nota de imperfeição. Agiam por conta própria num assunto que poderia comprometer toda a Igreja nascente. Qualquer violação da sepultura deixaria a incipiente comunidade cristã em complicada situação diante das autoridades judaicas e romanas. O simples fato de chegarem a fazer aos vigias alguma proposta quanto ao cadáver daria razão aos príncipes dos sacerdotes e escribas, que haviam solicitado ao governador romano uma guarda diante do túmulo de Jesus, pois “seus discípulos poderiam vir roubar o corpo e dizer ao povo: Ressuscitou dos mortos”... (Mt 27, 64).
Outra questão de grande peso para a avaliação dos fatos é esta: por que Nossa Senhora não se juntou a elas? Terão perguntado à Mãe de Jesus se estava correto aquele modo de proceder?
Além do mais, elas mesmas não criam na Ressurreição. Do contrário, teriam preferido ficar nas proximidades do Santo Sepulcro, para aguardar os acontecimentos. Igualmente, não lhes teria ocorrido a idéia de embalsamar de novo o corpo, a fim de protegê-lo da agressividade do tempo e da decomposição.
Este juízo parece por demais severo, ainda que apoiado em autores de grande importância. E de fato o é. Acrescente-se a isto que os próprios Apóstolos consideravam a situação com a gravidade que estamos descrevendo. As terríveis notícias sobre os acontecimentos da Paixão do Senhor, que se haviam propagado por todos os lados, e o ódio que podiam sentir pairando no ar, haviam lhes incutido terror até o fundo da alma. Por isto estavam trancados no Cenáculo.
Ora, é precisamente em meio a esse clima de tragédia e pânico que aquele grupo de piedosas mulheres, sem muito refletir sobre as conseqüências de seus atos, resolve sair antes do raiar da aurora...

Apesar da sua imprudência, as mulheres não foram repreendidas

Podemos imaginar a enorme preocupação que tomou a todos no Cenáculo, ao darem por falta dessas mulheres. E também o alvoroço que deve ter havido e os olhares de reprovação, quando elas voltaram para contar o que haviam presenciado no túmulo de Jesus. Apóstolos e discípulos não só não acreditaram na narração, como atribuíram tudo à fértil imaginação feminina: “Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito” (Lc 24, 11). Ao narrar o episódio dos discípulos de Emaús, São Lucas lhes coloca nos lábios um lamento sobre tais mulheres, que haviam assustado a todos no cenáculo (Lc 24, 22).
Apenas São Pedro e São João resolveram se mover para certificar-se do que ouviram, e creram em Santa Madalena depois de examinarem o sepulcro de Jesus (Jo 20, 3-8).
No fim de tudo, as próprias mulheres se deram conta do perigo a que se haviam exposto e da imprudência cometida: “Elas saíram do sepulcro e fugiram trêmulas e amedrontadas; e a ninguém disseram coisa alguma (pelo caminho), por causa do medo” (Mc 16, 8). Esta é a reação característica dos imprudentes: antes do ato, o perigo não existe; após as primeiras configurações deste, o pânico.
Diante desses fatos, tornam-se incompreensíveis as atitudes de Nosso Senhor para com elas. Façamos uma breve recapitulação dos fatos:
1. Por escolha de Jesus, a precedência na pregação do Evangelho cabia aos homens (os doze apóstolos e 72 discípulos). Ora, o mais importante de todos os milagres, o fundamento de nossa fé, a Ressurreição do Senhor Jesus, não é comunicada aos homens em primeiro lugar, mas sim às mulheres. Elas são encarregadas pelo “raboni” de transmitir a Boa Nova para os próprios apóstolos e discípulos, a fim de que estes a anunciem pelo mundo. Por cúmulo, eles nem sequer chegam a lhes dar crédito... (Mc 16, 11).
2. Jesus manda dois Anjos (Lc 24, 4) para lhes comunicar o grande acontecimento (Lc 24, 6); Mc 16, 6; Mt 28, 6). É a primeira vez que no Evangelho deparamos com o termo “ressurreição” após a morte do Senhor.
3. Elas não só não recebem a menor recriminação da parte dos mensageiros celestes, mas são tratadas com enorme bondade e deferência. Um dos Anjos as recebe com palavras carinhosas, procurando logo de início desfazer-lhes o medo e mostrar-lhes que conhecia perfeitamente a alta razão que as movia até ali.
4. Como ficou visto mais atrás, Jesus apareceu a Maria, sua Mãe, logo após sair do sepulcro. Em segundo lugar, a Madalena (Jo 20, 16), com enorme ternura, chamando-a pelo nome. E, em terceiro, às outras mulheres, também com muita bondade, deixando que d’Ele se aproximassem e até osculassem seus pés (Mt 28, 9-10).

O amor puro por Jesus acaba compensando as imperfeições

A esta altura nos perguntamos por que essa diferença de atitude de Jesus, para com elas, de um lado, e para com os Apóstolos, de outro. O trato do Senhor para os Apóstolos é bem descrito por São Marcos: “Finalmente apareceu aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a sua incredulidade e dureza de coração, por não terem dado crédito aos que o viram ressuscitado” (Mc 16, 14). Sua primeira palavra, portanto, segundo o evangelista, é de censura para com eles. Que diferença! Por quê?
Não teria entendido nada dessa sublime lição quem afirmasse que Jesus quis dar preeminência à mulher sobre o homem. Não é este o caso. Na verdade, tais episódios deixam transparecer claramente a essência do Evangelho, que Nosso Senhor havia resumido nos seguintes termos: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). É no perfeito amor a Deus e ao próximo que está a síntese do Evangelho.
Era tão grande o amor que aquelas mulheres tinham por Jesus que até seu instinto de conservação havia se definhado, no que significasse ir ao encontro d’Ele. Carregavam imperfeições, mas o amor pelo Senhor era puro. E quando esse amor é assim acrisolado, Cristo mesmo toma sobre si a tarefa de aperfeiçoar as ações que a natureza humana decaída venha a realizar.
Com essa afirmação, não é nossa intenção fazer uma apologia da imprudência enquanto tal, mas ressaltar como as atitudes irrefletidas das santas mulheres do Evangelho eram compensadas pelo puro amor de Deus – a caridade”.

(*) Revista “Arautos do Evangelho” n. 4, de abril de 2002, artigo de João S. Clá Dias – págs. 13/17.

domingo, 28 de março de 2010

OS SOFRIMENTOS MORAIS DE NOSSO SENHOR DURANTE A PAIXÃO

Publicamos abaixo parte de um belíssimo texto sobre Paixão de Cristo, da lavra de grande personalidade religiosa: o Cardeal Newman. Convertido do anglicanismo para o Catolicismo, sua atuação contribuiu vivamente para trazer para o seio da Igreja vários anglicanos. Recentemente, o Vaticano iniciou seu processo de beatificação.

Cardeal Newman

O homem foi criado à imagem de Deus e essa imagem se encontra na alma; quando pois o seu Criador, por uma condescendência inexprimível, quis se revestir da natureza humana, tomou uma alma a fim de tomar um corpo; a fim de se unir a um corpo: tomou primeiro uma alma, depois o corpo de um homem. Tomou os dois ao mesmo tempo, mas nessa ordem: alma primeiro e corpo depois. Criou ele próprio a alma que tomou; mas o corpo, tomou-o da sagrada carne de sua Mãe, a Virgem.

Tornou-se, portanto, perfeitamente homem, com corpo e alma. E assim como tomou um corpo de carne e de nervos sujeito ao sofrimento e à morte, tomou uma alma capaz de experimentar não só aqueles sofrimentos físicos, mas também os que não são próprios dela. Sua missão expiatória não foi apenas sofrida no seu corpo; ela o foi também — pensemos! — em sua alma, na sua alma de homem.

Nos dias solenes que vão seguir, seremos especialmente chamados, caros irmãos, a considerar os seus sofrimentos corporais, sua prisão, suas idas e vindas de um lugar a outro; suas pancadas, suas feridas, sua flagelação; os espinhos, a cruz, os cravos... Todas essas coisas estão resumidas para nós no crucifixo, todas a um só tempo se acham representadas na carne sagrada que pende diante dos nossos olhos: a sua meditação se torna fácil. Não acontece o mesmo com os sofrimentos de sua alma. Não poderão ser pintados aos nossos olhos, não poderão ser devidamente sondados; pois excedem ao mesmo tempo os sentidos e o pensamento, posto que tenham precedido os seus sofrimentos corpóreos. A agonia — sofrimento da alma e não do corpo — foi o primeiro ato do seu terrível sacrifício, “Minha alma está triste até a morte”, disse ele. Sim se ele sofreu então no seu corpo, sofreu realmente na sua alma, pois o corpo não faz mais que transmitir o sofrimento à verdadeira sede e recipiente da angústia.

Vem muito à propósito insistir nesse ponto. Eu digo que não era o corpo que sofria, mas a alma no corpo; era a alma, e não o corpo, que era a sede dos sofrimentos do Verbo Eterno. Considerai que não pode haver dor real, mesmo quando há aparência de sofrimento, se não existe nenhuma sensibilidade interna, nenhum espírito que possa ser-lhe a sede. A árvore, por exemplo, é dotada de vida, tem órgãos e cresce; pode ser ferida e maltratada, secar e morrer; mas não pode sofrer, pois não tem espírito nem princípio sensível. Ao contrário, onde for encontrado esse princípio imaterial, a dor será possível, e será tanto maior quanto mais perfeito aquele. Se não tivéssemos espírito, seríamos tão insensíveis quanto as árvores; se não tivéssemos alma, sofreríamos apenas como os animais; mas sendo homens, sentimos a dor de um modo mais vivo, como convém aos seres dotados de alma.

Os seres vivos são pois mais ou menos sensíveis de acordo com o espírito que se encontra neles; os animais o são muito menos que o homem porque não podem pensar o que sentem: não têm nenhuma inteligência, nenhuma consciência direta dos seus próprios sofrimentos. O que nos torna a dor tão intolerável, é que não podemos desviar dela o pensamento enquanto a estamos sentindo. Lá está ela, diante de nós, reinando sobre o nosso espírito, atraindo o nosso pensamento como um ímã. Tudo o que dela nos distrai, a alivia e acalma: por isso é que os nossos amigos se esforçam por nos divertir quando sofremos, pois a diversão é justamente uma espécie de distração. Às vezes eles o conseguem, se a dor é leve, e nós deixamos de certo modo de sentir a dor que ainda sofremos. Pela mesma razão freqüentemente acontece nos machucarmos ao praticar algum esforço violento, sem que tenhamos a idéia de ter sentido a dor, comprovada no entanto pelas cicatrizes. Nas rixas e nas batalhas não é a dor geralmente que faz com que os combatentes percebam que estão feridos, mas a perda de sangue.

Vou mostrar-vos agora, meus irmãos, como pretendo aplicar essas reflexões aos sofrimentos de Nosso Senhor. Antes, porém, farei uma outra observação. É a seguinte: não há dor que seja por si mesma intolerável; só se torna intolerável por causa da duração. Às vezes a gente exclama que não agüenta mais um minuto, e o paciente procura deter a mão do cirurgião que persiste em fazê-lo sofrer: parece-lhe que já suportou tudo o que podia, como se fosse a continuidade da dor, e não sua intensidade, que a tornasse intolerável. Que significa isto, senão que a lembrança dos momentos de dor que precederam age sobre a dor que segue e, de certo modo, a aviva? Se pudéssemos tomar isoladamente o terceiro, o quarto ou o vigésimo momento da dor, e esquecer a série dos que os precederam, ele não se tornaria mais intenso que o primeiro e seria tão suportável quanto aquele; o que o torna insuportável é ser ele o vigésimo e nele se concentrarem todos os outros: o primeiro, o segundo, o terceiro, até o décimo-nono — cada novo momento de dor aumentando, aumentando sem cessar, com o peso dos anteriores. Daí vem, repito, o fato de que os bichos pareçam geralmente quase insensíveis à dor: é que não são dotados de reflexão nem consciência. Não sabem que existem; não olham para diante nem para trás; o instante que passa é tudo para eles: passeiam à superfície da terra, vendo isto ou aquilo, experimentando prazer ou sofrimento, mas tomam as coisas como vêem e as deixam ir do mesmo modo, tal o homem, em sonhos. Eles têm memória, mas não a dos homens inteligentes, pois não estabelecem relações entre as coisas, incapazes de coordenar as sensações particulares que vão experimentando; nada, além dessas sensações, tem para eles realidade ou substância: um certo número de expressões sucessivas, eis tudo o que eles sentem. E é por isso que não sentem a dor, como várias outras coisas, senão de forma mitigada, a despeito das manifestações exteriores que porventura dão. É o fato de perceber intelectualmente a dor como um todo difuso através de movimentos sucessivos que dá a essa dor sua força e sua particular acuidade. E só a alma, de que está privado o animal, é capaz de tal compreensão.

Aplicai agora isso aos sofrimentos de Nosso Senhor. Estais lembrados de que lhe ofereceram vinho com mirra no momento de o crucificarem? Não o quis beber; e por quê? Porque essa bebida ter-lhe-ia entorpecido o espírito, e ele havia decidido experimentar a dor em toda a plenitude. Isto vos revela, meus irmãos, o caráter dos seus sofrimentos: ele os teria voluntariamente evitado, se tal tivesse sido a vontade de seu Pai “Se é possível” — dissera ele — “afastai de mim este cálice”. Mas não sendo possível aquilo, perguntou serenamente ao apóstolo que o queria subtrair ao suplício: “Por que não beberia eu o cálice que meu Pai me quis dar?” Já que devia sofrer, entregava-se ao sofrimento, e não viera para sofrer o menos possível; não se desviou da dor, mas fez-lhe frente: desafiou-a, se posso dizer, a fim de que ela se imprimisse cabalmente nele, em cada instante.

E assim como os homens, superiores aos animais, são mais sujeitos à dor por causa do espírito que reside neles e que dá à mesma uma substância; assim Nosso Senhor experimentou a dor no seu corpo com uma consciência — e portanto, com uma vivacidade, uma intensidade e uma unidade de percepção — que nenhum de nós pode sondar, de tal modo sua alma estava plenamente em seu poder, completamente livre de toda distração, inteiramente ligada à dor, absolutamente entregue e submetida ao sofrimento. Pode-se assim dizer que ele sofreu inteiramente sua Paixão, em todos os instantes.

Lembrai-vos que o nosso bem-amado Senhor, posto que fosse inteiramente homem, divergia de nós num ponto: havia nele um poder mais alto que a sua alma, que governava a sua alma, pois era Deus. As almas dos outros homens estão submetidas aos desejos, aos sentimentos, aos impulsos, às paixões, às perturbações que lhe são próprias, enquanto a alma de Nosso Senhor não estava submetida senão à sua divina pessoa. Nada chegava à sua alma por efeito súbito do acaso; jamais foi encontrado desprevenido; nada o atingiu sem que ele o tivesse querido. Jamais seu espírito se afligiu, temeu, desejou ou se alegrou, sem que ele tivesse antes querido se afligir, temer, desejar ou alegrar-se. Quando sofremos, é porque os agentes exteriores e as emoções incoercíveis do nosso espírito nos forçam a tal. Sofremos involuntariamente a disciplina da dor; sofremos mais ou menos vivamente, segundo as circunstâncias; nossa paciência é mais ou menos posta à prova, e fazemos o que podemos para aliviar ou extinguir a dor. Somos incapazes de prever em que medida ela se abaterá sobre nós, nem quanto tempo a poderemos suportar; quando passou, não sabemos dizer ao certo porque sofríamos, nem o que sofríamos, nem porque não suportáramos melhor o nosso fardo.

Deu-se o contrário com Nosso Senhor. Sua divina pessoa não estava sujeita, não podia estar sujeita e exposta à influência de suas afeições e sentimentos, a não ser quando o quisesse. Repito que, quando ele queria temer, ele temia; irritava-se quando queria irritar-se; afligia-se quando queria estar aflito. Não estava exposto à emoção, mas expunha-se voluntariamente à influência que o devia comover. Por isso, quando resolveu sofrer os sofrimentos de sua Paixão expiatória, tudo o que ele fez, o fez segundo a expressão do Sábio: instanter, com diligência; aplicando nisso todo o seu poder, não o fez pela metade; não procurou, como nós, desviar da dor o seu espírito; — como o teria feito, ele que viera para sofrer, que não podia sofrer senão por sua própria vontade? Não falou, retirando depois suas palavras; não agiu, negando os atos em seguida; mas falou e agiu; e disse: “Eu venho fazer a vossa vontade, ó meu Deus; não quisestes sacrifício nem oferenda, mas me formastes um corpo”. Ele tomou um corpo para poder sofrer; fez-se homem para poder sofrer como os homens; e quando chegou a sua hora — a hora de Satanás e das trevas — a hora em que o pecado devia derramar sobre ele toda a sua malícia — ofereceu-se a si próprio, inteiro, em holocausto, em total oblação.

E assim como, estendido sobre a cruz, ofereceu o seu corpo todo, foi também todo o seu espírito, toda a sua lucidez, toda a sua sensibilidade, que apresentou aos seus algozes: não uma aceitação virtual ou uma submissão a contragosto, mas uma intenção presente e absoluta. Sua paixão foi um ato: sua energia vital atingira o auge, quando jazia desfalecido e agonizante. E se morreu, foi por um ato da vontade: inclinou a cabeça não apenas em sinal de resignação, mas de comando: “Meu Pai, nas vossas mãos entrego o meu espírito”. Pronunciou estas palavras e entregou a sua alma, sem a perder no entanto.

Vedes, meus caros irmãos, que ainda que Nosso Senhor tivesse sofrido apenas no seu corpo, e ainda que tivesse sofrido menos que os outros homens, teria no entanto sofrido infinitamente mais, já que a dor deve ser medida pela tomada de consciência da mesma. Era Deus que sofria; Deus sofria na sua natureza humana, e os sofrimentos pertenciam a Deus: foram bebidos, sorvidos até a última gota, porque era Deus que os bebia. Não se contentou em provar o cálice, mas bebeu — sem disfarçá-la com remédios, como fazem os homens — a taça toda da angústia. E o que acabo de dizer servirá de resposta a uma objeção que vou agora formular, porque existe talvez em estado latente no espírito de alguns, fazendo-os ignorar a parte que tomou, na sua misericordiosa expiação, a alma de Nosso Senhor.

Como sua agonia começasse, Nosso Senhor falou: “Minha alma está triste até a morte”. Perguntar-me-eis talvez, caros irmãos, se ele não dispunha de certas consolações particulares, impossíveis em outro, que lhe aliviavam ou amorteciam a penúria da alma, fazendo-o portanto sofrer menos intensamente que um homem comum. Possuía, por exemplo, o sentimento de inocência a tal ponto que nenhum outro poderia possuir: os seus próprios perseguidores, o próprio apóstolo que o traíra, os próprios soldados que o executaram, o atestam: “Condenei o sangue inocente”, disse Judas; “Estou puro do sangue desse justo”, declarou Pilatos; “Na verdade, esse homem era justo”, exclamou o centurião. Se esses mesmos, pecadores que eram, atestaram-lhe a inocência — quanto mais não haveria de proclamá-la o seu próprio coração! Ora, e se nós mesmos, por pecadores que sejamos, sabemos bem que do sentimento de nossa inocência ou culpabilidade depende nossa força de resistência à hostilidade e à calúnia — quanto mais, em Nosso Senhor, o sentimento de sua santidade não devia compensar seus sofrimentos e aniquilar a sua vergonha! Além do mais (direis ainda), ele sabia que os seus sofrimentos eram breves e que seriam coroados de alegria, enquanto que a incerteza do futuro é o elemento mais cruel da angústia humana: não poderia conhecer a ansiedade, pois não havia incerteza para ele; nem o abandono ou o desespero, pois não foi jamais abandonado. E isso nos é confirmado por São Paulo, que diz expressamente: por causa da alegria que lhe era prometida, Nosso Senhor “desafiou a vergonha”.

Sem dúvida deu demonstração em todos os seus atos de calma e sangue-frio maravilhosos. Considerai seus conselhos aos apóstolos: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação; o espírito é pronto, mas a carne é fraca”; ou o que ele disse à Judas: “Meu amigo, por que vieste? Com um beijo tu trais o Filho do Homem?”; ou o que disse a Pedro: “Todos aqueles que tomarem uma espada perecerão pela espada”; ou suas palavras ao homem que lhe bateu na face: “Se falei mal, provai o que disse de mal; se falei bem, por que me bateis?”; ou o que disse à sua Mãe: “Mãe, eis o teu filho”.

Tudo isso é verdade, e merece ser frisado, mas está perfeitamente de acordo com o que acabo de dizer; ou melhor, o ilustra. Afirmá-lo, meus irmãos, equivale a constatar que Nosso Senhor (para empregar uma expressão humana) foi sempre ele mesmo. Seu espírito era, nele, o seu próprio centro; jamais perdeu, em grau ínfimo que fosse, seu celeste e perfeito equilíbrio. O que Nosso Senhor sofreu, sofreu-o porque se expôs ele próprio ao sofrimento — e deliberada, e serenamente. Assim como dissera ao leproso: “Eu o quero; sara”; ao paralítico: “Que teus pecados te sejam perdoados”; ao centurião: “Eu vou curá-lo”; e de Lázaro: “Eu vou despertá-lo do seu sono”; — assim também disse: “Agora eu vou começar a sofrer” e deu início à Paixão. Sua tranqüilidade não é senão a prova do inteiro domínio que tinha sobre a sua alma. Tirou, no momento oportuno, os ferrolhos e as cadeias, abriu as portas, e as torrentes invadiram-lhe o coração com todo o ímpeto. Eis o que S. Marcos nos diz dele, e o escutou da própria boca de S. Pedro, que foi uma das três testemunhas: “Vieram”, diz S. Marcos, “a um lugar chamado Gethsémani: e ele disse a seus discípulos: Sentai-vos aqui enquanto eu rezo. Conduziu consigo Tiago, Pedro e João, e começou a ser invadido pelo terror e o abatimento”. Bem vedes como é deliberadamente que ele age: vai a um certo lugar, dá uma ordem precisa, retira à sua alma o sustentáculo da divindade — e logo ruem sobre ele o terror, a angústia, o abandono. Entra na agonia moral por um ato tão definido como se tratara de qualquer sofrimento físico, o fogo ou a roda.

Assim sendo, vedes logo, meus caros irmãos, como é fora de propósito dizer que Nosso Senhor pudesse ter sido sustentado nas suas provações pelo sentimento de sua inocência e a antecipação de seu triunfo, pois suas provações consistiam justamente na retirada desse sentimento e dessa antecipação, como de qualquer outro motivo de consolo. O mesmo ato de vontade que entregava sua alma à influência de uma determinada angústia, a entregava ao mesmo tempo à influência de todas as angústias. Não foi uma luta entre impulsos e idéias contrárias, vindas de fora, mas o efeito de uma resolução interior. Assim como os homens que se controlam podem se concentrar à vontade num tema ou noutro, assim Nosso Senhor recusou deliberadamente todo conforto, e se fartou de dor. Naquele instante não pensava no futuro: pensava apenas no fardo que lhe pesava na alma e que viera justamente carregar sobre os ombros.

Mas qual será, meus irmãos, esse fardo que Nosso Senhor teve de carregar quando abriu assim a sua alma à torrente do sofrimento? Era um fardo que conhecemos bem — ai de nós! — que nos é bastante familiar, mas que representava, para ele, um tormento inexprimível. Teve de carregar um peso que transportamos tão facilmente, tão naturalmente, tão à vontade, que custamos a imaginá-lo como um grande suplício. Mas, para ele, tinha o cheiro da morte, o cheiro envenenado da morte. Teve, meus caros irmãos, de carregar o peso do pecado; teve de carregar os nossos pecados; os pecados do mundo inteiro.

O pecado nos parece leve, fazemos pouco caso dele, e não compreendemos por que motivo o Criador o tem em tão grande conta: não conseguimos crer que ele mereça ser castigado; e, quando já aqui no mundo recebe o seu castigo, arranjamos uma explicação qualquer para isso, e desviamos o pensamento. Mas, considerai o que o pecado é em si mesmo: é uma rebelião contra Deus; é o gesto do traidor que procura destronar o seu soberano e eliminá-lo; é um ato que, para usar uma expressão bem forte, chegaria a aniquilar o próprio Senhor do mundo, se ele pudesse ser aniquilado. O pecado é o inimigo mortal do Altíssimo, de modo que o pecado e ele não podem permanecer juntos; e, assim como o Altíssimo lança o pecado fora da sua presença para as trevas exteriores — assim, se Deus pudesse ser menos que Deus, o pecado é que teria o poder de transformá-lo em tal.

E notai, caros irmãos, que quando o Amor todo-poderoso entrou, pela sua encarnação, nesse sistema criado e se submeteu às suas leis — logo esse adversário do bem e da verdade, aproveitando a ocasião, se lançou sobre aquela carne divina, agarrou-se a ela e a fez morrer. A inveja dos Fariseus, a traição de Judas e a insensatez do povo não eram mais que o instrumento ou a expressão da iniqüidade que o pecado sentia pela Eterna Pureza, desde que, na sua infinita misericórdia pelos homens, Deus se pusera ao seu alcance. O pecado não lhe podia atingir a Majestade divina, mas podia assaltá-lo, como ele próprio o consentia, por intermédio da humanidade que assumira. E o desfecho, a morte do Deus encarnado, nos ensina, meus irmãos, o que é o pecado em si mesmo, e qual o fardo que ia cair, num dado momento e com todo o peso, sobre a natureza humana de Deus — quando permitiu que essa natureza fosse invadida pelo terror e a agonia.

Nessa hora tão terrível, portanto, o Salvador do mundo se pôs de joelhos, recusando as garantias de sua divindade, afastando os anjos solícitos, prontos a responder por miríades ao seu apelo; abriu os braços e descobriu o peito para se expor, na sua inocência, ao assalto do inimigo — um inimigo cujo hálito era uma peste e cujo abraço, uma agonia. Lá estava de joelhos, imóvel e silencioso, enquanto o impuro demônio envolvia-lhe o espírito numa veste banhada no que o crime humano tem de mais hediondo e mais atroz; enquanto o demônio invadia a sua consciência, penetrava-lhe em todos os sentidos, em todos os poros do seu espírito, estendendo sobre ele a sua lepra moral — até que se sentisse quase transformado naquilo que ele não poderia ser jamais, naquilo em que seu inimigo teria querido transformá-lo. Qual não foi o seu terror quando, ao se contemplar, não mais de reconheceu: quando se sentiu igual a um impuro e detestável pecador, na sua percepção aguda desse amontoado de corrupções que lhe choviam sobre a cabeça e escorriam até a extremidade da sua veste! Qual não foi o seu espanto, quando viu que seus olhos, suas mãos, seus pés, seus lábios, eram como membros de um mau, e não mais os de um Deus! Serão as do Cordeiro imaculado, essas mãos, outrora inocentes, rubras agora de milhões de atos bárbaros e sanguinários? Serão os do Cordeiro, esses lábios que não mais pronunciam orações e louvores, manchados que estão pelos perjúrios, as blasfêmias e as doutrinas diabólicas? Serão os do Cordeiro, esses olhos profanados pelas visões malignas e as fascinações dos ídolos, pelos quais deixaram os homens o seu adorável Criador? Seus ouvidos ressoam o tumulto das festas e dos combates; seu coração está gelado pela avareza, a crueldade e a ingratidão; sua própria memória está carregada de todos os pecados cometidos depois da Queda em todas as regiões do mundo: o orgulho dos antigos gigantes, a luxúria das cinco cidades, o endurecimento do Egito, a ambição de Babel, a ingratidão e o desprezo de Israel. Quem não conhece a tortura de uma idéia fixa, que volta sem cessar, por mais que a queiramos repelir, e que, não podendo nos reduzir, nos obseda? Ou a de um pensamento sufocante e odioso, que de modo nenhum nos pertence, mas que nos foi imposto de fora para dentro? Ou a de fatal conhecimento, adquirido ou não por nossa culpa, mas do qual daríamos tudo para sermos imediatamente libertados?

Eis os inimigos que, aos milhões, se comprimem em torno de vós, ó Senhor! Que sobre vós se abatem em nuvens mais numerosas que as dos gafanhotos, das moscas e das rãs enviadas contra o Faraó. Estão aí todos os pecados. Os pecados dos vivos, dos mortos e daqueles que ainda não nasceram. Dos condenados e dos eleitos. Do vosso povo e dos povos estrangeiros. Dos pecadores e dos santos. E vossos bem-amados estão também presentes: vossos santos, vossos escolhidos, vossos três apóstolos: Pedro, Tiago e João — não para vos consolar porém, mas para vos acabrunhar, “lançando o pó contra os céus”, como os amigos de Jó, amontoando maldições sobre a vossa cabeça.

Estão todos aí, menos uma criatura. Uma só não está aí; uma só. Porque ela, que nunca teve parte no pecado, era a única que vos podia consolar; é por isso que está ausente. Virá para perto de vós quando estiverdes na cruz; mas no jardim, permanecerá afastada. Foi a vossa companheira e a vossa confidente por toda a vida; trocou convosco os pensamentos e as reflexões de trinta anos: mas seu ouvido virginal não poderia captar, nem seu coração imaculado conhecer, o que se oferece agora à vossa vista. Esse fardo, só Deus mesmo é que o pode carregar. Às vezes mostrastes a alguns dos vossos santos a imagem de um pecado apenas, tal como aparece à luz da vossa Face (e a imagem de um pecado venial, não de um mortal); e eles nos disseram que esse espetáculo quase os ia matando, que os teria de fato morto, se não tivesse sido logo desviado de seu olhar. A Mãe de Deus, apesar de toda a sua santidade, ou antes, por causa dela, não teria podido suportar a vista de um só desses inumeráveis prepostos de Satanás que vos cercam agora.

Na verdade, é a longa história de um mundo, e só Deus é que pode carregar-lhe o peso. Esperanças desfeitas, votos partidos, luzes extintas, advertências desprezadas, ocasiões perdidas; inocentes enganados, jovens endurecidos, penitentes que caem de novo, justos abatidos, velhos sem rumo; sofismas da incredulidade, cegueira das paixões, obstinação do orgulho, tirania do hábito, verme roedor do remorso, febre do mundanismo, angústia da vergonha, amargor das decepções, agonia do desespero; tais são as cenas cruéis, dilacerantes, revoltantes, detestáveis, enlouquecedoras, que, todas juntas, se oferecem a ele. As vítimas voluntárias da rebelião — faces transtornadas, lábios convulsos e as frontes sombrias — estão sobre ele, estão nele. Ocupam o lugar daquela paz inefável que não cessou de habitar-lhe a alma desde a sua concepção. Estão sobre ele, e parecem, quase, suas. Ele invoca o seu Pai como se fora o criminoso, e não a vítima. Sua agonia toma a aparência da culpabilidade e da compunção. Faz penitência; confessa-se. Faz ato de contrição de um modo infinitamente mais real, infinitamente mais eficaz que todos os santos e todos os penitentes juntos. Porque ele é para nós todos a única vítima, o único holocausto expiatório, o verdadeiro penitente — sem ser no entanto o verdadeiro pecador.

Ele se ergue dolorosamente; volta-se para contemplar o traidor e o seu bando, que deslizam furtivamente na sombra profunda. Olha; e vê o sangue nas suas vestes, o sangue nas pegadas dos seus pés. De onde vêm essas primícias da paixão do Cordeiro? As varas dos soldados ainda não lhe tocaram as espáduas; nem os cravos do carrasco, as suas mãos e pés. Meus irmãos, ele derramou o seu sangue antes da hora. Sim, ele espalhou seu sangue. Foi sua alma agonizante que partiu o invólucro de carne para o fazer brotar...

Sua paixão começou dentro dele próprio. Esse coração supliciado, sede de ternura e amor, se pôs a palpitar, a bater com veemência que excede a natureza. “As fontes do grande abismo se romperam”; os rios de sangue se chocaram com tanto ímpeto e furor, que transbordaram as veias, brotaram pelos poros e formaram um orvalho espesso por toda a superfície do corpo. Pois as gotas deslizaram, grossas e pesadas, inundando o chão.

“Minha alma está triste até a morte”, disse ele. Já se disse, a respeito da epidemia que atualmente nos aflige, que ela começa pela morte, evidenciando, assim, que ela não conhece fases nem crises, que toda esperança está perdida quando ela se declara, e que o que aparece como evolução não é senão agonia mortal e processo de dissolução. Assim, posto que num sentido muito mais elevado, nossa vítima expiatória começou por essa paixão de dor. E se ela não morreu, foi porque sua vontade todo-poderosa impediu seu coração de quebrar-se e sua alma de separar-se do corpo antes que tivesse sofrido na cruz. Não. Nosso Senhor ainda não esgotou o cheio cálice, de que sua fraqueza natural se tinha de início desviado. O aprisionamento, a acusação, a bofetada, a paixão, o julgamento, as zombarias, as idas e vindas de um lugar para outro, a flagelação, a coroa de espinhos, a lenta subida ao Calvário, e a crucifixão — tudo isto viria ainda. Será preciso que uma noite e um dia se passem lentamente, hora por hora, antes que chegue o fim, que a crucifixão seja consumada.

Depois, quando o momento fixado veio e que ele deu a sua ordem, sua paixão terminou com sua alma, como com ela havia começado. Não morreu de esgotamento corporal, nem de dor corporal; seu Coração supliciado se partiu, e ele entregou o espírito ao seu Pai.

* * *

Ó Coração de Jesus, ó Todo Amor, eu vos ofereço essas humildes súplicas por mim mesmo e por todos que se unem a mim em espírito para vos adorar. Ó santíssimo Coração de Jesus, eu me proponho renovar e vos oferecer esses atos de adoração e essas orações por mim mesmo, miserável pecador que sou, e por todos os que estão associados na vossa adoração. Eu me proponho renová-la em todos os instantes, até meu último alento. Eu vos recomendo, ó meu Jesus, a Santa Igreja, vossa cara Esposa e nossa verdadeira Mãe, as almas que praticam a justiça, todos os pobres pecadores; os aflitos, os moribundos e todo o gênero humano. Não permitais que o vosso sangue tenha sido derramado por eles em vão. E dignai-vos enfim aplicar os seus méritos para o consolo das almas do Purgatório, especialmente daquelas que, no correr de sua vida, vos adoraram com devoção.

(A Ordem, Março – Abril, 1951)

sábado, 27 de março de 2010

"Elefantes cristãos" vingam sangue dos mártires católicos de Orissa

Autor: Fr. Sunil De Silva -Site da Arquidiocese de Colombo

Em julho de 2008, uma intensa perseguição aos cristãos se desencadeou no estado indiano de Orissa. Mais recentemente, um evento estranho e dramático vem ocorrendo em Orissa: manadas de elefantes selvagens começaram a destruir as aldeias onde moram alguns dos piores perseguidores dos cristãos durante os passados distúrbios. Como os homens recusam-se a fazer justiça, permitindo que fique impune a perseguição aos justos, Deus permite que a própria natureza se encarregue disso. Leiam abaixo o texto do padre Sunil:

Em julho de 2008, uma intensa perseguição aos cristãos se desencadeou no estado indiano de Orissa [Bahia de Bengala, parte oriental da Índia)]. Uma freira de 22 anos de idade foi queimada até a morte quando multidões enfurecidas incendiaram um orfanato na aldeia de Khuntpali, distrito de Barhgarh. Outra freira foi estuprada por uma gangue em Kandhamal, turbas atacaram igrejas, queimaram veículos, casas de cristãos foram destruídas, e o Pe. Chellen Thomas, diretor do centro de pastoral que foi destruída com uma bomba, escapou por pouco depois que uma turba de hindus quase ateou fogo nele. O resultado final foi de mais de 500 cristãos mortos, e milhares de outros feridos e desabrigados depois de que suas casas foram reduzidas a cinzas.

Mais recentemente, um evento estranho e dramático vem ocorrendo em Orissa, que tem deixado a muita gente falando dele e se interrogando.

Nos últimos meses, manadas de elefantes selvagens começaram a destruir as aldeias onde moram alguns dos piores perseguidores dos cristãos durante os passados distúrbios. Em uma aldeia, onde, em agosto do ano passado, os cristãos tiveram de fugir para salvar suas vidas, enquanto suas casas eram destruídas pelos manifestantes, uma manada de elefantes surgiu da floresta circundante exatamente um ano depois, em julho de 2009, na mesma hora do dia do ataque.

Estes elefantes primeiro atacaram uma máquina de triturar pedra, de propriedade de um dos principais líderes do movimento perseguidor. Em seguida, passaram a destruir sua casa e fazendas. Centenas de aldeões foram obrigados a se refugiar em acampamentos no estado indiano de Orissa, após repetidos ataques de uma manada de elefantes.

Nas últimas semanas sete pessoas foram mortas e várias outras ficaram feridas em ataques perpetrados por um rebanho de 12-13 elefantes, no distrito de Kandhamal.

Mais de 2.500 pessoas que vivem em 45 vilarejos foram afetadas pelos ataques, afirmou o chefe distrital Krishen Kumar.

Não é claro, contudo, por que essa manada de elefantes tem migrado do refúgio animal de Lakheri, em um distrito vizinho. Kumar disse que o
rebanho tinha percorrido cerca de 300 km até Kandhamal, e inclusive penetrou numa cidade do distrito. Funcionarios especialzados em animais selvagens têm acampado no local dos ataques, tentando descobrir por que os elefantes saíram do seu santuário. Os moradores dizem que os elefantes atacam suas áreas em manadas, causando grande destruição.

Ganhando impulso, eles invadiram outras casas de famílias não-cristãs, demolindo hortas, em particular das casas dos perseguidores, e deixando intocados os lares cristãos.

Estes estranhos ataques têm-se espalhado, e de acordo com um relatório, os elefantes já tem destruido mais de 700 casas em 30 aldeias, e matado cinco pessoas. Ninguém nesta área tinha jamais visto ou sequer imaginado a singular aparição de uma manada de elefantes selvagens como estes. Os elefantes não são elefantes normais; eles parecem estar cumprindo uma missão.

Geralmente, primeiro os elefantes menores ingressam numa aldeia, parecendo fazer um reconhecimento da comunidade. Voltam então ao rebanho maior, e logo segue a vez dos elefantes maiores, que deixam o trabalho feito.

O "ministro associado" da Índia, afirmou: "Nós achamos que isto pode ter algo a ver com uma vingança do sangue dos mártires". De fato, o temor de Deus baixou sobre o povo local, que têm chamado estes elefantes de "elefantes cristãos".

Com pouca ajuda vinda da administração, os moradores tem feito bloqueios de estradas. "Os elefantes destruíram plantações e casas selecionadas. Mas os funcionários também expressam desamparo". Não há um habitat permanente de elefantes em Sundargarh. Eles vêm de Bihar, Chhattisgarh e Jharkhand, onde seus habitats tem se reduzido. Mas não está claro como e por que esses elefantes chegram até Orissa.

Humanae Vitae, uma encíclica profética

Profecias da Humanae Vitae

Padre Paul Marx, OSB
Em 25/07/1968, a encíclica Humanae Vitae, do Papa Paulo VI, reafirmou o ensinamento católico sobre vida, amor e a sexualidade humana. Neste documento, ele listou as consqüências da rejeição do ensinamento católico.
Ele predisse que:
1 - A contracepção levaria à infidelidade conjugal.
2 - A prática contraceptiva levaria à "degradação da moralidade".
3 - A contracepcão levaria os homens a não mais respeitarem as mulheres em geral e os levaria a tratar as mulheres como "simples instrumento de prazer egoísta e não mais como sua companheira respeitada e amada".
4 - E por último, a ampla aceitação da contracepção pelos casais levaria à imposição massiva da contracepção por governos inescrupulosos.
Em outras palavras, o Papa Paulo VI predisse que a contracepção evoluiria de um simples "escolha de um estilo de vida" para uma arma de destruição em massa. Quão terrivelmente esta profecia tem sido confirmada por programas de controle populacional e esterilização coercitiva, por quotas de redução de fertilidade e pela promoção do aborto por todo o planeta.
A contracepção, destruindo a integridade do ato marital -- unitivo e procriativo -- trouxe terríveis conseqüências para a sociedade e para nossas almas. Contracepção, em outras palavras, é a rejeição da visão da realidade a partir de Deus. É um golpe dirigido à mais íntima esfera de comunhão conhecida pelo homem à exceção do Santo Sacrifício da Missa. É um veneno degradante que elimina a vida e o amor no matrimônio e na sociedade.
Através da quebra da conexão natural e divinamente ordenada entre sexo e procriação, homens e mulheres -- especialmente os homens -- voltariam suas atenções unicamente para as possibilidade hedonísticas do sexo. As pessoas não mais veriam o sexo como algo que está intrinsecamente ligado a uma nova vida e ao sacramento do matrimônio.

Alguém duvida que é exatamente este o ponto onde nos encontramos hoje em dia?
Transcrito do blog "Contra o Aborto"

sexta-feira, 26 de março de 2010

História completa das aparições de Nossa Senhora no Egito

Aparições de Nossa Senhora no Egito completam 40 anos

As aparições se iniciaram no dia 02 de abril de 1968 e prolongaram-se por dois anos até 1970. Algum tempo depois, a igreja da aparição foi visitada pelo presidente do Egito, o qual, em seguida, fez um donativo ao templo. Como ele era muçulmano, adredita-se que tenha sido este o motivo de ter sido assassinado logo depois.

São Ludgero de Munster

São Ludgero de Munster ou de Ultrecht

Nasceu em 743 em Zuilen, Friesland (moderna Holanda)

Filho de Thiadgrim e Liafburg, de família nobre. Irmão dos Santos Gerburgis e Hildegrin. Ouviu São Bonifácio pregar em 753 e decidiu entrar para a vida religiosa. Estudou sob a direção de São Gregório de Ultrecht (do qual escreveu sua biografia). Estudou na Inglaterra três anos sob a direção de Santo Alcuin, diácono.

Retornou a Holanda em 773, como missionário. Foi enviado a Deventer, em 775, para restaurar uma capela destruída pelos pagãos saxões e recuperar as relíquias de São Lebwin que havia construído a capela. Destruiu ídolos pagãos e locais de cultos pagãos na área o este de Lauwers Zee e converteu vários, e aquela área tornou-se cristã após a sua estadia. Notável pregador. Ensinou na escola de Ultrecht

Foi ordenado em Colonha, em 777; depois, trabalhou como missionário em Friesland, principalmente ao redor de Ostergau e Dokkum, de 777 até 784. Retornava a cada outono a Ultrecht para ensinar na escola da Catedral; deixou a área em 784, quando os Saxoes invadiram e expulsaram todos os padres.

Foi em peregrinação a Roma, em 785, e encontrou-se com o Papa Adriano I e os dois trocaram conselhos.Viveu como monge beneditino em Monte Casino, de 785 a 787, mas não tomou os votos. A pedido do Rei Carlos Magno ele retornou a Friesland como missionário; bem sucedido nesta expedição, construiu um Monastério em Weden, para servir de base as suas jornadas. Diz à tradição que curou vários cegos. Curou e converteu o cego pagão Berulef. Com isso, converteu mais pagãos que todo o exército de Carlos Magno.

Recusou o bispado de Trier em 793. Em seguida, foi missionário entre os Saxões. Construiu um Monastério em Mimigernaford, para centro do trabalho missionário e serviu como Abade. A palavra “monasterium” levou o nome para cidade que cresceu ao redor da casa em Munster. Construiu várias pequenas capelas em toda a região. Foi o primeiro Bispo da Munster em 804, sendo consagrado em Wesphalia.

Sua saúde piorou nos últimos anos, mas ele nunca reduzia a sua carga de trabalho.

Não interessava quão perigoso ou trabalhosa fosse a sua vida fora do Monastério: Lugero nunca deixou de ter tempo para as orações e meditações. A sua vida pode ser resumida em dois fatos:

Ele recebeu uma repreensão quando Bispo porque gastava mais em caridade que na decoração das igrejas e, no dia de sua morte, celebrou a Missa duas vezes.

Faleceu na tarde de 26 de março de 809 (sábado da Paixão) de causas naturais e foi enterrado em Werden.

Seu túmulo se tornou local de peregrinação e vários milagres foram creditados a sua intercessão. Assim, suas relíquias foram trasladadas para a Catedral de Munster, onde tem o seu santuário.

Na arte litúrgica da Igreja ele é representado como um bispo segurando uma Catedral ou como um bispo com um cisne ao seu lado ou como um bispo recitando seu breviário.

Sua festa é celebrada no dia 26 de março.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Saiba mais sobre o terremoto ocorrido no Haiti



Veja os comentários dos cientistas neste vídeo da Discovery

Histórias para crianças pela internet

Você agora pode ter acesso a belas histórias dedicadas a crianças, ou mesmo aos adultos, através da internet. É que os Arautos do Evangelho estão disponibilizando esse recurso através do link "Histórias para crianças". Lá você verá vários contos ou histórias de valor moral incalculável para a educação de seus filhos, como, por exemplo "O Papagaio que sabia dizer Ave Maria" , "O barqueiro e o "sábio" e muitas outras.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Aids em Homossexuais masculinos: 44 vezes mais riscos de contágio

Tem-se repetido amiúde que o chamado “grupo de risco” para o maior contágio da AIDS na sociedade não é mais o dos homossexuais masculinos. Com a disseminação da doença, diz-se que hoje não há mais grupo social que é o seu principal propagador. É claro que esta afirmação gratuita nunca foi confirmada por nenhuma pesquisa. Agora, prova-se o contrário: os homossexuais masculinos continuam sendo o principal “grupo de risco” propagador da doença. Pior: o índice de perigo de contágio tem aumentado entre eles.
Um informe do Centro de Controle de Enfermidade dos Estados Unidos (“Center for Disease Control – CDC”) adverte que os homossexuais masculinos (os chamados “gays”) têm 44 vezes mais riscos de contágio de AIDS e sífiles do que as demais pessoas. O informe foi divulgado por ocasião de uma conferência nacional de prevenção das enfermidades de transmissão sexual (DST).
Segundo o CDC, a taxa de diagnósticos de HIV entre homens que têm relações com outros homens é “44 vezes mais altas que em outros homens e 40 vezes mais alta que entre as mulheres”. A análise foi feita numa categoria de casos escolhidos numa proporção aproximada entre 522 a 989 numa população de 100 mil. A propósito da pesquisa, o Dr. Kevin Fenton, diretor do CDC para a prevenção de AIDS, hepatite viral, DST e tuberculose, assegurou que este alto índice entre homossexuais masculinos já é conhecido há muitos anos. Se assim é, não responde ele porque somente agora estes dados são divulgados...
A seguir disse uma coisa óbvia: “...não podemos deter nos Estados Unidos esta epidemia de HIV até que cada comunidade infectada, junto com as autoridades, priorizem as necessidades de prevenção dos homens homossexuais e bissexuais”. No final é constatado que a população de homossexuais masculinos e bissexuais nos Estados Unidos só chega a 2 por cento da população entre os que têm mais de 13 anos de idade, e de 4 por cento entre o resto das faixas etárias.

Não se entende por que uma minoria tão irrisória consiga hoje impor seus pontos de vistas e suas metas na sociedade moderna, especialmente em certos órgãos da mídia e políticos inescrupulosamente imorais.

Falece o Padre Marx, aquele que ensinou o mundo inteiro como defender a vida

No último sábado, 20 de março, falaceu o fundador do movimento “Human Life Internacional”, prestes a completar 90 anos de idade, Pe. Paul Marx, OSB. A propósito, publicamos abaixo o texto divulgado no boletim “Spirit and Life” sobre o mesmo:

Do Rev. Padre Thomas J. Euteneuer, presidente da “Human Life International” (HLI)

“O Padre Marx ensinou o mundo inteiro como ser pró vida!
O Abade John Klassen, OSB, da Abadia de St. John, em Collegeville, Minnesota, EEUU, me informou pessoalmente que o venerável fundador do Human Life International, o Ver. Padre Paul Marx, se foi em paz para receber seu prêmio eterno às 8:10 da manhã.
Segundo testemunhas oculares, no momento de sua morte, o Padre levantou os braços e disse: “Leva-me para casa”. Como era o adequado, morreu durante o Ano Sacerdotal, poucos meses antes de completar 90 anos. Não é demais dizer que o lamentaremos muitíssimo!
O Padre Marx fundou o HLI com o nome de Human Life Center (Centro para a Vida Humana) em 1972, com o desejo de combater o ataque global contra a vida que começava a cobrir o mundo com o sangue dos inocentes. Infiltrou-se num congresso pró-aberto na Califórnia em 1971 com o nome de Dr. Paul Marx (o qual era verdadeiro, já que possuía PhD em sociologia) e gravou todas as conferências dos abortistas, para assim poder denunciar o mal que estavam promovendo. Publicou sua denúncia em seu livro “The Death Peddlers” (Os Mercadores da Morte), a primeiro grande obra de seus muitos escritos que puseram a descoberto a terrível maldade do negócio do aborto. O legado do Padre Marx, de denunciar o mal e defender o ensinamento da Igreja acerca da santidade da vida humana, o matrimônio e a família, continua profundamente gravado nos corações daqueles que realizam o trabalho pró-vida animados por seu indomável espírito.
Tive o privilégio de conhecer o Padre Marx pela primeira vez depois de haver se retirado da HLI. Ninguém pode imaginar a dificuldade de assumir a presidência da HLI e tentar preencher o posto de quem o Papa João Paulo II chamou “O Apóstolo da Vida”. Sempre tenho dito que há um só “Apóstolo” da Vida – o resto de nós simplesmente somos “missionários” da vida. De fato, o Padre Marx foi, de todas formas possíveis, um dom único e irrepetível da Igreja ao mundo. Como o Apóstolo que levava seu nome, São Paulo, o Padre Marx foi por todo o mundo pregando o Evangelho de Cristo, dos anos 60 aos 90, estabelecendo grupos apostólicos e organizações pró-vida para levar a cabo esta missão. O Padre Marx foi como o semeador que pessoalmente semeou a boa semente da vida em 91 países e que motivou a muitos ao redor do mundo a fazer o mesmo.
Calculamos que o Padre Marx viajou aproximadamente quase 5 milhões de quilômetros em seus mais de 40 anos de atividade pró-vida. E ainda, depois disso, seus filhos espirituais têm feito o mesmo. Somente em 2009, os missionários do HLI dos EEUU e nossos coordenadores regionais de todo o mundo, viajaram mais de 900.000 quilômetros e visitado 57 países num intento por imitar o elevado exemplo e firmeza do Padre Marx por difundir o Evangelho da Vida!
Parte do legado do Padre Marx ficou expresso nos programas da HLI, como o Resgate Madalena, o Programa de Reabilitação, o Programa de Orfanato na China, Seminaristas pela Vida, o Instituto de Investigação sobre a População (PRI,sigla em inglês) e o Instituto Católico para a Família e os Direitos Humanos (C-Fam, sigla em inglês), todos fundados sob o beneplácito do HLI nos anos 90.
Mesmo que o Apóstolo da Vida tenha estado retirado durante a última década sob os cuidados de sua comunidade religiosa em Minnesota (era beneditino), nunca deixou de manter-se em contato com os assuntos pró-vida, nem tampouco abandonou a correspondência com seus filhos espirituais que todavia estão envolvidos na luta pela vida nas trincheiras do movimento pró-vida. Quão valioso tem sido para mim receber suas breves cartas periódicas animando-me a manter o espírito de luta ante tantos novos desafios. O Padre Marx sempre foi muito consciente também da necessidade de financiamento, pelo que usualmente enviada cheques de $25 e $50 com suas cartas! Tenho entesourado essas cartas com todo meu coração. O Dr. Brian Clowes, da HLI, e a Sra. Magaly Llaguno, da Vida Humana Internacional, a seção espanhola da HLI, têm sido seus mais íntimos amigos e se mantiveram em contato habitual com ele. Muitos outros são os missionários da HLI ao redor do mundo que receberam suas cartas e as mensagens de ânimo do Padre, algumas das quais daremos a conhecer em futuras publicações.
Que eu saiba, a última aparição em público e o último discurso do Padre Marx foi durante o banquete do 35º aniversário da HLI que teve lugar em sua honra em Minneapolis, a 25 de março de 2007. O Padre falou apaixonadamente a seus filhos espirituais repetindo com fervor as mesmas palavras que lhe dirigiu o Papa João Paulo II durante seu encontro com o Santo Padre em princípios dos anos 80: “Você está levando a termo o trabalho mais importante do mundo!” E é verdade, estamos realizando esse trabalho – trata-se de seu ofício e da do verdadeiro ofício da Igreja. Devido ao espírito indomável deste homem, não deixaremos de levar a cabo este trabalho até que o Senhor nos leve para a Casa.
O Padre Marx ensinou ao mundo inteiro como ser pró-vida. Agora toca a nós colocar o manto do espírito profético do Padre Marx e, como Eliseu, que viu seu mestre Elias subir ao céu num carro de fogo, devemos dividir em duas as águas do Jordão com seu manto e investir na luta, tal e como o havia desejado o Apóstolo da Vida!"

segunda-feira, 22 de março de 2010

Infanticídio indígena: exemplo para os civilizados?

A matança de inocentes, inclusive de nascituros ou dos fetos através de abortos, é um costume que se disseminou em quase todos os povos pagãos. Em alguns deles as crianças eram oferecidas aos ídolos, como ocorreu com os caldeus das primeiras civilizações antigas. Entre os indígenas a matança de inocentes não tem, porém, nenhum pretexto idolátrico ou alguma razão aparente. Trata-se apenas de desvencilhar-se de um “incômodo” e nada mais...
E tão bárbaro "costume" não é recente, vem de priscas eras. O Beato padre Anchieta conta que uma velha índia enterrou uma criança viva, logo após nascer, pelo simples fato do pai dela haver abandonado a mãe e se juntado a outra índia. Explicou que fez isto para evitar que o menino “ficasse mestiço de duas sementes”. Matam os nascituros até mesmo como vingança por causa de alguma irritação do marido que lhe causou alguma humilhação ou desdita. Há também casos que as demais parentas matam o filho caso a mãe venha a morrer após o parto, pois não há quem lhe dê de mamar. Comenta o Beato Anchieta: “coisa que assim sem mais piedade, a criança viva e a mãe morta, ambas em uma cova” sepultavam. Sim, sepultavam viva a própria filha...
O aborto e o infanticídio não são, portanto, prerrogativas decorrentes do progresso tecnológico e social da vida moderna, é um costume que tem sua origem nos povos pagãos, especialmente entre os índios. E como praticam, especialmente os abortos? Di-lo o Beato Anchieta: “As índias, ou iradas contra seus maridos ou, as que não os têm, por medo ou por outra qualquer ocasião muito leviana, matam os filhos, ou bebendo para isso algumas beberagens, ou apertando a barriga, ou tomando alguma carga excessiva e de muitas maneiras, que a crueldade humana faz inventar”.
Parece que a maioria dos casos tinha como causa a vingança contra os maridos. A esse propósito Afonso Arinos transcreve o relato feito por Moncquet sobre um inglês que convivia com uma índia há muitos anos e, chegando ao porto um navio, nele embarcou sem levar consigo a índia que já tinha um filho dele. Furiosa, a índia pegou o filhinho e saiu despedaçando o corpo com sanha feroz pela praia, atirando metade do cadáver no mar em direção do navio que se afastava do porto. No entanto, na maioria dos casos se alegam outras razões: criança que nasceu sem o sexo desejado, aleijada ou cega, gêmeos ou trigêmeos, com alguma deformidade física, etc.
Pior do que isso eles faziam nos tempos de Anchieta. Não só matavam as crianças, mas em alguns casos as comiam em seus festins antropofágicos. São narrados vários casos em que os filhos eram também mortos e comidos juntamente com os pais, ou então, engordados para serem comidos depois...

A propósito do tema, transcrevemos abaixo o texto integral da matéria publicada no blog "Contra o Aborto" onde é também exibido um documentário, em vídeo, de autoria da índia Sandra Terena, que é jornalista formada pela PUC, contestando documentadamente aqueles que dizem não existir o infanticídio entre os índios. Quem desejar assistir o documentário na íntegrá é só acessar aqui: Quebrando o Silêncio. O vídeo vem com a seguintge explicação:

Nos dias de hoje o infanticídio (prática que resulta na morte de crianças) ainda é uma realidade em algumas tribos indígenas. Esse assunto, por ser polêmico, é contestado, e em alguns casos, tratado como inverdade ou apenas casos isolados. Em outras situações, há pesquisadores que defendem que o infanticídio faça parte da cultura indígena e por isso deve ser mantido. O papel deste documentário não é fazer um julgamento de valor sobre as práticas nas culturas indígenas. “QUEBRANDO O SILÊNCIO se propôs a escutar e a registrar as manifestações de indígenas que não querem mais praticar o infanticídio e, por isso desejam ser ouvidos e receber ajuda. No momento que o índio se manifesta, a sociedade tem a obrigação de interagir com ele e trazer soluções e alternativas para o infanticídio.

Dirigido pela jornalista indígena Sandra Terena, este documenário é resultado de mais de dois anos de entrevistas em diversas regiões do país, como o Alto Xingu, por exemplo. Por ter a direção de uma realizadora indígena, optou-se propositalmente em ouvir apenas os relatos de índios que sentiram na pele o sofrimento causado pelo infanticídio

Abaixo, um resumo do documentário.

"Quebrando o Silêncio"

Segue agora o texto do blog "Contra o Aborto":

Saulo Feitosa, Secretário-Adjunto do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), ligado à CNBB, deu a seguinte declaração em uma recente reportagem, que já foi colocada mostrada em outra postagem neste blog.
"Para ele, organizações contrárias ao infanticídio fazem uma campanha mentirosa de que a comunidade obriga a mãe indígena a tirar a vida de seu filho, quando não é verdade. "No local do nascimento, só ficam a parturiente, a mãe e a avó. Elas é que vão decidir se vão ou não deixar a criança viver. Se o filho não volta com as mulheres indígenas, é porque elas decidiram não ter a criança", afirma."
Saulo declarou isto como se fizesse algum sentido, como se fosse aceitável a parturiente, a mãe e a avó decidirem a vida ou morte de um recém-nascido. Não é, nunca foi e nunca será.
Mesmo assim, a fala de Saulo é mera ficção. Parece mesmo uma coisa produzida por um grupo de feministas/abortistas, que querem passar a idéia de que a questão de vida e morte das crianças é um simples exercício do famoso "direito reprodutivo" das mulheres.
Mas o caso é que a fala de Saulo tem um único e fatal obstáculo: a realidade.
Sandra Terena, índia da etnia Terena, é jornalista e dirigiu um documentário que aborda a dolorosa questão do infanticídio, "Quebrando o Silêncio", que pode ser visto acima.
Se Saulo assistisse o vídeo pode ser que as escamas caíssem de seus olhos... E talvez ele parasse de falar besteiras do tipo que ele declarou na referida reportagem.
No excelente documentário de Sandra Terena vemos de tudo. Vemos sobreviventes que tinham seu destino já selado por suas comunidades e que escaparam graças à caridade de terceiros; vemos gente que teve seu irmão gêmeo morto; vemos crianças que escaparam de serem quebradas ao meio.
Quebradas ao meio ao nascer! É difícil alguém sustentar que um povo, seja ele qual for, tenha o direito a manter um ponto de sua cultura que envolva quebrar uma criança ao meio por qualquer motivo. Quem sustenta isto deve ter nada na cabeça e muitas escamas nos olhos.
O documentário mostra indígenas que não têm medo em falar o quanto é errado a prática do infanticídio que ainda existe em suas comunidades. Difícil não se emocionar com o pai que teve um de seus filhos gêmeos arrancados da sua guarda para ser morto. A tristeza do casal é palpável.
No documentário, os próprios índios dão as pistas de o porquê o infanticídio ainda é um problema em várias comunidades. Eis o que declara Álvaro Tucano, o líder Tucano do Amazonas:
"Nós temos certos índios que recebem muita influência dos antropólogos, e, como tais, eles acham que os costumes são intocáveis."
Paltu Kamayurá, é o pai que teve de ver um de seus filhos condenado à morte por ser gêmeo. Ele, ao falar sobre a abominável prática do infanticídio, fala com mais clareza que muito antropólogo:
"Agora meu pensamento não é mais como o deles, não é mais pensamento de antropólogo, que já estudou sobre a cultura do índio. Eles falam: 'Este índio... deixa eles viverem assim. Esta é a cultura deles!'. Não é. Porque a cultura não pára. Ela anda. O pensamento também anda igual ao da cultura. Por isto que hoje a gente... estamos querendo criar, pegar todas essas crianças."
Mas há gente por aí que prefere negar que infanticídio e aborto resultem em morte.
O documentário vale ser visto, revisto, compartilhado, divulgado.
Em tempos em que os abortistas espertamente tentam fazer do aborto, da morte de um ser humano indefeso no ventre de sua mãe um "direito humano", podemos ver declarações claríssimas como estas:
"Todos os seres humanos têm o direito de viver! Qualquer que seja! Pobre ou rico, ou índio..."
"Porque ele nasce como gente mesmo! Porque ela não é um animal. Ela não é filho do porco, do tatu! Saiu da pessoa, né?! "
Para finalizar, um detalhe: nos créditos do documentário, nenhuma referência ao CIMI ou à FUNASA.

Políticos holandeses promovem promiscuidade sexual e pedofilia

Eis uma plataforma política que nada tem nada a ver com o nome do partido: o NVD (sigla holandesa do partido “Caridade, Liberdade e Diversidade”), defende que “qualquer limite de idade para o sexo é absurdo”, “A melhor forma das crianças deixarem de ter curiosidade pelo proibido é praticá-lo”, além do que deve ser liberado a pornografia infantil e as drogas.
Indo mais além, um dos fundadores de tão pervertido partido político, Ad Van der Berg, defende também o que está sendo chamado de “zoolofilia”, ou seja a prática sexual entre seres humanos e animais irracionais. Um dos pretextos para que eles defendam a diminuição da maioridade (de 16 para 12 anos) é que se comece a praticar sexo bem cedo, e com adultos - quanto mais inocente melhor!
Outro argumento utilizado por eles, que tem uma certa lógica, em virtude do tortuoso caminho que trilha a sociedade holandesa em sua louca liberalidade sexual e das drogas: Van der Berg diz que se seu país mantém políticas liberais sobre as drogas, a prostituição e o matrimônio homossexual, por que não liberalizar também a pedofilia? Vejam como homossexualismo e pedofilia anda juntos...
O NVD defende o estranho “direito” dos menores a prostituir-se e ter acesso a todo tipo de pornografia, inclusive a dos filmes. Da mesma forma estão defendendo liberar as relações sexuais com animais irracionais, com uma única condição: que os referidos animais não sejam maltratados. É o que chamamos de bestialidade, ou bestialismo. Em meio ao seu discurso liberalizante, tais políticos defendem, além de todo tipo de droga, o “direito” de se andar nu pelas ruas.
Graças a Deus ainda resta um pouco de bom senso naquela sociedade tão decadente, pois foi recusado o registro de tal partido. Por falta de quorum... Houve protestos contra eles, como da “chefa” do Departamento de Proteção dos Menores, Loreto Martinez, que afirmou ser “o menino ou menina uma pessoa objeto de desejos sexuais dos adultos”, sendo este o único argumento usado por ela para recusar as propostas do NVD. As propostas do novo partido causou-lhe espanto, mas provavelmente ela não tenha se espantado com uma série de leis e permissões que atualmente preparam o terreno da sociedade holandesa para que o NVD vença de futuro.
Um dado lógico, mas pouco falado e ocultado pelos lobbies homossexuais: a maior parte das redes de pedofilia é composta por homossexuais, sendo muito afim com a agenda deles as propostas do NVD. Há algum tempo, um tal de “Comitê para as ONG’s”, ligado ao Conselho Econômico Social da ONU (ECOSOC) recomendou não outorgar status consultivo a associações ligadas com a Associação Internacional de Gays e Lésbicas. A negativa está relacionada ao fato de que os membros destas entidades são em geral pedófilos. Ver a notícia em NoticiasGlobales.org.
Suspirando aliviado, o padre Fortunato Di Noto disse que foi uma “boa vitória civil” o fato do NVD haver se dissolvido: não conseguindo assinaturas suficientes o partido não efetuou seu registro para concorrer às próximas eleições. O padre Fortunato liderava um movimento contra a fundação deste partido, fazendo parte de sua luta contra a pedofilia na Holanda. “Por enquanto obtivemos esta vitória – disse – a dissolução deste polêmico partido foi decidida por aqueles que estão do lado dos meninos. Esperamos que fechem também seus portais na internet”.

domingo, 21 de março de 2010

São Nicolau de Flüe, Padroeiro da Suíça

A sagrada liturgia celebra a 21 de março a festa de São Nicolau de Flüe.
Nasceu em 1417, em Flüeli, no cantão suíço de Unterwalden, de uma família de agricultores.
Era por natureza obediente, veraz e afável no trato com todos, mas especialmente amoroso da solidão. Sempre procurava lugares ermos em bosques e vales, para melhor recolher-se em oração.
Tinha dezesseis anos quando, atravessando o formoso vale do rio Melch, viu uma torre de singular estrutura, que se erguia da terra perdendo-se no céu. Considerou simbolicamente o fato: aquela torre isolada significava o edifício de sua vida espiritual e o que lhe convinha fazer para elevar-se até o seio de Deus. Entendeu que deveria, em algum lugar, entregar-se à vida solitária.

Numa outra ocasião, enquanto guardava seu rebanho, viu uma flor-de-lis magnífica, que saindo de sua boca se elevava até às nuvens, e depois, caindo na terra, era devorada por um cavalo. E compreendeu novamente, por essa visão, que a contemplação das coisas celestes nele era absorvida pelas preocupações desta terra. E novamente acalentou o desejo de levar vida solitária.


Guerreiro destemido e misericordioso


Ainda não havia completado vinte e três anos quando, a pedido de magistrados, brandiu armas em uma campanha empreendida contra o cantão de Zurique, que desejava separar-se da Liga Helvética. E novamente o fez quatorze anos mais tarde, comandando pessoalmente uma companhia de cem homens. Combateu com tamanha bravura que recebeu uma condecoração de ouro. Nessa ocasião, foi graças às suas exortações que os suíços desistiram de incendiar o mosteiro feminino de Katharinenthal, onde os inimigos se haviam refugiado. Razão pela qual até hoje sua memória é reverenciada naquele mosteiro como o libertador.
Na guerra, São Nicolau levava numa das mãos a espada e na outra o terço. Refulgia nele o esplendor do guerreiro destemido e misericordioso: protegia as viúvas e os órfãos, e jamais permitia que os vencedores se entregassem a atos de vandalismo em relação aos vencidos.
Foi eleito juiz e conselheiro em sua terra natal, ocupando durante dezenove anos essas funções, em meio à satisfação geral de seus concidadãos. Demitiu-se desses cargos para poder retornar à vida de oração.

São Nicolau, anacoreta
São Nicolau foi um autêntico asceta. Jejuava quatro dias por semana, e durante a Quaresma não comia nada quente, contentando-se com pão e frutas secas. Esse regime, longe de enfraquecê-lo, fortalecia-o.
Por insistência dos pais, casou-se e teve dez filhos, os quais, seguindo suas pegadas, chegaram às mais altas dignidades do país. Embora casado, seguia o mesmo regime de vida: levantava-se de madrugada para rezar durante duas horas, e recitava todos os dias os salmos em honra de Nossa Senhora.
No outono de 1467, com o consentimento da esposa, aos cinqüenta anos de idade, revestiu-se do traje de peregrino e chegou à cidade de Lichstall, no cantão de Basiléia. Dali dirigiu-se novamente para o vale do rio Melch e recolheu-se a uma gruta. Certa manhã, ao despertar, sentiu uma dor agudíssima varar-lhe o coração. A partir desse dia, nunca mais sentiu necessidade de beber nem de comer.
Algum tempo depois de sua reclusão, alguns caçadores o encontraram, manifestando-lhe a tristeza de seus familiares, advertindo-o de que morreria de fome e de frio, ou mesmo atacado por animais selvagens. Ao que ele respondeu: “Irmãos, não morrerei de fome, pois há onze dias não tenho comido nem bebido nada, e, entretanto, não sinto fome nem sede. Não temo também o frio nem os animais ferozes“.
Aproveitou a oportunidade para pedir que lhe enviassem um padre, a fim de se confessar e pedir alguns conselhos de que tinha necessidade.
Sua fama começou a crescer. E os habitantes da região chegavam cada dia em maior número até a gruta, a fim de recomendarem-se às suas orações. Consentiu em estabelecer sua cela no vale, junto à qual sua família fez edificar uma capela, onde um sacerdote todos os meses vinha celebrar Missa, ocasião em que São Nicolau comungava.
O Santo viveu nessas condições cerca de vinte anos, não tendo outro alimento senão a Sagrada Eucaristia.
As autoridades civis e eclesiásticas mobilizaram-se para certificar-se de que não havia fraude no que dizia respeito à sua alimentação. O Bispo de Constança enviou o Bispo de Ascalon para fazer essa averiguação. Este último chegou a Saxlen, abençoou a capela e entrou na cela de São Nicolau, perguntando-lhe qual era a primeira virtude do cristão.
O Santo respondeu: “É a obediência”. “Pois bem, ordeno-te em nome da obediência que comas em minha presença este pedaço de pão e bebas esta taça de vinho”, disse-lhe o Prelado.
Nicolau obedeceu. Sobreveio-lhe então dor de estômago tão intensa que o Bispo julgou que iria morrer. Crendo no milagre, o Bispo lavrou um documento, no qual se lia, entre outras coisas, que “Nicolau retirou-se para um lugar ermo chamado Ranft, no qual se conservou com a ajuda de Deus sem tomar qualquer alimento, vivendo ainda ali e desfrutando, até a data em que este documento é escrito, de todas as suas faculdades, levando uma vida bastante santa, do que nós garantimos e afirmamos em toda verdade, por termos sido nós mesmo testemunha.“
Crescia dessa forma cada vez mais o número daqueles que acorriam para pedir orações e conselhos ao Santo.
Deus o favoreceu com o dom da profecia. Repetidas vezes advertiu o povo para que se premunisse contra a sedução de futuras novidades religiosas. Com efeito, dezenas de anos depois os erros de Lutero e Zwinglio lamentavelmente devastaram diversos cantões suíços.

São Nicolau, diplomata
Em 1477, com a derrota do duque francês de Borgonha, as tropas confederadas dos cantões suíços reuniram-se para deliberar sobre a divisão do espólio de guerra e a admissão das cidades de Solero e Friburgo na Confederação Helvética.
Sucedeu que a discussão e a divergência foram tão grandes que se receou a eclosão de uma guerra civil. O pároco de Stanz, amigo de São Nicolau, fez-lhe um relato do que acontecia naquela assembléia, pedindo-lhe que a ela acorresse a fim de serenar os ânimos. Ao entrar na sala, no momento da mais violenta disputa, todos se levantaram, abaixando a cabeça e mantendo silêncio para ouvi-lo.
O Santo saudou-os em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo ter sido chamado pelo comum amigo, o pároco de Stanz, “para vos falar a propósito de vossas discórdias, que podem desfechar na ruína da pátria. Sou um homem pobre e sem letras, mas quero vos aconselhar na sinceridade de meu coração, e vos falo como Deus me inspira. Desejo-vos enorme bem, e se eu fosse capaz de vo-lo dar um pouco, quereria que minhas palavras vos conduzissem à paz”.
Prosseguiu com palavras de tal modo eloqüentes e eficazes, que no mesmo momento as pesadas nuvens das desavenças se dissiparam. Após o que, serenamente, voltou para a placidez de sua ermida. Relatos daquela assembléia registraram que “todos os enviados devem, em primeiro lugar, fazer que todos conheçam a fidelidade, a solicitude e o devotamento manifestados pelo piedoso irmão Nicolau em toda essa questão. É a ele que se devem render graças por tudo quanto foi feito”.

A morte de um homem de Deus
Antes de morrer, Deus lhe enviou uma doença aguda, cujas dores penetravam-lhe até à medula dos ossos. Foram oito dias de agonia de intenso sofrimento.
A tudo isso suportou com católica resignação, exortando ainda os circunstantes a sempre se portar nesta vida de maneira a poder deixá-la com a consciência tranqüila: “a morte é terrível, mas ainda é mais terrível cair nas mãos do Deus vivo“.
Pressentindo a morte que chegava, o Santo, com grande ardor e piedade, pediu a Santa Comunhão e o Sacramento dos Enfermos. Junto de seu leito estavam todos os familiares e alguns amigos, que o viram entregar sua alma a Deus no próprio dia de seu aniversário natalício: 21 de março de 1487, aos setenta anos de idade.
Todo o povo enlutou-se com sua morte. As lojas fecharam, e em cada casa se chorava como se houvesse perdido o pai da família. E logo o Santo tornou-se célebre não apenas na Suíça, mas também na Alemanha, França e Países Baixos. Vários Papas aprovaram o seu culto. Seu processo de canonização iniciou-se em 1590, sendo interrompido diversas vezes. Foi canonizado por Pio XII em 1947.
Pedindo sua intercessão, rezemos sempre a pequena oração que São Nicolau de Flüe ensinava àqueles que o vinham procurar na gruta do vale de Melch: “Senhor, dai-me tudo o que me una a Vós e afastai tudo que me separe de Vós”.
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Fontes de referência:

Abbé Profillet, Les Saints Militaires, Retaux-Bray, Paris, 1890, t. II.
Enciclopedia Cattolica, Cidade do Vaticano, vol. VIII, 1952

sexta-feira, 19 de março de 2010

Como proteger-se numa calamidade pública como um terremoto?

Esta preocupação tem sido um tema constante nos últimos dias. É que tem havido diversas catástrofes, como o tsunami na Ásia há mais de cinco anos ou os últimos terremotos, sem que supostamente as populações estivessem realmente "preparadas" para enfrentar tão difícil situação. Convenhamos, há condição se preparar para tais catástrofes? A população de San Francisco, nos Estados Unidos, há muitos anos que vem se preparando para um grande terremoto que dizem pode acontecer a qualquer momento. Será que, realmente, está preparada?
A propósito de terremotos, a preocupação tem sido muito maior. Um especialista no assunto, o americano Doug Copp, conta que já esteve dentro de 875 prédios em ruínas, trabalhando em grupos de resgates de vítimas de terremotos. Liderou grupos de resgates de vários organismos internacionais e é especialista na Área de Diminuição e Resolução de Desastres (UN-UNIENET) das Nações Unidas. Quer dizer, é um cara muito preparado e entendido em assuntos de desastres naturais, especialmente de terremotos. Em 1996 coordenou a execução de um vídeo em que eram feitas várias demonstrações de como sobreviver a um terremoto. O filme foi rodado pelo governo da Turquia e posteriormente divulgado como modelo de orientação para salvar pessoas vítimas de terremotos. A orientação principal dada no vídeo centra-se na expressão "Triângulo da vida", espaço que ele diz ser essencial para se escapar num terremoto. Quando há um desmoronamento de um prédio o local mais seguro para se proteger é próximo a algo que está ainda de pé, como uma parede, um móvel, ou qualquer coisa fixa, ficando próximo a ele (bem junto ao mesmo) na forma "fetal": de cócoras, joelhos próximos ao rosto, braços abarcando as pernas, etc. Segundo suas experiências, quem agir desta forma tem mais de 90% de chances de escapar com vida ao terremoto.
Na realidade, o fator mais importante para que se escape de uma catástrofe desse tipo é nossa fé, uma confiança inabalável na proteção divina. Foi com este objetivo que foi revelado uma oração apropriada para tais catástrofes, chamada "Triságio da Santíssima Trindade".

O Triságio da Santíssima Trindade

Do grego, tris-agion (três vezes Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor «Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal», testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia (451). Nos ritos orientais, sobretudo no bizantino, tem o seu lugar na procissão de entrada da Missa, como também acontece nos dias mais solenes do rito hispânico. Noutras liturgias orientais, canta-se antes das leituras bíblicas. Na Liturgia romana conservou-se só em Sexta-Feira Santa, durante a adoração da Cruz. Outra circunstância litúrgica em que também se pode falar de «triságio» é na aclamação do Sanctus, da Oração Eucarística: «Santo, Santo, Santo".
O triságio encontra suas raízes no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está repleta de sua glória."
Na Sexta-Feira Santa, nos Lamentos do Senhor da Celebração da Paixão do Senhor, encontramos traços que expressam o triságio:
"Deus Santo, Deus forte, Deus imortal, tende piedade de nós!"
Na liturgia oriental, o triságio aparece no rito da palavra, na pequena entrada, como se pode notar da Divina Liturgia de São João Crisóstomo. O sacerdote recita a Oração do Hino do Triságio, e é concluída com o canto:
"Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós! (3 vezes).
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém! Santo imortal, tem piedade de nós!
Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós!"
O triságio, que deita raízes na liturgia judaica, aparece, documentado, em As Constituições Apostólicas (compostas no século IV), Livro VIII, Liturgia Eucarística: A Oração de Oblação, n. 12:27 - Introdução ao Sanctus: "Santo, Santo, Santo, o Senhor do universo; o céu e a terra estão cheios da sua glória, bendito és Tu pelos séculos. Amen".

Vejamos agora como um grande Santo, Antonio Maria Claret, conta tudo sobre esta oração tão importante para se rezar nos momentos de grandes catástrofes:

TRISÁGIO À SANTÍSSIMA TRINDADE

Origem do triságio

O santíssimo triságio não é invenção do engenho humano, senão obra do mesmo Deus, que Ele inspirou ao profeta Isaías quando este ouviu que o cantavam os Serafins, para exaltarem a glória do Criador.
Na escola dos mesmos Serafins e na dos outros coros angélicos foi onde o aprendeu milagrosamente aquele menino que, como São Paulo, foi arrebatado ao céu, segundo referem as histórias eclesiásticas. No ano 447, e sendo Teodósio Júnior imperador do Oriente, sentiu-se um terremoto quase universal, violentíssimo, e que pela sua duração e espantosos estragos se fez o mais célebre de todos quantos até então se tinham visto. Foram incalculáveis os prejuízos que seis meses de abalos quase contínuos causaram nos mais suntuosos edifícios de Constaninopla e em toda a famosa muralha do Quersoneso. Abriu-se a terra em muitos pontos e ficaram sepultadas em suas entranhas cidades inteiras; secaram-se as fontes e apareciam outras novas, e era tal a violência dos abalos que arrancava árvores corpulentíssimas, apareciam montanhas onde primeiro havia planuras, e profundos abismos onde havia antes montanhas. O mar lançava às praias peixes de grandeza enorme; e as praias e navios ficavam sem águas, que iam inundar grandes ilhas.
Em semelhante conflito, achou-se prudente abandonar os povoados e assim o fizeram os habitantes de Constantinopla com o imperador Teodósio, sua irmã Pulquéria, São Proclo, então patriarca daquela Igreja, e todo o clero. Reunidos num lugar chamado Campo dirigem ao céu grandes clamores e fervorosas súplicas, pedindo o socorro em necessidade tão apertada. Um dia, entre oito e nove horas da manhã, foi tão extraordinário o abalo que fez a terra, que pouco faltou para que não causasse os mesmos estragos que o dilúvio universal. A este espanto sucedeu admiração do prodígio seguinte:
Um menino de poucos anos foi arrebatado pelos ares à vista de todos os do Campo, que o viram subir até perdê-lo de vista. Depois de algum tempo desceu à terra, do mesmo modo que subira ao céu, e logo em presença do Patriarca, do Imperador e da multidão pasmada, contou que sendo admitido nos coros celestes ouviu os anjos cantarem estas palavras: Santo Deus, Santo forte, Santo imortal, tende misericórdia de nós; e que ao mesmo tempo lhe mandaram que comunicasse a todos esta visão. Ditas estas palavras, aquele inocente menino morreu.
São Proclo e o Imperador, ouvida esta relação, mandaram unanimemente que todos entoassem em público este sagrado cântico, e imediatamente cessou o terremoto, e ficou quieta a terra.
Daqui nasceu o uso do Triságio, que o Concílio geral Calcedonense prescreveu a todos os fiéis, como um formulário para invocar a Santíssima Trindade nos tempos funestos e nas calamidades; daqui veio merecer a aprovação de tantos Prelados da Igreja, que apoiaram o uso dele, enriquecendo-o com o tesouro das indulgências e daqui finalmente veio que se pusesse método, que se imprimisse e reimprimisse tantas vezes, e sempre com universal aplauso e aceitação dos fiéis, que o consideram como um escudo impenetrável contra todos os males que Deus manda à terra em castigo de nossos pecados.
[1]

Oferecimento

Para ganhar as indulgências, os que rezarem o Triságio

Rogamos-te, Senhor, pelo estado da Santa Igreja e Prelados dela; pela exaltação da fé católica, extirpação das heresias, paz e concórdia entre os príncipes cristãos, conversão de todos os infiéis, hereges e pecadores; pelos agonizantes e caminhantes, pelas benditas almas do purgatório e mais piedosos fins de nossa Santa Madre Igreja. Amém.
V. Bendita seja a santa e indivídua Trindade, agora e sempre por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
V. Abri, Senhor, meus lábios.
R. E a minha boca anunciará vossos louvores.
V. Meu Deus, em meu favor benigno atende.
R. Senhor, apressai-vos a socorrer-me.
V. Glória seja ao Eterno Pai.
Glória seja ao Eterno Filho.
Glória ao Espírito Santo.
R. Amém. Aleluia.

(no tempo da Quaresma se diz conforme abaixo):

Louvor seja a ti, Senhor, Rei da eterna glória.

Ato de Contrição

Amorosísimo Deus, trino e uno, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, em quem espero, a quem amo com todo o meu coração, corpo, alma, sentidos e potências; por serdes Vós meu Pai, meu Senhor e meu Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas; pesa-me, Trindade Santíssima, pesa-me, Trindade misericordiosíssima, pesa-me, Trindade amabilíssima, de vos ter ofendido só por serdes Vós quem sois; proponho, e vos dou palavra, de nunca mais vos ofender e de morrer antes do que pecar; espero de vossa suma bondade e misericórdia infinita, que me perdoareis todos os meus pecados, e me dareis graças para perseverar num verdadeiro amor e cordialíssima devoção a vossa sempre amabilíssima Trindade. Amém.

Hino

Já se afasta o sol radioso,
Ó luz perene, ó Trindade,
Infunde em nós ardoroso
O fogo da caridade.

Na alvorada te louvamos
E na hora vespertina;
Concede-nos que o façamos
Também na glória divina.

Ao Pai, ao Filho e a Ti,
Espírito consolador,
Sem cessar como até aqui
Se dê eterno louvor. Amém.

Oração ao Pai

Ó Pai Eterno, fora o prazer de vos possuir, eu não vejo mais do que tristeza e tormento, embora digam outra coisa os amadores da vaidade. Que me importa que diga o sensual que sua felicidade está em gozar de seus prazeres? Que me importa que diga também o ambicioso que seu maior contentamento é gozar de sua glória vã? Eu pela minha parte nunca cessarei de repetir com vossos Profetas e Apóstolos, que a minha suma felicidade, meu tesouro e minha glória é unir-me a meu Deus, e manter-me inviolavelmente unido a Ele.
Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos, cheios estão os céus e a terra de vosso glória.
(responde-se, se possível em coro):
Glória ao Pai, glória ao Filho, glória ao Espírito Santo.

Oração ao Filho

Ó Verdade eterna, fora da qual eu não vejo outra coisa senão enganos e mentiras. Oh! E como tudo me aborrece à vista de vossos suaves atrativos! Oh! Como me parecem mentirosos e asquerosos os discursos dos homens, em comparação das palavras da vida, com as quais Vós falais ao coração daqueles que vos escutam. Ah! Quando será a hora em que Vós me tratareis sem enigma e me falareis claramenteno no seio de vossa glória? Oh! Que trato! Que beleza! Que luz!

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.

Oração ao Espírito Santo

Ó Amor, ó Dom do Altíssimo, centro das doçuras e da felicidade do mesmo Deus; que atrativo para uma alma ver-se no abismo de vossa bondade e toda cheia de vossas inefáveis consolações! Ah! Prazeres enganadores! Como haveis de poder comparar-vos com a menor das doçuras que um Deus, quando quer, sabe derramar sobre uma alma fiel? Oh! Se uma só partícula delas é tão deliciosa, quanto mais será quando Vós as derramardes como uma torrente sem medida e sem reserva? Quando será isto, meu Deus, quando será?

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.

Antífona

A ti, Deus Pai, a ti, Filho Unigênito, a ti, Espírito Santo, Paráclito, santa e indivídua Trindade, de todo coração te confessamos, louvamos e bendizemos. A ti seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
V. Bendigamos ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Louvemo-lo e exaltemo-lo em todos os séculos.

Oração

Senhor Deus uno e trino, dai-me continuamente vossa graça, vossa caridade e a vossa comunicação para que no tempo e na eternidade vos amemos e glorifiquemos. Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo numa deidade por todos os séculos dos séculos. Amém.

Deprecação devota à Santíssima Trindade

(A cada invocação se responde: ”Toda criatura vos ame e glorifique”)

V. Pai eterno, onipotente Deus;
R. Toda criatura, etc.
V. Verbo divino, imenso Deus;
R. Toda criatura, etc.
V. Espírito Santo, infinito Deus;
- Santíssima Trindade e um só Deus verdaeiro;
- Rei dos Céus, imortal e invisível;
- Criador, conservador, governador de todo o criado;
- Vida nossa, em quem, de quem e por quem vivemos;
- Vida divina, e uma em três pessoas;
- Céu divino de excelsitude majestosa;
- Céu supremo do céu, oculto aos homens;
- Sol divino e incriado;
- Círculo perfeitíssimo de capacidade infinita;
- Alimento divino dos anjos;
- Belo iris, arco de clemência;
- Astro primeiro e trino, que iluminais o mundo;

(A cada invocação, responde-se: “Livrai-nos, trino Senhor”)

V. De todo mal de alma e corpo;
R. Livrai-nos, etc.
- De todo pecado e ocasião de culpa;
- De vossa ira e indignação;
- Da morte repentina e improvisa;
- Das insídias e assaltos do demônio;
- Do espírito de desonestidade e das suas sugestões;
- Da concupiscência da carne;
- De toda ira, ódio e má vontade;
- Das pragas da peste, fome, guerra e terremoto;
- Dos inimigos da fé católica;
- De nossos inimigos e de suas maquinações;
- Da morte eterna;
- Por vossa Unidade em Trindade e Trindade em Unidade;
- Pela igualdade essencial de vossas pessoas;
- Pela sublimidade do mistério de vossa Trindade;
- Pelo inefável nome de vossa Trindade;
- Pelo portentoso de vosso nome, uno e trino;
- Pelo muito que vos agradam as almas que são devotas de vossa Santíssima Trindade;
- Pelo grande amor com que livrais de males aos povos onde há algum devoto de vossa Trindade amável;
- Pela virtude divina, que nos devotos de vossa Trindade santíssima, reconhecem os demônios contra si mesmos;

(A cada invocação, responde-se: “Rogamo-Vos, ouvi-nos”)

V. Nós pecadores;
R. Rogamo-Vos, etc.
- Que saibamos resistir ao demônio com as armas da devoção à vossa Trindade;
- Que embelezeis cada dia mais, com as cores da vossa graça, vossa imagem que está em nossas almas;
- Que todos os fiéis se esmerem em ser muito devotos de vossa Santíssima Trindade;
- Que todos alcancemos as muitas felicidades que estão vinculadas para os devotos dessa vossa Trindade adorável;
- Que ao confessarmos o mistério de vossa Trindade, se desfaçam os erros dos infiéis;
- Que todas as almas do purgatório gozem muito refrigério em virtude do mistério de vossa Trindade;
- Que vos digneis ouvir-nos pela vossa piedade;
- Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, livrai-nos, Senhor, de todo mal.
[2]

Obséquios ou oferecimentos à Santíssima Trindade

1. Ó beatíssima Trindade, eu vos prometo que com todo esforço e empenho hei de procurar salvar minha alma, visto como Vós a criastes à vossa imagem e semelhança e para o céu. E também por amor vosso procurarei salvar as almas de meu próximo.
2. Para salvar minha alma e dar-vos glória e louvor, sei que hei de guardar a divina lei; eu empenho minha palavra de a guardar como a menina de meus olhos e procurar, outrossim, que os outros a guardem.
3. Aqui na terra hei de exercitar-me em louvar-Vos e espero fazê-lo depois com maior perfeição no céu; e por isso com freqüência rezarei o triságio e o verso: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. E procurarei, além disso, que os outros Vos louvem. Amém.


[1] O Papa Clemente XIV concedeu 100 dias de indulgência para cada dia que se reze: 100 mais três vezes no dia, nos domingos, na festa da Santíssima Trindade e durante a sua oitava, e Indulgência Plenária a quem o rezar todos os dias durante um mês, confessando e comungando no dia do mês que se escolher.
[2] Invocação semelhante Nosso Senhor ensinou à Santa Faustina: “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de mim e de todos os pecadores, etc” , jaculatória que a Santa rezava entre uma dezena e outra do terço.

("Caminho Reto e Seguro para Chegar ao Céu" - Santo Antonio Maria Claret - Editora Ave Maria, São Paulo - págs. 155/166)